O mundo é um recipiente espiritual Que não se pode manipular.

TAO TE CHING - O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
LAO TSE, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 29
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Capítulo 29
Quem deseja possuir o mundo e age para isso
Vejo a impossibilidade de consegui-lo
O mundo é um recipiente espiritual
Que não se pode manipular.
Quem o manipula, se destrói
Quem o retém, se perde
Pois as coisas:
Caminham ou acompanham
Sopram quente ou sopram frio
São rígidas ou flexíveis
Ligam-se ou rompem-se
Por isso, o Homem Sagrado
Elimina o excesso
Elimina a opulência
Elimina a complacência.
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Quem deseja possuir o mundo e age para isso
Possuir é dominar. Para se possuir o mundo e dominá-lo, é preciso manipulá-lo. Ao invés de permitir ao mundo em ser como ele é realmente, a nossa tentativa é de intervir e fazer com que o mundo aja conforme a nossa vontade. Isso é possuir, dominar e manipular o mundo.
e age para isso - tomando as atitudes para que isso, a dominação, possa acontecer.
Vejo a impossibilidade de consegui-lo
Por que é impossível? Porque o mundo - que dentro do Taoísmo é chamado de Céu e Terra - é aquele que nos dá a ordem das coisas.
De onde tiramos a noção do tempo e do espaço? Através do céu e da terra. Através do movimento dos astros, através da mudança das estações, através da claridade e da obscuridade; com tudo isso obtemos a consciência do tempo e do espaço onde vivemos. O nascimento, a vida e a morte foram a nossa consciência do mundo, elaboram a nossa consciência da existência.
E, ao mesmo tempo, fazemos parte dessa grande alegoria chamada o Mundo. E vivemos entre o Céu e a Terra. Vivemos entre o espaço e a limitação. Vivemos entre o ilimitado - representado metafisicamente pelo céu -, e o limitado - a terra.
Dessa maneira, podemos ver no I Ching o conceito e a trilogia do Céu, do Homem e da Terra, formando os 3 elementos do universo - a Trilogia do I Ching.
Ao mesmo tempo, fazemos parte do universo e aí adquirimos a noção e o sentido de nossa vida, de nossa existência - através das leis e do mecanismo do universo. E por isso precisamos respeitá-los porque qualquer tentativa de alterar a Lei do universo, a ordem da natureza, seria um processo de tentar tirar a ordem de nossa vida.
O céu e a terra formam a Lei que proporciona a ordem de todas as coisas. A tentativa de possuir, de alterar ou interferir nessa Lei é como se fosse uma pessoa com pouquíssima força e que ousasse enfrentar a grande roda do destino, a grande roda do universo, que é impossível de ser alterada.
Chuang Tse, em um dos seus contos, usa esse simbolismo através do louva-deus, que era um bichinho valente e destemido que derrotava todos os outros insetos. Um dia, percebeu que na estrada passava todos os dias uma carroça com uma roda grande e pesada que deixava profundas marcas no chão. Ou louva-deus pensou consigo mesmo: Quem é essa grande roda que se atreve a deixar essas grandes marcas no chão! Eu, que sou o mais poderoso desse território, vou impedir a passagem dessa roda de agora em diante!
Em vão, todos os outros bichinhos lhe aconselharam a não fazer isto. Mas o louva-deus estava irredutível: Eu vou fazer arar essa roda!
E assim, o louva-deus se colocou no meio da estrada e lá ficou esperando pela grande roda que passou.... e, ao passar, esmagou o pobre insetinho...
O louva-deus desapareceu na história e nunca mais foi lembrado a não ser por Chuan Tse que o ressuscitou para ilustrar mais um de seus contos.
Essa grande roda formada pelo movimento da energia e da circulação do Céu e da Terra, é o movimento da totalidade. E, portanto, não há como u m pequeno membro dessa grande totalidade - que, na verdade, está dentro dessa roda - querer impedir o seu movimento.
Nós fazemos parte dessa grande roda e ao mesmo tempo recebemos sua Lei.
Dessa maneira, não existe como nós possamos alterar ou impedir o prosseguimento dessa roda porque simplesmente fazemos parte dela. O que precisamos fazer é nos conscientizar de nossa existência dentro dessa grande roda.
Por isso, Lao Tse diz:
Quem deseja possuir o mundo e age para isso
Vejo a impossibilidade de consegui-lo
Em seguida, Ele diz:
O mundo é um recipiente espiritual
Que não se pode manipular.
Quem o manipula, se destrói
Quem o retém, se perde
Em outros Capítulos, já abordamos o assunto de que o universo não tem princípio nem fim. É uma infinitude em constante transformação.
A cada instante de nossa vida, estamos em transformação: nossas células, nossos pensamentos, nossas emoções. Toda nossa existência está em constante transformação ou transfiguração. Não apenas nós como todo o universo.
E aquele que pretende reter, o seja, que pretende realizar a tentativa de preservar uma imagem, um momento de sua vida, acaba por ver que essa tentativa é inútil. É uma tentativa ilusória. Mesmo que pensemos que estamos firmemente vivendo esse exato momento, na verdade já não estamos mais. Tudo fica ilusoriamente fixado num instante, mas na realidade, já fomos mais adiante. E a tentativa de nos agarrar a algo que já passou apenas faz com que percamos nosso presente, aquilo que está acontecendo em cada instante.
Reter é um apego. É preciso sabermos romper o apego em relação a quatro coisas:
À fama à riqueza à nobreza ao poder
Com o poder, se manipula - ou assim se supõe. Aquele que acha que tem o poder de manipular as coisas, na verdade acaba sendo manipulado pela vida, sem que perceba.
A nobreza, o prestígio - é um estado ilusório de ser. Nobre é considerado aquele que se coloca acima dos outros... Todos vivemos e, no final, todos morremos da mesma maneira e nada levamos conosco!
Também a fama e a riqueza não as levamos conosco após a morte. Nascemos nus e morremos nus. Quando viemos ao mundo, tomamos emprestado do mundo nosso corpo; e ao deixarmos o mundo, a ele devolvemos nosso corpo.
Por isso, Lao Tse diz que o taoísta tem que quebrar essa barreira, esse apego ao poder, à nobreza, à riqueza e à fama.
A tentativa de possuir os prestígios do mundo revela os desejos que vão consumindo nosso Espírito e nosso Sopro, fazendo com que percamos nossa Consciência pura e transparente, fazendo com a vida se perca.
Por isso, o Homem Sagrado
Elimina o excesso
Elimina a opulência
Elimina a complacência.
Lao Tse também nos diz para eliminarmos o excesso, a opulência e a complacência..
Como viver sem tudo isso?
Simplesmente viver com a mente da naturalidade. Encarar os fatos da vida com naturalidade.
Não podemos impedir as ações dos outros em relação a nós, ações tanto agradáveis quanto desagradáveis. A tudo - o melhor e o pior - devemos encarar com naturalidade, como coisas comuns. Não valorizar a melhor coisa nem repudiar a coisa terrível. As coisas são apenas coisas, e assim não devemos ser aprisionados pelas coisas supostamente maravilhosas ou terríveis.
São apenas palavras, gestos ou acontecimentos.
Não estou dizendo que tudo isto seja fácil, estou dizendo que é isso o que Lao Tse está nos ensinando...
Pergunta: Em relação à naturalidade: um vulcão explodindo faz parte da naturalidade. Não pode o mesmo acontecer com o homem?
Resposta de Cherng: Às vezes o Taoísmo não é muito fácil de ser compreendido devido aos vários níveis de possibilidades de interpretação.
Se a pessoa realmente possui a quietude e a tranqüilidade interiores e uma plena consciência, a capacidade dessa consciência de observar as expressões de emoção, do corpo e dos gestos faz-se de uma maneira natural, sem repressão ou incentivos, deixando tudo fluir de uma maneira natural.
Dentro dessa naturalidade, qualquer reação forte pode ser entendida como a naturalidade de um vulcão que atingiu seu momento de explosão. Tudo isso deve acontecer sem julgamento.
Com a Consciência - com o atingimento da naturalidade -, somos capazes de adotar atitudes mais fortes (porque assim também vemos nas divindades que são consciências transparentes e simplesmente refletem aquilo que lhes aparece na frente).
No entanto, sem a Consciência, e existindo a explosão, não se está agindo com a naturalidade e sim como o total envolvimento com a própria ação - com julgamento.
O auto-controle, acompanhado do trabalho espiritual, nos ajuda a elaborar um novo comportamento mais balanceado até que possamos atingir a plena consciência e a naturalidade (dessa forma, podendo prescindir do auto-controle).
Pois as coisas:
Caminham ou acompanham
Sopram quente ou sopram frio
São rígidas ou flexíveis
Ligam-se ou rompem-se
A vivência do Tao tem que ser flexível: trabalha-se por um lado com a consciência e por outro lado, com a naturalidade.
Esse conceito pode ser expresso em nosso cotidiano, através dos nossos pequenos hábitos e atos, como o vegetarianismo, por exemplo.
O Taoísta compreende que não pode sacrificar a vida em função de seu prazer, por isso ele abdica de comer carne.
A consciência do Taoísta faz com que ele compreenda que determinados hábitos alimentares não fazem bem à sua saúde física nem à sua saúde espiritual.
Mas, se acontecerem momentos em que o Taoísta se sinta levado a não ser rígido em relação ao vegetarianismo ou em relação a qualquer outro fato, ele deve enfrentar tais momentos de uma maneira natural, sem conflitos interiores, sem remorsos.
Mestre Maa nos diz para não ficarmos preocupados antes de entrarmos numa situação e para não ficarmos remoendo uma situação depois de termos saído dela.
Dentro de cada situação, se faz o possível para melhor atuá-la. Ele nos diz para administrarmos a nossa vida da melhor maneira.
Isso torna a vida ao mesmo tempo simples e ao mesmo tempo difícil de ser vivida.
O Taoísmo não trabalha com regras ou medidas rígidas. O Taoísmo tem uma série de princípios para serem primeiramente compreendidos e conscientizados e então, realizados.
Pode-se entrar e sair das regras sem ser-se preso por elas.
Existe um texto Taoísta que diz:
Entrar e sair do mundo sem se manchar
O homem da atualidade vive já viciado em muitas coisas e portanto é difícil viver o ‘entrar e sair do mundo sem se manchar’. Viver a vida Taoísta pode ser difícil porque já não somos tão simples quanto eram os homens da antiguidade; vivemos uma vida muito complicada.
Mas, se pudermos nos conscientizar dessa síntese, aí sim, poderemos entrar e sair do mundo sem nos manchar.
Também esse conceito não deve ser usado como desculpa. Isso seria um falto Taoísmo, acobertando uma indisciplina e uma consciência falsa.
Esses são conceitos básicos a serem pensados sobre a complexidade e a simplicidade da vida Taoísta.
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FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, JANINE MILWARD
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 29
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 31 de janeiro de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

O Espírito do Yoga

O espírito do Yoga
Srii Srii Anandamurti
O que é yoga? Existem tantas interpretações e tantas explicações e amplificações sobre yoga. O grande filósofo Patanjali diz, “Yogashcittavrttinirodhah.” Nirodha significa suspensão de todas as propensões psíquicas. A palavra yoga vem do verbo raíz sânscrito yuj + sufixo ghain. Quando o verbo raíz é yuj, yoga significa adição, dois + dois = quatro, isto é adição. Esta interpretação não tem muito a ver com o significado da palavra yoga. A mente humana tem cinquenta propensões em condições normais, e cada uma dessas propensões tem a sua própria existência vibracional. Devido a essas cinquenta existências vibracionais, ou expressões, existem cinquenta letras no alfabeto védico. Desde a primeira letra “A” até à última letra “Kśa”, existem cinquenta letras que são conhecidas como Akśa Málá (a grinalda de letras), porque cada uma dessas expressões vibracionais não tem apenas o seu valor acústico, mas também uma côr especial. Por isso é que estas cinquenta letras não são apenas conhecidas como Akśa Málá, são também conhecidas como Varńa Málá, isto é, são a colecção de Varńas ou cores. No caso da suspensão de certas propensões, não permanence nenhuma expressão acústica, nem expressão de qualquer côr ou qualquer outra inferência.
A significado raíz de yoga não é apenas adição, tem também um significado mais subtil. Qual a palavra yoga é derivada do verbo raíz “yunj” + “ghain” (não “yuj” mas “yunj”), nesse caso o significado não é adição mas unificação. Aqui vemos que, pela interpretação de “Yogashcittavrttinirodhah”, não existe nem adição nem unificação. Cittavrttinirodhá significa suspensão das propensões mentais, isto é, cinquenta propensões sob condições normais e mil propensões sobre condições anormais. Se todas essas propensões forem suspensas, o que resta? Não resta nada no universo acústico, nem no universo das cores nem em qualquer outro universo. E não apenas isso, devido à ausência de propensões, o desejo, a vontade de se tornar Um com algo, também desaparece. Então este significado não é aceitável para nós. “Yogashcittavrttinirodhaha” é uma explicação defeituosa da interpretação de “yoga”. Um aspirante espiritual não pode aceitar tal interpretação.
Alguns outros yogis dizem que yoga não é “Cittavrttinirodhah” mas é “Sarvacintáparityágo nishcinto yoga ucyate”, isto é, quando deixa de existir qualquer onda de pensamento (cintá), ou seja, quando não existe nenhum fluxo na mente, a mente fica sem movimento, num estado de tranquilidade, isto é, o estado de “nishcinta”. Aqui também a palavra yoga não tem nada a ver com adição ou unificação. Sarvacintá Parityágo nishcinto não é a verdadeira característica da mente. Neste universo expresso ou manifesto, tudo se move. A mente também se move. A mente depende de três factores fundamentais: tempo, espaço e pessoa. Então, o movimento é a sua primeira característica.
Assim sendo, como é que podemos parar o seu fluxo? Mesmo na forma expressa de Parama Puruśa[Consciência Suprema], existe movimento, existe o fluxo de amor e compaixão. Então quando até na mente de Parama Puruśa existe o fluxo de amor e compaixão, como é possível haver uma mente sem fluxo no microcosmos? Esta ideia também não é correcta. Devido a uma doença, ou à perda de sentidos, pode haver ausência de pensamentos por curtos períodos, mas isso não é algo natural. É uma espécie de estado enfermo. Enquanto esse estado permanecer, enquanto se está com essa doença, a mente não se associa com qualquer projecção interna. Isto é yoga? Certamente que não. É dito que devido a este fluxo cósmico de amor e compaixão por toda a criação, Parama Puruśa é a personificação de Rasa, isto é, é o fluxo personificado, o eterno fluxo personificado… “Rasah Vae Sah”. Por isso é que é dito que o Seu movimento de amor e compaixão por todos os seres criados é a Rása liilá, a Rasaságara, e todas as entidades vivas, todas as entidades animadas ou inanimadas, dançam de acordo com o fluxo desse “Rasa”, de acordo com a expressão vibracional desse Rasa. Isto é a Rásaliilá de Bhagaván. Então, como pode haver “Nishcintá” na mente humana? Por isso, esta explicação de yoga, por outros yogis, também está fundamentalmente errada. Um aspirante espiritual não a pode aceitar. Então vamos ver qual é a explicação de yoga dos aspirantes espirituais ou Bhaktas [devotos].
Pela definição dos bhaktas, “yoga” significa “Saḿyoga yoga Ityuktah Jiivátmá Paramátmanah.” A unificação de Jiivátmá, isto é, a consciência unitária com Paramátmá, consciência suprema, é yoga. Aqui, se pegarmos no significado de yoga como derivado do verbo yuj(adição), o propósito é servido. A unidade torna-se um com o Cósmico. E se usarmos o significado de Yunj, a explicação é ainda mais correcta porque o aspirante torna-se um com a Entidade Suprema, e não resta nenhuma entidade separada dessa união com o Supremo. A entidade torna-se totalmente unificada, tal como açucar e água fazem Sharbat [bebida típica das zonas quentes da Índia].
Então esta explicação de yoga pelos devotos, pelos bhakti margiis é aceitável. As explicações pela “Seshvara Sáḿkhya” ou por outros yogiis, tem defeitos fundamentais. Quando yoga significa adição ou unificação, têm que existir duas entidades – o devoto e o seu Deus. Nas duas primeiras explicações nem resta sequer nenhuma entidade. Então a unificação de quem, por quem, com quem, não existem explicações claras, nem conclusões claras. Por isso chegamos à conclusão que para a interpretação apropriada de yoga, são necessárias duas entidades fundamentais; o devoto(a) e o seu Deus. Um yogi não pode nunca ficar sem o seu Deus. As propensões psíquicas de um yogii não podem ser suspensas. Em vez disso, as propensões devem ser conduzidas para Deus. Por isso, não se coloca a questão da suspensão, mas existe a questão da orientação. O fluxo tem que exisitir e devemos desfrutar o fluxo divino ou Rasa. Um yogii nunca poderá ser nástika[ateu], ele tem que ser teísta. Um ateu não pode ser um yogii; simplesmente praticar algumas “Ásanas” não faz de uma pessoa um yogii. Yoga significa que todas as propensões se movem em direcção à entidade Suprema na esfera física, na esfera mental e na esfera espiritual. Em todos os campos da vida, o ponto máximo de todas as marchas e movimentos é a Entidade Suprema. E quando Ele se torna “Eu” e “Eu” se torna Ele, então o espírito de yoga é completamente alcançado. O desiderato, o ponto final para os yogiis é o seu “Iśta”[meta espiritual] e eles movem-se em direcção ao seu Iśta ao longo do caminho do Dharma. […]
15 Julho 1979 DMC, Ernakulam (Índia)
Excerto do discurso “O espírito do Yoga”
Publicado em:
Ánanda Vacanámrtam Part 12
Yoga Sadhana
FOTO: OUTONO NO SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward

O Trabalho Espiritual, a Sadhana: O Caminho da Bem-Aventurança

O Trabalho Espiritual, a Sadhana:
O Caminho da Bem-Aventurança
Janine Milward
Ao realizarmos nosso trabalho do cotidiano no Planeta bem como nossa Meditação e nosso trabalho espiritual – nossa Sadhana – estaremos caminhando nosso Caminho da Bem-Aventurança, realizando em nós mesmos o processo de vida do universo que conhecemos..., estaremos ampliando nossa consciência buscando fusioná-la como a Suprema Consciência, estaremos trilhando o Caminho da Iluminação, estaremos processando alquimicamente nosso corpo físico em Corpo de Luz e assim, podendo entrar no Caminho da Liberação e nos fusionarmos à Suprema Consciência.
A fusão com a Suprema Consciência é a fusão com a totalidade do Criador e da Criação, é o ingresso no Mundo da Não-Manifestação – aquele que dá berço ao Mundo da Manifestação.
O Mundo da Manifestação, Criação e Criador, encontra-se dentro da semente do universo a vir-a-ser, a explodir e a jorrar vida através do espaço e tempo que voltam a existir. É a mutação do universo, é o Eterno Retorno, é o Revirão da Criação e do Criador.
Criador e Criação simbolizam o Mundo da Manifestação, a natureza que se revela. No entanto, é a natureza que não se revela, o Mundo da Não-Manifestação, que cria o Mundo da Manifestação.
Srii Srii Anandamurti, Baba, o Mestre do Tantra primordial, nos revela:
A força que guia as estrelas, guia você também
A Suprema Consciência dá berço à Mente Cósmica que por sua vez faz nascer a Criação, assim como a conhecemos e a ela pertencemos.
No entanto, por possuirmos, privilegiadamente, a expansão da mente, somos aqueles dentro da Criação que possuem o dom e a oportunidade de tecermos cada vez mais a expansão de nossa consciência até torná-la Consciência: real espelho da Mente Cósmica e certamente, da Suprema Consciência: é o Retorno à Fonte Original – essa é a meta de nossa vida.
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS,
Extraído do meu livro O Caminhante Caminhando seu Caminhohttp://caminhosespirituais.blogspot.com
Foto de Caminhos Espirituais.s

A meta principal dos seres humanos vindo à Terra é realizar sua prática espiritual.

A meta principal dos seres humanos vindo à Terra é realizar sua prática espiritual. A pessoa precisa realizar o serviço social, aprender, ler através livros; a pessoa precisa ajudar as demais pessoas, a pessoa tem que fazer qualquer coisa e tudo apenas para encorajar e acelerar o processo da Sadhana. Sadhana é o tema principal da vida. O que quer que você faça no mundo, você deveria fazer com a visão de promover sua Sadhana e ajudar a Sadhana das demais pessoas. Os seres humanos vêm à Terra para praticar Sadhana, para estarem próximos to Iishvara, a Meta Suprema – alcançar a proximidade a Parama Purusa, Suprema Consciência. Assim, os feitos dos seres humanos não se tornarão semelhantes aos feitos dos animais. O que quer que os seres humanos façam, eles o farão de maneira que o progresso em suas Sadhanas encontre aceleração.
Srii Srii Anandamurti
The main purpose of human beings coming here to this earth is to do spiritual practice. One is to render social service, one is to learn, one is to go through books, one is to help others, one is to do anything and everything just to encourage and accelerate the process of sádhaná. Sádhaná is the main theme of life. Whatever you do in the world, you should do it with a view to promote your sádhaná and help the sádhaná of others. Human beings come to earth to practise sádhaná, to move closer to Iishvara, the Supreme Goal – to come closer to Parama Puruśa [Supreme Consciousness]. Thus, the deeds of human beings will not be like the deeds of animals. Whatever human beings will do, they will do in such a manner that the progress in their sádhaná will go on accelerating.
taken from
The Human Body Is a Biological Machine
20 July 1990, Calcutta
FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward

A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas

TAO TE CHING -O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
LAO TSE, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 27
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Capítulo 27

A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas
A boa palavra não deixa imperfeição para críticas
O bom cálculo não utiliza medida nem número
A boa porta não necessita de ferrolho para ser fechada
E não pode ser aberta
O bom nó não necessita de corda para ser atado
E não pode ser desatado
Assim, o Homem Sagrado
É constante e bondoso
Salva homens e não abandona homens
É constante e bondoso
Salva coisas e não abandona coisas
Isso se chama herdar a luz
O homem bom é mestre daquele que não é bom
O homem que não é bom é o recurso daquele que é bom
Quem não valoriza seu mestre e quem não ama seu recurso
Mesmo inteligente, permanece enormemente desorientado
A tudo isso denomina-se Maravilha e Essência


Este Capítulo fala da importância, da característica, de uma conduta perfeita.
Uma pessoa que fala boas palavras, não será criticada. Uma pessoa que faça uma boa caminhada, não deixa rastros.
“O bom cálculo não utiliza medida nem número” - Existe um ditado que diz assim: Não há cálculo do homem melhor do que o cálculo do céu.
Por mais que queiramos driblar o destino, por mais que tenhamos recursos para alterar e enganar o destino, nunca seremos bem sucedidos.
Uma coisa muito desejada, pode ser perdida. Uma coisa muito bem fechada, não precisa de ferrolho, não precisa de algo rígido.
Para ser fazer um nó perfeito, não se pode fazê-lo de corda porque todos os nós feitos de corda podem ser desatados. Somente o nó que não é feito de corda, é que não pode ser desatado.
Na prática espiritual, a “caminhada que não deixa rastros ou pegadas” refere-se à Grande Realização, ao Grande Caminho.
Dentro do Taoísmo, existem o Grande Caminho e o Pequeno Caminho. As puras realizações espirituais são chamadas de Grande Caminho. As práticas artísticas ou a sabedoria de viver algo da arte e algo da vida, são chamadas de Pequeno Caminho.
O Tao, como Absoluto, não tem uma forma definida. Inúmeras vezes, dentro do Taoísmo, nos utilizamos de simbolismos como a água, a nuvem, o vento para simbolizar a característica não-formal, da não-forma do Tao.
A nuvem está se modificando todo o tempo. Nunca sabemos de onde surge nem onde termina. A nuvem está sempre em constante modificação.
O Grande Tao é também assim. Ele não pode ser encontrado em uma maneira rígida. Ao mesmo tempo, está em toda parte, ao mesmo tempo não é limitado por nada, pode ter uma forma ou ter outra forma, pode modificar sua forma. E, justamente por essa não-limitação de Sua forma de manifestação, assim se demonstra Sua infinitude como Sua manifestação. Sua natureza é o Absoluto.
Mestre Maa nos diz que os Pequenos Caminhos são aqueles onde podemos encontrar um princípio, um durante e um fim. O Grande Caminho é aquele que não tem princípio, que não se define o durante e que não tem fim.
Dentro desses Caminhos existem inúmeras práticas espirituais que trazem efeitos, resultados, fenômenos bastante determinados.
Falemos dos efeitos energéticos:
Conhecemos dentro do Taoísmo a Circulação do Céu ou Pequenos Círculos Celestes que são energias que sobem pela coluna vertebral através do vaso governador, chegando até a cabeça e descendo pelo vaso de concepção, pela frente, circulando assim por todo o corpo da pessoa, até a raiz da vida.
Através da prática mística da Alquimia, ainda dentro das características do Pequeno Caminho - A Alquimia Inferior -, encontramos o efeito da transmutação de uma maneira linear onde se encontra o início, o durante e o fim. Nessas práticas, depois de um longo tempo de meditação - de boa meditação -, surge uma energia efervescente na região do baixo abdômen. Essa energia tende a sair pelos órgãos genitais ou pelo reto. Esse escape de energia pode acontecer através do próprio processo biológico-físico.
Muita energia centralizada no baixo abdômen começa por vibrar e procurar uma saída. Nessa hora, o praticante aprende a controlar-se para que a energia não escape. Em seguida, com as portas fechadas, a energia normalmente sobre pelo meio até o coração e a garganta e depois, desce. Mas quando encontra um caminho bem mais aberto, essa energia efervescente entra na região do sacro e vai para trás, subindo dentro da coluna vertebr4al através da medula, até chegar ao cérebro. Desce então pela frente e volta para a região do períneo. Esse é o movimento circular de energia.
Esse movimento da energia chamado de Pequena Circulação do Céu ou Pequeno Círculo Celeste acontece durante a meditação. É uma ação natural. No Chi Kun, mentaliza-se essa energia dentro do corpo, chama-se ______ ____________, ou seja, canalização de energia. É um tipo abaixo da Alquimia e se chama Circulação do Veículo Vazio. Só pode acontecer quando se tem uma energia bastante grande para sair e ir abrindo o caminho naturalmente. Os canais de energia do corpo vão sendo abertos e limpos, fazendo-se a conexão entre os centros inferiores com os meridianos superiores.
Como conseqüência, acontecem inúmeros fenômenos como alteração da consciência, abertura da visão, premonição, visualização, capacidade de memória, aumento de poderes energéticos e curativos, auto-cura, etc.
Cada vez que os Círculos Celestes aparecem, aumentam nossa capacidade humana de ser.
Essa maravilha de efeitos é ainda chamada pelos mestres taoístas de Pequenos Caminhos.
Por que Pequenos Caminhos ainda?
Porque têm começo, se encontram o durante e o fim. Todos esses fenômenos terminam um dia (dando lugar a outros fenômenos). Ainda são fenômenos lineares.
Mestre Maa nos diz que na Alquimia Inferior se coloca a Consciência unida ao Sopro em outros centros energéticos, o que provoca a Pequena Circulação do Céu. Tudo com começo, durante e fim.
Na Alquimia Superior, esse fenômeno não se chama Pequena Circulação do Céu. Chama-se Roda de Moinho. É também uma circulação de energias. Apenas que são 36 mil canais de energia do corpo que são despertados de uma só vez. E a Consciência não consegue detectar de onde começa esse despertar de energia e não sabe onde termina. O corpo fica como tomado de milhares de ‘ventiladores’ e todos os 36 mil meridianos são despertados de uma só vez. Parece que a pessoa está dentro de uma enorme tempestade. É preciso, então, deixar a Consciência quieta e deixar todo o corpo vibrar com a energia. Esse não é um processo linear.
Esse é Grande Caminho que mestre Maa nos ensina. Com ele, o fenômeno aconteceu pela primeira vez durante duas horas e meia. Ele estava sentado, meditando e, de repente, apareceu um furacão que o tomou por completo com suas milhares energias circulando por todos os canais do corpo. Ele sentiu como se fosse uma explosão de bomba atômica. Pareceu-lhe ouvir seu Mestre lhe dizendo para ficar calmo e quieto, para não fazer nada e não ter nenhum controle sobre o que estava acontecendo.
Quando a explosão acontece, a pessoa sai do estado de Fixação e sente que não tem mais corpo. É preciso manter a Consciência em Fixação, deixando a tempestade acontecer, sem se ligar nela, sem nenhuma emoção, nada, apenas buscando manter a Fixação. Por fim, a tempestade acalma, passa.
Quando Mestre Maa abriu seus olhos, viu que estava sozinho. Mais tarde, procurou seu Mestre para lhe agradecer a ajuda. Seu Mestre então lhe disse para não mencionar mais sobre aquele fenômeno. Não falar sobre isso.
(Ele nos contou sobre isso em uma de suas aulas e nos contou para nos alertar).
A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas. Não tem princípio nem fim. Não se pode saber de nada.
O caminho normal deixa marcas pelo chão,s abe-se o que acontece, de onde se veio e para onde se vai. Esse é o Pequeno Caminho.
Lao Tse deixa, no entanto, bem claro que a boa caminhada, o Sublime Caminho, não deixa rastros nem pegadas. Simplesmente sabemos que existe e que acontece. E não pode ser descrito. Não para falar. Se alguém consegue descrever esse caminho é porque passou por um fenômeno do Céu Posterior e assim, pode ser nomeado, pode-se saber onde começou, seu durante e seu fim. É temporal e limitado e está dentro da linguagem - já que pode ser descrito.
Como sabemos, o Tao, o Absoluto, está além da linguagem. O Céu Anterior não tem linguagem que possa descrevê-lo.
Logo no Primeiro Capítulo do Tao Te Ching, Lao Tse diz:
O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Quaisquer fenômeno ou efeito místico que podem ser explicados fazem parte do Céu Posterior.
Todo nosso trabalho é recuperar o estado do Céu Anterior, e quando isso acontece, apenas sabemos e não podemos descrevê-lo.
O Taoísmo deixa bem claro que o fenômeno místico existe. E são inúmeros. Uns podem ser descritos e outros, não.
Os que podem ser descritos - de uma maneira abstrata ou concreta - são chamados de fenômenos do Céu Posterior.
Aqueles que realmente estão no Caminho do Céu Anterior, não têm forma, não têm linguagem - mas, ao mesmo tempo, existem e não podem ser descritos.
Os fenômenos e efeitos do Céu Posterior são chamados de Pequenos Caminhos.
O Grande Caminho é o Caminho do Céu Anterior.
Por isso, Lao Tse diz:
A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas
O efeito da Roda de moinho ainda é a primeira etapa da Alquimia Superior.
Dentro da Alquimia Superior, existem três Rodas de Moinho:
. Roda de Moinho do Sopro - que é a energia do Céu Anterior que entra dentro da pessoa como se fosse uma estrondosa tempestade.
. Roda de Moinho do Fogo Líquido
. Roda de Moinho Púrpura
Em todas essas Rodas de Moinho, quando acontecem, não se sabe por onde começam e por onde terminam. E é impossível descrevê-las. Mas existe uma diferença de qualidade entre elas..
Cada Roda de moinho representa um nível de realização alquímica atingida:
. Na primeira Roda, alcança-se a primeira realização da Alquimia, que se chama Abertura do Sopro.
. Na segunda Roda, alcança-se a Abertura do Espírito.
. Na terceira Roda, alcança-se a Abertura do Espírito Universal.
Na Primeira Roda, toda a energia vital se abre, o corpo se torna um canal aberto que faz com que as energias dentro e fóra do corpo se tornem uma só, a mesma. A energia do Céu Posterior e a energia do Céu Anterior do universo se tornam uma.
Na Segunda Roda, a Abertura do Espírito faz com que a consciência individual se conecte com a consciência coletiva. O espírito está aberto para toda a consciência interior que forma uma única Consciência. nessa hora, não existem diferença individual ou exterior. É a unificação da consciência interior.
Cada um de nós tem vários espíritos dentro de nós. Inúmeras consciências. Nesse momento, temos uma consciência, e em outro momento, temos outra consciência predominante. E cada parte do nosso corpo tem um espírito: as articulações, a carne, os ossos, o sangue, os diversos tipos de emoção, diversos tipos de pensamento, cada célula tem uma consciência, cada território físico tem uma consciência.
Com a Abertura do Espírito, passamos a ter um único espírito, ou seja, todas as consciências são reunidas numa só. A partir desse momento, não temos mais consciente, inconsciente ou sub-consciente. Menos ainda sofreremos de neuroses ou esquizofrenias. Teremos apenas uma única consciência. e isso acontece depois da Segunda Roda de Moinho - que é um fenômeno bastante forte.
Na Terceira Roda, a Roda de Moinho Púrpura, a consciência e todas as consciências são uma só. A Consciência e todas as Consciências são uma só. Nossa consciência estará na mente e no pensamento de todos os seres. Não existe o eu e o outro. Somos um só - todos estarão dentro de nós. Chegou-se, então, o Homem Universal.
São essas as Três Rodas de Moinho, sem início, sem fim.
Mestre Maa sempre nos diz que antes de aprendermos a ser Imortais, temos que aprendermos a ser mortais; ou seja, vivermos como uma pessoa normal e termos as virtudes plenas, sem mais criarmos Karmas negativos, com pureza de mente, com bondade interior.
Os mestres tradicionais dizem que temos três trabalhos principais a serem realizados ao mesmo tempo:
A doação - a devoção - a transformação
A Alquimia trabalha com a transformação, altera a circulação de energia, traz as Rodas de Moinho. Mas, se não houver doação não romperemos com as barreiras cármicas anteriores e dificilmente ingressaremos na segunda Roda de Moinho.
Sem devoção, sem nos ligarmos às Divindades e aos mestres, acumularemos ego e desenvolveremos um hiper ego. Sem reverência e devoção, podemos até chegar ao segundo nível mas nunca teremos um espírito universal. Não atingiremos o terceiro nível.
Essa Trilogia Taoísta no trabalho espiritual não é meramente uma doutrinação. É a técnica, a pura experiência dos mestres anteriores.
A Grande Abertura do Sopro
A Grande Abertura do Espírito
A Grande Abertura do Espírito Universal
Vêm através de 3 fenômenos:
A Roda de Moinho do Sopro
A Roda de Moinho do Fogo Líquido
A Roda de Moinho Púrpura, da Luz Púrpura
E acontecem através de uma meditação tipicamente da Alquimia Superior. Tudo sempre parte do puro conceito do Taoísmo que vem sendo acontecido desde o que se encontra no Tao Te Ching.
Por isso, Mestre Maa sempre diz: Não existe um Taoísmo autêntico que contradiga o que Lao Tse disse. Os ensinamentos de todas as linhagens e ordens e escolas taoístas, tudo, sempre veio de Lao Tse e sua obra fundamental, que é o Tao Te Ching. Portanto, qualquer ensinamento que seja completamente contraditório ao Tao Te Ching, esse ensinamento será questionável em sua autenticidade.
E o Tao Te Ching todo o tempo fala na transcendência da forma, da linguagem.
Ele fala do Grande Caminho que não tem nome, não tem forma, não tem sentimento.
É o Absoluto que abrange a Onipotência, e´a Consciência Pura unida ao Sopro Puro.
Num Caminho de auto-realização - que é a Alquimia -, a grande transmutação tem que estar construída em cima desse conceito. Se estiver de acordo com esse conceito, é chamada de Alquimia Superior. Se não, é chamado de Alquimia Inferior ou Mediana. Sempre se transmuta - porque é uma Alquimia. Mas não é a Alquimia Superior. Ou seja, não é o Grande Caminho.
O Grande Caminho abre para as três Rodas e as três Aberturas - nos faz nos uni9ver com todas as energias, possui uma única Consciência, que é Uma com todas as Consciências e torna o homem onipotente.
Essa é a Sagração do Homem.
Para o homem alcançar o estado de Onipotência, ele precisa, em primeiro lugar, ter o zero, esse Vazio interior. A meditação. A meditação.
Para que isto aconteça, são precisos três instrumentos místicos que constituem a base da doutrina taoísta, que são:
A doação - a devoção - a transmutação
Devoção aos superiores. Transmutação de si próprio. Doação aos companheiros e aos inferiores, a ajuda, o respeito ao superior.
Trabalha-se sua própria transmutação, mudando a mente, a emoção, o corpo.
E assim, vem o Grande Caminho.
Parece fácil... mas não é.
É fácil de se compreender. É fácil, é simples, é sintético. O Caminho é único, Ele é simples. Quando o Caminho é fragmentado, ele é complicado; quando o Caminho é único, Ele é simples.
Mas.... torna-se difícil para nós. E por que? Porque somos muito viciados na vida fragmentada.
Vivemos nosso cotidiano atuando de maneiras diferentes com as diferentes pessoas.
Nossos conceitos sociais, morais, éticos, mudam - todo o tempo. portanto, nós não temos uma única consciência, um único princípio. Ao mesmo tempo. Apesar disso, o Taoísmo fala que precisamos ter um único princípio. Mas esse único princípio não tem que ser rígido, absoluto, uma doutrina rígida.
Não. Nós temos que ter ao mesmo tempo o mesmo espírito interior para encararmos todas as coisas, mas também saber trabalhar cada coisa como uma coisa diferente da outra.
Dessa maneira, atuamos com a mesma consciência para tratar as diferentes pessoas.
Voltando ao texto:
A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas
A boa palavra não deixa imperfeição para críticas
O bom cálculo não utiliza medida nem número
Medida e número são valores, são linguagens.
Uma vez mais, Lao Tse está nos dizendo, nos lembrando: não se mede o infinito através os instrumentos finitos. Menos ainda se alcança o Absoluto através de instrumentos limitados ou medidas.
As boas palavras são não-palavras. São palavras das não-palavras. São o silêncio do Absoluto que não pode ser enunciado. Mas por isso elas não deixam imperfeição, não podem ser criticadas.
Chuang Tzu, em um de seus contos, diz que quando um grupo de pessoas só encontra discordância em suas palavras, a concordância só virá com o silêncio, na ausência das palavras.
Esse é um dos conceitos que influenciou fortemente o Zen Budismo. Para o Zen, a grande perfeição não está na palavra.
A boa palavra - a palavra do Grande Caminho - é a não-palavra. E essa não-palavra não pode ser a ausência da palavra. É a não-palavra de todas as palavras quando tiverem palavras. A não-palavra em nenhuma palavra quando não houver palavras.
Com essa compreensão, vem o conceito do Taoísmo do não-julgamento, a não conceituação. É simplesmente o fluir natural.
Não deixe de falar quando tiver que falar. Mas não falar com intenção, não falar com premeditação, não falar com julgamento. Mas falar o que deve ser falado. E não falar quando não tiver que falar.
E não julgar quando tiver que falar ou não-falar. Simplesmente a palavra com a não-palavra. A não-palavra está dentro da palavra.
Quando precisamos de um instrumento material e físico para poder nos interiorizar, essa interiorização ainda não é a interiorização absoluta ou autêntica.
Por isso, a boa interiorização não precisa de ferrolho para ser fechada. Como não há ferrolho para fechar, então não há nada para se colocar dentro.
Uma boa Fixação na meditação faz com que a respiração pare e a consciência entre em estado Zero.
Nessa hora, ninguém pode interferir em tirar você, alterar você. A Consciência está em absoluta quietude. Esse é o estado como se fosse uma porta fechada que ninguém pode abrir, a não ser você.
Uma tradição hermética - como a Alquimia -, deveria ser compreendia não apenas com um segredo (tradição secreta que somente os iniciados sabem) - embora suas técnicas sejam passadas secretamente.
Mas, o verdadeiro hermetismo está no Caminho Interior - porque a verdadeira Alquimia acontece dentro da Fixação.
A verdade Alquimia acontece dentro da Fixação. Dentro da Alquimia. Não se entra dentro do Caldeirão do Mestre para se descobrir os segredos do Elixir realizado e o Corpo Solar construído - e assim é o processo da Alquimia. Não entra porque a porta está fechada e essa porta não tem forma, não tem ferrolho, não tem como abrir.
Na paranormalidade, depende de um fio, depende de uma linguagem. Todas as chaves que abrem as Portas do Mistério, são linguagens.
A linguagem pode ser uma palavra-chave, pode ser um Mantra, pode ser uma visão, uma energia, o que for. Mas a partir do momento em que se entra no Zero do Absoluto, é como se estivéssemos dentro de um cilindro onde não existem aberturas. Como se fosse um ovo perfeito, sem furos.
No mais importante Tratado Místico do Taoísmo - Tratado da Salvação do Homem - , se diz:
O Venerável Senhor Celestial do Princípio Inicial dos Infinitos Céus Anteriores, invocou todos os deuses de todas as direções e os colocou junto com Ele em uma pérola do tamanho da semente de um alpiste, juntou todos os senhores deuses de todos os tempos e de todos os universos.
E lá dentro da pérola, foi revelado o Mistério de tos os Universos e todos os Tempos e de todas as Direções.
Essa revelação dentro dessa pérola é exatamente a idéia de entrar dentro de um ovo e de onde não há retorno.
Todos os deuses de todos os tempos e todas as direções representam todas as consciências onipotentes de todos os lugares e de todos os universos, absorvidos pelo Senhor Celestial do Princípio Inicial - que é o próprio Absoluto.
O Vazio convocou o Zero do Vazio Absoluto e invocou a Onipotência de todos os tempos para dentro do Vazio. O Vazio engoliu a Onipotência e tudo desapareceu dentro dEle e dentro dEle, o Mistério foi revelado.
Essa é a macrovisão que tentamos realizar em estado de microcosmo e tentar penetrar dentro do estado do Absoluto.
Essa entrada, na Alquimia, é chamada de Portal Negro.
Entrar no Portal Negro significa o que Lao Tse diz:
A boa porta não necessita de ferrolho para ser fechada
E não pode ser aberta
E aí, o grande fenômeno acontece e não se sabe quando começa nem quando termina.
E as Rodas de Moinho acontecem em três etapas e tudo isso abrirá os três níveis de realização espiritual:
O Sopro
O Espírito
E o Espírito Coletivo.
E, ao final de cada etapa, consegue-se o resultado chamado A Pérola da Imortalidade ou Elixir da Imortalidade.
O primeiro Elixir chama-se Elixir do Sopro.
O segundo Elixir chama-se Elixir do Espírito
O terceiro Elixir chama-se Elixir do Espírito Coletivo
Essas etapas levam anos e começam a partir da Iniciação.
Esse Elixir é o que Lao Tse diz na última frase do primeiro verso:
O bom nó não necessita de corda para ser atado
E não pode ser desatado
O Elixir é coagulado. A Coagulação do Elixir é fazer o nó, é concentrar uma força energética e espiritual e espiritual coletiva como resultado dessa prática. Apenas que esse nó não é feito de nenhuma matéria do Céu Posterior - portanto, não é uma corda.
Numa escala mais inferior, explica-se que a Verdadeira Alquimia não é feita de nenhuma matéria além do próprio Espírito e o Sopro do Céu Anterior. É uma Consciência anterior à criação do universo, uma energia.
A aquisição dessa matéria-prima é o que faz o verdadeiro Elixir. Por isso, não se chega ao Elixir forjando-se minerais ou metais nobres ou ervas ou luzes ou cálculos astrológicos, veia do dragão, etc. todos estão fóra da realidade porque são impermanentes, são linguagem, são matéria - sutil ou densa. Tudo isso são portas.
Somente algo que esteja completamente fora da linguagem é que realmente pode ser a verdadeira, a autêntica matéria-prima para a construção da imortalidade: a Vida e a Consciência Infinitas.
Essas são as últimas palavras da Alquimia.
O universo do misticismo é muito complexo. No Grande Caminho da Sublime Alquimia quase tudo é ilusório - porque tudo fica dentro da limitação do Céu Posterior. Somente ao rompermos a barreira do Céu Posterior e conseguirmos chegar ao Céu Anterior, conseguiremos alcançar a Vida Infinita e a Consciência Pura.
Não havendo a união dessas duas, não encontraremos a Grande Iluminação e a Grande Imortalidade. Não encontrando a Imortalidade, com a Vida e a Consciência Infinitas, não estaremos livres da transmigração, dos 3 caminhos, das 3 fronteiras, dos 3 mundos.
Ainda seremos aqueles que transmigram mesmo se formos para o Reino Celestial, numa condição melhor do que a nossa. E não rompemos essa grande casca de ovo que se chama Universo. Não alcançaremos a absoluta libertação.
O que o Taoísmo propõe?
O Taoísmo propõe que o homem alcance a absoluta libertação..... para que possamos nos libertar do próprio universo, par que possamos nos libertar da própria condição humana.... e para que não se precise renunciar à condição humana e universal, mas sim abraçar tudo isso com a absoluta naturalidade.
Libertar-se do mundo na significa afastar-se do mundo. Abraçar o mundo não significa ser aprisionado pelo mundo. Entrar e sair sem ser prisioneiro de nada e ao mesmo tempo, estar em toda parte.
É uma viagem ousada, grande. Esse é exatamente o propósito de Lao Tse.
Para a cultura cristã, tudo isso pode parecer prepotente. Para o Taoísta, isso é natural.
Portanto, fazer isso não é ousadia. Fazer isso é natural. Isso é grande.
No Taoísmo, é importante se pensar que a grande realização espiritual não é ousadia. A grande realização espiritual é praticamente um dever, é algo natural.
Portanto, não existem culpa ou temor diante da nossa vontade de nos realizarmos e de alcançarmos a libertação.
Somos livres, essencialmente.
Somos imortais, essencialmente.
Mestre Maa nos diz que no Taoísmo não precisamos ter medo de usar frases e conceitos existentes em outras religiões. Isso não significa fusão ou sincretismo. Significa ouvir e pensar, sem perdermos nosso Caminho.
Bem, o Buda disse: Todos os seres são Budas adormecidos. E todos os Budas são homens despertados.
Todos nós somos um Buda, um grande iluminado, um grande esplendor.
E todos os grandes esplendores, grandes avatares e mestres espirituais, são homens comuns como nós, que despertaram.
Nós, estamos dormindo.
Para o Taoísmo, todos nós somos imortais. Todos nós temos a Vida e a Consciência Infinitas. Apenas que precisamos despertá-las, tirar as cascas e os laços que nos amarram, para que alcancemos a liberdade.
Compreendendo isso, Lao Tse diz:
Assim, o Homem Sagrado
É constante e bondoso
Salva homens e não abandona homens
É constante e bondoso
Se não nos limitamos pelo tempo e pelo espaço, somos constantes. Se caminharmos e não deixarmos rastros, se nossa palavra não tem imperfeição e não atrai críticas, se fizermos cálculos sem números, se conseguirmos nos interiorizar sem nos fechar para o mundo, se conseguirmos nos realizar sem precisarmos de nenhum instrumento para criar essa realização, então, tudo isso será a verdadeira bondade.
Por isso, Lao Tse diz:
Assim, o Homem Sagrado
É constante e bondoso
Salva homens e não abandona homens
É constante e bondoso
Salva coisas e não abandona coisas
Isso se chama herdar a luz
Temos que transcender as limitações emocionais, físicas e mentais.
Transcender não significa deixar de ter pensamentos, deixar de ter emoções, deixar de ter corpo físico.
A pessoa que transcende a sua condição inferior, renunciando tudo e fugindo, ela está isolada e não pode salvar homens. Por que? Porque essa pessoa não abraça mais os homens. É um falso sábio que se refugia na montanha para não mais ver o mundo, para não ser pervertido pela sedução do mundo. É o eremita que se afasta de todos para não ser desafiado e não ser seduzido pelos prazeres comuns. Por que? Porque ele não consegue viver o prazer do mundo, por isso tem que fugir. Ao se encontrar com os prazeres do mundo, ele pose se sentir seduzido. E por isso foge, porque não consegue transcender por inteiro.
O Homem Sagrado transcende e ao mesmo tempo, abraça todas as coisas. Ele se torna um Zero, como o Vazio que abraça todas as coisas. Por isso, Ele ama os homens, salva os homens e não abandona os homens. Ele salva todas as coisas e não as abandona.
Assim, no último estágio, o mais alto nível da realização da Alquimia, os grandes mestres da transmutação abandonam o corpo físico. Eles transmutam a matéria-prima e ascensionam com o corpo inteiro, em forma de nuvens.
Os mestres de níveis mais baixos, que criam o Corpo Solar, ainda deixam o corpo físico na Terra. Eles ascensionam apenas com o Corpo Solar e isso ainda não é a perfeição.
Os mestres de níveis ainda mais inferiores que não conseguiram ainda formar o Corpo Solar, vão entrar na lei da transmigração e no máximo, conseguem ir para o Reino Celestial e mesmo assim, não conseguem o Corpo Solar.
Isso se chama ‘herdar a luz’.
No corpo dos grandes mestres, é essa a herança da luz que está em toda parte.
No Taoísmo, existem quatro grandes escolas de magia. Todas as quatro escolas foram fundadas por mestres ascensionados da Alquimia e não da magia. São alquimistas que ascensionaram e deixaram o conhecimento da magia como instrumento para que seus discípulos possam ajudar outras pessoas.
Na teologia taoísta, esses quatro grandes mestres são os quatro ministros do Rei de Jade.
Todos ascensionaram e um deles é o que fundou a Ordem que seguimos - a Ordem Ortodoxa Unitária - o Mestre Celestial. Todas a quatro Ordens foram fundadas por Mestres Celestiais. Todos ascensionaram juntamente com o corpo físico.
Um desses mestres, em sua ascensão, não apenas transmutou seu corpo físico e subiu em plena luz do dia, como também levou consigo cerca de cinqüenta pessoas,de sua aldeia, que eram seus discípulos e serviçais, também cachorros, galinhas, e um tigre. Enquanto vivia, seu tigre preto era sua montaria. Em sua ascensão, raios, trovões, luzes, tudo flutuava no espaço e tudo subiu junto.
Nosso Mestre Celestial também tinha como montaria um tigre, mas um tigre comum.
Se o mestre possui muita real força, seu momento de ascensão pode ser forte o bastante para ascensionar todo o resto em torno de si. Tudo depende do tamanho do coração do mestre.
Em textos sagrados antigos, diz-se que em outros universos, nos infinitos tempos passados, alguns mestres eram tão poderosos que em sua ascensão carregavam consigo mesmo toda uma civilização e então se formava, imediatamente, uma legião celeste.
Na Terra, há mais de cinco mil anos atrás, a ascensão do Rei do Mistério, levou consigo quase toda a tribo formando uma grande legião que é extremamente poderosa. Todo o trabalho de magia envolve esta legião.
Em seguida, como Lao Tse fala em boa caminhada, boa palavra, bom cálculo, boa porta, bom nó - tudo isso é o Absoluto, a não-forma...., portanto tudo isso forma o homem bom, que é aquele que vive a condição do Absoluto, o Homem Sagrado.
O homem bom é mestre daquele que não é bom
O homem que não é bom é o recurso daquele que é bom
Esta frase diz o mesmo que o Buda disse: Todos os seres são Budas adormecidos. E todos os Budas são homens despertados.
O homem que ainda não é bom, é um recurso a ser transformado em bom.
O homem que já é bom, tem o poder de transformar aquele que ainda não é bom.
Recurso é a matéria-prima a ser trabalhada.
Nós, que somos adormecidos, temos que nos trabalhar para podemos nos iluminar.
Ainda bem que não somos iluminados... por isso ainda podemos iluminar. Ainda bem para aqueles que são iluminados e por isso Eles podem nos iluminar.
Por isso, não existe bem ou mal. Existe o bem que é a absoluta iluminação: a Vida e a Consciência Infinitas.
E aquele que ainda não é bom, porque ainda não alcançou a vida e a consciência infinitas, pode alcançar - por isso é um bom recurso.
Compreendendo isso, Lao Tse diz:
Quem não valoriza seu mestre e quem não ama seu recurso
Mesmo inteligente, permanece enormemente desorientado
Não adianta sermos muito inteligentes. Se não iluminamos, não teremos a verdadeira compaixão de amarmos nossos recursos (nossos discípulos, as pessoas).
Não havendo uma realização espiritual, não valorizando o mestre com devoção, buscando nossa própria ascensão, não adiante sermos inteligentes. Essa inteligência seria uma inteligência que não é boa. Inteligência, quando não é boa, pode até ser nociva.
A tudo isso denomina-se Maravilha e Essência
Esses são ensinamentos maravilhosos e essenciais do Tao. Todo Taoísta tem que compreender esses ensinamentos para poder, com os recursos, transformar-se em mestre; para poder alcançar a iluminação, para transmutar, para ter devoção e doação; para queimar Karmas através da doação; para buscar a conexão com os superiores através da devoção e esforçar-se por si próprio através da transmutação.
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FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, janine Milward
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 27
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 17 de janeiro de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching