O que quero que me distinga dos demais




O que quero que me distinga dos demais
É valorizar o alimentar-se da Mãe

Wu Jyh Cherng
(Trecho extraído de sua tradução e interpretação do Capítulo 20 do Tao Te Ching, de Lao Tse)


Alimentar-se da Mãe é alimentar-se daquilo que deu origem. É uma concepção matriarcal. Significa alimentar-se do Sopro-Uno-do-Céu-Anterior: alimentar-se da energia que criou o universo.

Na cosmogonia taoísta se considera que antes de o universo existir, teria sido criado por uma energia que chamamos de Sopro-Uno-do-Céu-Anterior. Essa é a energia do Absoluto. É o estado entre o Vazio do Absoluto e a matéria já manifestada do Céu Posterior. Este Sopro-Uno-do-Céu-Anterior é o fruto da Mãe. É o Vazio primordial, o Vazio do Absoluto e esse alimento que a Mãe oferece é exatamente a energia primordial que criou todas as coisas.

Na prática da meditação, tentamos entrar no silêncio da infinita noite para podermos receber esse sopro chamado Sopro-Uno-do-Céu-Anterior, para sermos renovados e re-criados. Essa energia, quando entra em nosso corpo, cria o fenômeno chamado de Rodas do moinho. As Rodas do Moinho vão varrer os cristaizinhos do nosso ego para renascermos e renovarmo-nos.

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Quando falamos da criação do universo, estamos falando simbolicamente, como uma maneira de falar. Na verdade, o universo nunca foi criado por sempre existiu. Também o Criador não existiu antes de sua Criação. Todos existiram em todos os tempos, passado, presente e futuro.

O que existe, existe entre o Universo e o Vazio e que abrange tudo: é um estado intermediário que liga o Universo e o Vazio, que não é totalmente Vazio e nem é totalmente manifestado. Essa é a energia que seria a ‘criadora’ do Universo. O Universo se alimenta dessa energia. Essa energia faz parte do Vazio e faz parte do Universo. São três energias do Universo que co-existem dentro de um estado de infinitude: o Universo não tem princípio nem tem fim.

Portanto, quando se pergunta acerca o começo do universo, não haverá resposta porque não deve ser feita a pergunta. Se o universo nunca foi criado e nunca terá fim, se não tem princípio e não tem fim, não se pergunta o por que e o como se criou o universo.

Aos filósofos, místicos, religiosos e cientistas, a nossa resposta é de que “não se pergunta desta maneira”.

Não se diz que o universo se criou a partir de algo que era o nada. Surge, então, a questão do porquê se criou o Universo.

O Absoluto criou o Universo... No entanto, o Absoluto não criou o Universo porque o Universo sempre existiu. O Universo faz parte do Absoluto - que é o próprio Universo - que é o próprio Absoluto.

Tecnicamente, esse Universo se alimenta do Sopro-Uno-do-Céu-Anterior e é abraço pelo Absoluto. Portanto, o Absoluto abraça o Supro Uno, o Sopro Uno abraça e nutre o Universo. Os três juntos são Um. E não têm tempo nem espaço e não podem ser definidos.

Portanto, não se explica.



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TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 20
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 08 de novembro de 1994

Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching