... a quietude é conquistada através da prática da meditação
Wu Jyh Cherng
Na prática da Alquimia, a quietude é conquistada através da
prática da meditação. Dentre as infinitas
técnicas, em todas as escolas taoístas sempre se considera fundamental a
meditação pura.
O que é a meditação pura?
Simplesmente sentar-se com as pernas cruzadas, de olhos fechados e
deixar-se entrar no silêncio. E através
do silêncio, penetrar no Mistério.
Através do Mistério, abrir, romper a barreira que limita o universo com
o universo. A partir daí, se terá acesso
à vivência do Tao para abrir a grande biblioteca sagrada do universo que
revelará os sagrados conhecimentos e se entrará em contato direto com os
grandes mestres.
A meditação é fundamental, ela é parte do conhecimento, mesmo sendo
o mais simples de todos os conhecimentos.
No Taoísmo, os mais altos níveis de técnica são os mais simples, os mais
altos conhecimentos são os mais simples.
O próprio Tao Te Ching deixa muito claro que o Sublime Tao está no
Vazio, na quietude, na simplicidade. Não
está na complexidade. Mesmo as coisas
complexas têm que ser vividas de maneira simples. Se temos qualquer conhecimento complexo,
complicado, devemos usá-lo de forma simples, com naturalidade.
O mecanismo do automóvel pode ser complicado mas o espírito do
mecânico que realiza o trabalho pode e deve ser simples para poder melhor atuar
no momento da feitura ou do conserto.
Assim, igualmente acontece para todas as coisas.
Podemos também estar encarnados como um homem ou como um animal,
podemos estar no mundo das almas ou podemos ser uma divindade de luz ou uma
divindade de obscuridade, podemos estar em qualquer condição - mas a essência
permanece a mesma.
Por isso, Lao Tse diz:
Os dez mil seres se manifestam
simultaneamente
E, através disso, contemplamos
o seu retorno
Como retornar?
No Taoísmo, tecnicamente, colocamos o Espírito dentro do Sopro e o
Sopro dentro de um ponto que chamamos de Portão Negro ou Orifício do
Mistério. Ambos significam aquele
buraquinho por onde surge o universo e por onde desaparece o universo: uma
espécie de buraco negro, onde tudo nasce e onde tudo desaparece.
Através de um processo de meditação profunda, quando se atinge o
nível que é chamado de Fixação - quando não mais se tem respiração, pulsação ou
pensamento - em qualquer ponto pra frente, chega uma hora em que se atinge uma
dimensão onde se encontra esse buraquinho.
Esse é o Orifício do Mistério ou Portão Negro. O Espírito está unido ao Sopro, o Sopro
segura a Consciência e a Energia vai conduzindo a Consciência até uma
espaçonave que entra dentro de um buraquinho onde exatamente nasce, inicia e
termina todo o universo. Nesse ponto,
iniciamos nosso mergulho no Mistério.
Também o Orifício do Mistério ou Portão Negro pode ser chamado de
“Cova”. O Sopro entrando dentro do
buraco é acompanhado pelo Espírito - porque o Espírito já estava dentro do
Sopro - e o Sopro se instala dentro da cova que não é um buraco e sim um ponto
vazio. Um ponto vazio que é
infinito. Essa cova se revela após o
atingimento do nível de Fixação: é o próprio Absoluto. O Absoluto é o ponto que se abre.
Essa grande viagem é a viagem do Mistério. Como entrar nessa viagem? Através do extremo Vazio e da extrema
quietude, todos os seres podem retornar ao princípio.
Assim, Ele diz:
Apesar da diversidade dos
seres,
Cada um deles pode retornar à
sua raiz
Apesar da personalidade, da cultura, da raça, da característica
pessoal, apesar de tudo
Cada um deles pode retornar à
sua raiz
O regresso à raiz se chama
‘quietude’
Quietude se chama ‘retornar a
viver’
A pessoa volta a viver o infinito, a vinda infinita que volta ao
Vazio e passa a abraçar o universo inteiro dentro de si.
O universo, segundo o Taoísmo, não tem princípio nem fim. O universo é a própria infinitude dentro do
Absoluto.
Abraçar a vida e retornar a viver
Alcançando o extremo Vazio e
Permanecendo na quietude da extrema quietude
Os dez mil seres se manifestam simultaneamente
E, através disso, contemplamos o seu retorno
Apesar da diversidade dos seres,
Cada um deles pode retornar à sua raiz
O regresso à raiz se chama ‘quietude’
Quietude se chama ‘retornar a viver’
O retornar a viver se chama ‘constância’
Conhecer a constância se chama ‘Iluminação’
Desconhecer a constância é a impropriedade
Que provoca o infortúnio.
Quem conhece a constância é abrangente
Quem é abrangente pode ser coletivo
O coletivo tem o poder da criação
A criação tem o poder do céu
O céu tem o poder do Tao
O Tao tem o poder do eterno
Assim,
Mesmo perdendo o corpo, não irá perecer.
...............
Foto: Sítio das Estrelas, Janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 16
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 27 de setembro de 1994
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching