O Caminho do Céu
e
O Caminho da Terra
Janine Milward
O I Ching do Caminho do Céu e da Terra é ainda pertencente ao Céu
Anterior no sentido de que, em Primeira instância - ainda dentro do Caminho do
Céu - , a Semente que contém o universo, a expressão da vida, indo desde K'un,
a Terra, até Ch'ien, o Céu, é representante de todas as possíveis manifestações
do Wu Chi, do Mundo da Não-Manifestação que irão se tornar o Tai Chi, o Mundo
da Manifestação, através a Luz do Sublime Yang e a Não-Luz do Sublime Yin em
seus 64 Encontros ou Hexagramas.
No momento em que K'un encontra-se com Ch'ien, após ter realizado
todos os Encontros com seus Filhos e seus Filhos entre si e com seu Pai e com
sua Mãe, acontece o Hexagrama T’ai, Paz, o Céu estruturando a Terra: Terra no
Trigrama do Céu e Céu no Trigrama da Terra, em doce fusão..., e ainda fazendo
com que o Céu realize seus Encontros com seus Filhos e finalmente, consigo
mesmo, entra em cena a representação do Céu Anterior já dentro do Caminho da
Terra, ou seja, a Segunda instância do Céu Anterior fazendo acontecer Ch'ien, o
Céu, realizando todos seus Encontros e fazendo todos seus Filhos realizarem
seus Encontros entre si e também com o Pai e com a Mãe, até finalmente alcançar
a Terra, K'un, perfazendo o Hexagrama Estagnação, Terra no Trigrama da Terra e
Céu no Trigrama do Céu e depois, ainda K'un, a Terra, perfazendo seus Encontros
com seus Filhos e consigo mesmo, novamente trazendo a Não-Luz, o Vazio.
Tanto dentro da Semente a vir-a-ser do universo quanto dentro da
representação do próprio universo advindo desta semente, ainda estaremos dentro
das imagens do Céu Anterior, ou seja, a expressão do desejo da Criação já
projetando a representação de todos os possíveis Encontros das Seis Linhas Yang
com as Seis Linhas Yin - dos Hexagramas do Pai e da Mãe, do Criativo e do
Receptivo, do Vazio, da Luz e da Não-Luz, do Céu e da Terra, de Ch'ien e de
K'un.
Esta projeção de vida dentro
da semente quanto dentro do universo é ainda uma representação da Criação - um
ensaio geral da Criação, digamos assim, principalmente em termos do momento em
que Ch'ien entra em cena para perfazer O Caminho da Terra, ou seja, o universo
propriamente dito, pronto para ser materializado e já, antecipadamente e
representativamente, contando sua história desde seu Big Bang até seu Vazio
pleno, através de todas as possíveis imagens formadas entre as Linhas Yang e
Yin, ao longo dos Hexagramas todos, a revelação do Universo.
Sintetizando:
O Caminho do Céu é o trajeto que K'un, a Mãe, a Terra, vai realizando através todos
os Encontros que vai estruturando enquanto Trigrama da Terra e acolhendo seus
Filhos e o Céu, Ch'ien, e que depois vai permitindo que cada um de seus Filhos
vá realizando estes mesmos Encontros até que finalmente entre em cena Ch'ien, o
Céu, o Pai e seus Encontros com a Mãe e com seus Filhos até encontrar-se
consigo mesmo.
Ou seja, tudo começa com o Hexagrama de K'un, a Terra, A Mãe, O
Receptivo e tudo se conclui com o Hexagrama de Ch'ien, o Céu, o Pai,
Ainda dentro do Mundo da Não-Manifestação, todo o processo que vai do
Vazio da Não-Luz, em K'un, a Terra, até a Plenitude da Luz, em Ch'ien, o Céu,
cabe dentro do Caminho
do Céu.
K'un, A Mãe Ch'ien, O Pai
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___ ___ os
Filhos _______
E, em movimento inverso e de acordo com a necessidade de
reafirmação arquetípica de todo o processo também sendo acionado a partir do
Pai, tendo que ir da Luz até a Não-Luz, e ainda dentro do Mundo da Não-Manifestação, estaremos encontrando o Caminho da Terra, que vai da Plenitude da Luz, em
Ch'ien, o Céu, até o Vazio da Não-Luz, em K'un, a Terra.
Ch'ien, o Pai K'un, a Mãe
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_______ Os Filhos ___ ___
O Caminho do Céu e da Terra
sendo representado através a
Mandala do Tai Chi, acolhendo o Sublime Yang,
em sua Plenitude de Luz, e o
Sublime Yin, em sua Plenitude de Não-Luz:
O Caminho do Céu e da Terra
Sendo representado através o
Oito do Sol, o Revirão do Sol, O Analema, o Rio Amarelo - Caminhada Aparente do
Sol -
Perfazendo o Caminho entre o
Limite da Não-Luz, do Inverno, e o Limite da Lua, do Verão
Esta é a maior lição que Céu
proporciona à Terra - ou seja, ao Homem com sua ampliação de consciência para
apreender sobre este Religare, ou seja, a ligação entre Céu e Terra:
A partir do momento em que é possível que estes Caminhos do Céu e
da Terra sejam apresentados através alguma forma de Linguagem, é certo então
que atravessam o Portal entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da
Manifestação!
Assim acontecendo, entra em cena o I Ching do Mundo da Manifestação, o Livro das Mutações que
estará apresentando o Pai, o Céu, o Criativo, Ch'ien, enquanto o Primeiro
Hexagrama e a Mãe, a Terra, o Receptivo, K'un, enquanto o Segundo
Hexagrama. A partir de então, todos os
demais Hexagramas são introduzidos, perpassando pelas demais 62 representações
de todas as possíveis circunstâncias a-virem-a-ser na Criação sob o Tao!
No momento em que adentra o
Mundo da Manifestação,
é também possível que o Oráculo
do Mestre do I Ching, o Livro das Mutações,
tenha tomado sua forma,
através o tecimento dos Textos
do Julgamento, da Imagem e das Linhas
Da Imagem e da Representação para a Materialização,
do Wu Chi para o Tai Chi,
do Céu Anterior para o Céu
Posterior,
do Mundo da Não-Manifestação para
o Mundo da Manifestação:
I Ching do Mundo da Manifestação
O retorno é o movimento do
Caminho
A suavidade é a atuação do
Caminho
Os seres nascem da existência
E a existência nascem da
não-existência
Lao Tse, Capítulo 40 do Tao
Te Ching
Sabemos que tudo aquilo que faz parte do Mundo da Não-Manifestação
não faz parte da linguagem. Sendo assim,
de forma que possamos nos manifestar acerca o entrelaçamento das Linhas Yang
com as Linhas Yin formando os 64 Hexagramas, as 64 Imagens Representativas da
Vida, entre em cena o Tai Chi, o Céu Posterior, o Mundo da Manifestação.
Dentro do I Ching do Mundo da Manifestação - que é aquele que
normalmente encontramos nas Livrarias -, vamos ver o começo do Livro das
Mutações acontecendo através a figura do Sublime Yin morando nas Seis Linhas do
Hexagrama, e assim formando Ch’ien, o Céu, O Pai, O Criativo. Depois, encontraremos a figura do Sublime Yin
morando nas Seis Linhas do Hexagrama, e assim formando K’un, A Terra, A Mãe, O
Receptivo. Esses são então considerados
os Hexagramas Um e Dois.
Os demais Hexagramas vão seguindo, sempre acontecendo através a
inversão de suas imagens estruturadas em
suas Linhas. Finalmente, o I Ching do
Mundo da Manifestação, termina com os representantes mais diretos do Pai e da
Mãe - O Fogo e A Água - formando entre si, sempre em inversão das imagens
estruturadas nas Linhas, os Hexagramas Após a Conclusão, de número 63, e Antes
da Conclusão, de número 64.
......... para que tudo
possa recomeçar a partir dos Hexagramas 1 e 2, O Criativo e O Receptivo.
O Eterno Retorno dentro do Mundo da Manifestação no I Ching, o
Livro das Mutações, estará sempre acontecendo a partir da Luz e da Não-Luz,
Ch'ien e K'un, Pai e Mãe, como
introdutores do Tai Chi, do entrelaçamento entre as Linhas Yang e as Linhas Yin
e estará sempre terminando através as expressões realmente manifestadas do
Espírito e da Alma encarnados, em Li e K’an, Fogo e Água, herdeiros encarnados
do Criativo e do Receptivo.
Vemos, portanto, que O I Ching, o Livro das Mutações, do Mundo da
Manifestação, é apresentado através Dois Livros, sendo que o Primeiro começa
com os Hexagramas do Pai e da Mãe e conclui-se com os Hexagramas da Água
Repetida e do Fogo Repetido, ou seja, os dois Filhos do Meio e que são
herdeiros diretos do Sol advindo da Luz de Ch'ien, o Sublime Yang, e da Lua
advinda da Não-Luz de K'un, o Sublime Yin.
O Segundo Livro começa com a interação entre os demais irmãos, através
os Dois Filhos Mais Novos, Montanha e Lago, seguidos dos Dois Filhos Mais
Velhos, Chen e Sun. O Segundo Livro
termina com a interação entre Água e Fogo, entrelaçados entre si dentre os
Trigramas da Terra e do Céu, o Sol e a Lua, o Espírito e a Alma, os herdeiros
diretos de Ch'ien e de K'un, do Pai e da Mãe, do Céu e da Terra.
No momento em que adentra o Mundo da Manifestação, é também
possível que o Oráculo do Mestre do I Ching, o Livro das Mutações, também tenha
tomado sua forma, através o tecimento de suas Linhas e seus textos respectivos.
A Fusão entre o Wu Chi e o Tai Chi,
Os Mundos da Não-Manifestação e da Manifestação
Em O Fio da Meada
O livro O Fio da Meada é estruturado sobre os conceitos do I
Ching do Caminho do Céu ou Mundo da Não-Manifestação - e ainda dentro do
Caminho da Terra, com suas imagens atuando representativamente o vir-a-ser da
Criação sob o Tao - porém todo o tempo estará tratando também do I Ching do
Mundo da Manifestação bem como da boa fusão que pode acontecer entre esses dois
Mundos, certamente.
Para tanto, O Fio da Meada é baseado em dois livros deveras
importantes:
1. Para uma compreensão sobre as
bases mais profundas do I Ching do Caminho do Céu na Seqüência dos Hexagramas
do Céu Anterior ou Mundo da Não-Manifestação:
I Ching, Alquimia
dos Números
Wu Jyh Cherng
Editora Objetiva - Rio,
Brasil
2. Para uma compreensão sobre as
bases mais profundas do I Ching na Seqüência dos Hexagramas do Céu Posterior
ou Mundo da Manifestação e, fundamentalmente, para basear e estruturar toda a Segunda Parte
de o Fio da Meada onde eu descrevo toda a Família do Céu e da Terra e sua
formação em 64 Hexagramas, com considerações, textos e Linhas e entreLinhas:
O I Ching, O Livro das
Mutações
Tradução do chinês para o
alemão, introdução e comentários de Richard Wilhelm
Tradução para o português de
Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Correa Pinto
Editora Pensamento – São Paulo,
Brasil
No Prólogo de O Fio da Meada, eu dizia:
O Fio da Meada – O I Ching do Caminho do Céu – se propõe a
contar simplesmente sobre aquilo que os sábios chineses da antigüidade faziam:
a observação da natureza e conseqüente compreensão da mesma e registro dessa
compreensão. Dessa forma, as raízes do I Ching, O Livro das Mutações, remontam
à astronomia, à mecânica celeste, à observação da natureza do céu e da terra.
O Fio da Meada se propõe, fundamentalmente, a ajudar o paciente e
perseverante e estudioso leitor, a compreender o I Ching, O Livro das Mutações,
por si mesmo, a ter em sua mente um instrumento de compreensão e manejo da
Família do Céu e da Terra, dos Hexagramas e seus textos, das Linhas e seus
textos e fundamentalmente, como tudo isso foi estruturado e organizado.
É também importante mencionar o
fato de que O Fio da Meada foi realizado tanto para o leitor que já conhece e
estuda o I Ching como para o leitor que ainda não conhece o I Ching, o Livro
das Mutações..... Da mesma forma, tanto para aquele que procura o I Ching
apenas como oráculo como para aquele que procura o I Ching como fonte de
sabedoria e conhecimento da natureza do Céu e da Terra.
O I Ching, O Livro das Mutações, é a conscientização de nossa
sabedoria inconsciente... Nosso inconsciente é um reservatório de sabedoria
universal. Essa sabedoria foi revelada e estruturada através dos tempos pelos
sábios e mestres. Dessa forma, deve ser sempre com muito respeito e elevação
espiritual que devemos nos aproximar e nos fusionar com nosso mestre interior,
O I Ching.
Como diz Wu Jyh Cherng, em seu livro abaixo mencionado, o I Ching é
considerado as raízes do pensamento taoísta na China. O tronco dessa frondosa
árvore é estruturado pelo Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude, que
contém 81 Capítulos ou poemas de Lao Tsé, o imortal mestre iluminado do Tao.
Ao longo de todo O Fio da Meada, o leitor encontrará fragmentos da
sabedoria de Lao Tsé (extraídos do livro Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da
Virtude, Editora Ursa Maior - hoje publicado pela Editora Mauad , com tradução
do chinês para o português de Wu Jyh Cherng).
Dessa forma, raízes e tronco do Tao são abordados para que nós
possamos nos tornar um galho dessa árvore espiritual, nos fusionando com a
sabedoria do universo e buscando a realização de nosso Caminho e de nossa
Virtude.
A Autora
Janine Milward de
Azevedo
foto: Sítio das Estrelas, Janine