Qual a diferença entre mente e consciência?
A consciência é uma mente sem pensamentos.
E a mente é uma consciência com pensamentos.
Wu Jyh Cherng
Devemos trabalhar com o silêncio interior. Assim, é importante a prática da meditação
cotidiana: todos os dias devemos nos colocar numa posição de quietude absoluta,
entrar no silêncio.
Como nossa mente é muito ativa e nossas emoções muito borbulhantes,
existem técnicas para entrar no silêncio e anular o excesso de atividades. O propósito de entrar no silêncio é recuperar
a quietude interior. Essa quietude
interior é a não-ação que permite a ação natural das coisas acontecerem no
momento adequado.
Na verdade, só podemos saber realmente o que deve ser feito
naturalmente se não ficarmos em todos os instantes, pensando no que deve ser
feito. É através do não-pensar que
alcançamos a consciência do que deve ser feito.
Isso é a não-ação que permite a ação nascer e brotar.
Através da quietude, atinge-se a Consciência.
Qual a diferença entre mente e consciência?
A consciência é uma mente sem pensamentos. E a mente é uma consciência com
pensamentos. Quando a consciência não
para de pensar, atuando como pensamentos, ela se torna mente. E a mente é aquele elemento confuso que nos
confunde em nossa vida cotidiana. Sempre
existe uma palavra a contradizer outra palavra.
O eu se desdobra em infinitos eus como se fossem espelhos infinitos,
criando infindáveis diálogos interiores.
A pessoa calma é aquela com menos diálogos interiores, com menos
eus falando. A super atividade dos eus
falando traz a insônia, a agitação extrema, a ansiedade.
Na meditação, a mente subordina-se à consciência. A consciência, tendo poder sobre a mente,
pode utilizá-la como veículo de expressão.
E desobrigá-la, após seu uso.
Assim, a meditação é um treinamento diário que nos permite recuperar o
silêncio interior.
O silêncio interior é o que Lao Tse chama de não-ação. O Tao é uma constante não-ação. A natureza essencial do Tao é o silêncio
constante, uma quietude constante que permite todas as expressões se realizarem
dentro dele. Assim como um grande espaço
que permite todas as coisas existirem.
Como um grande silêncio que permite todas as palavras, todas as vozes,
todas as expressões acontecerem.
Por isso, Ele diz:
O Caminho é uma constante
não-ação
Que nada deixa por realizar
Se assim é o Tao e nós podemos alcançá-lo - se podemos alcançar
esse Caminho do Vazio, do silêncio -, então não há nada que não possamos fazer,
ou seja, tudo podemos então fazer.
Por isso, um grande mestre espiritual, quando alcança sua
realização no Tao, passa a ser polivalente.
Se quiser, pode fazer poesia, pintura, tocar piano, escrever, o que
quiser. Por que? Porque quem tem o Vazio tem todos os recursos
do mundo dentro de si, fluindo e podendo ser utilizados simplesmente como
ferramentas.
A natureza primordial do Grande Caminho é a não-ação, é o próprio
Vazio. Esse Vazio é a eternidade, o
Absoluto. E dentro do Absoluto cabem
todas as expressões e todas as manifestações.
Assim, quando uma pessoa consegue encontrar essa ausência da forma,
na própria ausência da forma, todas as formas são permitidas de serem
realizadas.
Capítulo 37
O Caminho é uma constante não-ação
Que nada deixa por realizar
Se reis e príncipes pudessem resguardá-lo
Os dez mil seres iriam se transformar por si
Porém, se na transformação despertassem desejos
Eu iria estabilizá-los através da simplicidade do sem-nome
A simplicidade do sem-nome também se inicia no não-desejo
Não-desejo para tornar quieto
E o céu e a terra, por si, estarão em retidão.
...............
Foto: Sítio das Estrelas, Janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 37
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 04 de abril de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching