Consciência




Consciência

Wu Jyh Cherng


A Virtude Superior não é virtude
Assim, possui a virtude
A Virtude Inferior não perde a virtude
Assim, não possui a virtude

Mestre Maa diz que uma pessoa na ação e na inação (na quietude) naturalmente está unida ao céu e à terra.  A pessoa é verdadeira e espontânea, ao mesmo  tempo.  dessa maneira, não traz para si um valor que se chama A Virtude.  Assim, quem não tem o valor da virtude dentro de si, todas suas atitudes virtuosas não valem como virtudes e sim como ações naturais.

Por isso, Ele diz: 

A Virtude Superior não é virtude
Assim, possui a virtude

Na virtude inferior, as pessoas têm em mente seus valores em relação ao que seja certo ou errado.  No entanto, Lao Tse nos diz que se não tivermos esse valor dentro de nós, então teremos a verdadeira virtude.

Ele diz que o homem iluminado e o homem obscuro são muito parecidos; que o homem sábio e o homem ignorante são muito parecidos.  Isso porque o Homem Sábio tem atitudes espontâneas e age, aparentemente, como uma pessoa ingênua, ignorante até.

Para aquele que é realmente ignorante, é preciso haver o despertar da consciência - a luz.  Com maior lucidez de mente, não se comete inconveniências.

A consciência - quando tem lucidez - não tropeça, não premedita, não julga.

Mestre Maa diz que existem dois tipos de pessoas com maior facilidade para alcançar a iluminação: uma delas é aquela pessoa que é naturalmente boa, cumprindo um Karma positivo de vida, que tenha nascido com menos laços, com menos peso.

O karma faz com que nossa Alma fique presa e nos faz sentir responsáveis em relação às pessoas e aos fatos da vida.  Assim, não temos liberdade em função desses laços Kármicos, negativos.

Nos Karmas mais positivos, a Alma conduz sua vida sem a prisão dos laços.  Assim, praticando espiritualmente, a pessoa tem toda a possibilidade de alcançar a Iluminação, com liberdade e espontaneidade.

O outro tipo de pessoa com facilidade para alcançar a Iluminação é a pessoa ignorante, sem instrução, aquela que vive precariamente.  Essa pessoa não pensa e não questiona.  Assim, praticando espiritualmente - mesmo que sem consciência disso - tem também a possibilidade de se realizar.

Nós, letrados e bem educados socialmente, somos carregados de pesos emocionais e psíquicos e trazemos muita confusão conosco para com pureza e simplicidade entrarmos no silêncio, na pratica espiritual.  Nosso pensamento não pára, nossa emoção não nos deixa e tudo isso representa um Karma negativo.


Um exemplo de pessoa pura e ignorante foi o Sexto Patriarca do Zen Budismo.  Ele era um lenhador pobre e analfabeto.  Um dia, resolveu iluminar e foi procurar o mosteiro do Quinto Patriarca.  Lá, foi aceito como monge e iniciou como copeiro, sem nunca ter estudado nada teoricamente.  No entanto, ele alcançou o mais alto grau de realização dentro do Budismo Zen e se tornou o Sexto Patriarca.  Depois de sua Iluminação, aprender a ler e a escrever e passou a discutir sobre todos os Sutras que ele antes não havia estudado.  Reformulou o Budismo Zen de uma maneira revolucionária e seus ensinamentos são considerados os mais importantes.  Assim, com a pureza de sua ignorância, ele conseguir se realizar.


Capítulo 38

A Virtude Superior não é virtude
Assim, possui a virtude
A Virtude Inferior não perde a virtude
Assim, não possui a virtude

A Virtude Superior é não-ação
Pois não utiliza ação
A Virtude Inferior é ação
Que tem uso da ação

A Bondade Superior é ação
Porém não utiliza a ação
A Justiça Superior é ação
Que tem uso da ação

A Suprema Polidez é ação
Que, se não obtém correspondência
Então, repele usando o braço como reação

Por isso, à perda do Caminho segue-se então a virtude
À perda da Virtude, segue-se então a Bondade
À perda da Bondade segue-se então a Justiça
À perda da Justiça segue-se então a Polidez
Assim, a Polidez é o empobrecimento da fidelidade e da confiança
É o princípio da confusão

Aquele de conhecimentos avançados,
Como a flor do Caminho,
É o princípio da estupidez
Por isso, o Grande Homem
Coloca-se no consistente e não se coloca no rarefeito
Habita no Fruto e não habita na Flor
Por isso, afasta essa e persiste naquele.


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Foto: Sítio das Estrelas, Janine



TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 38
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 11 de abril de 1995

Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching