O Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação



O Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação
  
Janine Milward


Existe algo que podemos chamar de Tao, o Caminho, o Vazio – mesmo que nada mais possamos falar sobre isso... - e, por outro lado, existe algo que podemos chamar de Criação e que a esta Criação pertencemos... mesmo que esta Criação acabe, em última instância, compreendendo que é anterior ao seu Criador e mais ainda, que o próprio Criador advém do Tao, o Caminho, o Vazio – sobre o qual não se fala (porque não se tem como falar).

Podemos, então, pensar em dois mundos que abarcassem não somente o Vazio e a Criação como também a própria dicotomia do fato da Criação ser ainda anterior ao próprio Criador...   Assim, nascem o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação.

O Mundo da Não-Manifestação pode ser compreendido também como uma manifestação do Tao, do Caminho, do Vazio... porque sobre o Mundo da Não-Manifestação também não se fala, apenas se pressente... Certamente, podemos nos referir a ele como sutil, de existência eterna, o berço de todos os berços, o Princípio Primordial de onde tudo parte e para onde tudo retorna.

E mais: ao começo de tudo e ao final de tudo, compreendemos que apenas existe – se é que podemos usar o verbo existir – o Mundo da Não-Manifestação... mesmo que o Tao, o Caminho, o Vazio, ainda esteja para além do Mundo da Manifestação...

O Mundo da Manifestação é certamente também uma manifestação do Tao, o Caminho, o Vazio... porém sobre este Mundo podemos falar e podemos nos referir a ele como sutil, como materializado, com sutil novamente, num ciclo incessante, sempre mutante, sendo sua existência manifestada em multiplicidade de existências duradouras, sempre em constante mutação em seus ciclos.... é a Criação.


Não-Mutação, Mutação, Constância e Duração, Interiorização e Exteriorização,
Eterno Retorno, Ciclo da Vida

Dentro do Mundo da Manifestação existe constante mutação. A única não mutabilidade é a própria eterna mutação. E a mutação pressupõe a duração, não a constância.

O Mundo da Não-Manifestação, em sua plenitude de interiorização e constância, é então espelhado pelo Mundo da Manifestação, em sua duração e exterioridade – mesmo que sempre cabendo dentro da interioridade absoluta do Mundo da Não-Manifestação.  o Tudo, o Todo e o Nada: A Criação, cabem dentro do Mundo da Não-Manifestação e são realizados através do Mundo da Manifestação.


A movimentação realizada pelo Caminho em seu espelhamento plenamente interiorizado é a própria Criação.

No entanto, essa Criação é apenas um espelho do Caminho e sendo assim, sempre a Ele retorna – por ser Seu absoluto pertencimento.

Chegamos, então, à conclusão de que o movimento do Caminho em seu retorno é o princípio primordial do conceito da mutação, ou seja, existe uma movimentação entre o Caminho e a Criação, entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação.

A verdade é que essa movimentação dá berço ao Mundo da Manifestação. O Mundo da Manifestação existe a partir da mutação.

A Criação – nascendo dentro do útero do Tao, o Caminho – em seu processo de eterna mutação, vai apresentar a constância da realização da duração, ou seja, a Criação, em sua multiplicidade, vai sempre se metamorfoseando, transformando, mudando, transmutando em tempo e espaço e em seu Caminho de eterno retorno – realizando assim, o movimento do Caminho dentro do Mundo da Manifestação.


Com um abraço estrelado,
Janine Milward

foto: Sítio das Estrelas, Janine