Recuperação da unidade dos sentidos: a consciência entrando no Vazio
Wu Jyh Cherng
A prática da meditação pode ser feita através dos seis
sentidos. Todas as práticas de meditação
trabalham com um dos sentidos como caminho.
Existem práticas de meditação que usam a visão, concentrando apenas
no olhar sobre uma mandala. Quando a
visão atinge o ponto indivisível que é integrado ao arquétipo - uma mandala ou
um símbolo -, nessa hora, todos os centros da consciência se unem. Portanto, nesse momento, a visão seria a
locomotiva que puxaria todos os outros sentidos para dentro de uma
unidade. Esse é o uso da visão como meio
de meditação.
Também existe a meditação que usa a audição:senta-se e passa-se a
ouvir o som dos mantras que a própria pessoa está recitando. A concentração auditiva sobre o mantra se
intensifica e quando se consegue ouvir apenas o mantra e mais nada, a
consciência auditiva se torna una e passa a ser a locomotiva que puxará os
outros sentidos para se aglutinarem ao mantra.
Então, a própria audição se transforma.
Existem práticas que usam o olfato.
Não propriamente o olfato e sim a respiração, o ar. Quando se coloca a consciência no ar que se
respira, o olfato fica mais apurado, inevitavelmente. Essa é a nossa meditação. Nós colocamos a atenção no ar que respiramos,
trabalhando com o aparelho respiratório.
As práticas que usam o paladar - ou a própria boca - sãs as dos
cantos e mantras.
Existem práticas que usam os sentidos na canalização de
energias. Sente-se o corpo expandir e
vibrar ou se trabalha com mudras, com posturas corporais, centros de forças
através das posturas físicas. Isso
também gera a concentração da atenção em um só ponto.
Existem as práticas que trabalham com a Intenção - como acontece no
Budismo do sul - quando os praticantes ficam sentados em estado passivo,
contemplando tudo. São os que trabalham com a intenção, trabalham com o
julgamento interior: ouviu um barulho e constatou: um barulho; viu uma formiga
e pensou: uma formiga; sentiu o vento e ‘sentiu o vento’. Quando a consciência atinge a plena atenção,
ela também ficou disciplinada.
O Zen Budista se senta para meditar e fica repetitivamente
repetindo ‘quem sou eu’, quem sou eu, quem sou eu... está trabalhando com a
intenção. Através da repetição, o
praticante entra numa centralização da mente.
Portanto, tecnicamente, a maioria das meditações trabalha com um
dos seis sentidos, como um instrumento.
Quando se disciplina um desses instrumentos, um dos sentidos, todos os
outros cinco sentidos ficarão conseqüentemente disciplinados. Então se recupera a unidade dos sentidos e a
consciência entra no Vazio. Aí se
recupera o Grande Caminho, recupera-se o Tao.
Capítulo 18
Quando se perde o Grande Caminho,
Surgem a bondade e a justiça.
Quando aparece a inteligência,
Surge a grande hipocrisia.
Quando os seis parentes não estão em paz,
Surgem o amor filial e o amor paternal.
Quando há desordem e confusão no reino,
Surge o patriota.
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TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 18
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1994
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching