Quando a Consciência adquire o Um, quando nossa Consciência é o Um, é universal, é infinita, é indivisível, ela está despertada, iluminada



Quando a Consciência adquire o Um, 
quando nossa Consciência é o Um, 
é universal,
 é infinita,
 é indivisível, 
ela está despertada, iluminada

Wu Jyh Cherng


O espírito adquiriu o Um e tornou-se desperto

O espírito é a Consciência, é a essência do nosso ser.  Quando a Consciência adquire o Um, quando nossa Consciência é o Um, é universal, é infinita, é indivisível, ela está despertada, iluminada.  Porque, neste estado, nossa consciência, nosso Espírito, está em todos os momentos, em todos os lugares, em todos os corpos, em todas as épocas.  Não existe a fragmentação e sim existe a Unidade do ser.

Muitas vezes, no Caminho Espiritual - que é o Caminho da Consciência -, alguns mestres, através da realização, conseguiram alcançar um estado muito próximo dessa Unidade.  Essas pessoas conseguem ter uma consciência maior de sua infinitude do ser.  Como conseqüência, esses mestres desenvolvem capacidades acima das pessoas comuns, como as lembranças ou recapitulações de vidas passadas ou a premonição de vidas futuras.  Isso porque na infinitude da vida, todos os tempos estão no mesmo tempo.

A Iluminação de hoje faz com que toda nossa vida passada se ilumine e faz com que todas as nossas vidas futuras se iluminem.

Dentro do Taoísmo, acreditamos que uma pessoa que alcance a infinitude do ser, possa romper as barreiras do tempo e do espaço e possa transitar entre o passado, o futuro e o presente.  Isso porque a consciência está na infinitude.  No momento em que se alcança a infinitude, não existe a palavra para interpretar essa infinitude.  A infinitude está além da linguagem.

A infinitude só pode ser interpretada pela própria infinitude.  A infinitude é uma espécie de silêncio, uma espécie de voz que não é partida (nossas palavras são partidas, sílaba após sílaba).  Nos mantras, os prolongados monossílabos são, de certo modo, o exercício de uma só palavra que vai para o passado, para o futuro e no presente é uma única voz.

Na prática mística, na meditação, num estado mais profundo, somos capazes de escutar o som da Unidade, a voz da Unidade.  A voz da Unidade é uma nota, que é infinita.

Acredita-ser ser possível que os mestres da antiguidade descobriram os mantras em forma de letras, não porque eles inventaram essa técnica, mas porque escutaram a voz da infinitude, o som da infinitude.  E o som da infinitude é constante.

O despertar traz a infinitude.

O que é o despertar?

É como pegar um bambu dividido por inúmeros nós e fazer um bambu sem nós, sem fragmentação.  A vida sem fragmentação é a vida da Unidade.

Inspirados no raciocínio da Unidade, no  Taoísmo não fazemos propriamente a separação entre filosofia, religião, ciência e conhecimento.  Um Taoísta usa um único sentimento para trabalhar a filosofia, a religião, a ciência e a vida cotidiana, em seus afazeres.  Não há a separação.  A separação das coisas é a fragmentação.

Na fragmentação, cada coisa pertence a seu lugar próprio, separada das outras.  Assim, vive-se uma maneira de se comportar, de sentir, de pensar, de ser.

No entanto, o Taoísmo reconhece que na vida cotidiana não se pode misturar as coisas.  Isso seria uma insensatez.  O que se diz é que, com uma única consciência todas as diferentes coisas são feitas diferenciadamente e ao mesmo tempo, com a Unidade do todo.

Capítulo 39


Esses adquiriram o Um na antiguidade:

O Céu adquiriu o Um e tornou-se transparente
A Terra adquiriu o Um e tornou-se tranqüila
O espírito adquiriu o Um e tornou-se desperto
Os vales adquiriram o Um e tornaram-se opulentos
Os dez mil seres adquiriram o Um e tornaram-se vivos
Os príncipes e os reis adquiriram o Um e tornaram-se o eixo do mundo
Esses alcançaram a supremacia.

O céu, não se tornando transparente, irá rachar
A terra, não se tornando tranqüila, irá temer estremecer
O espírito, não se tornando desperto, irá temer exaurir
Os vales, não se tornando opulentos, irão temer secar
Os dez mil seres, não se tornando vivos, irão temer se extinguir
Os príncipes e os reis, não se tornando nobres, irão temer a derrota.

Por isso,
O nobre utiliza a humildade como princípio
O alto utiliza o baixo como base.

Sendo assim,
Os príncipes e os reis denominam-se a si mesmos de órfãos, carentes e indignos
Isso seria utilizar a humildade como princípio, não seria?

Por isso,
Alcançar o valor é aproximar-se do não-elogio
Não desejando o vulgar como o jade
Sendo simples como a pedra.

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Foto: Sítio das Estrelas, Janine



TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 39
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 18 de abril de 1995

Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil