Olá!
Ao longo do mês de janeiro , Caro Leitor, estarei apresentando a você alguns textos que fazem parte do meu livro sobre I Ching, o Livro das Mutações
O FIO DA MEADA, I CHING DO CAMINHO DO CÉU - direitos reservados, 1997.
O Fio da Meada não tem a pretensão de ser uma tradução e/ou
interpretação dos textos relativos ao I Ching, o Livro das Mutações. Se assim
fosse, esse não seria seu título...
O Fio da Meada tem, sim, a pretensão de trazer à tona a estrutura
fundamental de formação do I Ching, desde os tempos imemoriais, cerca de cinco
a seis mil anos atrás, quando os sábios chineses começaram a estudar e
descobrir e fundamentar a relação Céu e Terra ...
Para representar esse conceito subjetivo de Céu e Terra, foram
designadas a linha contínua para a constância do Céu e a linha vazada para a
duração da Terra. Nesse momento, surge a consciência do Homem como aquele que
tem, através da mente e do desenvolvimento da consciência, a capacidade de
desbravar, para compreender e estruturar os segredos do céu e da terra. Sendo
assim, são criadas para imajar o Céu como a Terra, três linhas, cada uma
representativa da Terra, do Homem e do Céu, O Trigrama Primordial: Ch’ien, O Céu, e K’un, A Terra.
Inicialmente, os sábios da antigüidade apreenderam as verdades
intrínsecas existentes no Sol e na Lua, A Luz e a Não-Luz, O Doador de Vida e o
Refletor desta Vida, O Pai e a Mãe.... e em escala mais aprofundada, a relação
entre o Sol como pertencente ao Céu e a Lua como pertencente à Terra....
Para representar, ou imajar, o Sol e a Lua, O Céu e a Terra doaram,
como num casamento, suas linhas interiores, as linhas representativas do Homem,
e assim criaram os Trigramas Primordiais de Li,
O Fogo, e K’an, A Água. Nesse momento, vem à consciência do Homem o seu
Espírito, que possui a constância do Céu, e sua Alma, que possui a duração da
Terra, a encarnação.
Aliado a esses conceitos primordiais sobre Céu e Terra, Pai e Mãe,
Sol e Lua, Espírito e Alma, os sábios da antigüidade perceberam o aparente
trajeto do Sol durante o ciclo chamado ano e o transpuseram em um mapa,
denominado de Rio Amarelo.
Inicialmente, o Rio Amarelo era um mapa orientador das estações
principais, o inverno e o verão, e posteriormente, das quatro estações do ano,
com o acréscimo do outono e da primavera. O Rio Amarelo, dessa maneira,
designava os solstícios e os equinócios e formava aquilo que hoje chamamos de
Céu /Anterior ou Mundo da Não-Manifestação, ou seja, uma formulação que ainda
indicava a recém saída do caos para a ordem, a recém saída do conhecimento do
inconsciente da humanidade até então para o consciente, tornando-o conhecimento
objetivo e realizado.
Posteriormente, o casamento do Céu e da Terra, proporcionou a
continuidade da inter-relação das linhas contínuas e vazadas: Chen, O Trovão, é a Luz que retorna ao
Vazio. Sun, O Vento, A Madeira, é o Vazio que adentra a Luz. Ken, A Montanha, O Mestre, é a Luz que
deixa lugar para o Vazio. Tui, O Lago,
é o Vazio que reflete a Luz.
É formado então o mapa dos oito pontos cardeais, o Rio Amarelo do
Céu Posterior ou Mundo da Manifestação. E por tudo estar completo e realizado,
Céu e Terra se retiram, deixando o mundo manifestado ser objetivado pelo Sol e
pela Lua e todos os seres do universo.....
Ao longo dos tempos, os sábios da antigüidade foram formulando o I
Ching, O Livro das Mutações.... Dos oito Trigramas Primordiais surgiram os 64
Hexagramas que compõem todas as possíveis inter-relações entre a natureza do
Céu e da Terra. Essas imagens foram sendo nomeadas e faladas sobre,
primeiramente através do ensinamento verbal e através dos sinais das linhas
contínuas e vazadas, linhas Yang e Yin, até – ao longo dos tempos – serem
gravadas em ideogramas e linguagem escrita e imortalizada.
Vieram então os sábios que compuseram os textos para cada imagem ou
Hexagrama e mais tarde, vieram os sábios que compuseram os textos das linhas
para cada Hexagrama....
Inicialmente, a composição do I Ching, O Livro das Mutações, foi
realizada como o Caminho do Céu, ou seja, A
Terra, K’un, encontrando consigo mesma e com todos os seus Filhos até
finalmente encontrar-se com o Céu, Ch’ien.
O mesmo acontecendo com Ken, A Montanha, com K’an, A Água, com Sun, o
Vento, com Chen, O Trovão, com Li, O Fogo, com Tui, O Lago, e finalmente com Ch’ien,
O Céu, realizando seu encontro com K’un,
A Terra, com todos seus Filhos e consigo mesmo – trazendo, dessa maneira, o
Mundo da Não-Manifestação para o Mundo da Manifestação.
O I Ching do Mundo da Manifestação é bem mais recente no tempo e
tem seu início com Ch’ien, O Céu,
seguido de K’un, A Terra, e na
continuidade, dando vazão a todos os Hexagramas aparecendo com seus pares em
inversão de imagens das linhas contínuas e vazadas até ser finalizado pelos
Trigramas do Fogo, Li, e da Água, K’an,
Sol e Lua, Espírito e Alma...
O Fio da Meada – O I Ching do Caminho do Céu – se propõe a contar
simplesmente sobre aquilo que os sábios chineses da antigüidade faziam: a
observação da natureza e conseqüente compreensão da mesma e registro dessa
compreensão. Dessa forma, as raízes do I Ching, O Livro das Mutações, remontam
à astronomia, à mecânica celeste, à observação da natureza do céu e da terra.
Finalmente, O Fio da Meada se propõe, fundamentalmente, a ajudar o
paciente e perseverante e estudioso leitor, a compreender o I Ching, O Livro
das Mutações, por si mesmo, a ter em sua mente um instrumento de compreensão e
manejo da Família do Céu e da Terra, dos Hexagramas e seus textos, das Linhas e
seus textos e fundamentalmente, como tudo isso foi estruturado e organizado.
Para tanto, O Fio da Meada é baseado em dois livros deveras
importantes:
1. Para uma compreensão sobre as
bases mais profundas do I Ching do Caminho do Céu na Seqüência dos Hexagramas
do Céu Anterior ou Mundo da Não-Manifestação:
I Ching, Alquimia dos
Números
Wu Jyh Cherng
Editora Objetiva - Rio,
Brasil
2. Para uma compreensão sobre as
bases mais profundas do I Ching na Seqüência dos Hexagramas do Céu Posterior ou
Mundo da Manifestação e, fundamentalmente, para basear e estruturar toda a
Segunda Parte de o Fio da Meada onde eu descrevo toda a Família do Céu e da
Terra e sua formação em 64 Hexagramas, com considerações, textos e linhas e
entrelinhas:
O I Ching, O Livro das Mutações
Tradução do chinês para o
alemão, introdução e comentários de Richard Wilhelm
Tradução para o português de
Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Correa Pinto
Editora Pensamento – São Paulo,
Brasil
É também importante mencionar o fato de que O Fio da Meada foi
realizado tanto para o leitor que já conhece e estuda o I Ching como para o
leitor que ainda não conhece o I Ching, o Livro das Mutações..... Da mesma
forma, tanto para aquele que procura o I Ching apenas como oráculo como para aquele
que procura o I Ching como fonte de sabedoria e conhecimento da natureza do Céu
e da Terra.
O I Ching, O Livro das Mutações, é a conscientização de nossa
sabedoria inconsciente... Nosso inconsciente é um reservatório de sabedoria
universal. Essa sabedoria foi revelada e estruturada através dos tempos pelos
sábios e mestres. Dessa forma, deve ser sempre com muito respeito e elevação
espiritual que devemos nos aproximar e nos fusionar com nosso mestre interior,
O I Ching.
Como diz Wu Jyh Cherng, em seu livro abaixo mencionado, o I Ching é
considerado as raízes do pensamento taoísta na China. O tronco dessa frondosa
árvore é estruturado pelo Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude, que
contém 81 Capítulos ou poemas de Lao Tsé, o imortal mestre iluminado do Tao.
Ao longo de todo O Fio da Meada, o leitor encontrará fragmentos da
sabedoria de Lao Tsé (extraídos do livro Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da
Virtude, Editora Ursa Maior (hoje publicado pela Editora Mauad, São Paulo,
Brasil), com tradução do chinês para o português de Wu Jyh Cherng).
Dessa forma, raízes e tronco do Tao são abordados para que nós
possamos nos tornar um galho dessa árvore espiritual, nos fusionando com a
sabedoria do universo e buscando a realização de nosso Caminho e de nossa
Virtude.
A Autora
Janine Milward de
Azevedo
foto: Sítio das Estrelas, Janine