As Cinco Virtudes
Bondade, Justiça, Polidez, Sabedoria e Fidelidade
Wu Jyh
Cherng
Não importa de que natureza seja a atividade exercida, no Taoísmo
para uma pessoa se tornar uma Divindade, tem que possuir cinco completas
Virtudes:
Bondade
Justiça
Polidez
Sabedoria
Fidelidade
Essas cinco Virtudes correspondem às cinco energias do I Ching:
A Bondade corresponde à energia
da Primavera, da Madeira
A Polidez corresponde ao Verão,
ao Fogo
A Justiça corresponde à energia
do Metal, ao Outono
A Sabedoria corresponde ao
elemento Água e ao Inverno.
Cada um desses elementos situa-se simbolicamente numa direção:
A Madeira da primavera, no Leste
O Metal da Justiça, no Oeste
A Polidez do fogo situa-se no
Sul
E a Sabedoria da Água, no Norte.
Entre esses quatro elementos existe o elemento do Centro, que é o
da Terra, simbolizando a Fidelidade.
A Fidelidade deve ser entendida como fidelidade mútua significando
que se pode confiar numa pessoa que se mostra fiel às pessoas. Ou significa que as pessoas podem confiar em
você e que você confia nas pessoas. Ser
capaz de fazer com que as pessoas confiem em você ao mesmo tempo em que você
mostra fidelidade às pessoas que têm compromisso com você.
Todas as pessoas nascem com essas cinco energias completas dentro
de si, cinco Virtudes latentes. Com o
decorrer da vida, os costumes, os vícios, os problemas fazem com que umas
energias predominem sobre outras ou gasta-se mais uma energia do que outra,
perdendo-se, então, a Bondade, a noção da Justiça, da Polidez, da Sabedoria e
da Fidelidade.
Para se percorrer o caminho espiritual do Taoísmo, é preciso, como
primeiro passo, recuperar essas cinco Virtudes dentro de nós.
Uma pessoa tem que ser, ao mesmo tempo, doce e justa. Justiça é uma coisa mais fria, mais severa,
enquanto Bondade é mais calorosa, perdoa.
Uma coisa tem que estar associada à outra. Se uma pessoa tem bondade mas não tem
justiça, ela corre o risco de ser aquele ser bonzinho, que tolera qualquer
coisa. A Bondade só faz sentido quando
se equilibra com a Justiça.
A Polidez equilibra-se com a Sabedoria. A água
corre sempre para baixo, vai para o fundo da terra, sempre saindo de um riacho
pequeno, finalmente chegando ao oceano, quando se une com todas a águas. Isto é Sabedoria.
Sabedoria é unir a consciência do indivíduo com a consciência do
coletivo. É saber ser humilde para
se atingir a mais profunda experiência
da vida - como a água que desce para a profundeza da terra. Portanto, a água simboliza a Sabedoria. Se uma pessoa apenas vive a sabedoria e não a
expõe, ela corre o risco de ser apenas uma pessoa sábia porém egoísta consigo
mesma. A sabedoria egoísta deixa de ser
a verdadeira sabedoria. A sabedoria tem
que ser exteriorizada para poder se equilibrar.
Polidez é a maneira educada de tratar as pessoas. Uma pessoa polida é uma pessoa que sabe se
comunicar com as outras, se relaciona com a natureza, enfim, com tudo o que
existe em torno de si. Se uma pessoa
possui polidez e não a sabedoria, corre o risco de se tornar uma pessoa falsa e
superficial. Dessa forma, a Polidez é a
aparência e a Sabedoria é o interior: uma precisa equilibrar-se com a
outra. O fogo equilibra-se com a água.
Todas as quatro Virtudes somadas nos levam a encontrar a quinta
energia, a quinta Virtude: a Fidelidade.
A Fidelidade significa que somos capazes de ser justos, bondosos,
polidos e sábios. Dessa maneira, teremos
a capacidade de sermos fieis ao nosso ideal e às pessoas com quem temos
compromisso ao mesmo tempo em que as pessoas podem confiar em nós. Essas são as Cinco Virtudes.
No Taoísmo, todas as pessoas possuem, ao nascer, intrinsecamente
dentro de si, as Cinco Virtudes. Porém,
devido à maneira de viver a vida, vão-se perdendo uma ou outra Virtude; a
pessoa vai se tornando energeticamente incompleta, sua consciência torna-se distorcida.
O caminho espiritual do Taoísmo propõe, de início, a recuperação desse equilíbrio para
que a pessoa possa recuperar a Bondade dentro de si e, o senso da Justiça, ou
seja, saber ter compaixão e discernimento.
Não adiante ter compaixão sem discernimento. Discernimento é Justiça; compaixão é Bondade
- metal e madeira. Ser sábio e conviver
com as pessoas de maneira polida - através a Polidez - e ao mesmo tempo ter uma
base interior, uma filosofia interior, uma meta interna, que é a Sabedoria.
Uma vez recuperadas essas cinco qualidades, o homem encontra a sua
Sagração. Qualquer pessoa que viva a sua
vida dentro dessas cinco naturezas, quando morre, normalmente, migra para uma
dimensão superior à nossa condição de vida, tornando-se, então, uma Divindade.
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Mestre Maa, nosso mestre, diz:
“Antes de uma pessoa se dizer aprender ou tentar seu um Imortal,
primeiramente tem que tentar aprender a ser um mortal. Antes de ser um Homem Sagrado, tem que
aprender a ser e viver como um homem comum.
Para viver como um homem comum, tem que ter Bondade, Justiça, Polidez,
Sabedoria e Fidelidade”
Dessa maneira, as Cinco Virtudes são a base que precisamos ter para
podermos percorrer o Caminho.
Capítulo 5
O Céu e a Terra não são bondosos
Tratam os dez mil seres como
cães de palha
O Homem Sagrado não tem
piedade
Trata os homens como cães de
palha.
O espaço entre o Céu e a Terra
se assemelha a um fole
É um vazio que não distorce
Seu movimento é a contínua
criação.
O excesso de conhecimento
conduz ao esgotamento
E não é melhor do que
manter-se no meio.
Este texto é extraído da
transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 21 de
junho de 1994, sobre o Capítulo 5 do Tao
Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e
Interpretação do Mestre Cherng.
Esta Aula foi transcrita e
sintetizada por Janine Milward.
O Título deste texto
As Cinco Virtudes: Bondade, Sabedoria,
Justiça, Polidez e Fidelidade
foi idealizado por Janine e não faz parte do
texto original.
A tradução dos Capítulos do
Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora
Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo,
Brasil
Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a
realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh
Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao
Tse, o Tao Te Ching