nÃO-aÇÃO E NÃO-PALAVRA



NÃO-AÇÃO E NÃO-PALAVRA
Wu Wei e Wu Yen

Wu Jyh Cherng


Extraído da interpretação do Capítulo 2 do Tao Te Ching, realizada por
Wu Jyh Cherng e transcrita por Janine


O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra


Não-ação e não-palavra são dois conceitos específicos do Taoísmo.

Não-ação é o famoso conceito do Wu Wei e a não-palavra é Wu Yen.

Na verdade, temos que entender não-palavra como palavra-não-intencional, a que não tem intenção, pronunciada sem intenção e não pronunciada com intenção.

Wu Wei é a ação-não-intencional. Fazer as coisas simplesmente, e não fazer as coisas através de uma intenção. No entanto, não devemos confundir a não-ação com não-fazer-nada. Constantemente, os mestres taoístas nos alertam sobre isso, sobre esse conceito que poder ser bastante distorcido.

Wu Wei significa fazer as coisas naturalmente, fazer o que tiver que ser feito, não deixar de agir, não acrescentar desnecessários afazeres e não fugir do que deve ser feito. Não reduzir nem acrescentar, simplesmente fazer o que é natural.

Tudo na natureza é natural. O sol é natural, a lua é natural, o mundo é natural, a árvore, calor, frio. O sol nasce sempre dentro de seus ciclos cósmicos bem como a lua. Por que então o ser humano teria que fazer alguma coisa que não esteja de acordo com a natureza? A natureza age naturalmente, ela tem sua própria e natural ordem.


Por isso, Lao Tse, em outro Capítulo, diz:

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
E o Caminho se orienta por sua própria natureza


Assim, o homem deveria recuperar a sua naturalidade integrando-a com tudo o que está na terra. E fazendo parte de tudo o que está na terra, ele se integra com tudo o que está no céu, ou seja, no cosmos.

Como tudo no cosmos é o fruto do Tao, é a parte manifestada do Tao, então o homem deve se integrar com a parte invisível que esse todo abrange.

A partir desse momento, tudo se torna o Tao e, dentro dessa grande condição, todas as coisas acontecem dentro de uma naturalidade e se cria uma ordem que não é uma norma e sim a ordem natural das coisas.

O Taoísmo enfatiza a ordem natural das coisas. Valorizar a ordem natural das coisas é deixar as coisas fluírem. Deixar as coisas fluírem significa viver cada coisa e cada instante de nossa vida, de nosso destino, de forma natural.

Não fugindo das coisas - o que seria uma má interpretação; não vivendo a vida modificando-a intencionalmente - o que seria contrariar a naturalidade.

Esse é o simbolismo do caminho das águas: ela nasce no alto da montanha, vai descendo a serra, sempre correndo pelos caminhos mais apropriados, simplesmente correndo, e fluindo até encontrar o oceano. No oceano, ela evapora e sobe ao céu onde se transforma em nuvem. Então chove, a chuva entra na terra, forma a fonte e assim vai, infinitamente transformando..

O grande ensinamento do I Ching nos fala da infinita transformação das coisas. Todas as coisas estão constantemente em transformação. A nossa impressão fotográfica não existe. A imagem não pode ser mantida estática.

O apego às coisas faz o homem morrer e essa morte acontece a cada instante. Todas as vezes que nos apegamos a alguma coisa, estamos morrendo um pouco. Os apegos traumatizam nossa consciência e prejudicam nosso corpo. Dessa maneira, o homem morre a cada instante, morre em sua consciência, morre em seu corpo.

A partir do momento em que o ser humano consegue viver a infinitude da transformação, ele não se apega mais à forma. Se pensarmos que o universo em um princípio e terá um fim, estaremos nos condicionando dentro de um universo ilusório.

O universo é como uma grande corrente - um elo encadeando no outro - e portanto, é o próprio infinito. O infinito é a própria vida. A partir do momento em que nos tornamos a infinita transformação, não teremos a morte. Teremos, sim, a Plenitude da Consciência e a Plenitude da Vida.

E quando a Vida e a Consciência infinitas forem um único ponto, um único elemento, o homem passa a ser chamado de Imortal.

Os grandes mestres taoístas ascensionados da antigüidade são chamados de Imortais. Assim como o Buda é chamado de O Desperto. O simbolismo não é muito diferente. Existem as interferências culturais e também o propósito e a linguagem são um pouco diferentes.


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Textos extraídos das transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em maio de 1994, sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e os Títulos dos Textos foram idealizados por Janine e não fazem parte dos textos originais concernente a cada um dos Capítulos apresentados.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

A Liberação das Ataduras da Mente



A Liberação das Ataduras da Mente


“”Qual é o propósito da vida e como atingir esse propósito?

A meta da vida humana é alcançar a Consciência Suprema e para isso é preciso trilhar o Caminho da Liberação, Mukti.

Os vários seres do universo, o coletivo, são denominados, Jiiva, em sânscrito. O Uno, a Suprema Consciência, é Shiva... Quando estamos sob as limitações, em nossa mente, somos Jiiva. Quando ultrapassamos essas limitações e alcançamos a liberação da mente, somos Shiva

A mente humana é a causa das limitações bem como a causa da Liberação. Então existem técnicas para que esta mente possa realizar a meta de sua vida.

É a mente que realiza a ação – assim é a mente que desfruta das vicissitudes e das virtudes das ações realizadas

A mente não pode existir sem o pensamento, sem que esteja ocupada, sem estar em constante movimentação... como exemplo temos uma bola de assoprar, que mesmo cheia, quando pressionada, se torna deformada... no entanto, sua tendência é voltar ao normal... Assim acontece também com a mente – sua tendência é retornar à sua normalidade - sua Liberação.

Ação é Karma e o resultado das ações se chama Samskara. Samskara é a tendência da mente a retornar à sua forma original, a Shiva, à Suprema Consciência. Quando todos os Samskaras são exauridos, neste momento Jiiva retorna a Shiva.

A meditação cotidiana faz com que os Samskaras se manifestem intensamente: bem como a Iniciação Espiritual também amadurece os Samskaras mais profundamente. Na verdade, faz parte do Caminho Espiritual o fato de o aspirante se defrontar mais intensamente com seus Samskaras...

Qual é a causa de nossas limitações? A mente. A mente é limitada pelos Samskaras.

Os Samskaras se apresentam de três formas: os inatos, os adquiridos e os impostos.

Os Samskaras inatos são reações de ações já acontecidas anteriormente a esse nosso nascimento, a essa nossa vida de agora.

Os Samskaras adquiridos são as reações de ações acontecidas nessa vida de agora.

Como então podemos nos liberar desses dois tipos de Samskaras? – através do desenvolvimento da consciência.

Consciência é discernimento, Viveka.

Esta consciência discriminativa, esse discernimento, sempre está entre a escolha de realizar uma ação boa ou ruim. Quando faz a coisa certa, a consciência está regendo a mente - Vidya. Quando fazemos a coisa erra, isso causa degradação – Avidya.

O Karma, a Ação, tem dois aspectos:

O karma onde se tem independência se chama `ação original ´.

O Karma onde não se tem independência se chama `ação reativa’.

O sofrimento, por exemplo, é o resultado de uma ação original. Como aspirantes espirituais temos que ser sábios para utilizarmos o discernimento em nossa vida.

A consciência discriminativa, o discernimento – Viveka – traz em si cinco aspectos:

. O eterno e o transitório. – na vida apenas uma coisa é eterna – é a Suprema Consciência – todo o resto é transitório.

. A dualidade e a singularidade – a escolha da singularidade nos leva ao eterno, á Suprema Consciência. A dualidade nos leva apenas ao transitório.

. Atma e Anatma - todas nossas ações devem sempre ser direcionadas para Atma, a Suprema Consciência.

- As cinco camadas da mente – durante a realização do Caminho Espiritual, o aspirante pode ficar iludido, embevecido, enganado pelos poderes que vai conhecendo e desenvolvendo em sua mente... é preciso ultrapassar todos esses obstáculos para tornar-se Uno com Paramapurusa.

- Finalmente, Conhecimento, Ação e Devoção – Jinana, Karma e Bhakti. Nas quatro etapas iniciais a mente funcionou através do intelecto. O conhecimento, Jinana, é muito importante porque é o instrumento que nos ajuda a identificar nossa meta e como alcançá-la.

Conhecendo nossa meta é preciso a Ação, Karma. A ação, sem reação, sem Samskara – é Karma. No entanto, apenas a ação por si só não nos leva ao aprofundamento de nossa essência espiritual – é preciso então, Bhakti, A Devoção.

Uma vez tenhamos obtido a plenitude do Conhecimento, podemos jogá-lo fora, prescindir dele, porque o mais importante em nossa Caminho para a Liberação é a Ação plena de Devoção. Dessa forma, A Devoção, Bhakti, é a meta final a ser atingida para que o aspirante espiritual possa vivenciar e ultrapassar seus Samskaras inatos e adquiridos.

Devemos ir além do intelecto, então, que é extremamente limitado e realizar os três princípios fundamentais : Conhecimento, Ação e Devoção. Este é o Caminho da Liberação.

Os Samskaras impostos nos acontecem independente de nossa vontade ou ação porque são manifestados através da sociedade em que vivemos... Eles são:

- A mundanidade – nosso inter-relacionamento com a vida social como um todo.

- O ambiente – tudo aquilo que nos envolve, seja físico mental ou espiritual. A criação de ambientes neo-humanistas e espiritualizados deve ser a meta dos aspirantes espirituais...

- A educação e a profissão e os deveres. Desenvolvermos uma boa educação para conseguirmos uma boa profissão e realizar nossos deveres sociais e pessoais também são pontos fundamentais.

- Finalmente, existem as propensões psíquicas – quando as etapas anteriores mostram muitas dificuldades, a pessoa poderá desviar-se mental e psiquicamente, trazendo-lhe conseqüências difíceis para sua vida pessoal, social e espiritual. Dessa maneira, devemos nos desenvolver e fortalecer espiritualmente de forma individual primeiramente para então também fortalecermos a sociedade em seu desenvolvimento espiritual.

Assim, a conclusão é: enquanto existirem Samskaras, não existe Liberação.

Qualquer ação, boa ou ruim, cria Samskaras. Uma pomba presa em uma gaiola – seja uma gaiola de ouro ou de ferro – mesmo assim a pomba está presa!.

Se praticamos uma boa ação, trazemos boas reações, bons Samskaras para nossa vida: se praticamos uma má ação, trazemos Samskaras ruins para nossa vida...

Qual é a saída?

- Primeiramente, temos que entender que devemos realizar nossas ações pela sua realização intrínseca e não pelos seus resultados. A ação deve ser sempre realizada sem expectativas de seus resultados.

- Em segundo lugar, devemos abandonar o ego, o autor das ações realizadas.

- Finalmente, devemos oferecer tudo em nossa vida à Paramapurusa, ao Supremo.

Agindo assim, estaremos em nosso caminho de ir além o ciclos dos Samskaras para alcançarmos a Liberação, Mukti, e nos fundirmos à Suprema Consciência, Atma, e nos tornamos Unos com Paramapurusa.” ”

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Síntese da palestra matinal realizada em 20 de julho de 2001 durante o Retiro Espiritual da Ananda Marga na Fazenda Ananda Kiirtan em Belmiro Braga, MG

Gravação e transcrição e síntese realizada por Janine Milward

O CICLO DA CRIAÇÃO E DA TRANSMUTAÇÃO DA CRIAÇÃO



O CICLO DE BRAHMA – BRAHMACACKRA 
O CICLO DA CRIAÇÃO E DA TRANSMUTAÇÃO DA CRIAÇÃO

Janine Milward

Mundo da Não-Manifestação e Mundo da Manifestação – A Consciência Suprema – A Consciência Cósmica – Prakrti e Maya – O Desejo da Criação – Força Sutil, Força Estática, Força Mutativa - Pranah


O Mundo da Não-Manifestação é um estado puro de onde se origina a Criação advinda do Mundo da Manifestação. Ao surgir a manifestação dos primórdios da Criação, com ela se objetiva a Mente Cósmica. Assim, a Mente Cósmica é uma objetivação para agir e nomear a Suprema Consciência dentro do Mundo da Manifestação.... surge Brahma, a Consciência Cósmica, literalmente "O Grande".

Portanto, existe o Mundo da Não-Manifestação, Nirguna Brahma – Consciência Cósmica não-manifesta – que faz nascer o Mundo da Manifestação, Saguna Brahma, a Consciência Cósmica manifesta...

Brahma desmembra-se em dupla qualidade manifestada através de sua própria consciência objetivada em Eu: Purusa. E através de sua capacidade, potencial ou objetiva, de manifestar sua capacidade de expressão, a adição do Sou ao Eu, formando o Eu Sou: Prakrti.

Purusa (a subjetividade da Mente) e Prakrti (a busca da objetivação da Mente através a Criação) interagem entre si tanto dentro do Mundo da Não-Manifestação – Nirguna Brahma -, quanto dentro do Mundo da Manifestação – Saguna Brahma.

Prakrti atua, dessa forma, de duas maneiras, uma maneira subjetiva - quando está conjugada a Purusa em Nirguna Brahma, o Mundo da Não-Manifestação; e de uma maneira objetiva - quando já busca a objetivação da Mente de Purusa através a Criação e já voltada para realizar esta questão inaugurando, digamos assim, o Mundo da Manifestação.

Num primeiro momento, a mínima expressão de ação ainda acontece de maneira direta e incisiva, em linha reta: é a constância da Vida. No entanto, essa mínima expressão de ação pode já ser considerado como o Uno, a Unicidade plena.

Num segundo momento, é preciso que se faça acontecer a movimentação, ou seja, entra em cena a linha curva, aquela que irá permitir que a Vida possa vir a manifestar-se desde sua sutil sutileza advinda do Mundo da Não-Manifestação e ainda operada por Prakrti quase estática e apenas começando a tornar-se mais dinâmica.

A Unicidade plena, o Uno, começa, então, a desdobrar-se através a dupla forma de Prakrti acontecer, ou seja, Prakrti subjetiva e Prakrti objetiva, Prakrti ainda voltada para a latência da Não-Luz e Prakrti já voltada para a manifestação da Luz. Sabemos que a Suprema Consciência, no Mundo da Não-Manifestação, é expressa através da Mente Cósmica imajada para o Mundo da Manifestação através da Luz.

Esse dinamismo passa a acontecer de forma mais evidente já no Mundo da Manifestação com Prakrti efetivamente atuando enquanto Princípio Operativo e Objetivo e trazendo a movimentação da Criação para a sua materialização plena - e essa movimentação faz acontecer o ciclo e, em conseqüência, a duração de cada uma das partes componentes de um ciclo. A linha curva da movimentação tem sua continuidade ao concluir esta segunda parte do ciclo e dando início ao seu retorno à sua Fonte Original, o retorno à sutil sutileza...

Dessa forma, a partir de Brahma, a Consciência Cósmica, Purusa, e sua expressão de manifestação, Prakrti, interagem, fusionam-se e separam-se, fusionam-se e separam-se, criando o Princípio do Movimento.

Essa movimentação também acontece dentro dos dois Mundos, formando, então, uma tríplice qualidade de forças que competem entre si, infinitamente dando início, vivenciando e trazendo a finalização para dar começo a uma nova jornada.

Aqui tem início o Brahmacakra – o ciclo de Brahma, o movimento da Criação, do princípio sutil ao princípio denso (englobando os princípios mutativo e estático), da Consciência à matéria, e o retorno do denso para o princípio sutil, da matéria à consciência.

O Desejo da Criação – como uma projeção do pensamento da Mente Cósmica advinda da Suprema Consciência – é manifestado como uma semente, Biija, através de Prakrti – o Princípio Operativo, a Energia Cósmica formada através do Mundo da Não-Manifestação e objetivada através do Mundo da Manifestação.

Prakrti, a energia cósmica, o Princípio Operativo, é então concretizada através de uma triangulação de forças – as Gunas – que manifestam o Ciclo de Brahma – Brahmacakra::

Força Sutil – Sattvaguna -: Eu Sou traduzido para fazer acontecer o Eu Farei; a realização voltada para o futuro – A Vontade

Força Mutativa – Rajoguna: força que causa movimento, atividade, agitação – Eu Faço: a realização voltada para o presente – Os Atos

Força Estática – Tamoguna – Eu Fiz; a realização voltada para o passado – O Destino

Enquanto essas três forças estão apenas interagindo entre si, trazendo o desejo do início, da concretização e da finalização, elas apenas vão formando suas possíveis diferentes configurações geométricas. Porém, qualquer desequilíbrio entre essas forças no sentido de alguma desejar superar a outra – ainda dentro do espaço e tempo primordiais – resulta em manifestação de energia que por sua vez se objetiva em criação. Uma onda é a primeira real manifestação de Brahma já em seu estado de concretização.

A onda objetivada e criada é ainda extremamente sutil, é a Mente Cósmica manifestando seu sentido puro e primordial de existência, é a força sutil: o Eu – ou Mahatattva.

O Eu continua a se manifestar em seu porquê, em seu sentido de ser, em sua expressão inicial de objetivação; é o Eu Cósmico expressando o desejo de manifestação de Brahma através da força mutativa: Eu Faço – ou Ahamtatva.

Finalmente, a objetivação final, a capacidade de expressão plena da realização, se manifesta através da força estática: Eu Fiz – ou Cittatattva (que é também conhecida por substância mental cósmica).

Existe, assim, uma condensação da Consciência dentro do Ciclo de Brahma que pode ser denominado de Saincara – expressando o Princípio de Exteriorização: do sutil ao denso, da consciência pura à formação da matéria (advinda das ondas emitidas pelo princípio do movimento).

Existe também, em sua reversão, o Prati-Saincara ou retorno da matéria à consciência pura (ainda conduzida pelo princípio do movimento).

Ao longo do exercício contínuo e infinito dessa movimentação, a Criação vai sendo formada até que a mente – matéria condensada da primordial Mente Cósmica – realize a vida. Quando surge a Vida, é objetivada a chamada "força vital", de Energia Vital – ou Pranah.

Com um abraço estrelado, Janine Milward

Extraído do meu livro O Caminhante Caminhando seu Caminho

Prakrti e Maya,



Prakrti e Maya, 
Princípio Operativo e Princípio Criativo,
e
Liila, 
o Jogo Cósmico

Janine Milward

É importante que o Caminhante possa perceber que Prakrti, o Princípio Operativo, existe de forma subjetivada quando enlaçada a Purusa, a Mente Cósmica ainda voltada para o Mundo da Não-Manifestação, em seu posicionamento no Portal entre os dois Mundos. Prakrti, em sua subjetividade, compreende, digamos assim, a nomeação de Purusa enquanto Eu: é a Unicidade, o Uno.

No entanto, Prakrti, o Princípio Operativo, existe também - e fundamentalmente - enquanto a Energia Cósmica que insufla o Eu de Purusa, a Mente Cósmica, doando-lhe a continuidade de seu Eu em Eu Sou, fazendo assim acontecer a Prakrti Objetivada que estará espelhando o Eu Sou de Purusa, a Mente Cósmica, através a Criação e então está inaugurado o Mundo da Manifestação.

Maya, o Princípio Criativo, acontece apenas dentro do Mundo da Manifestação - e por esta razão pode ser conhecida enquanto ilusão.... Ou seja, tudo aquilo que existe na Criação, no Mundo da Manifestação, é apenas um espelho do Eu Sou nomeado por Prakrti Objetiva para realizar a Mente Cósmica, Purusa... - sendo que a Mente Cósmica, Purusa, advém de Paramapurusa, a Suprema Consciência, no Mundo da Não-Manifestação.

O sentimento de ilusão que Maya, o Princípio Criativo, pode nos trazer se deve ao fato de que a Criação, no Mundo da Manifestação, existe sempre apresentando-se através a duração de cada um de seus tantos e tantos ciclos... Em Maya, podemos entender que existem a interioridade e a exterioridade, a efemeridade, a transitoriedade, a impermanência e a eterna mutação, e em sua duração traduzida em começo, meio e fim.....

Em Prakrti, através seu Princípio Operativo Objetivado, existe a instauração propriamente dita da Criação, no Mundo da Manifestação, sim - e através a duração de cada um de seus tantos e tantos ciclos traduzidos em começo, meio e fim..., a efemeridade, a transitoriedade, a impermanência, a eterna mutação, a interioridade e a exterioridade.... , mas existe também, através seu Princípio Operativo Subjetivado, a inspiração sobre a Criação advinda do Eu Sou de Purusa, a Mente Cósmica que espelha-se no Mundo da Manifestação porém ainda é pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, em sua interioridade plena, em sua infinitude, em sua constância traduzida em ainda antes do começo e ainda depois do final...

Podemos entender que em Maya, o Princípio Operativo, existem a interioridade (em função do fato de que a Criação e o Mundo da Manifestação espelham a Mente Cósmica traduzindo a Suprema Consciência e o Mundo da Não-Manifestação) e a exteriorização - porque a Criação é fundamentalmente calcada na exteriorização (e nem sempre compreende que está inteiramente contida, permeada, pela Suprema Consciência que possui apenas a plenitude da interiorização). Daí, Maya ser considerada como ilusão, ou seja, a perfeita crença de que a Criação existe por si mesma, criada a partir da própria Criação. Aí reside a ilusão, o engano... pois que a Criação repousa no Criador (o entrelaçamento entre Mente Cósmica, Purusa, e Energia Cósmica, Prakrti) que, por sua vez, advém da Suprema Consciência.

No entanto, o Princípio Criativo de Maya precisa existir e funcionar, sim, para que a Criação possa acontecer! Podemos pensar que Maya é subordinada a Prakrti, ou seja, o Princípio Operativo existe atuando o Eu Sou da Mente Cósmica através a movimentação que faz acontecerem as Três Forças traduzidas enquanto Eu Sou: Eu Farei; Eu Faço e Eu Fiz...., porém será o Princípio Criativo de Maya que estará executando a tarefa da Criação propriamente dita. Como num simples exemplo: Prakrti, o Princípio Operativo, é o comandante e Maya, o Princípio Criativo é o tarefeiro, o ajudante.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

Extraído do meu livro O Caminhante Caminhando seu Caminho

O MESTRE E SEUS DISCÍPULOS




O MESTRE E SEUS DISCÍPULOS

Janine Milward

O Caminho da Espiritualidade começa assim como um pequeno olho d’água que surge naturalmente – assim como o Tao – em qualquer lugar, no vale ou na montanha.

Ao formar um pequeno lago, o Caminhante passa a ter a consciência sobre si mesmo, em sua Missão de Encarnação na Terra – porque agora já pode espelhar o céu!

O pequeno lago sempre vai encontrar uma brecha por onde suas águas sempre crescentes vão começar a realizar seu Caminho.

Quando o regato encontra seus amigos – sua família espiritual, sua Linhagem, a Guruampara – torna-se um riacho.

Sempre correndo através os campos, o riacho vai cada vez mais encontrando-se com sua família espiritual, seus amigos, tornando-se mais e mais encorpado até que é alforriado, já plenamente amadurecido em suas águas, como rio.

O Mestre é como um grande e volumoso rio que corre recolhendo todas as águas vicinais que se lhe aproximam, que buscam por essa absoluta fusão.

O grande rio, no entanto, o Mestre, também continua percorrendo seu próprio Caminho carregando consigo todos os seus discípulos – olhos d’água, regatos, riachos, outros pequenos rios.....

Entre esses outros pequenos rios e mesmo entre os riachos e simples regatos e até mesmo entre os olhos d’água também existem mestres caminhando seus Caminhos da Espiritualidade. Podemos então chamá-los de pequenos mestres ou mestres. No entanto, Mestre é o grande e volumoso rio, prestes a desembocar na imensidão do mar e lá se fusionar plenamente...

O Mestre é aquele que demonstra em si mesmo o ciclo da vida através da vida que nos é dada e sempre devolvida através das águas.

Fundamentalmente, o Mestre nos mostra que durante sua vida, ele atrai para si todas as outras águas dispersas no Caminho.... e ao final de sua vida, fusiona-se plenamente com o mar, com o Tao da Criação, com o Mestre da Criação, em total desapego de sua identidade individual, voltando a fazer parte do tudo, do todo e do nada do Vazio – ao retornar aos céus sem mesmo poder ser visto pelos outros seres, em forma de fumaça sem cor, sem forma, sem nada.

Apenas um Vazio. O Caminho é o Vazio. O Caminho é o Tao.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

mEDITAÇÃO

Srii Srii Anandamurti, nos fala sobre a simplicidade do ato da MEDITAÇÃO:

A Consciência Suprema se encontra dentro de você assim como a manteiga está no leite; bata a sua mente através da meditação e Ela aparecerá – você verá que a resplandecência da Consciência Suprema ilumina todo o seu Ser interior. Ela é como um rio subterrâneo dentro de você. Remova as areias da mente e você encontrará a água fresca e límpida no interior.

bABA nAM kEVALAM

Foto

KARMA E SAMSKARA



KARMA E SAMSKARA

AÇÃO E SUA REAÇÃO imediata ou em potencial.
Ação é Karma. 
O resultado de nossas ações se chama Samskara.

Janine Milward

Estamos sempre ouvindo – ou mesmo falando – sobre tal evento ou situação ou pessoa que representam aquilo que (erroneamente) entendemos como nosso Karma..., na expectativa de que, com isso, estamos nos referindo ao peso, ao obstáculo, à situação desagradável ou penosa que temos que enfrentar em nossas vidas...

No entanto, não necessariamente Karma quer significar peso, obstáculo, situação desagradável ou penosa.... Não. A verdade é que Karma significa ação. Nossas ações de vida, todas, são denominadas de nossos Karmas.

E certamente, compreendemos que toda ação traz uma reação, Samskara – seja ela uma reação mais imediata (podendo acontecer ainda dentro da mesma vida quando a ação, Karma, tenha sido praticada); ou seja ela em seu sentido de reação em potencial (podendo acontecer ainda na mesma vida bem como sendo a reação de ações praticadas em outras vidas anteriores - ou em próximas vidas) e não exatamente através das mesmas pessoas ou situações aos quais os atos foram realizados e intencionados. E certamente, também podemos pensar que determinadas reações, Samskaras, sejam lançadas para serem vivenciadas em vidas sucessivas ainda-a-virem, para o futuro.

Portanto, ações positivas trazem reações positivas, ações negativas trazem reações negativas, perpassando através das vidas....

Usamos dizer que Karmas são pesados porque apenas sentimos mais intensamente nossas vicissitudes..., quando as coisas são fáceis e agradáveis não pensamos que estamos vivenciando nossos Samskaras – mas estamos sim.

E mais, somente a conscientização real e plena sobre o ato em si é que pode abrandar a sua reação em potencial (em seu sentido de negatividade). É quase como uma sala que vem sendo mantida escura por cem anos e que, ao receber uma vela ou uma lâmpada acesa, brilha, súbita e vigorosamente, em sua iluminação!

Tudo na Criação é apenas mente e luz e não-luz.

Assim, é muito importante que nós tenhamos uma boa consciência sobre nossos atos – tema principal de nossas vidas.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

BABA NAM KEVALAM

BABA NAM KEVALAM

Srii Srii Anandamurti, o Mestre do Tantra e chamado Anandamurti por ser considerado como "personificação da Bem-Aventurança", nos legou um MANDTRA UNIVERSAL a ser entoado pelo Caminhante sempre que assim desejar, tanto intimamente quanto extrovertidamente, ou seja, tanto em voz interior quanto em voz exteriorizada.

Baba Nam Kevalam

A Consciência Suprema a tudo permeia
(assim como eu me permito versar)

Ou, em outra versão:
Somente existe amor divino
(em tradução realizada para o português pelos discípulos de Srii Srii Anandamurti,

Este Mantra apresenta toda a síntese daquilo que o Mestre do Tantra, a meu ver, compreendeu enquanto a Semente do Desejo da Criação, ou seja, em palavras simples: a partir do momento em que a Suprema Consciência, Paramapurusa, manifesta-se para fazer espelhar o Mundo da Não-Manifestação, Nirguna Brahma, em Mundo da Manifestação, Saguna Brahma, faz nascer a Semente do Desejo - Iccha’Biija, em Sânscrito.

Compreende-se, então, que esta Semente do Desejo tem seu berço dentro do Amor Divino - uma outra possibilidade de nomearmos a Suprema Consciência, Brahma, Paramapurusa. E Somente Existe Amor Divino - Baba Nam Kevalam - remete a Criação - nós e o restante dos seres e a natureza, como um todo - a reverenciar o Verdadeiro Pai, Baba, aquele a quem Srii Srii Anandamurti nos revela o porquê de nossa existência e o porquê de nossa verdadeira natureza:

A meta da vida humana é fusionar-se a Paramapurusa, à Suprema Consciência.

E por que o Mestre do Tantra nos diz isso? Porque, a meu ver, este deve ser nosso único desejo, ou seja, nosso único desejo deve ser nos fusionarmos à Semente do Desejo da Criação, o Princípio Primordial, o Retorno à Fonte Original, o retorno ao Verdadeiro Amor - aquele que realiza a Ponte entre o Mundo da Não-Manifestação, a Consciência Suprema, e o Mundo da Manifestação, a Criação.

Com um abraço estrelado,
Janine

As 4 Leis da Espiritualidade na Índia

As 4 Leis da Espiritualidade na Índia

A primeira diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“.

Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“.

Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“.

Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“.

Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

O Caminho é grande

O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles

ESTE TRECHO DO CAPÍTULO 25
FOI EXTRAÍDO DE
TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 25
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG



Imaginemos o Discípulo perguntando ao seu Mestre sobre esta terceira parte do Capítulo 25: “Mestre, como encontrar esse Grande?”.

Lao Tse dá então exemplos concretos e aponta objetivamente:

O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles


Grande é ir longe e ir longe é estar presente.

Como encontrar esse grande? Esse grande está no céu, está na terra, está no rei.

Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles

O que é o rei? Na antiguidade, o rei era o dono de todas as coisas. Numa sociedade monárquica, tudo pertence ao rei. Se o rei é o dono de todas as cosias, é dono de si mesmo. rei é a consciência. o Rei comanda tudo o que acontece no reino. A consciência comanda tudo o que existe dentro de nós.

O rei é a consciência, a consciência verdadeira, a consciência pura que é a consciência real.


Se prestarmos atenção, perceberemos aqui a trilogia de que nos fala o I Ching: o céu em cima, a terra em baixo e homem no meio.

O homem que tem a consciência é o rei. O rei é aquele que caminha unindo o céu e a terra.

Como se escreve o Trigrama do I Ching?

________ céu
________ homem
________ terra


A linha debaixo é a linha da terra. A linha do meio é o homem. Alinha de cima é a linha do céu. O homem vive entre o céu e a terra. No I Ching, o princípio e o fim se escrevem de baixo para cima.

(Nota da Transcritora: neste ponto da Aula, Cherng escreveu no quadro alguns ideogramas em chinês indicando rei, homem, céu e terra e a união de tudo isso. Como esta Aula foi gravada em fita cassete, não foi possível saber e transcrever esses ideogramas).


O Tao é grande, o céu é grande, a terra é grande. Tudo isso significa trabalho, fazer, ir, praticar. O rei é grande e rei significa consciência.

A consciência no Caminho que une o céu, o homem e a terra. Quem possui essa consciência é dono de si mesmo: esse é o rei.

Ao unirmos o homem, o céu e a terra, o que se forma? Um círculo que não tem princípio nem fim. Dentro do círculo estão o céu e a terra. O céu, a terra, o homem e seu caminho se encontram dentro do céu e da terra - como uma infinitude.

..........................


Na alquimia taoísta existe um termo chamado de Elixir. O Elixir é o plantio e significa imortalidade. Onde se semeia imortalidade se colhe imortalidade.

Aonde se semeia imortalidade?

No encontro do homem com o Caminho, no encontro da consciência com o sopro. Por isso, Lao Tse ressaltou o rei em importância, ou seja, a consciência.


CAPÍTULO 25

Há algo completamente entorpecido
Anterior à criação do céu e da terra
Quieto e êrmo
Independente e inalterável
Move-se em círculo e não se exaure
Pode-se considera-lo a Mãe sob o céu

Eu não conheço seu nome
Chamo-o de Caminho
Me esforçando por denominá-lo, chamo-o de Grande
“Grande” significa Ir
“Ir” significa Distante
“Distante” significa Retornar

O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza


ESTE TRECHO FOI EXTRAÍDO DE
TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 25
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 03 de janeiro de 1995

Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

Grande é ir longe e ir longe é estar presente.

Grande é ir longe e ir longe é estar presente.

Como encontrar esse grande? Esse grande está no céu, está na terra, está no rei.

Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles

O que é o rei? Na antiguidade, o rei era o dono de todas as coisas. Numa sociedade monárquica, tudo pertence ao rei. Se o rei é o dono de todas as cosias, é dono de si mesmo. rei é a consciência. o Rei comanda tudo o que acontece no reino. A consciência comanda tudo o que existe dentro de nós.

O rei é a consciência, a consciência verdadeira, a consciência pura que é a consciência real.

Wu Jyh Cherng

O homem se orienta pela Terra

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza

ESTE TRECHO DO CAPÍTULO 25 FOI EXTRAÍDO DE TAO TE CHING, O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE, Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 25
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG


Lao Tse coloca os quatro grandes em forma hierárquica. O rei é o homem, o homem que é dono de si próprio. É o homem que tem a consciência unido o céu e a terra em seu próprio Caminho.

Como realizar este Caminho?

“O homem se orienta pela terra”, precisa aprender com a terra, aprender com a natureza, com o rio, com a montanha, com a água, com o trovão, o lago, o vento, as mudanças de clima, as estações, a vida, a morte. O homem precisa aprender com a terra e ser abrangente, receptivo, quieto e suave.

“A terra se orienta pelo céu”. O Planeta Terra se orienta pela estrela do nosso sistema solar que se orienta pela grande estrela Vega que se orienta por algo que ainda não sabemos. Tudo se orienta pelo macrocosmo.

O homem deve aprender com tudo o que acontece em seu ambiente mais natural, depois deve aprender com o céu, com as estrelas, com o tempo - nosso relógio anda de acordo com o movimento da terra e das estrelas. Deve aprender com o céu e com as estrelas assim como a terra se orienta pelo céu.

“O céu se orienta pelo Caminho”, que é o próprio Tao.

E o Caminho se orienta por si próprio, por isso Ele diz: “O Caminho se orienta por sua própria natureza”. A natureza está no homem, na terra e no céu. Ou seja, podemos, na verdade, aprender com tudo o que existe em torno de nós, podemos aprender com a vida concreta, com a metafísica e com o Tao.

Podemos aprender com a natureza incorporando a natureza em nossa vida concreta e podemos aprender com o céu incorporando-o em nossa vida concreta.

Por isso, o Taoísmo se diferencia das outras escolas e métodos de ensinamento. Dentro do Taoísmo, encontramos a prática da alquimia, a prática da magia, a prática do ritual, trabalhos devocionais, trabalhos litúrgicos, trabalhos adivinhatórios, geomancia, astrologia,. Todas as práticas místicas formam uma aglomeração bastante grande e todas seguem o Tao.

Seguindo todas as práticas místicas o mesmo princípio, você pode ser um astrólogo que estuda o céu e que consegue viver em você mesmo o Tao. Você poder ser um geólogo que estuda a terra para compreender a terra. Você pode viver os ensinamentos da terra em sua vida e assim, viver o Tao. Você pode ser uma dona-de-casa, pode ser um intelectual - o que for - mas nunca deixará de viver o Tao.

O Tao está em toda a parte e não está limitado em nenhuma parte.

O Tao não é apenas encontrado através da astrologia taoísta, não é apenas encontrado pelo ritual, não é apenas encontrado pela meditação. Pode ser encontrado por tudo e não apenas encontrado pelo Taoísmo.

O Tao não é apenas encontrado pelos taoístas. O Tao pode ser encontrado por todos, em todos os lugares, em todos os tempos, de todas as formas e não se limita a nenhuma forma.

O Taoísmo é aquele que tem a tradição de falar sobre o Tao.

Qualquer tradição, através de qualquer linguagem, sempre chega ao Tao - porque o Tao está fóra da linguagem.

O Taoísmo é um instrumento místico que nos leva à busca do Tao. Mas, quem encontra o Tao não está mais dentro do Taoísmo mas também não está fora do Taoísmo: está em tudo e não se limita em nada.


CAPÍTULO 25

Há algo completamente entorpecido
Anterior à criação do céu e da terra
Quieto e êrmo
Independente e inalterável
Move-se em círculo e não se exaure
Pode-se considera-lo a Mãe sob o céu

Eu não conheço seu nome
Chamo-o de Caminho
Me esforçando por denominá-lo, chamo-o de Grande
“Grande” significa Ir
“Ir” significa Distante
“Distante” significa Retornar

O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro grandes e o rei é um deles

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza

FOTO REALIZADA POR JIA HAO, CHINA

ESTE TRECHO FOI EXTRAÍDO DE
TAO TE CHING

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 25
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 03 de janeiro de 1995

Transcrição e Síntese de Janine Milward


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

ou cannot travel the path until you have become the path itself. ~ Siddhartha Gautama ~

ou cannot travel the path until you have become the path itself. ~ Siddhartha Gautama ~

I took this photograph near Ayutthaya, Thailand.

"It is essential to understand the seeker, before you try to find out what it is he is seeking."

"It is essential to understand the seeker, before you try to find out what it is he is seeking."

~ Jiddu Krishnamurti

saudação ao sol

A Consciência Cósmica e A Criação da Natureza



A Consciência Cósmica e A Criação da Natureza

Janine Milward

O Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação podem ser chamados de Nirguna Brahma (Consciência Cósmica não-manifesta) - e Saguna Brahma (a Consciência Cósmica manifesta) sob o Tantra – ou como o Wu Chi e o Tai Chi, sob o Tao... bem como Céu Anterior e Céu Posterior.

Deus, ou o Criador, pode ser chamado de Paramapurusa no Tantra ou de Tao da Criação, o Absoluto, no Tao. Também podemos denominar esse sentimento de Princípio Primordial, Consciência Cósmica ou Suprema Consciência.

A verdade e que, não importando o nome – por isso o Tao também e chamado de Sem-Nome.... – o Principio Primordial é revelado através de sua Interiorização Absoluta. Para Deus, para Paramapurusa, para o Tao da Criação, não existe qualquer exterioridade, apenas interioridade.

Assim, os universos são criados sempre dentro da Absoluta Interiorização de Deus, de Paramapurusa, do Tao da Criação.

O Tao da Criação, ou Paramapurusa, ou Deus, em sua plenitude de interiorização, faz nascer o Mundo da Não-Manifestação – que também poderemos chamar de o Tudo.

O Mundo da Manifestação – o universo como o conhecemos seja em seu sentido subjetivo ou seja em seu sentido objetivo – o Todo – é criado com exteriorização plena e certamente com interiorização plena também. Mas sempre esse Todo cabe dentro do Tudo, do Principio Primordial, de Deus, de Paramapurusa, do Tao da Criação.

Esse nascimento pode também ser compreendido por Prakrti, – A Energia Cósmica – ou Esplêndido Sôpro, fazendo com que tudo passe a se manifestar a partir do desejo de criação advindo do Mundo da Não-Manifestação – Maya. A energia criativa, o desejo da criação.

Maya, passa então a fazer as vezes de Prakrti, realizando o Mundo da Manifestação através da junção e inter-relação das três energias primordiais da criação, ou três Gunas:

Força Sutil – Sattvaguna – Eu Sou: Eu Farei; a realização voltada para o futuro
Força Mutativa – Rajoguna; força que causa movimento, atividade, agitação – Eu Faço; a realização voltada para o presente
Força Estática – Tamoguna – Eu Fiz; a realização voltada para o passado

Com essas três energias, é manifestada a realização da primeira figura geométrica dentro d Mandala do Mundo da Manifestação: o triângulo. Esse primeiro triângulo passa a estruturar dentro do Mundo da Manifestação tudo aquilo que é inspirado a partir do Mundo da Não-Manifestação: Assim na Terra como no Céu.

No momento em que a Criação no Mundo da Manifestação passa a espelhar o Mundo da Não-Manifestação, estão realizadas e concretizadas estas três forças da natureza. Podemos, então, qualificar este triângulo como Descendente, ou seja, do Céu para a Terra, o triângulo invertido.

No entanto, o Ciclo de Brahma, Brahmacakra, é a revelação da lei da natureza em sua Não-Mutação: a Eterna Mutação, o Eterno Retorno. É o Revirão.

"O Retorno é o movimento do Caminho (Tao)"

– já nos dizia Lao Tsé em seu Capítulo 40 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude.

Havendo o Retorno dentro da lei imutável da Eterna Mutação dentro do Mundo da Manifestação, passa a existir também o triângulo Ascendente, ou seja, da Terra para o Céu – do denso para o sutil, do Mundo da Manifestação para o Mundo da Não-Manifestação.

O enlace desses dois triângulos forma a Estrela de Seis Pontas, o casamento entre o Céu e a Terra em perfeito equilíbrio, o Sublime Yang plenamente fusionado ao Sublime Yin, o Mundo da Manifestação entranhado com o Mundo da Não Manifestação, a Luz mesclada à Não-Luz.

O homem é aquele que liga o Céu à Terra por se assemelhar à Consciência Cósmica, ou seja, por realizar o desenvolvimento de sua mente, de sua consciência. A estrela que representa esse homem é a Estrela de Cinco Pontas. No entanto, a Estrela de Cinco Pontas ainda está contida dentro da Estrela de Seis Pontas.

Aquela ponta que resta entre essas duas estrelas é o Caminho da Iluminação e da Liberação. Esse Caminho é trilhado a partir do desejo de expansão da consciência (Tantra quer dizer Libertação das amarras da ignorância, da escuridão) e do retorno e fusão com o Tao, com Paramapurusa, com a Consciência Cósmica.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward
extraído de minha Página http://cosmologiaespiritual.blogspot.com.br/

Cosmologia Espiritual ou A Metafísica Ciência e Espiritualidade

Cosmologia Espiritual ou A Metafísica
Ciência e Espiritualidade

Janine Milward

A Cosmologia Espiritual ou A Metafísica é a fusão dos conhecimentos da ciência e da metaciência: o verdadeiro holismo que nos leva à compreensão da Vida e da Natureza, a Criação, desde o seu Princípio Primordial, o Tao, O Caminho.

Esse processo pode ser compreendido e apreendido na relação céu-homem-terra, com a própria natureza agindo como o mestre que transmite a seus discípulos suas verdades através da observação pragmática estruturada em ciência física e da percepção da sincronicidade que revela os arquétipos que são traduzidos em símbolos, mitos e histórias estruturados em ciência metafísica.

Na Cosmologia Espiritual ou Metafísica, estudamos o antes do começo, o começo, o durante, o fim, o depois do fim, o antes do começo, o começo.... É o Eterno Retorno, o Revirão, A Mutação, é o ponto Aonde a Cobra Morde a Cauda.

Sendo o Mundo da Manifestação advindo do Tao do Mundo da Não-Manifestação, toda a Criação é sempre manifestada através de seu processo infinito de Eterna Mutação e de exterioridade e interioridade. A única não-mutação é a própria constante mutação. A única não-mutação é o Tao que é plenamente interiorizado. Todo a Criação é exteriorizada e, portanto, faz parte da constante mutação. Somente o Tao é a não-mutação e a plenitude da interiorização.

O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência
(assim nos diz Lao Tse, o Mestre do Tao)

A Suprema Consciência dá berço à Mente Cósmica, que por sua vez, espelha-se na Criação, criando a Luz. No entanto, tudo é mente. A mente é manifestada através da Luz e Não-Luz. Toda a Criação advinda do Mundo da Manifestação (que é oriundo do Mundo da Não-Manifestação) é o exercício da mente através da formalização da Luz e Não-Luz. No entanto, essa energia mental formalizada através da Luz e Não-Luz é tão somente uma manifestação mental, Maya. Toda a Criação é tão somente uma manifestação mental formalizada através da Luz e Não-Luz.

...A força que guia as estrelas, guia você também...
(assim nos diz Srii Srii Anandamurti, o Mestre do Tantra)

A Suprema Consciência, a Mente Cósmica, o Tao da Criação, Deus, a tudo permeia: Baba Nam Kevalam.
Enquanto Criação, resta-nos a expansão infinita e iluminada de nossa mente, de nossa consciência e de nossa vida, de forma a alcançarmos a plenitude de nossa fusão com a Suprema Consciência, ou seja, alcançando mente e consciência e vidas infinitas e iluminadas numa participação plenamente consciente da eterna mutação, do revirão entre os Mundos da Manifestação e da Não-Manifestação – o Retorno à Fonte Primordial.

Retornar à Fonte Primordial significa retornar a ser uma estrela. O verdadeiro Mestre é aquele que realizou seu Caminho da Iluminação e seu Caminho da Liberação ou Imortalidade, tornando-se uma estrela-guia de seus discípulos... e certamente dando continuidade ao Revirão da Criação em seu Eterno Retorno de Luz e de Não-Luz..., - seja que faça isso tornando-se um Bodhisattva, seja que se torne uma real estrela, seja que mantenha com sua Mente/Luz todo um sistema solar, toda uma galáxia, ou mesmo que dê início a um novo universo.

A Cosmologia Espiritual ou A Metafísica será tema cada vez mais conversado e vivenciado em nossas vidas no futuro. No Sítio das Estrelas, durante ou após o Retiro Espiritual O Caminho das Estrelas ou em comunicação escrita com as pessoas interessadas neste tema, são estas algumas das questões abordadas pelos Caminhantes.

... O Caminho é o Vazio...
(assim nos diz Lao Tse, o Mestre do Tao)

A Cosmologia Espiritual ou a Metafísica é o oásis onde podemos ter como sustentação de nosso pensamento o tema da Imortalidade ou Impermanência e do aprofundamento do conhecimento acerca da Mente e da Luz e Não-Luz: Do Vazio à Luz e ao Retorno à Não-Luz.

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
JANINE MILWARD

extraído de minha Página http://cosmologiaespiritual.blogspot.com.br/

"A diferença entre o possível e o impossível está na vontade humana." - Louis Pasteur

"A diferença entre o possível e o impossível está na vontade humana." - Louis Pasteur

As Seis Direções

As Seis Direções

Janine Milward de Azevedo

O Céu, A Terra, o leste (O Começo), o oeste (O Retiro), o sul (As Raízes, O Discípulo) e o norte (A Meta, O Mestre)

Primordialmente, dentro do Mundo da Manifestação, o homem sempre se direcionou através o mundo que existe ao redor de si mesmo - fazendo desse homem o centro do universo.

Assim, existem inicialmente o céu e a terra, o espaço acima de mim e o espaço abaixo de mim, revelando o verdadeiro posicionamento do homem, aquele que usa sua mente, ou seja, aquele que se mantém verticalmente, tornando-se o preenchimento do espaço entre a terra e o céu, sua verdadeira ligação.

Depois, existem os lugares aonde o sol nasce e aonde o sol se põe - o leste e o oeste, que passam também a preencherem os lugares em torno ao homem, revelando os posicionamentos-guia do homem a nível horizontal - sua interligação com todos os outros seres à sua volta.

O fato de a terra girar em torno de si mesma, em torno de um eixo inclinado em 23 graus e que aponta de um lado para o outro do céu e em direção quase 90 graus em relação ao leste e ao oeste.... nos revelam as direções norte e sul, novamente trazendo ao homem seu total equilíbrio a nível horizontal - sua inter-ligação consigo mesmo e com suas metas

O leste, o ponto aonde o sol nasce, nos traz O Começo. O oeste, o ponto aonde o sol se põe, nos traz A Retirada, O Retiro, O Repouso.

Dentro das direções norte e sul, o magnetismo fundamental da Terra corre de sul a norte.
O sul é o lugar aonde nossas raízes são encravadas, é nosso berço primordial, o ponto aonde nos firmamos para vivenciar nossa vida e nosso mundo.

O norte é o lugar dos mestres.... Não é o mestre aquele que possui a iluminação e a liberação, podendo, portanto, magnetizar seus discípulos apenas por existir? E mais ainda, não é o mestre aquele que pode liberar seus discípulos de seus Karmas e Samskaras, aprontando-os para vivenciarem seus Dharmas ainda nesta vida? Não é o mestre aquele que simboliza a estrela triangular celeste e que se encontra, em perfeita união, com seu discípulo, a estrela triangular terrestre?

A estrela triangular é sempre composta da trindade primordial: o céu, o homem (aquele que possui a consciência), e a terra.


A Estrela de Seis Pontas

Janine Milward de Azevedo

Ação, Conhecimento e Devoção, Karma, Jinana e Bhakti - Mente, Intelecto e Consciência - O homem e o Homem Sagrado - O Caminho da Iluminação e o Caminho da Liberação

Existe uma estrela no céu que possui sua correspondência na terra. Essa estrela se manifesta em cada um de nós - seres com o desenvolvimento da mente que acolhem a expansão da consciência. A verdade é que cada um de nós somos um pedaço de estrela, somos feitos todos de poeira de estrelas, somos compostos da mesma composição primordial e mutante do nosso universo. Nosso universo é uma alma somente - O Uno - que, ao explodir para fazer sua vida surgir, se desfez em mil pedaços de pequenas almas que viajam suas existências mutantes e vivenciam e fazem esse universo existir até o seu final, quando novamente se reúnem num imenso abraço... até que novamente uma nova primavera venha acordar esse universo a vir-a-ser... É o Eterno Retorno.

"O retorno é o movimento do Caminho" (1)

Então, inicialmente, esta estrela que desce até nós, que somos nós, é composta da trindade inicial: o céu, a terra e o homem celestes. Objetivamente, é o Triângulo com o vértice apontando para o céu.

Num segundo momento, esta estrela que sobe a partir de nós, que somos nós, é composta da trindade já mutante: o céu, a terra e o homem terrestres. Objetivamente, é o Triângulo com o vértice apontando para a terra.

O entrelaçamento destas duas trindades, a celeste e a terrestre, ou dos dois Triângulos, existe a partir do desenvolvimento da mente e da expansão da consciência, fundamentalmente, e coloca o homem marcado pela estrela de seis pontas, a união, a Yoga, perfeita e plena, entre o homem, o céu e a terra. É a Sagração do Homem.

A estrela celeste, em sua trindade, desce à Terra trazendo a alma infinita e universal do homem que aqui se une com o corpo físico, formando a trindade terrestre, a estrela terrestre.

A partir da fusão das duas trindades, concretiza-se o Espírito, aquele que possui seu cordão umbilical diretamente ligado ao Tao da Criação - anterior à própria criação que é pelo Tao gerada através do Criador que cria a Criação.

Esse cordão umbilical que liga o espírito ao Tao da Criação é simbolizado pela corrente - Guruampara - que se instaura através a mutação da vida bem como através das heranças doadas e recebidas entre mestre e discípulo.

A plenitude da realização da estrela de seis pontas, é portanto, o retorno à Fonte Primordial: é o Homem Sagrado que, após trilhar seu Caminho da Iluminação e seu Caminho da Liberação, torna-se uma verdadeira estrela - objetiva ou subjetiva - ou seja, torna-se um mestre, aquele que possui luz própria e assim pode guiar e iluminar seus planetas, ou melhor, seus discípulos.

................

As três palavras ou conceitos que acompanham ambas as trindades são as mesmas, variando apenas suas formas de se apresentarem enquanto trindade celeste ou enquanto trindade terrestre - Triângulo do Céu e Triângulo da Terra:

Elas são: Ação, Conhecimento e Devoção. Em sânscrito, Karma, Jinana e Bhakti.

A Ação é a prática do homem a se tornar Homem Sagrado. O Conhecimento pertence à Terra. E a Devoção pertence ao Céu.

Obviamente, o Conhecimento da Terra é advindo do Céu e realizado pelo homem. A Devoção do homem é advinda do Céu e praticada na Terra através da Ação do Homem Sagrado.

Sob o Tao, existem, como composição da estrela triangular primordial ou a Sublime Tríplice Transparência, O Princípio Inicial (que é a imagem do próprio Tao), A Sagrada Leitura (que são os conhecimentos sagrados) e o Mestre (o homem já tornado Homem Sagrado).

Na estruturação primordial das linhas Yin e Yang do I Ching, O Livro das Mutações que contém toda a estrutura da relação céu, homem e terra, as três linhas que compõem os Oito Trigramas fundamentais da Família do Céu e da Terra (Pai e Mãe e seus Seis Filhos), também seguem o caminho indicado através da Tríplice Transparência.

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
JANINE MILWARD
texto extraído de minha Página Cosmologia Espiritual ou A Metafísica
http://cosmologiaespiritual.blogspot.com.br/2010/07/consciencia-cosmica-e-criacao-da.html