... alimentar-se do Sopro-Uno-do-Céu-Anterior
Wu Jyh Cherng
O que quero que me distinga
dos demais
É valorizar o alimentar-se da
Mãe
Alimentar-se da Mãe é alimentar-se daquilo que deu origem. É uma concepção matriarcal. Significa alimentar-se do
Sopro-Uno-do-Céu-Anterior: alimentar-se da energia que criou o universo.
Na cosmogonia taoísta se considera que antes de o universo existir,
teria sido criado por uma energia que chamamos de
Sopro-Uno-do-Céu-Anterior. Essa é a
energia do Absoluto. É o estado entre o
Vazio do Absoluto e a matéria já manifestada do Céu Posterior. Este Sopro-Uno-do-Céu-Anterior é o fruto da
Mãe. É o Vazio primordial, o Vazio do Absoluto e esse alimento que a Mãe
oferece é exatamente a energia primordial que criou todas as coisas.
Na prática da meditação, tentamos entrar no silêncio da infinita
noite para podermos receber esse sopro chamado Sopro-Uno-do-Céu-Anterior, para
sermos renovados e re-criados. Essa
energia, quando entra em nosso corpo, cria o fenômeno chamado de Rodas do
Moinho. As Rodas do Moinho vão varrer os
cristaizinhos do nosso ego para renascermos e renovarmo-nos.
Quando falamos da criação do universo, estamos falando
simbolicamente, como uma maneira de falar.
Na verdade, o universo nunca foi criado porque sempre existiu. Também o Criador não existiu antes de sua
Criação. Todos existiram em todos os
tempos, passado, presente e futuro.
O que existe, existe entre o Universo e o Vazio e que abrange tudo:
é um estado intermediário que liga o Universo e o Vazio, que não é totalmente
Vazio e nem é totalmente manifestado.
Essa é a energia que seria a ‘criadora’ do Universo. O Universo se alimenta dessa energia. Essa energia faz parte do Vazio e faz parte
do Universo. São três energias do
Universo que co-existem dentro de um estado de infinitude: o Universo não tem
princípio nem tem fim.
Portanto, quando se pergunta acerca o começo do universo, não
haverá resposta porque não deve ser feita a pergunta. Se o universo nunca foi criado e nunca terá
fim, se não tem princípio e não tem fim, não se pergunta o por que e o como se
criou o universo.
Aos filósofos, místicos, religiosos e cientistas, a nossa resposta
é de que “não se pergunta desta maneira”.
Não se diz que o universo se criou a partir de algo que era o
nada. Surge, então, a questão do porquê
se criou o Universo.
O Absoluto criou o Universo...
No entanto, o Absoluto não criou o Universo porque o Universo sempre
existiu. O Universo faz parte do
Absoluto - que é o próprio Universo - que é o próprio Absoluto.
Tecnicamente, esse Universo se alimenta do
Sopro-Uno-do-Céu-Anterior e é abraçado pelo Absoluto. Portanto, o Absoluto abraça o Supro Uno, o
Sopro Uno abraça e nutre o Universo. Os
três juntos são Um. E não têm tempo nem
espaço e não podem ser definidos.
Portanto, não se explica.
Capítulo 20
No ensinamento pela supressão não há preocupações
Entre aceita e repudiar, qual a diferença?
Entre apreciar e desprezar, qual a distância?
O que os homens temem, poderiam não temer?
Abandone isso antes que se esgote!
Os homens se agitam como um festejo na grande prisão
Ou como subir à varanda na primavera
Meu corpo não tem expressão
Como uma criança antes de nascer
Como a estrela Kuei que não tem onde se apoiar
As pessoas todas possuem em excesso
Somente eu aparento estar perdendo
Sou como um ignorante que tem o coração puro
Os medíocres vivem lúcidos
Somente eu aparento estar confuso
Os medíocres vivem lúcidos
Somente eu estou introspectivo
Indefinido como uma infinita noite silenciosa
As pessoas todas têm um ego
Somente eu o ignoro considerando-o precário
O que quero que me distinga dos demais
É valorizar o alimentar-se da Mãe.
foto: Sítio das Estrelas, Janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 20
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 08 de novembro de 1994
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching