saber trabalhar o equilíbrio entre a residência e a não-residência



Saber trabalhar o equilíbrio entre a residência e a não-residência

Wu Jyh Cherng



Portas e janelas são abertas na construção da casa
Através da não-existência
Existe a utilidade da casa


Se construirmos uma casa sem portas nem janelas, não teremos uma casa.  Nosso corpo é uma casa. 

O corpo é a residência da alma, a residência do espírito.

Nosso corpo é feito de diversas portas e janelas: nossa audição, nossa visão, nosso olfato, nossa respiração, nosso paladar, nosso tato, nossos pensamentos e nossa reflexão.

Nosso corpo serve como proteção de nossa alma.  Uma pessoa sem corpo físico tem que flutuar no mundo astral e é muito frágil.

Quando moramos num corpo físico, temos a residência como limitação do morador.  Também nossa alma fica temporariamente limitada.  Ao mesmo tempo, o corpo faz com que alma não fique sujeita a impactos externos violentos. 

Precisamos então  saber trabalhar o equilíbrio entre a residência e a não-residência.

 Precisamos ter portas para sair quando tivermos que sair e para voltar quando tivermos que voltar.  Usar a casa quando tivermos que usá-la e deixar a casa quando assim for necessário.  Abrir as janelas para podermos - sem sair dentro de nós - encher-nos com algo que está fora de nós.

É preciso haver uma abertura no interior para podermos enxergar as verdades.  Uma abertura em nossa alma para podermos ouvir as verdades.  Uma abertura que possa proporcionar o vazio interior.

O silêncio interior é fundamental.  Esse silêncio é o silêncio da roda. É o silêncio e é o vazio das janelas e portas da casa.  É o vazio do recipiente que o torna útil.

Sem o silêncio, nos tornaremos um recipiente inútil.  Uma roda que não gira, uma casa de onde não se entra nem se sai.  Seremos, então, prisioneiros da nossa vida.

Por isso, Ele diz:

Assim, da existência vem o valor
E da não-existência, a utilidade



Capítulo 11


Trinta raios convergem ao Vazio do centro da roda
Através dessa não-existência
Existe a utilidade do veículo

A argila é trabalhada em forma de vasos
Através da não-existência
Existe a utilidade do objeto

Portas e janelas são abertas na construção da casa
Através da não-existência
Existe a utilidade da casa

Assim, da existência vem o valor
E da não-existência, a utilidade


Foto: Sítio das Estrelas, Janine


TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 11
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

TRECHO EXTRAÍDO DA
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em agosto de 1994
O Título do Texto acima foi realizado por Janine
Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng




 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching