# 38
"Venerável Mestre, disseram-me que o primeiro ser a aparecer no mundo foi chamado de Pankou. No princípio, o universo era como um tambor de pedra arredondado, e, passados muitos anos, a densidade dentro do tambor começou a se alterar. Dessa pedra nasceu Pankou, que moldou o universo na forma do Céu e da Terra, e depois se dividiu em muitos, muitos seres vivos. O nome dele literalmente significa 'grande trovão arredondado'. Será que isso quer dizer que o primeiro ser humano com seus descendentes foram moldados como tambores, e que todos os seres humanos são apenas como alguém que viva num tambor, ignorando o que se passa do lado de fora dele?"
"Gentil príncipe, quando eu caminhava ao lado do meu mestre, fiz-lhe a mesma pergunta. Meu gentil mestre cantou uma canção como resposta. Cantá-la-ei agora a ti, se conseguir me lembrar dela.
A Canção de Pankou
O velho Pankou nada sabe sobre o tempo
Nada sobre o espaço.
Nele a vida é da natureza de si mesma, basta a si mesma.
Ele de nada carece que esteja fora do seu ser.
A gênese do mundo é o exercício da sua mente.
Quando a mente dele começa a pensar, o mundo começa a se mover.
O mundo nunca foi criado por um desígnio específico.
Tampouco um fim lhe foi imposto.
O velho Pankou vibra o seu machado e entalha ritmadamente - disso advém o Céu, mas não como o pensais,
e a Terra, mas não como a vedes.
Tudo é o meio pelo qual é naturalmente.
Já que os jovens deuses que descendem
De Pankou seguem apenas o impulso,
Eles geram movimentos que perturbam o universo.
Os sábios anciãos quedam quietos
E observam o jogo de xadrez dos néscios.
Todas as mudanças no mundo
Se manifestam sobre o tabuleiro.
Vitória e fracasso se decidem
Nos elementos sutis que estão por trás dos movimentos.
Os sábios compreendem isso claramente
Eles, que amam a vida e valorizam
As palavras, continuam quietos e observam.
Ah, se os deuses tolos soubessem disso!
Haveria perfeita originalidade antes de qualquer movimento.
Isso é o que dá aos seres a oportunidade da vida.
Quando um movimento artificial é feito, a raiz sutil começa a morrer.
Quando a paz é perturbada, a energia vital se desvanece.
A bondade do velho Pankou se expressa
Em natureza harmoniosa.
A queda ulterior dos seus descendentes
Faz com que o conhecimento dos tesouros
Que estão ocultos na natureza
Venha a perder-se.
Eles o procuram em toda parte, criando movimentos devastadores, competitivos.
Se algum deles se mirasse no exemplo da vida do velho Pankou, será que poderia viver plenamente
Com a mesma natureza divina e imortal?
O velho Pankou jamais realizou movimentos que não fossem naturais.
A verdadeira senda do caminho divino com ele continua em movimento.
Se uma pessoa procura a senda fora de si mesma,
Descobrirá a sua sombra e deixará a substância verdadeira.
As vias divergentes da existência multiplicam-se bastante
Em cada geração.
A ovelha desgarrada não pode ser achada devido às muitas vias paralelas.
Desfeita a divergência, os Céus e as Terras, toda ovelha desgarrada e o velho Pankou
Tornam à unidade original.
O mundo bom e valoroso da vida ilimitada
Começa a se gerar de novo, sem ordem de ninguém.
Nada sobre o espaço.
Nele a vida é da natureza de si mesma, basta a si mesma.
Ele de nada carece que esteja fora do seu ser.
A gênese do mundo é o exercício da sua mente.
Quando a mente dele começa a pensar, o mundo começa a se mover.
O mundo nunca foi criado por um desígnio específico.
Tampouco um fim lhe foi imposto.
O velho Pankou vibra o seu machado e entalha ritmadamente - disso advém o Céu, mas não como o pensais,
e a Terra, mas não como a vedes.
Tudo é o meio pelo qual é naturalmente.
Já que os jovens deuses que descendem
De Pankou seguem apenas o impulso,
Eles geram movimentos que perturbam o universo.
Os sábios anciãos quedam quietos
E observam o jogo de xadrez dos néscios.
Todas as mudanças no mundo
Se manifestam sobre o tabuleiro.
Vitória e fracasso se decidem
Nos elementos sutis que estão por trás dos movimentos.
Os sábios compreendem isso claramente
Eles, que amam a vida e valorizam
As palavras, continuam quietos e observam.
Ah, se os deuses tolos soubessem disso!
Haveria perfeita originalidade antes de qualquer movimento.
Isso é o que dá aos seres a oportunidade da vida.
Quando um movimento artificial é feito, a raiz sutil começa a morrer.
Quando a paz é perturbada, a energia vital se desvanece.
A bondade do velho Pankou se expressa
Em natureza harmoniosa.
A queda ulterior dos seus descendentes
Faz com que o conhecimento dos tesouros
Que estão ocultos na natureza
Venha a perder-se.
Eles o procuram em toda parte, criando movimentos devastadores, competitivos.
Se algum deles se mirasse no exemplo da vida do velho Pankou, será que poderia viver plenamente
Com a mesma natureza divina e imortal?
O velho Pankou jamais realizou movimentos que não fossem naturais.
A verdadeira senda do caminho divino com ele continua em movimento.
Se uma pessoa procura a senda fora de si mesma,
Descobrirá a sua sombra e deixará a substância verdadeira.
As vias divergentes da existência multiplicam-se bastante
Em cada geração.
A ovelha desgarrada não pode ser achada devido às muitas vias paralelas.
Desfeita a divergência, os Céus e as Terras, toda ovelha desgarrada e o velho Pankou
Tornam à unidade original.
O mundo bom e valoroso da vida ilimitada
Começa a se gerar de novo, sem ordem de ninguém.
"Gentil príncipe, ter conhecimento é criar dúvidas, e ter dúvidas é criar a necessidade do conhecimento. Que seja o bastante dizer que o que tem nome nasceu do que não tem nome. O mundo descritível advém da Fonte Indescritível. Antes que a vida propícia seja espoliada, que tudo seja a sua própria verdade, pois a verdade de uma pessoa é a do universo inteiro. Que tudo se una à verdade do seu próprio ser.
"A totalidade da verdade apresenta-se a ti toda vez que piscas os olhos. Ela pode dançar na ponta do teu cílio. Estende-se tanto quanto pode o olho enxergar, e preenche tanto quanto pode a mente apreender. Existe em todo momento do tempo e em cada parte do espaço. Haverá algum instante que não contenha a verdade da vida? Algum lugar que não contenha a verdade da existência e da não-existência? Atenta para o exemplo do pinheiro. Que centímetro da árvore viva não é a verdade? Que hora vivida pela árvore não é a verdade? É possível a alguém negar isso?"
"Venerável Mestre, as pessoas das gerações futuras, durante a Era do Caos, serão capazes de compreender essa verdade?"
"Gentil príncipe, no futuro, na Era do Caos, as pessoas criarão muitos obstáculos para conhecer a verdade simples e apegar-se à própria cegueira e falsidade. Elas haverão de persuadir os outros a segui-las, e perseguirão os que não crêem; além do mais, travarão guerras contra eles.
"Gentil príncipe, a pessoa que busca a verdade a perde. A pessoa que quer apreender a verdade faz com que ela escape. Pelo fato de alguém deixar de lado a própria natureza em busca de algo exterior, essa pessoa despreza a verdade do seu ser. Ser é ser verdadeiro. A magnitude e a semelhança da verdade fazem parte deste segundo. Se não percebes a verdade desse momento, mil cavalos galopantes não a podem alcançar."
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. : O texto acima foi retirado do livro "Hua Hu Ching, os últimos ensinamentos de Lao Tzu", do autor Hua-Ching Ni, pela editora Pensamento, 1995 : .
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. : O texto acima foi retirado do livro "Hua Hu Ching, os últimos ensinamentos de Lao Tzu", do autor Hua-Ching Ni, pela editora Pensamento, 1995 : .
Foto: Sítio das Estrelas, lírios-do-brejo