A Alquimia Superior e seus Cinco Esquecimentos: Corpo, Sopro, Espírito, Vazio, Verdade

Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por
WU JYH CHERNG,

em 19 de julho de 1994, sobre o Capítulo 7 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward.
O Título deste texto
A Alquimia Superior e os Cinco Esquecimentos
foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.

Capítulo 7
Tao Te Ching, de Lao Tse

O Céu é constante, a Terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do Céu e da Terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros.

Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança.
Além do corpo, o Corpo permanece.
Através do não-corpo, conclui o Corpo.



A Alquimia Superior e seus Cinco Esquecimentos:
Corpo, Sopro, Espírito, Vazio, Verdade

A Meditação Taoísta

Wu Jyh Cherng

Na prática da Meditação Taoísta, basicamente existem cinco etapas importantíssimas, cinco esquecimentos que são conceitos da Alquimia Superior. A Alquimia Taoísta possui três níveis: Superior, Mediano e Inferior. Esses cinco esquecimentos trazidos pela Alquimia Superior nos foram revelados pelo nosso Mestre Maa e são ensinamentos importantíssimos e preciosos. Eles são: CORPO, SOPRO, ESPÍRITO, VAZIO, VERDADE.

Corpo é corpo; Sopro é energia; Espírito é consciência. Vazio e Verdade são mais difíceis de entender. Normalmente, a consciência da pessoa está condicionada no corpo, ou seja, as pessoas são limitadas por seus níveis sensoriais e formais. Do sentido e da forma não conseguimos emitir uma só frase sem que ela contenha uma idéia, uma forma. Não conseguimos comer alguma coisa sem que lhe adivinhemos o sabor. Isso é o sentido, o sensorial. Portanto, tudo o que vivemos está condicionado no nível do sensorial e da forma.

Na prática da Alquimia Superior - prática de meditação -, o primeiro passo é esquecer o corpo. Não é brigar com ele, anulá-lo, e sim, esquecê-lo. É preciso esquecer o corpo para se poder atuar no Sopro.

Na prática da meditação, o primeiro estágio - que se leva anos para ser alcançado - é o de inicialmente se colocar o corpo imóvel, depois se relaxa da cabeça aos pés, de cima para baixo. A partir daí, é preciso esquecer o corpo não se colocando a atenção e a consciência no corpo e sim na respiração, no Sopro. Quando não se sente mais o corpo físico ou se realmente o corpo físico foi esquecido, nesse momento a consciência vai estar atuando no nível do Sopro. A consciência, então, torna-se outra, mais diluída, menos compacta, menos rígida. A consciência torna-se uma consciência energética.

Basicamente, é isso o que tentamos fazer em nossa meditação.

Após bastante tempo dessa prática, bastou se sentar que não mais se sente o corpo, entra-se num estado como se estivesse boiando dentro de uma piscina sem corpo físico. Entramos dentro de uma imensa energia, nós somos a própria energia, lenta, gostosa. Apenas que isso não é a realização. Isso é apenas o resultado do primeiro esquecimento: não existe mais corpo, nós somos o Sopro.

No segundo estágio, é preciso esquecer o Sopro. Havia uma consciência integrada ao corpo físico sendo portanto limitada pelo corpo físico. Esquecendo o corpo físico, ingressa-se num nível mais sutil, mais energético de ser: a consciência do Sopro. Também nesse momento se é limitado por esse nível de energia, pelo universo da energia.

O universo, a dimensão física, já não mais nos limita; no entanto, a dimensão energética, sim. a consciência está aprisionada pela energia. Entra-se então, no segundo estágio da Alquimia: esquecer a energia do mesmo modo que se esqueceu o corpo físico. É preciso se sentar e meditar, esquecendo-se o corpo e também a energia. Nesse momento, a consciência é uma pura consciência, somos apenas um espírito que não tem qualquer energia para aprisioná-lo. Chegando nesse estágio, nós somos pura luz.

Sentamo-nos em meditação e imediatamente ingressamos numa imensa piscina, sem corpo. Em seguida, a piscina desaparece e somos apenas uma imensa luz, a própria luz que está em toda a parte. Somos pura luz. Sentimos essa luz. Somos muito irradiantes. Então, se atingiu o terceiro passo.

Estamos iluminados, sim, mas não estamos no último passo da Alquimia. É preciso que esqueçamos o Espírito. Isso é muito mais difícil. Esquecemo-nos como Espírito e ainda esquecemo-nos como Espírito de Luz, puro, sem forma, sem cor: somos uma imensa luz como a luz do sol. Também isso deve ser esquecido.

Senta-se em meditação e, em alguns minutos, não se sente mais o corpo e em outros segundos, não se sente mais energia e mais alguns segundos, nos tornamos uma imensa luz e também essa luz desaparece e sentimos um imenso Vazio.

Nesse momento, todas as luzes, todas as energias, todos os corpos, o universo inteiro está dentro de nós porém o universo inteiro não é você nem sou eu. Somos exatamente aquele Vazio que abraça todas as coisas. Talvez não consigamos sentir isso, apenas uma anulação da luz, do Espírito e o ingresso numa espécie de Vazio que abraça todas as coisas. Talvez não consigamos sentir isso, apenas uma anulação da luz, do Espírito e o ingresso uma espécie de Vazio, uma profunda quietude. Um Vazio Absoluto.

Chegou-se finalmente ao Absoluto?

Não.

Aí se encontra o quarto passo que se abre para o quinto estágio que é dificílimo: quebrar o Vazio. Já quebramos o corpo físico, já rompemos a barreira da energia, também rompemos a barreira da consciência e finalmente, atingimos o Vazio. Agora temos que romper a barreira do Vazio.

Romper a barreira do Vazio, quebrar o Vazio, significa quebrar aquilo que não se tem, que não existe; romper com algo que não se possui. Este estágio do Vazio significa, na verdade, quebrar o que não se tem. Nós tínhamos a nós mesmos e isso foi quebrado. Tínhamos nosso corpo, a energia, o espírito e tudo foi quebrado e não existe mais corpo, mais energia, mais espírito. Somos o Vazio e temos que quebrar o Vazio.

A partir do momento em que se quebra o Vazio, retornamos a ser a Verdade. Nessa hora, estamos em toda a parte e estamos em lugar nenhum. Nessa hora, chegamos a ser o Tao.

Esses são os Cinco Passos da Alquimia Superior. São cinco estágios estruturados por quatro esquecimentos. Isso não é feito de um dia para outro. Se conseguirmos passar do Corpo para o Sopro - que é o primeira estágio -, já é maravilhoso. Se conseguirmos chegar ao nível do Espírito, provavelmente seremos aquelas pessoas irradiando luz, muita luz, com muitos discípulos. A partir do momento em que entramos no Vazio, nos tornamos aquele mestre que desaparece do mundo. A partir do momento em que ingressamos na Verdade, estamos presentes em toda a parte. Estaremos em cada partícula do universo.

Quebrar o Vazio é algo que se aprende somente quando se alcança este estágio da meditação. Não se pode quebrar o Vazio com algo que não seja o Vazio. Também não se pode quebrar o Vazio com o próprio Vazio. Nessa hora, aparece a grande questão.

Não se queria a forma, mas se acaba caindo nela. Do Espírito para o Vazio, já é o estágio do inimaginável. Nos três primeiros estágios, ainda se consegue ter uma relativa linguagem. Quanto mais voltado para o Corpo, mais linguagem. Do Vazio em diante não existe mais linguagem. Até o Espírito, pode-se medir qualquer medida retrocedendo-a até alcançar o Um. No momento que se chega ao Um, tornamo-nos a própria luz infinita, uma consciência feito uma luz, atinge-se o Uno. Nessa hora, somos onipotentes. Com a onipotência e ainda encarnados, provavelmente nos tornamos um grande mestre. Seríamos o próprio Sagrado, o Uno, em pessoa.

Daí em diante, para entrarmos no quarto e no quinto passos, teríamos que sair de qualquer medida. Os instrumentos de medição, nesses casos, não funcionariam mais. Pode-se medir até o Um, em processo de retrocesso, mas do Um para trás, não dá mais para se medir. Não se pode usar o finito para medir o infinito. Não se pode usar a existência para medir a não-existência. A partir daí, não se ensina mais através das palavras. Muitas vezes, a pessoa atinge o Um e fica aguardando durante muito tempo o momento próprio para conhecer alguém que vá lhe dar essa Passagem. Porém, esse ensino, esse conhecimento, não é mais repassado através das palavras ou através doe ensinamentos palpáveis, como anteriormente foi feito.

Essa passagem do Um para o Zero e do Zero para a quebra do Zero...............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

Nota da Transcritora:

Sincronicamente, aqui terminou a fita de gravação desta aula.
Foi uma aula bastante longa, acontecendo em sua primeira parte, o Canto do Incenso seguido de entoação do Mantra e de Meditação. Foram gravadas, em suas totalidades, duas fitas de 60 minutos.
Infelizmente, a segunda fita interrompeu-se no momento em que se falava da impossibilidade do uso da linguagem...

Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por
WU JYH CHERNG,

em 19 de julho de 1994, sobre o Capítulo 7 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward.
O Título deste texto
A Alquimia Superior e os Cinco Esquecimentos
foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.

Capítulo 7
Tao Te Ching, de Lao Tse

O Céu é constante, a Terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do Céu e da Terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros.

Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança.
Além do corpo, o Corpo permanece.
Através do não-corpo, conclui o Corpo.