A Consciência Suprema se encontra dentro de você

Srii Srii Anandamurti, nos fala sobre a simplicidade do ato da MEDITAÇÃO:

A Consciência Suprema se encontra dentro de você assim como a manteiga está no leite; bata a sua mente através da meditação e Ela aparecerá – você verá que a resplandecência da Consciência Suprema ilumina todo o seu Ser interior. Ela é como um rio subterrâneo dentro de você. Remova as areias da mente e você encontrará a água fresca e límpida no interior.

O que é Dharma

O que é Dharma

Srii Srii Anandamurti

O texto foi extraído de Ananda Marga: Elementary Philosophy (publicado dentro do site www.anandamarga.org) e traduzido livremente por Janine Milward.
This is an excerpt from Ananda Marga: Elementary Philosophy by Shrii Shrii Anandamurti. Ananda Marga Publications, Kolkata, Published with permission of Ananda Marga Central Publications. © 1998 Ánanda Márga Pracáraka Sam’gha, all rights reserved.


Os seres humanos são os seres mais desenvolvidos. Eles (podem) possuir o desenvolvimento da consciência em seu mais alto nível e esse fato os torna diferenciados de todos os outros animais. Nenhum outro ser possui tal clareza de consciência. Os seres humanos podem distinguir entre o bem e o mal com a ajuda de sua consciência e quando em perigo, eles podem buscar uma saída – com a ajuda dessa consciência. Ninguém gosta de viver na miséria e no sofrimento – menos ainda os seres humanos que procuram, através da consciência, uma saída para tais vicissitudes. A vida sem tristeza nem sofrimento é uma vida de felicidade e de benção e é isso que as pessoas almejam. Todo mundo está em busca da felicidade – a verdade é que a natureza das pessoas é buscar a felicidade. Veremos então o que as pessoas devem fazer para alcançar a felicidade e se esta é alcançada através destas formas de busca.

Em sua busca pela felicidade, as pessoas são, a princípio, atraídas pelos divertimentos mundanos. Elas amam a riqueza e tentam atingir o poder e posições que satisfaçam seus desejos de felicidade. Aquele que possui muito dinheiro não está satisfeito apenas com isso e busca mais e mais dinheiro, e no entanto, mesmo possuindo muitíssimo dinheiro ainda não se acha satisfeito e ainda sai em busca de mais e mais.... Também uma pessoa que tenha influência numa cidade deseja estender esta influência sobre uma província, políticos estatais desejam se tornar políticos nacionais, e se assim conseguirem suas posições, estarão ambicionando uma posição de liderança mundial. A mera aquisição da riqueza, do poder e de posições não satisfaz uma pessoa. A aquisição de alguma coisa que possua seus limites simplesmente cria o desejo de mais e mais e a busca pela felicidade parece não ter fim... a fome de possuir não tem fim: é ilimitada e infinita.

Não importa o quão digno ou não é este alcance de felicidade, não ajuda a fazer com que as pessoas descansem em suas buscas por felicidade. Aqueles que lutam pela riqueza não ficam satisfeitos enquanto não obtiverem uma riqueza ilimitada. Também não aqueles que buscam por poder, posições e prestígio podem se sentir satisfeitos até que essas questões sejam atingidas em proporções ilimitadas – porque são objetos pertencentes ao mundo. O mundo por si mesmo é limitado e não pode prover objetos infinitos. Portanto, o quanto maior é a aquisição mundana – mesmo que seja o globo inteiro – não asseguraria qualquer coisa de permanente ou infinito. O que então é essa coisa infinita, eterna, que poderá prover felicidade constante?

A Suprema Consciência é por si mesma infinita e eterna. É por si mesma sem limite. E a eterna esperança dos seres humanos pelo alcance da felicidade pode ser apenas satisfeita pela realização da Infinitude. A natureza efêmera das possessões mundanas, poder e posições podem apenas levar uma pessoa à conclusão de que nada dessas questões do mundo finito e limitado podem trazer um descanso ao eterno desejo de alcançar a felicidade. Suas aquisições apenas dão lugar à outras aquisições, mais e mais. Somente a compreensão da Infinitude pode trazer a felicidade. A Infinitude pode ser apenas uma – é a Suprema Consciência. Assim, é somente a Suprema Consciência que pode prover a felicidade constante – cuja busca é a característica de cada ser humano. Na realidade, atrás dessa necessidade humana está escondido o desejo, a vontade de atingir a Suprema Consciência. Essa é a verdadeira natureza de cada ser vivente. Este é simplesmente o dharma de cada pessoa.

A palavra dharma significa “propriedade” (aquilo que é próprio, natural). Traduzindo do inglês, as palavras podem ser “natureza”, “característica” ou “propriedade”. A natureza do fogo é queimar ou produzir calor. É a característica ou propriedade do fogo e que também determina a natureza do fogo. Similarmente, o dharma ou a natureza dos seres humanos é alcançar a Suprema Consciência.

O grau de divindade nos seres humanos é indicado através da transparência de sua consciência. Cada ser humano, tendo se desenvolvido a partir dos animais, possui, portanto, dois aspectos: o aspecto animal e o aspecto da consciência que distingue uma pessoa do animal. Os animais mostram predominantemente sua animalidade, enquanto os seres humanos, em função de sua bem trabalhada consciência, também possuem a racionalidade. A animalidade nos seres humanos lhes dá uma tendência em direção à vida animal ou às alegrias físicas. Sob esta influencia, os seres humanos procuram por sua comida, sua bebida e as gratificações para seus desejos físicos. Eles são atraídos por estas questões e correm atrás delas sob a influencia de suas animalidades... porém estas questões não provêem felicidade – desde que se encontram dentro do conceito da infinitude.

Os animais são satisfeitos por estas alegrias limitadas – desde que sua necessidade não é infinita. Não importa quão grande seja a quantidade das coisas oferecidas ao um animal, ele pegará apenas aquilo que ele necessita e não se importará com aquilo que sobrar. Porém os humanos certamente agirão de maneira diferente sob estas condições. Isto estabelece, portanto, que os animais são satisfeitos dentro do limite, enquanto o desejo dos seres humanos é ilimitado, mesmo que o desejo de alegria para ambos seja proporcionado e governado pelo aspecto animal da vida. A diferença entre os dois é em função é que o ser humano possui uma consciência transparente, lúcida, clara – algo que os animais não possuem.

A natureza infinita do homem que clama por uma felicidade absoluta existe simplesmente em função de sua consciência. É essa mesma consciência que não é satisfeita com os prazeres físicos de posse, poder e posição – coisas que, mesmo apesar de suas altas proporções, são apenas transitórias . É a consciência que cria nos seres humanos sua ânsia pela Suprema Consciência.

As coisas do mundo – as alegrias físicas – não saciam a sede do coração humano por felicidade. No entanto, encontramos pessoas que são satisfeitas por estes objetos mundanos. A animalidade nas pessoas as leva em direção à gratificação dos seus desejos animais, porém a racionalidade de suas consciências permanece sem gratificação - desde que os objetos mundanos são transitórios e de vida curta e não são suficientes para dar um final à ilimitada e infinita fome da consciência humana. Existe, portanto, um constante duelo nos seres humanos entre sua animalidade e sua racionalidade. O aspecto animal os empurra em direção às alegrias terrenas, enquanto sua consciência, não satisfeita com estas alegrias mundanas, os leva em direção à Suprema Consciência – a Infinitude. Isto resulta numa luta entre o aspecto animal e a consciência. Se os prazeres carnais derivados do poder e da posição fossem infinitos e ilimitados, eles poderiam dar um final à eterna busca da consciência pela felicidade. Porém, isso não acontece e é exatamente por não acontecer é que a glória efêmera das alegrias temporais nunca podem assegurar uma paz duradoura na mente humana e levar as pessoas ao êxtase.

É somente a consciência transparente que diferencia os seres humanos dos animais. É então imperativo que os seres humanos façam uso de sua consciência. Se sua consciência está dormente atrás de sua animalidade, as pessoas podem se comportar como os animais. A verdade é que podem se tornar ainda pior do que os animais em função de possuírem uma consciência transparente e não fazerem uso da mesma. Estas pessoas não merecem o status de seres humanos. Elas são animais em forma de humanos.

A natureza da consciência é procurar pela Infinitude ou compreender a Suprema Consciência. Somente aquelas pessoas que fazem uso de sua consciência e seguem suas normas merecem ser chamados de seres humanos. Portanto, cada pessoa, ao fazer uso em sua plenitude de sua consciência transparente, ganha o direito de ser chamado de ser humano e encontra seu dharma ou natureza própria de ser aquela que busca pela Infinitude da Suprema Consciência. Este desejo pela Infinitude é uma qualidade inata ou dharma que caracteriza o status de humano ás pessoas.

A felicidade é derivada de se obter aquilo que se deseja. Se uma pessoa não consegue obter aquilo que deseja, não pode ser feliz. A pessoa se torna triste. A consciência transparente nas pessoas, que é a única a distingui-las dos animais, procura pela Consciência Cósmica ou pela Infinitude. Dessa forma, as pessoas conseguem a real felicidade somente quando elas podem atingir a Consciência Cósmica ou entrar no processo para alcançar essa meta. A Consciência não quer as alegrias mundanas em função dessas serem finitas e não poderem trazer satisfação à essa Consciência. A conclusão que chegamos é que o dharma da humanidade é compreender a Infinitude ou a Consciência Cósmica. Somente através desse dharma que as pessoas podem usufruir da eterna felicidade e benção.

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(*) Srii Srii Anandamurti é o Mestre, é o Guru, é o Guia Espiritual de muitos Caminhantes que Caminham seus Caminhos sob a proteção e luz de um Homem Sagrado. Carinhosamente chamado de Baba (cuja tradução é Pai Amado), sua força vem provando ser radiosa, grandiosa, não apenas para o momento presente do Planeta mas, fundamentalmente, para o futuro - quando a solidariedade e comunitarismo entre os Caminhantes e os Povos serão não apenas uma necessidade, mas, certamente, um desejo intenso advindo de uma consciência expandida e iluminada

O desejo do Guru é iniciar seus discípulos
dentro do Caminho da Iluminação e da Liberação.

(Guru - preceptor espiritual, mestre, literalmente “aquele que dispersa a escuridão”)

Srii Srii Anandamurti criou a organização espiritual e social chamada Ananda Marga, cuja tradução é Caminho da Bem-Aventurança.

Pequeno glossário (a partir do original inglês):
clearly-reflected consciousness – consciência transparente
Cosmic Entity – Suprema Consciência, Consciência Cósmica
Infinite – Infinitude
Dharma – propriedade, característica, natureza, aquilo que é próprio, natural – sua própria natureza - dever; a característica essencial de uma entidade; a capacidade de prestar serviço, que é a qualidade essencial do ser vivo.

Sentar no silêncio.

Sentar no silêncio.

Janine Milward

Sentar no silêncio não significa sentar-se com costas eretas e manter-se absolutamente imóvel e aguardar que o silêncio venha permear o Caminhante.... Não e sim. Não - porque isso seria uma forma de sentir-se exteriorizado exatamente pela presença do silêncio.... enquanto o silêncio não é exterior e sim interior. E sim - porque isso seria uma forma de sentir-se absolutamente interiorizado dentro de um único silêncio cobrindo, exteriorizando inteiramente e unicamente este Caminhante.

Sentar no silêncio significa adentrar o silêncio, penetrar no silêncio, deixar-se adentrar, penetrar, em sua mais profunda interiorização, em si mesmo, no mais fundo recôndito de seu ser. Uma longa jornada inicia-se debaixo dos pés..., ou seja, a longa jornada começa e termina em nós mesmos, em nossa interiorização absoluta, em nosso silêncio interior e absoluto. Será dentro desse silêncio interior e absoluto que a mente do Caminhante se tornará Consciência e que seu corpo físico será transmutado em Corpo de Luz: é a Alquimia do Tao.

Dentro de seu silêncio interior e absoluto, o Caminhante está pronto para realizar sua meditação - sem se esquecer que é uma longa jornada... e que esta longa jornada começa pelo primeiro passo, ou seja, o Caminhante senta-se de maneira confortável e com costas eretas, olhos semicerrados, corpo inteiramente relaxado, boca entremeando um sorriso e, se possível, mantendo a ponta língua no céu da boca. Os olhos devem ser cerrados quando o Caminhante estiver olhando para a ponta de seu nariz... e então, imediatamente, os olhos interiores se dirigem para o ponto onde se cruzam a Lua e o Sol, ou seja, o ponto do conhecimento que mora entre os dois olhos, esquerdo e direito: o primeiro passo já indica o começo da Alquimia.

Existe a contemplação e existe a concentração e ambas são interiorizadas, ou seja, o Caminhante deve se abster de prestar atenção em tudo aquilo que lhe pode acontecer exteriormente - e isso pode significar suas próprias vicissitudes físicas nos primeiros tempos de prática de meditação, ou seja, dores, coceiras, incômodos de posição, etc.

A contemplação é poder manter os olhos interiores no ponto de cruzamento entre Sol e Lua e também o de se deixar envolver pela entrada de ar e pela saída de ar - a inspiração e a expiração. Tudo deve entrar num compasso harmonioso, juntamente com a harmonização das batidas do coração e dos pensamentos que devem chegar e irem embora, suavemente, fazendo com que a mente possa ir se liberando, se esvaziando...

A concentração é poder manter a atenção interiorizada e fusionadora do ponto de entrecruzamento entre os dois olhos interiores, o Sol e a Lua, olho direito e esquerdo, respectivamente, com a Respiração e com o Coração e a Mente. A meta desta realização é fazer com que a Respiração acolha o Coração e a Mente do Caminhante. Assim fazendo, tem inicio a verdadeira meditação, ou seja, a partir do momento em que aconteceu a fusão real entre Respiração e Coração e Mente, fazendo acontecerem o Sopro Vital enlaçado à Consciência. Todos os estágios a seguir, na meditação da Alquimia do Tao, acontecem a partir desse fusionamento entre Sopro Vital e Consciência - que também alcançam o patamar de Alma e de Espírito Puros.

O segundo passo é o Caminhante decidir-se quanto ao Caminho que quer realizar em seu processo espiritual, em sua meditação, em seu sentar-se no silêncio, em sua Alquimia: o Pequeno Caminho ou o Grande Caminho?
........................................................ Continua

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward

trecho extraído do meu livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO.

Não deve haver espera

Não deve haver espera
para algo acontecer.
Esse algo está acontecendo em cada momento.
esperar por ele é perde-lo.

Wu Hsin

O Pequeno Caminho e o Grande Caminho

O Pequeno Caminho e o Grande Caminho

Janine Milward

O Pequeno Caminho existe dentro de tudo aquilo que podemos nomear enquanto Criação e sobre o qual temos linguagem para podermos nos expressar. É o Caminho contido ainda dentro do Céu Posterior. O Pequeno Caminho realiza um ciclo total, com princípio, meio e fim. É um Caminho estruturado na duração, nos ciclos em eterna mutação.

O Grande Caminho pressupõe seu trilhar no Céu Posterior, sim, porém sempre tendo em mente seu adentrar o Céu Anterior, onde não existe qualquer possibilidade de alcance de linguagem que possamos usar para nos expressar. O Grande Caminho não tem princípio, não tem meio e não tem fim - porque pode ser compreendido como o próprio Tao. É um Caminho estruturado na constância.

Lao Tse nos alerta, em seu Capítulo 53 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, em termos de nossas escolhas para realizarmos nossa Caminhada:

Torne-me naturalmente firme e possuidor do saber
Percorrendo o Grande Caminho
Temendo apenas o desperdício

O Grande Caminho é bastante tranqüilo
Mas os homens gostam bastante de trilhas

Existe O Caminho e o Caminhante elege seu Caminho de acordo com o nível que sua mente, sua consciência, acredita como o Seu Caminho. No entanto, é fundamental que o Caminhante se conscientize que tanto o Pequeno Caminho quanto o Grande Caminho pressupõem um longo tempo para ser trilhado, realmente, e isso não acontece numa só encarnação...

São necessárias muitas e muitas encarnações para que o Caminhante possa alcançar a conclusão de seu Caminho da Iluminação e mais outras tantas e tantas encarnações para que o Caminhante possa alcançar a conclusão de seu Caminho da Imortalidade.... E essas conclusões de Caminhos podem acontecer em níveis diferenciados, certamente, de acordo com a essência do Caminhante e sua escolha de Caminho. Ou seja, existem as Alquimias que tratam do nível inferior, do nível mediano e do nível superior.

E, como já vimos anteriormente, esses diferentes níveis de Alquimia vão tratar de maneira também diferenciada as questões voltadas para como o Caminhante realiza seu Caminho da Iluminação e seu Caminho da Imortalidade - ou seja, a que extensão é expansionada e alquimizada sua Mente a ser Infinitizada e Iluminada e a que extensão é alquimizado e processado seu Caldeirão de maneira a trazer para si Vida Infinitizada e Iluminada.... E é certo que todas estas questões envolvem o como o Caminhante realiza a fusão do Espírito com o Sopro Primordial - a chamada Fixação -, as Rodas de Moinho, o processamento do Elixir da Vida, o surgimento do Feto Sagrado e seu amadurecimento, o Corpo Solar e saída do corpo físico anterior para fazê-lo adentrar o Corpo Solar....

Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 64:

Uma longa jornada começa debaixo dos pés.
Ou, em outra versão:
Uma longa jornada inicia-se no primeiro passo.

O Caminho encontra-se ‘debaixo dos pés’, apenas necessitando de sua conscientização. A conscientização, então, leva o Caminhante a iniciar o ‘primeiro passo’.

No momento em que O Caminho é conscientizado, é preciso, então, que o Caminhante compreenda que “O Grande Caminho é bem tranqüilo.... Mas os homens gostam bastante de trilhas” - assim como nos faz lembrar Lao Tse, o Mestre do Tao.

Ou seja, podem acontecer derivações no Caminho (principalmente no Grande Caminho, fazendo com que o Caminhante deslize desse Caminho para se instalar no Pequeno Caminho...)

Lao Tse nos alerta, ao continuar seu Capítulo 53, sobre esta questão ao descrever situações cabíveis dentro do Pequeno Caminho ou nas derivações entre as escolhas de Caminho:

Governo com excesso de degraus
Campo com excesso de erva daninha
Armazém com excesso de vazios
Vestir bordados coloridos
Carregar espada afiada
Satisfazer-se comendo e bebendo
Possuir moedas e bens em excesso

Isto chama-se roubo e auto-encantamento
Roubo e auto-encantamento negam o Caminho

Por tudo isso, podemos pensar que o Caminhante pode decidir-se por trilhar o Pequeno Caminho e situar-se em sua prática espiritual e em seu sentar-se no silêncio e trazer para si seus conhecimentos, etc., apenas dentro de seus parâmetros de aceitação sobre os mesmos dentro dessa sua encarnação atual tão somente.... ou podemos pensar que o Caminhante pode decidir-se para, desde já (ou mesmo ao longo de seu trilhar seu Caminho) queira voltar-se para trabalhar sua atuação enquanto Homem Sagrado, em alguma encarnação futura, vivenciando o Wu Wei, ou seja, a não-ação, isto é, vivenciando seu Caminho da maneira como o Tao e o Te, o Caminho e a Virtude vão sendo pelo Caminhante compreendidas e atuadas.

A Alquimia do Tao não tem medidas - exatamente por pertencer, em seu Grande Caminho, ao Céu Anterior. Quer dizer, o Caminhante pode colocar seus limites, suas medidas, de acordo com sua consciência. Porém, o Tao, o Caminho, não tem limites, não tem medidas.

Wu Jyh Cherng, no entanto, em sua aula de interpretação sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching que trata, em sua primeira estrofe, sobre as polaridades que encontramos ao longo da vida, nos passa o ensinamento que recebeu de seu Mestre Maa:

“Mestre Maa nos diz que é melhor darmos um voto maior, um voto grande, para abrirmos nossas possibilidades de chegar onde queremos - mesmo que não consigamos. Se colocarmos um limite pequeno, ao alcançarmos a plenitude de nossa realização pessoal, não passaremos daquele pequeno passo que foi o nosso voto.
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Primeiramente, para nos iniciarmos na prática, passo a passo, temos que tentar anular as polarizações. Eu e o outro, nós, os melhores; eles, os piores; os bonitos, os feios. Devemos evitar polarizações. O tempo inteiro estamos polarizando, separando.

Lao Tse nos diz em seus ensinamentos que o primeiro passo para tentarmos buscar o Caminho - que é longo e nunca se sabe quanto tempo leva para se alcançar a Plenitude do Ser - é buscar anular as polaridades e fazer... fazendo.

Uma vez alcançada a Plenitude, o tempo não é mais importante. Quem alcança a Plenitude, anula o tempo. Quem não alcança a Plenitude, sempre será prisioneiro do tempo e do espaço.”

Lao Tse, em seu Capítulo 4, nos afirma:

O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo, como a raiz dos dez mil seres

Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

trecho extraído do meu livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO