Todas as coisas têm um tempo próprio para acontecerem
Wu Jyh Cherng
Esse Capítulo fala basicamente de duas coisas:
-
A importância do não-superficialismo, de se fazer uma busca
profunda e verdadeira.
-
O não-egoísmo. Que nosso
trabalho, que nossa busca, que nossos trabalhos material e espiritual não sejam
construídos em cima de uma referência egoísta.
Quem respira apressado não
dura
Quem alarga os passos não
caminha
Essas palavras falam sobre a pressa. Todas as coisas feitas com pressa são feitas
de uma maneira superficial.
Falam da naturalidade. Todas
as coisas têm um tempo próprio para acontecerem.
Ao darmos um passo maior do que podemos dar, nos cansamos e não
podemos caminhar mais.
Também essas palavras dizem que a cultura moderna é uma cultura de
‘alargar passos’.
Nós consumimos muito rapidamente.
Existe uma grande crise na Terra em função de que o ser humano dá um
passo maior do que a natureza. Ou seja,
o homem deixa de se integrar com a natureza, com o céu, com a terra, com a
floresta e com os outros seres porque tende a dar passos maiores, consumir mais
do que pode oferecer.
A Terra é rica mas, por mais rica que seja, esse consumo exagerado,
esses grandes passos, acabam cansando a Terra, cansando o nosso mundo.
Igualmente, passos grandes podem significar o excesso de
informações. Temos informação através da
visão, da audição, do paladar, das sensações.
Nossos sentidos sensoriais e não-sensoriais (intelectuais, racionais e
memórias) estão em processo muito acelerado.
A quantidade de informações é muito grande. São os grandes passos. Isso nos leva ao stress, a uma ruptura.
Se andarmos muito rapidamente com passos grandes, vamos tropeçar,
cair, pisar em buracos, sem conseguirmos nos desviar dos obstáculos da
estrada. Ou nos cansamos. Isso traz a ruptura, a quebra.
Quando a vida é vivida em excesso de informação, excesso de
alimentação, excesso de preocupações, de efeitos intelectuais, racionais e
sensoriais, todo o nosso recurso humano é desgastado rapidamente.
Quando alargamos os passos, estamos reduzindo nossa distância de
vida.
Se a vida é uma estrada que pode ser caminhada durante, digamos,
até 120 anos, hoje somos capazes de caminhá-la em doze, trinta, cinqüenta anos
e terminá-la.
A vida reduz e a intensidade de cada momento aumenta. Isso faz com que a vida se torne estressante
e curta.
O Taoísmo dá muita importância à longevidade, à constância e à
fluidez contínua da vida humana.
E ‘alargar os passos’ é, metaforicamente, uma atitude de redução de
vida.
Capítulo 24
Quem respira apressado não
dura
Quem alarga os passos não
caminha
Quem vê por si não se ilumina
Quem aprova por si não
resplandece
Quem se auto-enriquece não
cria a obra
Quem se exalta não cresce
Esses, para o Caminho, são
como os restos de alimento de uma oferenda
Coisas desprezadas por todos
Por isso, quem possui o
Caminho não atua desse modo
...............
Foto: Sítio das Estrelas, Janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA
VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do
Capítulo 24
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula
Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 20 de
dezembro de 1994
Transcrição e Síntese de
Janine Milward
A tradução dos Capítulos do
Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora
Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo,
Brasil
Nesta mesma Editora,
encontra-se ainda no prelo
a realização da publicação, em
breve, das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao
Tse, o Tao Te Ching