TAO TE CHING
O LIVRO DO
CAMINHO E DA VIRTUDE
LAO TSE, o
Mestre do Tao
Tradução e
Interpretação do Capítulo 23
do Tao Te
Ching, de Lao Tse,
por WU JYH
CHERNG
Transcrição e
Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro,
em 13 de dezembro de 1994
Capítulo 23
Falar pouco é
o natural
Um redemoinho
não dura uma manhã
Uma rajada de
chuva não dura um dia
De onde
provêm essas coisas?
Do Céu e da
Terra
Se nem o céu
e a terra podem produzir coisas duráveis,
Quanto mais
os seres humanos?
Por isso,
Quem segue e
realiza através do Caminho, adquire o Caminho
Quem se
iguala à Virtude, adquire a Virtude
Quem se
iguala à perda, perde o Caminho
Convicção
insuficiente leva à não-convicção
Falar pouco é o natural
O Taoísmo - como qualquer outra prática
mística -, inevitavelmente, expõe a pessoa a uma série de experiências
místicas.
De uma forma geral, o comportamento do
Taoísmo diante desses fenômenos ou dessas experiências que são adquiridos
através a meditação, do ritual ou de qualquer outra prática, é o de colocar
essas experiências de maneira menos significativa possível. Isto não significa intencionalmente reprimir
ou evitar, apenas não ficar alimentando ou especulando sobre esses fenômenos.
Todas as experiências interiores - e é
por isso que são interiores -, não têm necessidade de serem colocadas
exteriormente, de serem exteriorizadas.
Quando essas experiências interiores
são colocadas constantemente para fora, podem levar a pessoa a uma grande perda
de energia e também podem conduzir a consciência da pessoa para um caminho que
está fora da realização espiritual.
Por isso, o Taoísmo não incentiva o
cultivo do fenômeno.
Isto não quer dizer que na prática
espiritual do Taoísmo não aconteçam fenômenos.
Apenas que esses fenômenos devem ser encarados como nada e não
encarados como algo muito especial.
É muito comum se encontrar em outras
religiões os testemunhos daquilo que as pessoas passam a ver, a sentir, a ouvir
e tais fenômenos são entendidos como ‘prova de fé’, etc. O que realmente acontece é que tais
procedimentos podem levar as pessoas a uma posição muito radical e muitas vezes
até à histeria. Ou pode-se criar o
orgulho e a vaidade - coisas que nada ajudam.
Basicamente, o Taoísmo vê que a
Iluminação do Espírito não é necessariamente vinculada aos fenômenos
sobrenaturais.
Uma pessoa iluminada é uma pessoa que
tem uma lucidez interior, que tem uma consciência lúcida e que não
necessariamente se manifesta na vida cotidiana em forma de fenômenos
paranormais ou sobrenaturais.
Por outro lado, uma pessoa que tenha a
capacidade de provocar fenômenos extra-sensoriais ou paranormais não significa
que seja iluminada.
De uma forma geral, uma pessoa que
esteja a toda hora demonstrando fenômenos extra-sensoriais ou paranormais ou
sobrenaturais, normalmente, tem a consciência muito limitada, seu grau de
iluminação é muito limitado pela vaidade, pelo orgulho, pelo
auto-encantamento. Esse tipo de
pessoa costuma externar coisas que viu,
que ouviu, etc. Estas são exatamente
aquelas pedras que tentamos remover do caminho da realização espiritual.
Desse modo, o Taoísmo não enfatiza os
fenômenos: não foge deles mas não procura alimentá-los.
Pergunta:
Isso tem alguma coisa a ver com o
Hexagrama Obscurecimento da Luz?
Resposta de Cherng:
Certo.
Procuramos colocar a iluminação interiormente e não ficar
exteriorizando. Uma pessoa que venha
praticando a meditação há bastante tempo, naturalmente será levada à premonição. Na verdade, esse é um dos níveis rasteiros
que se pode atingir com a meditação.
Pode-se ir a níveis bem mais profundos, pode-se ver coisas acontecendo a
distância, pode-se prever coisas que ainda vão acontecer, pode-se ver
cenas... Tudo isso pode acontecer como
conseqüência da meditação. Nosso cérebro
é muito complexo, tem inúmeros departamentos que normalmente não utilizamos.
Através da meditação, quando a pessoa
relaxa profundamente, inúmeros pequenos canais de energia se desbloqueiam e
deles flui energia e essa energia pode acionar uma série de capacidades.
Essa abertura de energia pode acontecer
no campo dos fenômenos como em outros campos.
Também pode acontecer que a pessoa passa a ser muito ‘afiada’, sempre
tendo uma palavra pronta na ponta da língua, sempre conseguindo enxergar com
muita lucidez e conseguindo deduzir coisas com muita precisão. É aquele tipo de pessoa que ‘não perdoa nada’
e não deixa nada passar e vai interpretando tudo, todos os gestos e movimentos
e ações das outras pessoas e assim consegue demonstrar uma análise e uma
observação bastante aguçadas e afiadas.
Por isso, Lao Tse em outro Capítulo do
Tao Te Ching, diz ‘cegando-se o corte e desatando-se os nós’ - os nós são
bloqueios interiores. O fio da lâmina é
cortante, portanto, quando uma pessoa é ‘afiada’, ela é cortante. Quando uma pessoa tem uma consciência muito
polida, ela corta como uma faca afiada, apenas que em nível mais sutil.
O Hexagrama mencionado do I Ching,
Obscurecimento da Luz, diz que quando existe um excesso de luz, essa luz
fere. Quando há muitos raios solares, a
terra torna-se estéril. Quando uma
pessoa tem uma consciência muito afiada, ela tem uma consciência que corta,
portanto ela pode se tornar nociva para si mesma e para os outros. Nociva para si mesma porque essa pessoa vai
sempre continuar afiando sua faca. Se
mantivermos uma faca sempre polida e afiada, chega um momento em que não
teremos mais uma faca porque todo o metal será consumido pelo polimento
demasiado.
Igualmente, se toda a energia e toda a
consciência que conseguirmos através da meditação não forem discretamente
preservadas, serão gastas como o fio da faca.
Em relação às outras pessoas, essa faca
afiada pode cortar e lesar. Se uma
pessoa tem observações muito afiadas, suas palavras e suas deduções poderão
machucar e prejudicar as outras pessoas.
Os outros, provavelmente, não estarão prontos para receberem essa
‘cirurgia’ sem anestesia, sem o devido preparo.
Nesse caso, a pessoa muito ‘afiada’
precisa ser despertada por si mesma ou tentar ser menos afiada, tentar ajudar
os outros sem feri-los. Isso é o que Lao
Tse diz em relação às pessoas que chegaram a um nível muito afiado.
É preciso sermos menos exibicionistas,
falarmos menos. Nem sempre aquilo que
está em nossa mente deve ser falado.
Também nem sempre aquilo que é verdade para nós, deverá ser dito. Isso não
é para nos tornar hipócritas ou falsos mas sim para sermos mais
cautelosos com a nossa mente, com a nossa palavra, com o nosso gesto.
Cada gesto nosso gera uma causa que
gera um efeito, tanto em nós mesmos como em outras pessoas. Cada palavra nossa é uma causa que gera um
efeito.
Não falar em excesso, não fazer coisas
em excesso: maior cautela em relação aos nossos gestos. Não é um sentimento punitivo nem um
sentimento de culpa: ‘não faço e não digo nada porque não quero nem fazer nem
dizer coisas erradas’. Não, não é com
esse sentimento.
Devemos ter um sentimento, sim, de
afetividade com as pessoas. Essa
afetividade pode ser vista de forma mais intensa nos relacionamentos
afetivos. No relacionamento social amplo,
isso é mais ameno.
Quando uma pessoa está apaixonada por
outra, ela tenta não desagradar o outro.
A afetividade traz o cuidado em relação à outra pessoa. Esse sentimento de afetividade deve ser global,
universal.
Quando uma pessoa estende seu
sentimento de afeto a todas as outras pessoas, ela aprende a ser um pouco mais
cautelosa, não falando em excesso, tendo mais cuidado com as palavras e com os
gestos.
Isso não é para sermos egoístas - pelo
contrário, é para sermos menos egoístas.
Existem horas em que precisamos ser
determinados, precisos. Existem horas em
que precisamos ser mais resguardados.
Não com o sentimento de auto-proteção para não nos expor - porque isso
seria um sentimento egoísta.
O Taoísmo trabalha essencialmente com a
consciência universal e não com a consciência egoísta. Todo o tempo estamos trabalhando com a
consciência. O ar que respiramos vem das
outras pessoas e a elas retorna. A
energia de nosso corpo vem de outros corpos e a eles retornam. Energeticamente, somos todos uma só pessoa
com a mesma energia e o mesmo ar.
Dessa maneira, nós vivemos na
consciência universal e não na consciência egóica.
Quando uma pessoa se resguarda de dizer
coisas que iriam ferir ou prejudicar outras pessoas, ela não está sendo
egoísta. Embora que, por mais lúcidos
que iluminados que possamos ser, ainda não somos plenamente iluminados.
Até que ponto a verdade é verdade?
Toda a verdade é relativa. Mais ainda a verdade pessoal. Então, cultivar dentro de nós o sentimento de
afeto é fundamental. Isso faz parte de
nosso processo de conscientização. É um
processo de consciência universal e não de consciência egóica.
Lao Tse nos diz que temos três
Tesouros: o primeiro se chama
Afetividade; o segundo se chama Sinceridade; e o terceiro se chama Humildade.
O Taoísmo cultiva a sabedoria da água:
um pouco de água jogada dentro do mar faz parte do oceano, ou seja, deixa de
ser uma consciência egóica - um copo de água - para ser uma consciência
universal - a água do mar. A água do mar
é a água de todas as águas - e a água desce sempre para baixo.
Nesse sentido, hierarquicamente, dentro
do Taoísmo, o discípulo chama o Mestre de Mestre Pai - demonstrando seu
respeito - e o Mestre chama seu discípulo de Irmão, demonstrando que o
discípulo encontra-se no mesmo nível do mestre.
Isso é humildade, é sabedoria da
razão. E não é teoria. É prática.
Toda a filosofia do Taoísmo só faz sentido a partir do momento em que ela
se mostra prática. Somente a prática faz
o sentido da teoria. Por isso, o Taoísmo
se chama Taoísmo. Tao é o Caminho. O Caminho só tem sentido quando nele
caminhamos. Não adianta construir uma
grande estrada se ninguém anda nela... assim, logo a estrada desaparece.
A palavra Tao do Taoísmo significa
Caminho. Caminho só é caminho se alguém
nele caminha. A filosofia só é filosofia
quando alguém a vive - senão seriam meras especulações, meras palavras.
Por isso, logo no início deste
Capítulo, Lao Tse nos diz que ‘Falar pouco é o natural “. Ele não diz que falar pouco é bom nem diz que
falar muito é ruim. Ele apenas diz que
falar pouco é o natural. O natural é o
que é bom e o não-natural é o que não é bom.
O que é natural?
Natural é aquilo que está de acordo com
a lei do céu e da terra e dos homens. É
aquilo que está de acordo com o grande destino cósmico. É acordar quando o sol aparece e repousar
quando a noite desce - acordar junto com o dia e repousar junto com a
noite. Iluminar no momento da iluminação
e obscurecer no momento do obscurecimento.
É falar no momento das palavras e silenciar no momento das
não-palavras. Isso é que se chama de
‘natural’ e ‘falar pouco é o natural’.
Em seguida, Ele diz:
Um redemoinho
não dura uma manhã
Uma rajada de
chuva não dura um dia
Tudo o que é em excesso, se consome
rapidamente. Um vento muito forte não
dura muito tempo. Dura um tempo e
desaparece. Um vento mais brando, mais
ameno, pode soprar durante um dia inteiro.
Igualmente, na vida humana, o trabalho
constante não pode ser o fogo de palha que depois pode deixar a pessoa
frustrada. O burro de carga não anda
rápido mas pode andar dias seguidos carregando peso. O corcel corre rápido mas não carrega o peso
que o burro carrega. O caminho
espiritual está mais para o burro do que para o corcel.
Existe um ditado que diz mais ou menos
assim: Quem tem força de vontade, tem
força constante; quem não tem força de vontade, está constantemente tendo
vontade.
Existem aquelas pessoas que estão
sempre mudando de caminho, buscando coisas novas a serem feitas e que não levam
a cabo por um longo tempo, imediatamente mudando para outras coisas.
A verdadeira força de vontade é saber
ir caminhando constantemente.
Obviamente, existem, na vida, coisas que são feitas durante um longo
tempo e que, de repente, já não fazem mais sentido. No entanto, é bom que façamos as coisas pelo
menos cumprindo-as por etapas.
Se persistirmos em algo - mesmo que nos
seja difícil - fará com que conquistemos nossa persistência psicológica, a
nossa concentração e se colherão alguns frutos da vida. No mínimo, estaremos ganhando um treinamento
para a superação das dificuldades de levar as coisas até o final. Posteriormente, essa persistência se mostrará
útil em outras situações.
Por isso, o Taoísmo vê assim as
coisas:
Um redemoinho
não dura uma manhã
Uma rajada de
chuva não dura um dia
Isso é uma maneira metafórica de
falar. Sabemos que uma rajada de chuva
pode durar uma semana, um mês, um ano, dez anos - como aconteceu com Noé. Mas, um dia, dentro de um infinito tempo da
humanidade.... não passa de um pequeno pontinho dentro do tempo.
A visão do Taoísmo é exatamente a de
abrir nossa consciência para essa infinitude: não limitar nossa visão, procurar
abrir nossa consciência para o infinito futuro e para o infinito passado. Dessa maneira, nós poderemos respirar mais
longamente e mais profundamente, poderemos sentir mais a vida - não como uma
coisa pressionante mas como uma coisa mais aberta. Isso torna a vida mais alegre, mais fluida,
mais constante.
O Taoísmo é uma Tradição
espiritual/religiosa e mística de característica alegre. Não se encontra um Taoísta arrasado e
infeliz. Se estamos encarnados, temos
que viver a vida de forma rica, alegre, cheia de vitalidade e quando estivermos
desencarnados e passarmos para o outro lado, vamos viver o outro lado de
maneira rica, alegre, cheia de vitalidade.
Enquanto estamos vivendo na Terra não pensamos que a vida do outro lado
é melhor. E não precisamos entrar nas
profundezas do sofrimento para sabermos o que é o sofrimento. Precisamos sim, é sabermos nos colocar na
atmosfera da felicidade para desfrutarmos essa felicidade e desenvolvermos uma
força positiva para estendermos a mão para quem precisa ser puxado para cima.
Se temos um amigo arrasado e nos
sentimos arrasados junto com ele por empatia, não o estamos ajudando muito. Na verdade, precisamos é usar de nossa
alegria para puxarmos nosso amigo para fora de sua situação desagradável.
Devemos aprender a fazer as coisas
moderadamente, com um sentimento leve, suave e positivo, e fluir como a água do
mar.
De onde
provêm essas coisas?
Do Céu e da
Terra
Se nem o céu
e a terra podem produzir coisas duráveis,
Quanto mais
os seres humanos?
Nesses versos, Lao Tse nos coloca na
‘real’. O homem sempre quer produzir
grandes fenômenos. Não existe fenômeno
maior do que uma grande tempestade.
A arte moderna trabalha - não sei o
termo exato - com a expressão dos fenômenos.
Quando essas expressões são fortes, expressivas, provocantes, o artista
consegue um grande prestígio. As
criações são chocantes, como se fossem uma tempestade.
Não há expressão mais forte do que uma
tempestade. Uma tempestade nunca é igual
à outra. A arte, não. A arte - por mais
expressiva que seja - sempre traz a sua sombra.
As pessoas tentam criar algo que não se parece com nada. Antigamente, arte significa pincel e
tintas. Hoje são acrílicos, metais,
colagens, instalações... a arte não parece arte. Um joga cocô de cavalo na parede e o outro
faz um caldeirão de chocolate fervente.
Tudo isso parece ser uma expressão para cortar o cordão umbilical que,
na verdade, é incortável.
Não existe obra de arte mais intensa
que a própria natureza. Não existe
expressão tão expressiva quanto a de uma tempestade. E quem produz a tempestade? O céu e a terra.
Se o céu e a terra duram muito mais do
que nós, vivem muito mais do que nós, e suas expressões não duram uma manhã ou
um dia, imagine o que o ser humano poderia produzir da mesma maneira...
O que dura é aquilo que é constante,
que é contínuo.
A chuva fininha dura bem mais tempo do
que a rajada de chuva.
Por último, o que realmente dura?
O Vazio do Absoluto.
Até o universo, enquanto performance, é
passageiro. Só que um passageiro
constante. Mesmo assim, a expressão
dessa constância - como a fotografia - não dura. O próprio universo é contínuo, infinito.
A única coisa que verdadeiramente dura
para sempre é o Zero do Absoluto e o Um do universo. Tudo depois são simplesmente efeitos ou
fenômenos produzidos pelo céu e pela terra ou pelo próprio universo - que, por mais expressivo que seja, não dura
para sempre.
Dessa maneira, podemos
compreender: por que nos desgastar
tanto? Fenômenos sociais, familiares,
financeiros, políticos - ou o que for.
Nada dura para sempre.
Basicamente, o Taoísmo trabalha com
dois pontos:
-
Essencialmente, se pudermos viver o Absoluto, não estaremos presos a
nenhum fenômeno e por conseguinte, teremos todos os fenômenos dentro de nós
acontecendo naturalmente. Temos o dia, a
noite, a chuva, o fogo, a água, o vento, a família, o trabalho, o dinheiro, a
fama, o prestígio - tudo o que for necessário, naturalmente.
Quem tem a consciência do Zero, tem a
consciência que abraça todas as consciências e abraça todas as pessoas. Isso é uma vitória, uma felicidade. E a felicidade, desse modo, é a felicidade de
todas as pessoas. A nossa realização é a
realização de todas as pessoas.
-
Se não conseguirmos viver o Vazio, o Absoluto, de forma transparente,
pelo menos devemos tentar viver a vida de forma mais harmoniosa, mais
equilibrada e para isso, devemos tentar evitar as coisas em excesso, não levar
as coisas aos extremos. Também é preciso
não nos anular porque senão estaríamos caindo na outra extremidade do excesso:
excesso de Vazio, ausência das coisas, excesso de possuir coisas.
Por isso,
Quem segue e
realiza através do Caminho, adquire o Caminho
Voltando ao que falávamos, o Caminho só
tem sentido se se andar nele. Portanto,
segue-se o Caminho naturalmente e realiza-se através do Caminho. Uma vida espiritual só existe se
incorporarmos sua filosofia na nossa vida cotidiana.
Quem busca realizar o Tao em si mesmo
encontrará o Tao. Então, tornar-se-á o
Tao.
Quem se
iguala à Virtude, adquire a Virtude
Se o Caminho é a causa, a Virtude é o
efeito. Se uma pessoa tem um fundamento
espiritual dentro de si, todas as suas atitudes, seus gestos e sua vida girarão
em torno desse eixo.
Todos nós temos uma potencialidade com
uma característica própria e temos que viver bem essa forma de ser pessoal.
Quando a pessoa tem o seu eixo
equilibrado, todo o resto ao redor funciona.
Virtude é viver de acordo com o Tao.
O que é viver de acordo com o Tao?
É seguir e realizar através de seu
próprio Caminho - que é o Caminho da Consciência, o Caminho da Naturalidade, o
Caminho da Iluminação Interior.
Não conseguindo...,
Quem se
iguala à perda, perde o Caminho
O que é a perda?
É o excesso de palavras, excesso de
movimento, fazer o que não precisa, fazer o que não deve ser feito, falar o que
não é necessário, falar o que é prejudicial, ser afiado demais, ter muitas
preocupações, ter muitos pensamentos, ter o ego forte demais. Tudo isso é perda.
O ego é aquele que tira o nosso
espírito e transforma nosso espírito em pensamentos, conceitos e
preconceitos. Ego é aquilo que tira
nossa energia primordial e a transforma numa energia pesada.
As pessoas nascem com plenitude de
energia. Ao crescerem, chega um momento
em que começam a desgastar essa energia, dando espaço para as neuroses,
obsessões e manias.
Devemos ficar cada vez mais fortes
quanto mais velhos formos. Mais fortes,
mais saudáveis e mais inteligentes.
É preciso que aprendamos a nos
resguardar.
O Taoísmo essencialmente trabalha com a
Consciência. Comer bem, dormir bem,
trabalhar bem, tudo isso é saudável. Os
excessos tanto para mais quanto para menos, não são saudáveis.
Convicção
insuficiente leva à não-convicção
Existem pessoas que têm o Caminho e a
Virtude. Existem pessoas que não têm nem
Caminho nem Virtude e existem pessoas que não têm absolutamente nada, que não
têm qualquer convicção, não sabem de nada.
Essa frase parece querer falar daquelas
pessoas que nasceram sem querer, vivem por viver e morrem sem saber.
Dessa forma, o trabalho do Taoísmo é na
Consciência para incorporar todo esse Caminho dentro de nossa vida cotidiana.
Temos que saber viver o Tao nas pequenas
coisas; não adiante querermos viver o Taoísmo isolado da vida cotidiana. Assim, podemos transformar a loucura
cotidiana em vida normal sem precisar fazer da pratica espiritual uma terapia. Caminho espiritual não é terapia.
Existem pessoas que encaram a meditação
como uma terapia. A meditação não é uma
terapia. A prática espiritual é bom
senso. A terapia alivia as tensões... Depois de aliviar as tensões, temos que ter o
bom senso de mudarmos a nossa rotina
cotidiana.
Mestre Maa sempre diz: O Tao dá a vida para quem quer viver e dá a
morte para quem quer morrer.
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TAO TE CHING
O LIVRO DO
CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o
Mestre do Tao
Tradução e
Interpretação do Capítulo 23
do Tao Te
Ching, de Lao Tse,
por WU JYH
CHERNG
Transcrição e
Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de
Janeiro, em 13 de dezembro de 1994
Transcrição e
Síntese de Janine Milward
Foto: Sítio das Estrelas
A tradução
dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês
para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora
Ursa Maior,
sendo
hoje publicada pela Editora Mauad, São
Paulo, Brasil
Nesta mesma
Editora, encontra-se
a realização
da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao
Tse, o Tao Te Ching