Ação, conhecimento e Devoção



Ação, conhecimento e Devoção

Janine Milward de Azevedo

Karma, Jinana e Bhakti

O homem é aquele que funciona sua mente através do intelecto – que é extremamente limitado...Quando a mente consegue ultrapassar a limitação do intelecto, ela atinge a plenitude do Conhecimento.

O Conhecimento, Jinana, é muito importante porque é o instrumento que nos ajuda a identificar nossa meta e como alcançá-la.

Conhecendo nossa meta, é preciso a Ação, Karma, para se chegar até a ela. A Ação, sem reação, sem Samskara, é Karma. Apenas agir o Karma, a Ação, mecanicamente não nos leva ao aprofundamento em nossa essência espiritual – é preciso então, Bhakti, a Devoção.

Uma vez tenhamos obtido a plenitude do Conhecimento, podemos jogá-lo fora, prescindir dele, porque o mais importante em nosso Caminho para a Liberação é a Ação plena de Devoção.

Assim, o Conhecimento apenas não é suficiente para se alcançar Paramapurusa, A Suprema Consciência, O Tao da Criação. O Conhecimento tem que ser aliado à Ação, Karma, e fundamentalmente, à Devoção, Bhakti.
Dessa forma, a Devoção, Bhakti, é a meta final a ser atingida para que o aspirante espiritual possa vivenciar e ultrapassar seus Samskaras adquiridos.

Em suma, a essência de tudo é conseguirmos usar nossa mente, nossa consciência discriminativa, nosso discernimento, nosso julgamento – Viveka – para irmos além do intelecto, que é extremamente limitado. Assim fazendo, conseguimos realizar os três princípios fundamentais – Conhecimento, Ação e Devoção – de maneira plena para alcançarmos nossa meta, a Consciência Suprema . Esse é o Caminho da Liberação.

Assim, a conclusão é: enquanto existirem Samskaras, não existe Liberação. Qualquer ação, seja boa ou seja ruim, cria Samskaras. Se praticamos uma boa ação, trazemos boas reações, bons Samskaras para nossa vida: se praticamos uma má ação, trazemos Samskaras ruins para nossa vida....

Então, como podemos ir além desse ciclo de Samskaras? Qual é a saída?

Primeiramente, temos que compreender que devemos realizar nossas ações pela sua realização intrínseca e não pelos seus resultados. Assim, não procurar pelos resultados de nossas ações é a primeira saída para irmos além do ciclo de Samskaras, sejam bons ou ruins. A ação correta certamente trará o resultado correto – mas isso não deverá fazer parte de nossa preocupação, de nossa intenção. Quando existe a preocupação ou intenção, o esforço não é completo. A ação deve sempre ser realizada sem expectativas de seus resultados. É o Wei Wu Wei, a Ação através da Não-Ação.

"O Caminho é uma constante não-ação
que nada deixa por realizar" (2)
"A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas" (3)
"O Grande Caminho é vasto
.................
Conclui a obra sem mostrar sua existência
........
Assim, o Homem Sagrado nunca age como grande
Por isso pode atingir sua grandeza" (4)

Em segundo lugar, devemos abandonar o ego, o autor das ações realizadas. Apenas realizar a ação correta sem manter expectativas quanto ao resultado, não é ainda o suficiente: é preciso também abandonar o eu, o ego, a expectativa do reconhecimento do trabalho realizado .

"Concluir o nome, terminar a obra, retirar o corpo
Este é o Caminho do Céu". (5)
"As pessoas tem um ego
Somente eu o ignoro considerando-o precário
O que quero que me distinga dos demais
É valorizar o alimentar-se da Mãe" (6)

Finalmente, devemos oferecer tudo em nossa vida à Paramapurusa, ao Tao da Criação, à Suprema Consciência. Esse oferecimento acontece através da realização de nosso Dharma, ou seja, da realização plena de nossa essência primordial.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

trecho extraído de minha publicação em http://cosmologiaespiritual.blogspot.com.br/2010/07/consciencia-cosmica-e-criacao-da.html