Rei representa a Consciência Pura.
Príncipe representa a Consciência manifestada, revelada.
Wu Jyh Cherng
Os dez mil seres adquiriram o Um
e tornaram-se vivos
Os príncipes e os reis
adquiriram o Um e tornaram-se o eixo do mundo
‘Príncipes’ representam a manifestação da Consciência. ‘Reis’ representam a Consciência em si, a
natureza e a sua manifestação. Todas as
coisas têm uma potencialidade e essa potencialidade pode estar
manifestada.
Rei representa a Consciência Pura.
Príncipe representa a Consciência manifestada, revelada.
Tanto no estado da Consciência Pura como no estado da Consciência
manifestada - adquirindo o Um -, nós podemos ser o ‘eixo do mundo’, podemos ter
todas as coisas girando em torno de nós, naturalmente.
O rei é a natureza e o príncipe é a manifestação dessa natureza.
A água por si mesma é água e a água como bebida é uma outra
expressão. A água como água é apenas
água.
A Consciência por si mesma é como a água: essa mesma Consciência -
sem deixar de ser consciência - serve como néctar da vida.
A Energia Vital em si mesma é como a água e essa energia vital que
faz com que os seres se tornem vivos, é
um néctar da vida, é a bebida.
Na essência das coisas, a água que bebemos e a água que não bebemos
são a mesma coisa.
Na manifestação das coisas, a água que não bebemos e a água que
bebemos, são duas coisas.
Não bebendo a água, a água continua sendo água - adquirimos a vida.
Bebendo a água e não bebendo a água, a água continua sendo
água. Ou seja, a natureza da
Consciência é a mesma. A utilização dessa mesma Consciência é o que faz com que
haja um outro sentido.
O rei é, simbolicamente, a Consciência como natureza da
Consciência.
O príncipe é a manifestação ou a utilização dessa Consciência.
O rei é a água por si e o príncipe é a água como bebida.
Reis e príncipes são nobres, ou seja, a natureza é igual. Porém, a utilização ou não é que faz com que
se tornem diferentes. Mas, ao mesmo
tempo, não são diferentes.
Quem precisa beber a água, é diferente. Não é que a água seja diferente da bebida mas
sim que nós bebemos ou não a água - isso é que faz com que a água e a bebida
sejam diferentes.
Quando não bebemos a água, essa água é diferente para nós. Quando bebemos a água, a água é a mesma
coisa.
Água que está dentro de nós e água que está fora de nós, é a mesma
água.
Quando não bebemos a água, a água está fora de nós e essa água faz
com que nós e a água sejam diferentes.
Aquele que se inspira no Um, que se unifica com o Um, o Um que está
fora e o Um que está dentro é o mesmo Um.
Esse Sopro Primordial, esse Espírito Primordial que está dentro,
que está fora de nós, que está em todas as coisas, em todos os seres, é o mesmo
Espírito e é o mesmo Sopro. Se o
bloquearmos, nós o tornamos diferente de nós.
A isso Lao Tse chama de ‘alcance da supremacia’:
Os dez mil seres adquiriram o Um
e tornaram-se vivos
Os príncipes e os reis
adquiriram o Um e tornaram-se o eixo do mundo
Esses alcançaram a supremacia.
Capítulo 39
Esses adquiriram o Um na antiguidade:
O Céu adquiriu o Um e tornou-se transparente
A Terra adquiriu o Um e tornou-se tranqüila
O espírito adquiriu o Um e tornou-se desperto
Os vales adquiriram o Um e tornaram-se opulentos
Os dez mil seres adquiriram o Um e tornaram-se vivos
Os príncipes e os reis adquiriram o Um e tornaram-se o eixo do mundo
Esses alcançaram a supremacia.
O céu, não se tornando transparente, irá rachar
A terra, não se tornando tranqüila, irá temer estremecer
O espírito, não se tornando desperto, irá temer exaurir
Os vales, não se tornando opulentos, irão temer secar
Os dez mil seres, não se tornando vivos, irão temer se extinguir
Os príncipes e os reis, não se tornando nobres, irão temer a derrota.
Por isso,
O nobre utiliza a humildade como princípio
O alto utiliza o baixo como base.
Sendo assim,
Os príncipes e os reis denominam-se a si mesmos de órfãos, carentes e indignos
Isso seria utilizar a humildade como princípio, não seria?
Por isso,
Alcançar o valor é aproximar-se do não-elogio
Não desejando o vulgar como o jade
Sendo simples como a pedra.
...............
Foto: Sítio das Estrelas, Janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 39
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 18 de abril de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil