O Pequeno Recipiente e o Grande
Recipiente
Wu Jyh Cherng
Mestre Maa diz que quando uma pessoa está cheia, repleta, ela se
torna um pequeno recipiente. Quando não está cheia, torna-se um grande
recipiente. A palavra ‘recipiente’ quer
significar literalmente ‘aquilo que recebe algo’. Pode ser do tamanho de uma tigela como pode
ser do tamanho de um estádio de futebol.
Não importa qual o tamanho:
quando o recipiente está cheio, torna-se pequeno e quando se torna pequeno,
nele não cabe mais nada, está saturado.
Se se jogar um pouco fóra, poderá ainda ter uma tolerância, ainda
aceitar alguma coisa.
Uma pessoa pode ser um grande recipiente ou um pequeno
recipiente. Uma vez cheio, sempre será
um pequeno recipiente, mesmo que seja um grande recipiente.
Uma pessoa pode ser um pequeno recipiente; se não estiver cheio,
sempre haverá a potencialidade de enchê-lo - por isso o recipiente torna-se
grande.
Obviamente, o homem não é um recipiente feito uma cumbuca ou
uma tigela. A capacidade humana, enquanto recipiente, é a
de receber conhecimentos e tudo da vida.
Somos um recipiente que tem a capacidade de aumentar ou de reduzir de
tamanho. Se tivermos humildade - não
encher até o máximo -, se não tivermos orgulho, o sentido de ‘especial
destino’, ou arrogância, seremos aquele recipiente infinitamente grande onde
sempre caberão mais conhecimentos e mais ensinamentos.
Se atingirmos o ponto de cheios, mesmo que sejamos altamente
intelectualizados, altamente instruídos, com um imenso domínio das coisas,
sempre seremos um pequeno recipiente.
Porque dentro de nós não cabe mais nada.
É realmente extremamente importante e fundamental que saibamos não
ser cheios. Uma pessoa que assim aja,
conseguirá absorver infinitamente tudo aquilo que o universo pode dispensar.
O grande caminho do Taoísmo é exatamente uma realização
infinita. A infinitude se revela
naqueles quinze a vinte por cento que não estão preenchidos. Se um dia o caminho da infinitude alcançar a
sua plenitude, a infinitude deixa de ser infinita e se torna finita. O Caminho da Imortalidade termina quando um
dia se morre. O Caminho da Infinitude
acaba no dia em que este caminho se torna finito. Para ser infinitamente infinita, uma pessoa
precisa nunca chegar ao máximo. Para
nunca se atingir o ponto máximo, é preciso conservar a humildade, a
simplicidade.
Capítulo 9
O que é mantido cheio não
permanece até o fim
O que é intencionalmente
polido não é um tesouro eterno
Uma sala cheia de ouro e jade
é difícil de ser guardada
Riqueza e nobreza somadas à
arrogância
Fazem restar para si sua
própria culpa
Concluir o Nome, terminar a
Obra,
Retirar o Corpo - este é o Tao
do Céu
Foto: Sítio das Estrelas, Janine
Este texto é extraído da
transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 02 de agosto de 1994, sobre o Capítulo 9 do Tao Te Ching, o Livro
do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre
Cherng.
Esta Aula foi transcrita e
sintetizada por Janine Milward.
O Título deste texto
Sobre a Expansão da Consciência,
foi idealizado por Janine e não faz parte do
texto original.
A tradução dos Capítulos do Tao
Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora
Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo,
Brasil
Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a
realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh
Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao
Tse, o Tao Te Ching