Sentar no silêncio.

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Sentar no silêncio.

Janine Milward

Sentar no silêncio não significa sentar-se com costas eretas e manter-se absolutamente imóvel e aguardar que o silêncio venha permear o Caminhante.... Não e sim. Não - porque isso seria uma forma de sentir-se exteriorizado exatamente pela presença do silêncio.... enquanto o silêncio não é exterior e sim interior. E sim - porque isso seria uma forma de sentir-se absolutamente interiorizado dentro de um único silêncio cobrindo, exteriorizando inteiramente e unicamente este Caminhante.

Sentar no silêncio significa adentrar o silêncio, penetrar no silêncio, deixar-se adentrar, penetrar, em sua mais profunda interiorização, em si mesmo, no mais fundo recôndito de seu ser. Uma longa jornada inicia-se debaixo dos pés..., ou seja, a longa jornada começa e termina em nós mesmos, em nossa interiorização absoluta, em nosso silêncio interior e absoluto. Será dentro desse silêncio interior e absoluto que a mente do Caminhante se tornará Consciência e que seu corpo físico será transmutado em Corpo de Luz: é a Alquimia do Tao.

Dentro de seu silêncio interior e absoluto, o Caminhante está pronto para realizar sua meditação - sem se esquecer que é uma longa jornada... e que esta longa jornada começa pelo primeiro passo, ou seja, o Caminhante senta-se de maneira confortável e com costas eretas, olhos semicerrados, corpo inteiramente relaxado, boca entremeando um sorriso e, se possível, mantendo a ponta língua no céu da boca. Os olhos devem ser cerrados quando o Caminhante estiver olhando para a ponta de seu nariz... e então, imediatamente, os olhos interiores se dirigem para o ponto onde se cruzam a Lua e o Sol, ou seja, o ponto do conhecimento que mora entre os dois olhos, esquerdo e direito: o primeiro passo já indica o começo da Alquimia.

Existe a contemplação e existe a concentração e ambas são interiorizadas, ou seja, o Caminhante deve se abster de prestar atenção em tudo aquilo que lhe pode acontecer exteriormente - e isso pode significar suas próprias vicissitudes físicas nos primeiros tempos de prática de meditação, ou seja, dores, coceiras, incômodos de posição, etc.

A contemplação é poder manter os olhos interiores no ponto de cruzamento entre Sol e Lua e também o de se deixar envolver pela entrada de ar e pela saída de ar - a inspiração e a expiração. Tudo deve entrar num compasso harmonioso, juntamente com a harmonização das batidas do coração e dos pensamentos que devem chegar e irem embora, suavemente, fazendo com que a mente possa ir se liberando, se esvaziando...

A concentração é poder manter a atenção interiorizada e fusionadora do ponto de entrecruzamento entre os dois olhos interiores, o Sol e a Lua, olho direito e esquerdo, respectivamente, com a Respiração e com o Coração e a Mente. A meta desta realização é fazer com que a Respiração acolha o Coração e a Mente do Caminhante. Assim fazendo, tem inicio a verdadeira meditação, ou seja, a partir do momento em que aconteceu a fusão real entre Respiração e Coração e Mente, fazendo acontecerem o Sopro Vital enlaçado à Consciência. Todos os estágios a seguir, na meditação da Alquimia do Tao, acontecem a partir desse fusionamento entre Sopro Vital e Consciência - que também alcançam o patamar de Alma e de Espírito Puros.

O segundo passo é o Caminhante decidir-se quanto ao Caminho que quer realizar em seu processo espiritual, em sua meditação, em seu sentar-se no silêncio, em sua Alquimia: o Pequeno Caminho ou o Grande Caminho?
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COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward

trecho extraído do meu livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO


Foto: Sítio das Estrelas