Sendo Poeira de Estrelas, podemos voltar a ser uma Estrela?
Janine Milward
Lao Tsé finaliza seu Capítulo 7 do Tao Te Ching, assim nos afirmando:
Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo
O Homem Sagrado é aquele que já alcançou a Iluminação, possuindo, portanto, consciência iluminada e infinita, sabedora de sua herança da re-encarnação das estrelas do universo e contenedora do Espírito do Tao.
No momento em que o homem compreende que ainda cria para si e percebe que não deveria mais criar para si – e dessa forma alcançar a constância do céu – ele torna-se Homem Sagrado, ou seja, co-Criador de sua própria Criação, já a caminho do total desapego de seu corpo, já em busca de seu Corpo. É o Dagdhabiija, ou Semente Queimada, aquele que não mais cria para si sua própria criação, seu corpo dentro do Mundo da Manifestação.
O não criar para si seu próprio corpo dentro do Mundo da Manifestação significa realizar a Alquimia do Caldeirão. O Caldeirão é o próprio corpo, a criação dentro do Mundo da Manifestação em sua Eterna Mutação. Sendo conscientizada a realidade da mutação como criação, o Homem Sagrado passa a alquimizar seu corpo em Corpo – é o chamado Corpo de Luz. Na verdade, essa Luz é o Vazio, é o não-corpo – da duração à constância.
A iluminação da consciência ainda pressupõe a duração. Apenas adjuntada a iluminação e infinitude da consciência à iluminação e infinitude da vida é que se pode pressupor a constância.
O verdadeiro Homem Sagrado é aquele que alcança a iluminação e infinitude de sua consciência e a iluminação e infinitude de sua vida. Dessa forma, ele será a própria Criação, em sua constância e duração, em seu céu e sua terra, e criará esta Criação não para si... porque já estará entrelaçado ao Tao da Criação.
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Esse corpo feito de poeira de estrelas, já contendo em si mesmo a consciência iluminada e infinita, busca trazer para si mesmo a Luz dessas estrelas da qual faz parte - dentro da simultaneidade do universo.
Luz é matéria. Trazer a Luz à matéria do corpo é o trabalho realizado dentro do Caminho da Imortalidade ou Liberação. O Homem Sagrado, ao se aproximar e se fusionar mais e mais com o Espírito do Tao, gera e cria para si mesmo sua própria Luz, como se, pouco a pouco, fosse se tornando uma estrela, voltando a ser uma estrela, fazendo seu corpo acompanhar a Luz que já existe de forma subjetiva em sua consciência expandida, infinita e iluminada pela Luz do Tao.
Além do corpo, o Corpo permanece
Este processo alquímico vai acontecendo de forma que o corpo físico vai sendo "tomado" pela Luz que o ilumina, fazendo-o então tomar a forma de um Corpo de Luz. Esse Corpo de Luz é constante enquanto o corpo é duradouro.
Através do não-corpo, conclui o Corpo
Finalmente, o corpo físico, poeira de estrelas, herdeiro da re-encarnação das estrelas do universo, já plenamente fusionado à Luz do Espírito do Tao, deixa de ser corpo - agora é o não-corpo - concluindo o Corpo, o Corpo de Luz, o Corpo Espiritual.
Isso é a Imortalidade. No não-corpo da Imortalidade, a Criação surge como o Corpo, aquele que não cria para si. E não cria para si porque já está a caminho do Mundo da Não-Manifestação.
O corpo possui a Luz. O não-corpo possui o Vazio. O Corpo possui a Imortalidade. A Imortalidade é a não-mutação. A não-mutação advém do Tao. A única não-mutação é a própria eterna mutação. O Tao é a única não-mutação. A partir do Tao, o Tudo e o Todo e o Nada são mutações.
O Corpo de Luz do Homem Sagrado traz em si mesmo O Tao, O Caminho, e o Te, A Virtude, o tempo e o espaço, o céu e a terra, a constância e a duração e retorna à sua fonte primordial, volta a ser uma estrela.
(Uma estrela espiritual, certamente, pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, pronta a ser materializada no Mundo da Manifestação através da realização da mente).
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
Janine Milward
FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward