Vivência na Criação e
Conhecimento da Criação
Ação e Reação - Karma e
Samskara
Janine Milward
E
Sabemos que o Tao faz realizar a Suprema Consciência que, por sua
vez, dá berço à Mente
Cósmica, ao Tao da Criação, que, por sua vez, faz nascer a Criação, assim como
a conhecemos e a ela pertencemos.
No entanto, por possuirmos, privilegiadamente, a expansão da mente, somos aqueles dentro da Criação
que possuem o dom e a oportunidade de tecermos cada vez mais a expansão de nossa consciência até
torná-la Consciência: real espelho da
Mente Cósmica e certamente, da Suprema Consciência: é o Retorno à Fonte
Original – essa é a meta de nossa vida.
Assim, a mente nos leva a compreendermos mais profundamente a
respeito de nossas ações – direcionadas a partir de nossa consciência – e das
reações à essas mesmas ações – mais imediatas ou em potencial (ainda numa mesma
encarnação ou em seguimento de encarnações).
A Criação é a manifestação, o espelho da Mente Cósmica que por sua
vez traduz a Suprema Consciência, o Tao da Criação.
Assim, toda a Criação é também Mente. No entanto,
aparentemente, somos nós, os seres humanos, os detentores da possibilidade de,
primeiramente, expandir infinitamente e iluminadamente esta Mente,
transmutando-a em consciência e, em seguida, em Consciência iluminada e
infinita, fusionada à Suprema Consciência, ao Tao da Criação.
Ao longo da realização da Criação - assim como viemos podendo
conhecê-la -, existe o entrelaçamento entre a Luz e a Não-Luz e este
entrelaçamento faz acontecer os Ciclos da Vida realizados naquilo que podemos
denominar de começo, meio e fim... e o eterno retorno que faz acontecer um fim
que nunca existe para dar lugar a um começo que nunca é um verdadeiro
começo...
Nosso universo teria, aparentemente, tido seu começo dentro de
uma imensa explosão de Luz. No entanto, podemos
pensar que esta Luz já existia dentro de uma semente de universo, como uma
casca de noz acolhendo a Não-Luz.
Existe, portanto, uma ação entre a semente acolhendo a Não-Luz
e a explosão em Luz: a semente parece realizar-se ainda recém-saída, digamos
assim, do Mundo da Não-Manifestação, do Vazio; enquanto a explosão parece
realizar-se já no Mundo da Manifestação, a instauração da Luz e, em
conseqüência, como tudo no Mundo da Manifestação realiza-se na dualidade mínima
que faz acontecer a multiplicidade, entra em cena, ou melhor, retorna à cena, a
Não-Luz.
Após a ação da explosão de Luz, o universo começa a
realizar-se, em reação, dentro daquilo que podemos nomear enquanto espaço e
tempo, simultaneamente. Com o tempo e
com o espaço, o universo explodido inicialmente em Luz - mesmo que luz ainda
difusa e inteiramente mesclada à Não-Luz -, passa a realizar-se na ação de
pequenos fragmentos. Estes pequenos
fragmentos realizam-se na ação de fusão, fragmento com fragmento, e esta fusão,
na reação, dentro da movimentação dos ciclos da vida, vai realizando os
primeiros sóis..., ao mesmo tempo e ao mesmo espaço em que o tempo e o espaço
avançam, criando mais e mais sóis - sempre em movimentação contínua entre ação
e reação, naturalmente.
Alguns desses sóis, por alcançaram tal poder de energia
concentrada, novamente explodiram e esta ação fez realizar novos fragmentos, em
reação, avançando tempo e espaço adentro e afora, de forma que novas fusões vão
sempre acontecendo, novos sóis. Ao longo
destas fusões, destes novos começos e meios e finais de vida, estas ações foram
realizando fusões, em reações, angariando mais e mais elementos tanto nos sóis
formados como nas demais pedras resfriadas que foram acontecendo em torno da
energia alquimizadora intensa produzida por estes sóis.
E aqui estamos nós, no Planeta Terra, todos nós sendo poeira
de estrelas - cadeia contínua de ação e de reação na natureza e nos seres -,
realmente, todos nós sendo reações às tantas e tantas e incontáveis e quase
infindáveis ações que vieram acontecendo desde o momento da explosão de Luz,
que, por sua vez, foi uma reação advinda da semente acolhendo a Não-Luz
(provavelmente tudo aquilo que teria restado do aparente final de um universo
anterior).
Dentro desse ponto-de-vista de que tudo no Mundo da
Manifestação acontece não somente em eterno retorno como também dentro da ação
e da reação, podemos pensar que chegará um dia, com toda a certeza, em que este
nosso mesmo universo não produza mais a Luz do Mundo da Manifestação e tudo se
recolha à semente da Não-Luz que, por um breve momento, alcança o Portal do
Mundo da Não-Manifestação.... e
novamente reinicia seu eterno retorno, realizando-se na Não-Luz que, no momento
em que alcançar sua plenitude, explodirá em Luz... e, uma vez mais, a Criação acontecerá.
Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 40 do Tao Te Ching:
O retorno é o
movimento do Caminho
A suavidade é a
atuação do Caminho
Os seres nascem da
existência
E a existência
nasce da não-existência.
É fundamental, portanto, que compreendamos que as questões voltadas
para a Ação e para a Reação - Karma e Samskara (palavras em Sânscrito) -, não
pertencem apenas aos seres com o desenvolvimento da Mente já voltado para
alcançar a Consciência (questão que acontece aos seres humanos) mas sim pertencem
a todos os demais seres ainda evoluindo em suas Mentes (como pensamos acontecer
através dos minerais, da flora e da fauna) bem como tudo aquilo que faz parte
da natureza, da Criação, como um todo, tudo aquilo que acontece na Terra e no
Céu e entre a Terra e o Céu, ou seja, entre o mundo materializado que apresenta
a Luz e o mundo da Não-Luz que é materializado, sim, porém apresenta-se na
contraposição da Luz, apresenta-se dentro da Obscuridade (assim como vemos as
Estrelas e a Matéria Escura em nosso Universo).
Tudo aquilo que acontece entre Terra e Céu fundamenta-se enquanto
Espelho do Céu.
Tudo aquilo que acontece entre Terra e Céu fundamenta-se enquanto
Ação e Reação.
No I Ching, no Livro das Mutações, estas duas questões, a meu
ver, são reveladas através Tui, o Lago,
o Espelho do Céu, e K’an, a Água, a Ação e a Reação, Karma e Samskara.
Lao Tse, em seu Capítulo 25 do Tao Te Ching, nos diz:
O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua
própria natureza
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
foto: Sítio das Estrelas, Janine