Quem Herdará o Universo?





Quem Herdará o Universo?

Janine Milward 

Passado, Presente e Futuro : Somos Poeira de Estrelas – O Destino da Terra – Energia – Energia e Civilizações – Quem Herdará o Universo?


Passado, Presente e Futuro: 
Somos Poeira de Estrelas

Não é verdade que sempre que olhamos para o céu estamos olhando para o passado? Sempre tudo é passado! Até a luz do sol demora oito minutos e meio para chegar até nós... A luz da lua demora cerca de um quarto de minuto para nos alcançar... Dos sentidos até o cérebro e sua devolução para a mente, também algum milésimo de milésimo de milésimo de segundo se passou... Sempre tudo é passado.

E se pensássemos no futuro? Vamos pensar um pouco no futuro? Assusta a você pensar no futuro? Você sente que não vale a pena pensar no futuro desde que você acha que não estará aqui para vivê-lo, para testemunhá-lo? Quem lhe garante isso? Não é nosso universo uma fábrica de estrelas que nascem, vivem e morrem... e ao morrerem, muitas vezes explodem ejetando no espaço sem fim material do qual somos formados? Não somos poeira de estrelas? Então ... se somos poeira de estrelas, certamente vivenciamos as vidas passadas do nosso universo e continuaremos, certamente, vivenciando suas vidas futuras... por que não?

A fábrica do universo é formada através de sua própria matéria-prima modificada, moldada, forjada, transmutada. O Big Bang é como uma semente profícua, grande útero materno, que gerou suas raízes – o universo inflacionário - e que fez crescer um poderoso caule de uma gigantesca árvore, desenvolvendo-se em inúmeros galhos que produzem inúmeras folhas, flores e frutos... frutos esses que nos alimentam e nos trazem suas novas sementes... até que um dia, um dia, também essa árvore fenecerá... e morrerá – segundo a Segunda Lei da Termodinâmica, a Entropia. E de seus restos mortais, nova matéria se formará, como húmus poderoso e fecundante, para acolher ou criar um útero que venha gerar um novo universo.

Assim, poderemos pensar que nosso universo é advindo de um outro universo que é advindo de um outro universo que é advindo de um outro universo, numa cadeia sem fim, como uma corrente de elos sem fim, de universos em universos, criando e re-criando o multiverso em sua multiplicidade de universos!
Somos então, poeira de universos?

O Destino da Terra

Gosto de pensar que, por mais que nos apaixonemos e nos orgulhemos de nossa civilização terrestre e todas suas construções e todo seu conhecimento adquirido ao longo dos milênios passados e futuros, um dia, um dia, distante sim, porém um dia chega... Em dois e meio a três bilhões de anos, nosso Sol começará a inchar, inchar, inchar, queimando todo seu hidrogênio e o exaurindo por completo, até quase alcançar nosso tão querido e bem construído e instruído Planeta... que se desmanchará quase como uma geleia de jabuticaba quando está quase no ponto... O sol, então, encolherá e se retirará para seu asilo de velhice, tornando-se uma pedra amorfa e cinzenta, não sem antes soltar no espaço seu último suspiro, seu halo, seu anel de gases multicoloridos e maravilhantes para embevecerem os olhos e corações saudosos daqueles seres que restarão para ver esta história acontecendo... possivelmente já assentados em marte, em alguma lua de Júpiter, quem sabem em Titã, rica lua de Saturno. Preferivelmente, já instalados em um outros sistema solar acolhedor e simpático, ou mesmo ainda, já espalhados galacticamente, colonizando vários pontos da Via Láctea!

 E o que restará do nosso planeta-mãe, nossa Gaia, Mãe-Terra? Stephen Hawkings nos diz que, em cerca de seiscentos anos, a população da Terra estará vivendo, compartilhando nosso Planeta, ombro a ombro... e a Terra será como uma lâmpada acesa e permanentemente incandescente... Podemos então entender que – sob este ponto de vista do destino de nossa pobre Terra - brevemente não haverá mais lugar para nós terráqueos sobrevivermos com dignidade e toda a energia que necessitarmos fará de nosso planeta uma fábrica infernal e intermitente de luz artificial, de energia para vivermos... e... haverá bastante energia para suprir tanta necessidade?

Energia. Energia. Energia. Energia é o ítem mais básico e fundamental do universo que conhecemos. Nossa fonte de energia essencial vem das estrelas (mesmo que ainda não saibamos ao certo como elas se formam e continuam se formando). Nosso Sol é nossa estrela mais próxima e nosso maior doador de vida.


Energia e Civilizações – Quem Herdará o Universo

Sobre este tema energia e como as civilizações usam esta energia (civilizações que conhecemos do passado, que conhecemos hoje e que poderemos visionar para o futuro...), eu gostaria de conduzir o leitor a alguns questionamentos acerca da vida de nosso Planeta bem como do possível destino a curto, médio e longo prazos da civilização humana, assim como a conhecemos.

Inicialmente, uma verdade sempre deverá permanecer constante em nossas especulações: quaisquer ações acerca da involução ou evolução da vida deverão obedecer às leis fundamentais da física – assim como a conhecemos, naturalmente. (Digo isso porque hoje em dia os cosmólogos muitas das vezes estabelecem explicações plausíveis sobre, fundamentalmente, o começo do nosso universo... sendo que algumas dessas explicações ou teorias especulativas ainda não podem ser estruturadas pelas leis da física, assim como a conhecemos).

Hoje em dia, primórdios do século XXI, existe, felizmente, uma semente fecunda de preocupação acerca da natureza e dos seres, no sentido de sua melhor preservação. No entanto, a meu ver, não importa quantos esforços dediquemos à preservação da natureza e do bem-estar da vida dos habitantes do Planeta, chegará um dia – e não está muito longe, certamente – que a vida na Terra se mostrará bastante difícil, com carência de água, fundamentalmente. Possivelmente, também com carência de comida e de moradia para uma imensa parte dos seres de nosso lugar natal, nossa terra.

Porém, existirá uma outra carência, a de energia, que deverá trazer ao nosso Planeta uma reorganização de si mesmo, em sua civilização, a nível planetário, dentro do próprio sistema solar, dentro da própria galáxia, dentro do próprio universo.

Essa compreensão é baseada no ponto de vista de que as civilizações podem ser categorizadas e escaladas de acordo com sua capacidade de utilização da energia. Sendo a energia a habilidade de se poder trabalhar calcada na quantidade de fonte de energia que uma civilização possui em determinado momento de sua história, podemos dizer que – em relação ao nosso Planeta – usávamos, nos tempos pré-históricos, cerca de um quinto de H.P. (horsepower), quando possuíamos a energia apenas de nossas mãos.

E assim fomos caminhando e exercendo o uso da energia, através da escravidão (quando reis tinham centenas de hp's à sua disposição), passando pelo feudalismo (milhares de hp's), até a revolução industrial (milhões de hp's), e, finalmente, até os tempos modernos (bilhões de hp’s).

Possivelmente, a nossa total produção atual planetária de energia não chega a 1- bilhões de hp’s e que retiramos essa energia não das forças globais mas dos bolsos precários dos remanescentes fósseis de plantas mortas (óleo e carvão).

Dessa maneira, não está longe o tempo quando nossas reservas de energia estarão terminando e nos veremos em frente à necessidade premente de buscarmos novas fontes de energia a serem usadas. Ao mesmo tempo que esta realidade acontece, possivelmente, nosso Planeta estará passando por imensas transformações em suas estruturas sociais, econômicas, políticas e por que não, ideológicas e espirituais. Também caminhamos em direção a uma língua planetária, a um sistema de comunicação planetário, uma economia planetária, uma cultura planetária...

A nível de categorização e escalonamento das civilizações, poderíamos inferir três grandes tipos: a civilização do Tipo I, como sendo uma civilização planetária, possuindo a habilidade de utilizar a reserva de energia de um planeta inteiro – mais de um trilhão de hp’s. uma civilização do Tipo II, como sendo uma civilização estelar, capaz de controlar a produção de energia de uma estrela solitária – para mais de 100 bilhões de trilhões de hp’s. finalmente, a civilização do Tipo III, como sendo uma civilização que já ultrapassou a produção de energia de um planeta ou estrela e já começou a construir uma civilização galáctica a, espalhando-se para muito sistemas estelares. As civilizações do Tipo III possuem uma capacidade energética de aproximadamente 10 bilhões de trilhões de trilhões de hp’s.

Assim, os limites máximos para o crescimento das civilizações avançadas seriam ditados pela máxima produção de energia planetária, estelares e galácticas.

A partir do que, então, podemos observar, nossa Terra ainda não estaria incluída em nenhum dos Tipos acima mencionados. No entanto, não estaríamos longe de sê-lo... Dessa forma, aquilo que poderia nos parecer, num primeiro momento, como uma imagem verdadeiramente assustadora – a idéia de um término de possibilidade de civilização seguir adiante sua vida estruturada neste Planeta – num segundo momento, nos proporcionaria a oportunidade de ingressarmos no Tipo I de civilização universal. Em outras palavras: ainda durante os primeiros poucos séculos da Era de Aquário, a humanidade estaria pronta não para sua inteira aniquilação de si e de seu Planeta-Mãe mas para a sua evolução dentro da Vida e da expansão desta vida e desta mente, universo adentro.

Também um planeta e uma civilização podem sair de uma categoria e ingressar em outra, modificando seu status quo, através de impactos de meteoritos (assim como possivelmente aconteceu cerca de 65 milhões de anos atrás com a dizimação dos dinossauros), mudanças climáticas intensas, explosão de supernovas e outras tantas catástrofes naturais... Bem como também podemos pensar em catástrofes internas, tais como terrorismo, guerras nucleares, poluição global, etc.

A verdade é que a transição entre os primórdios de civilização (assim como a nossa se apresenta hoje), para seu ingresso no Tipo I, é verdadeiramente dolorosa.. um real revirão de vida e de mente. No entanto, não existe um porquê desse destino não poder acontecer.

Alguns autores comentam que, ao terminar, após muitos milhares de anos, toda a energia de um planeta, o Tipo I de civilização será forçado a buscar a próxima energia a ser usada, sua estrela. Assim, o Tipo I de civilização poderia fazer sua transição para o Tipo II em cerca de 3 mil anos. (Em nosso caso, se ainda habitarmos a Terra, estaríamos no miolo da Era de Capricórnio). Também poderíamos inferir que o tipo mais interessante de civilização seria o Tipo II, o qual já exauriu toda a energia de uma estrela solitária e passou a buscar por estrelas em outros sistemas. Possivelmente, para nós, terráqueos, levaria cerca de 6 mil anos para alcançarmos o status do Tipo III de civilização.

Quando uma civilização do Tipo III evolui numa galáxia, deveria durar por milhões ou até bilhões de anos. Essa civilização possui, intrinsecamente, a maior capacidade para alcançar a imortalidade. Nesta civilização, questões de sobrevivência da espécie e do lugar aonde essa espécie é abrigada serão resolvidas naturalmente: as eras de gelo poderão ser alteradas, meteoritos poderão ser defletidos, até supernovas e efeitos de radiação dos raios gama poderão ser controlados.

Muito possivelmente, certamente civilização I e II apareceram e pereceram muito antes dos humanos entrarem em cena - desde que vivemos cerca de 14 biliões de anos após o Big Bang. No caso de uma civilização do Tipo III ter se desenvolvido em nossa galáxia, ela ainda poderá existir, por que não?
Existe, porém uma pergunta que não se cala: como escaparemos da morte do universo? Parece ser inevitável que toda a vida inteligente do universo morra quando o universo fenecer...

Poderíamos avançar em nossas especulações dizendo que as civilização além do Tipo III obteriam energia suficiente para escapar de nosso universo em fenecimento, através de buracos no espaço. Estudos recentes sobre a gravidade quântica e a teoria das supercordas nos demonstram que energias imensas existem a ponto dos efeitos quânticos rasgarem a linha do espaço e tempo para criar os "buracos de minhocas", de forma que se possa viajar, num fechar de olhos, através de imensas distâncias no espaço e tempo. (isso solucionaria a questão de extrapolar a velocidade da luz e abreviaria de forma dramática a transição entre o Tipo II e o Tipo III de civilizações).

Finalmente, podermos concluir que, quando um ambiente se torna letal, quando um planeta fenece levando sua civilização ao provável extermínio, fatalmente faz brotar um processo de evolução da forma da civilização viver sua vida no sentido de deixar este meio ambiente falido e sair em busca de maneiras e lugares que permitam a continuidade da vida e da mente...

Quem sabe que, obedecendo à esta imperiosidade evolucionária, talvez uma civilização adiantada, diante da morte de seu universo, possa criar outro universo?

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Texto baseado numa tradução e síntese da autora, Janine , sobre o artigo "Who will Inherit the Universe?", de Michio Kaku, físico teórico da Universidade da Cidade de Ne York – páginas 34,35,36,37 e 38 da edição de fevereiro de 2002 da Revista Astronomy – Kalmbach Publishing Co. – Waukesha, WI, USA