Textos no Hexagrama: Trigramas da Terra e do Céu e seus Atributos Julgamento e Imagem e Linhas



Textos no Hexagrama:
Trigramas da Terrad e do Céu e seus Atributos
Julgamento e Imagem e Linhas
(e Trigramas Nucleares e Mapas dos Mundos da Manifestação e da Não-Manifestação)

Janine Milward


Em cada um dos 64 Hexagramas, estaremos encontrando os Textos relativos ao Julgamento e à Imagem e a cada uma das Seis Linhas.

O Julgamento se refere à situação, como  um todo, retratada pelo Hexagrama.  Esta situação acata os dois Trigramas formadores do Hexagrama - o Trigrama que traz a estrutura e o Trigrama convidado - e acata a Imagem formada por ambos, certamente, porém dentro de um sentido de ação a ser realizada pelo contexto do Hexagrama e pelo Caminhante que obteve o mesmo. 

Muitas vezes, também os Atributos dos Trigramas Nucleares são introduzidos ao contexto revelado pelo Julgamento.  Da mesma forma, muitos dos textos das Linhas. 

Não podemos nos esquecer a importância dos posicionamentos dos Oito Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa do Mundo da Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da Manifestação (mais usado). 

O Texto do Julgamento sempre começa a partir do Titulo do Hexagrama.  Depois, o I Ching vai formulando, em frases bem sintéticas, as questões fundamentais, a essência do Hexagrama.



A Imagem se refere à composição dos dois Trigramas - o Trigrama do Céu e da Terra - e seus Atributos. 

Esses Atributos fazem acontecer o Texto da Imagem que também pode ser influenciado pelos Atributos dos dois Trigramas Nucleares, certamente! 

Não podemos nos esquecer a importância dos posicionamentos dos Oito Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa do Mundo da Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da Manifestação (mais usado). 

O Texto da Imagem sempre apresenta os dois Trigramas Originais e a imagem que formam, que é o Titulo do Hexagrama; e depois, sempre dá início à interpretação dos Atributos dizendo:  Assim, o homem superior ..............................



Cada  uma das Seis Linhas possui um Julgamento próprio e apresenta situações outras que, ou são inseridas dentro dos contextos do Julgamento ou da Imagem, ou novas possibilidades de atuação dos contextos do Julgamento ou a Imagem, bem como questões próprias atribuídas a cada uma das Seis Linhas. 

E, não podemos nos esquecer que os Trigramas Nucleares fazem parte constante nos Textos das Linhas (na maioria das vezes, porém, não incluindo a Primeira Linha e a Sexta Linha - porque estas não fazem parte da formação dos Trigramas Nucleares). 

É também fundamental nos lembrarmos sobre a importância dos posicionamentos dos Oito Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa do Mundo da Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da Manifestação (mais usado).

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Sintetizando:

O Julgamento se refere à situação, como  um todo, retratada pelo Hexagrama.

A Imagem se refere à composição dos dois Trigramas - o Trigrama do Céu e da Terra - e seus Atributos. 

Cada  uma das Seis Linhas possui um Julgamento próprio e apresenta situações outras que, ou são inseridas dentro dos contextos do Julgamento ou da Imagem, ou novas possibilidades de atuação dos contextos do Julgamento ou a Imagem, bem como questões próprias atribuídas a cada uma das Seis Linhas. 

Portanto, todas as questões que viemos estudando até este momento trazem suas contribuições para nossa leitura e interpretação dos 64 Hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações!


 


Exemplo de Textos de Julgamento e de Imagem e de Linhas


Em seu quarto encontro, K'un, A Terra, A Mãe, O Vazio, recebe Sun, O Vento, A Madeira, a Filha mais Velha, e ambas formam o Hexagrama Kuan, Contemplação

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___ ___           Trigrama do Céu em Sun, O Vento, A Madeira,, O Penetrante
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___ ___           Trigrama da Terra em K'un, A Terra, o Povo, as Massas, a Multidão


Assim, em Kuan, temos a Contemplação e o Ser Contemplado.  Esta Contemplação pode acontecer em termos do Trigrama da Terra em relação ao Trigrama do Céu - assim fazendo com que o Trigrama do Céu seja o Contemplado, aquele que é Contemplado pelo Trigrama da Terra.  E esta Contemplação pode acontecer em termos do Trigrama do Céu em relação ao Trigrama da Terra - assim fazendo com que o Trigrama da Terra seja o Contemplado, aquele que é Contemplado pelo Trigrama do Céu.

No primeiro caso, podemos perceber que existe uma imperatividade da ação do Trigrama do Céu em relação ao Trigrama da Terra e por isso, o I Ching diz, no Texto da Imagem:  Assim os reis da antiguidade visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam.  As regiões do mundo e o povo advêm de K'un, a Terra, e os reis advêm da Quinta e da Sexta Linhas e as visitas nas regiões do mundo advêm de Sun, o Vento, o Penetrante, a Comunicação que vai a todos os lugares bem como a questão da delegação da instrução.

No segundo caso, podemos perceber que existe uma imperatividade da ação do Trigrama da Terra em relação ao Trigrama do Céu e por isso, o I Ching diz, no Texto do Julgamento:  A ablução já foi realizada, mas ainda não a oferenda.  Confiantes, eles erguem o olhar para ele.

É o Povo, no Trigrama da Terra, em K'un, a Terra, as Massas, a Devoção, a Receptividade, é que realiza a ablução e ergue o olhar para o Trigrama do Céu, onde se posiciona o Homem do Céu, aquele que poderá propiciar as bênçãos celestiais e a fé - e em função disso, as oferendas podem ser realizadas pelo Povo. 

O Povo, no Trigrama da Terra, ergue o olhar para o Trigrama do Céu onde se posicionam o Homem do Céu, a Quinta Linha, o Rei, aquele que possui, potencialmente, a iluminação da consciência, e para o Sábio, aquele que se posiciona na Sexta Linha e dá continuidade, traz complementariedade à ação realizada pelo Rei.  A verdade é que Rei e Sábio realizam as duas Linhas Governantes do Hexagrama Kuan, Contemplação.

Existe um fusionamento interessante entre o Trigrama do Céu e o Trigrama da Terra - em suas ações realizadas tanto no ato de Contemplação como o de ser Contemplado - como vimos mais acima em relação aos Textos da Imagem e do Julgamento:  A ablução já foi realizada, mas ainda não a oferenda.  Confiantes, eles erguem o olhar para ele.   Assim os reis da antiguidade visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam.

Nos Trigramas Nucleares inseridos, estaremos encontrando Ken, a Montanha, no Trigrama Superior, e K'un, a Terra, no Trigrama Inferior: vemos, portanto, que existe uma repetição da Imagem da Montanha sobre a Terra, que foi vista, inicialmente, no Hexagrama Original, em Kuan, Contemplação, quando a figura desenhada pelas Seis Linhas evocam a Imagem de uma Montanha, ou de um Templo, ou de um Portal, e esta Imagem tem continuidade através os dois Trigramas Nucleares, a Montanha sobre a Terra, perfazendo o Hexagrama Nuclear, Po, Desintegração, A Fuga da Luz:

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Kuan, Contemplação     Po, Desintegração


Vemos, portanto, que existe um fusionamento entre o Hexagrama Original e os Trigramas Nucleares (acolhendo o Hexagrama Nuclear) que trazem a repetição de Imagens de Montanha e de Terra aparece também dentro do Texto do Julgamento:  a Montanha fala de limite (limite este estabelecido pela Terceira Linha, Yang e do Céu) e por esta razão, o I Ching diz:  A ablução foi realizada, mas ainda não a oferenda.  Ou seja, o sacrifício ainda não está completo.  E o I Ching continua:  Confiantes, eles erguem o olhar para ele.  Ou seja, K'un, é o Povo Abnegado, Confiante, e Contempla o Templo dos Ancestrais (imajado por Ken, a Montanha - que se encontra repetida, como já vimos) onde o Rei e o Sábio concedem a revelação dos ritos do sacrifício, ou seja, instruem ao Povo sobre a realização do sacrifício - porque o Rei e o Sábio conhecem as leis do céu e tudo aquilo que pode ser partejado com as leis da terra, com o Povo.

E certamente, também este fusionamento acontece dentro do Texto da Imagem:  Assim os reis da antiguidade visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam


Diante de tantos fusionamentos, é certo que acontecem também nos Textos das Linhas:

A Primeira Linha encontra-se ao início do Hexagrama e ainda um tanto afastada tanto daqueles que contemplam quanto daqueles que são contemplados e é idealmente incorreta, sendo Yin, e por isso é considerada como: Contemplação pueril.  Para um homem inferior, nenhuma culpa.  Para um homem superior, humilhação.

A Segunda Linha é Yin e idealmente correta e talvez seja por esta razão que o I Ching a nomeia de ‘mulher’.  Ela é o centro do Trigrama da Terra, em K'un, o Receptivo, do Hexagrama Original Kuan, Contemplação, mas já está entrelaçada com os Trigramas Nucleares K'un, a Terra, e Ken, a Montanha, formando o Hexagrama Nuclear Po, Desintegração, a Fuga da Luz.  Ken, a  Montanha, é uma porta, um portal, um portão mas K'un, a Terra (aqui repetida) pode ser um lugar obscuro, portanto o I Ching sugere que a porta está fechada e que uma mulher olha através a Linha Vazada, ou seja, a brecha.  E por ser uma Linha Yin, de K'un, a Devoção, o I Ching aconselha perseverança:  Contemplação através de uma brecha na porta.  Favorável à perseverança de uma mulher.  A Segunda Linha possui correspondência ideal com a Quinta Linha, porque a primeira é Yin e idealmente correta e a segunda é Yang e idealmente correta.  Sendo assim, o I Ching doa à Segunda Linha, Yin, o sentido da perseverança do feminino e doa à Quinta Linha, Yang, o sentido da ação forte do masculino.

A Terceira Linha é Yin e idealmente incorreta e pertence ao Lugar da Terra do Céu, o lugar fronteiriço entre os Trigramas da Terra e do Céu.  Sendo Yin e por estar já inserida no Trigrama Nuclear Superior, Ken, a Montanha, e incluída o Trigrama Nuclear K'un, a Terra, esta Linha Terceira fica indecisa se segue em frente ou não - mas já traz para si a visão de contemplação de sua própria vida (porque assim Ken, a Montanha, lhe permite, por já está o sopé da montanha e olhar para a planície, sua vida, de um ponto mais elevado.  O I Ching diz:  A contemplação de minha vida decide entre progresso ou retrocesso.

A Quarta Linha é  Yin e idealmente correta e por isso é Receptiva às Quinta e Sexta Linhas - as Linhas Governantes do Hexagrama, Linhas do Rei e do Sábio.  Alem disso, já pode contemplar tanto o reino como um todo (a junção do Trigrama da Terra, em K'un, a Terra, o Povo, com o Trigrama Nuclear Inferior, em K'un, a Terra, o Povo) e pode contemplar também  a Luz emanada para este Povo através as iluminadas Linhas do Rei e do Sábio e também porque já está em patamar mais elevado (quase ao cume de Ken, a Montanha) e pode agir enquanto a Linha do Ministro, buscando seu lugar na Corte.  Por isso, o I Ching diz:  Contemplação da luz do reino.  É favorável exercer influência como convidado de um rei.

A Quinta Linha é Yang e idealmente correta, é o Homem do Céu que se posiciona enquanto o Rei, aquele que possui a consciência iluminada e atua enquanto Governante do Hexagrama - e por estar ao alto da Montanha, o Trigrama Nuclear Superior, é por todos contemplado e por todas estas razões, precisa também contemplar-se à si mesmo no sentido de como bem  governar e influenciar o Povo.  Esta governança e esta influência se dá entre a correspondência ideal entre a Quinta Linha Yang e a Segunda Linha Yin: o Homem do Céu e o Homem da Terra.  O I Ching diz:  Contemplação de minha vida.  O homem superior está livre de culpas.

A Sexta Linha é Yang e idealmente incorreta porém faz parte atuante do contexto da Contemplação e do Ser Contemplado, juntamente com a Quinta Linha.  Sendo assim, o Rei e o Sábio atuam em conjunto neste Hexagrama Kuan, a Contemplação: ambos possuem Linhas Yang e são os Governantes do Hexagrama.  No entanto, o Sábio já não mais precisa contemplar a si mesmo - porque não é o Rei, aquele que governa o Reino, e sim é aquele que já possui a consciência de seu Caminho da Iluminação e por esta razão, pode doar sua luz ao Rei, ao reino e ao Povo - e assim o faz, porque é uma Linha Yang e ainda bem atuante (diferente de muitas Linhas Sextas que já estão distanciados do Hexagrama, se retirando).  O I Ching diz:  Contemplação da sua vida.  O homem superior está livre de culpas.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

Foto: Sítio das Estrelas, Janine