Abraçando a simplicidade
e agindo com força de vontade
Wu Jyh Cherng
Quem sabe contentar-se é rico
Contentar-se é não correr atrás das multiplicidades, das
diversidades, da abundância de números, é saber não pela quantidade mas pela
qualidade. É viver a vida com uma
compreensão profunda e não viver muitas vidas com uma compreensão superficial.
O que é o Mestre Iluminado, esclarecido?
É aquele que tem uma compreensão profunda sobre algo em sua
vida. pode ser um mestre em carpintaria
que conhece o traço da madeira e o manuseio do instrumento. Qualquer arte, seja da madeira, da pintura,
do canto, o trabalho em qualquer ofício, qualquer arte é um caminho de
vida.
Por isso o Taoísmo usa o termo Tao, o Caminho. É preciso que saibamos fazer um caminho que é
a própria vida e por ser a própria vida, deve ser vivido profundamente e
constantemente. Essa profundidade e essa
constância tornam nossa caminhada simples - e não múltipla - porém rica em
qualidade.
Por isso, Ele diz:
Quem sabe contentar-se é rico
Contentar-se é saber ficar com aquilo que realmente se quer e não
ansiosamente correr atrás de muitas coisas.
Saber se contentar é saber abraçar a Unidade, saber abraçar a
simplicidade. Quando abrimos a fronteira
entre o consciente e o inconsciente, do racional e do intuitivo, quando
nossa consciência se torna única, temos
Uma consciência e não cinqüenta consciências.
Uma consciência é imensamente maior do que cinqüenta consciências
diversamente constituídas dentro de nós.
Agir fortemente é ter vontade
Essa frase é importantíssima para aqueles que estudam o
Taoísmo. O Taoísmo fala da naturalidade,
da intuição, da receptividade. A
compreensão enganosa e parcial desses fatores pode tornar a pessoa sem
responsabilidade, sem rédeas na vida.
A obsessão é uma vontade de querer alguma coisa
incessantemente. A grande transformação
a que os mestres taoístas se referem é a de transmutar a obsessão em vontade,
ou seja, transformar uma força obstinada em algo positivo. Uma consciência obstinada, Yang, agindo
perversamente, é obsessão. Uma
consciência obstinada, agindo de uma maneira sadia, é a força de vontade.
A força de vontade obstinada que existe dentro de nós não pode ser
cortada, jogada fora porque é o nosso lado Yang. Mas também temos o nosso lado Yin que é a
nossa receptividade, nossa intuição, nossa contemplação. A contemplação e a receptividade - quando
mal-dirigidas - podem nos levar a um relaxamento preguiçoso, à uma prostração,
a uma falta de vontade.
A receptividade deve ser algo tranqüilo, transparente e não pode
ser um estado de prostração.
A força Yang é obstinada mas não pode ser uma obsessão e sim uma
força de vontade.
Para realizarmos as coisas, devemos ter força de vontade. Temos que trabalhar com o racional e com o
intuitivo. Por isso, Ele diz: Agir fortemente é ter vontade
Quem tem força de vontade, terá ação forte. Mestre Maa nos diz que a força de vontade é a
constância, a caminhada incessante.
Seguindo-se o caminho de forma equilibrada e com constância,
naturalmente estaremos usando a força de vontade. Se não a usarmos, estaremos abrindo espaço para
a obsessão. Se não usarmos a força de
vontade de uma maneira sadia, ela se tornará perversa.
Capítulo 33
Quem conhece os homens é inteligente
Quem conhece a si mesmo é iluminado
Vencer os homens é ter força
Quem vence a si mesmo é forte
Quem sabe contentar-se é rico
Agir fortemente é ter vontade
Quem não perde a sua residência, perdura
Quem morre mas não perece, se eterniza.
...............
Foto: Sítio das Estrelas, janine
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 33
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 07 de março de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Nesta mesma Editora, encontra-se
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching