Sobre os Conceitos do Sofrimento e da Compaixão, no Taoísmo



Sobre os Conceitos do Sofrimento e da Compaixão, no Taoísmo

Wu Jyh Cherng

Existe um conceito bem difundido de que o sofrimento é um instrumento para o crescimento. Isto é um conceito espiritualista. O Taoísmo não trabalha com esse conceito. Para o Taoísmo, deve-se simplesmente aprender a sair do sofrimento. Só se sai do sofrimento se se entrou nele. A partir daí, aprende-se a sair do sofrimento com suavidade.
O Taoísmo tem uma visão em relação ao conceito do sofrimento, bem como de outros conceitos , diferente de outras escolas. Por exemplo: o conceito da compaixão (que é um dos fundamentos do Budismo), é visto de forma diferenciada.
Para o Budismo, a compaixão é a pessoa entrar profundamente no sofrimento do outro para poder entender o outro e compartilhar de sua dor.
O Taoísmo diz que - sim, é preciso compreender a tristeza e o sofrimento dos mais ignorantes, para poder ter compaixão. O fundamental, entretanto, é que é preciso se ter uma alegria contagiante para se aprender a tirar o outro de seu profundo sofrimento. Portanto, é importante não apenas compreender o sofrimento do outro mas fundamentalmente, é imperioso que o outro não sofra mais. Pode ser até que não se compreenda bem o sofrimento do outro, no entanto, o que importa é a alegria que ajuda o outro a sair de seu sofrimento. Para o Taoísmo, a palavra compaixão é usada como ‘afetividade’.
A leveza e a suavidade do exemplo taoísta são positivas e construtivas. A partir do momento em que se trabalha com o vazio universal que abraça todas as coisas no universo, naturalmente haverá a compreensão do sofrimento do próximo. No entanto, não se deve sintonizar exclusivamente nesse canal de freqüência, mas sim deixar seu abraço envolver todas as outras freqüências. Quem está no estágio do abraço do vazio, acolhe tudo em seu próprio ser. Porém, o envolvimento não pode ser absolutamente direto, porque, dessa maneira, traria limitações.
...........................................
Capítulo 9
O que é mantido cheio não permanece até o fim
O que é intencionalmente polido não é um tesouro eterno
Uma sala cheia de ouro e jade é difícil de ser guardada
Riqueza e nobreza somadas à arrogância
Fazem restar para si sua própria culpa
Concluir o Nome, terminar a Obra,
Retirar o Corpo - este é o Tao do Céu
.......................................
TRECHO EXTRAÍDO POR JANINE DE
Tradução e Interpretação do Capítulo 9
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 02 de agosto de 1994.
Transcrição realizada por Janine Milward