A Entrada na Encarnação
Janine Milward
Uma questão que vemos envolvida num bom trato com a Astrologia da Alma e do Autoconhecimento - ou outras formas de se pensar e agir a ciência dos céus subjetivos, a Astrologia -, é o fato de que não necessariamente (a meu ver, opinião absolutamente pessoal minha) entramos na encarnação nascendo em ninho familiar acolhendo os mesmos seres com quem vivenciamos determinada situações de vidas passadas e que estas determinadas situações fazem parte de nossa síntese de cumprimento de Karmas e de Dharmas constantes em nossas vivências nessa vida.
Eu penso que não é uma questão pessoal – entre seres que já conviveram literalmente entre si no passado – e sim uma questão absolutamente impessoal em termos dos seres com quem estamos convivendo nesta nossa vida atual.
O que acontece, a meu ver, é que neste nosso momento de encarnação e no ninho familiar em que somos acolhidos, outros seres também estão envolvidos e cumprindo seus próprios momentos de encarnação e cumprindo seus próprios Karmas e Dharmas de encarnação.
Não são questões pessoais diante de seres que pessoalmente já conviveram no passado, em outras vidas, e sim são seres que vieram à encarnação com esta intenção e que estão atuando neste ninho familiar para fazerem acontecerem suas vivências de Karmas e de Dharmas pessoais, entende – mas não são situações pessoais, não são ajustes de contas, digamos assim, e é importante que se defina essa questão como absolutamente impessoal e eu tenho a maior certeza de que, quando já estivermos em outro momento de vida, em outro ciclo de vida – ou mesmo em outra dimensão de Vida -, estaremos compreendendo isso de maneira bem clara.
E, da mesma forma, vão acontecendo nossas inserções em Karmas e em Dharmas sociais e financeiros e raciais, em heranças, etc.
Quer dizer, a vida, a meu ver, é como uma peça teatral que estamos vivenciando neste momento e cada um de nós é o ator ou a atriz principal desta peça teatral e vivenciamos esta nossa vida junto a outros atores e atrizes que também se julgam principais e todos vão cumprindo seus Karmas e Dharmas idealizados por suas Almas ao tecerem seus Riscos do Bordado ainda antes de suas entradas na encarnação.
E não existem situações pessoais de ‘ajustes de contas’, nem em termos agradáveis e nem em termos menos agradáveis: são situações absolutamente impessoais e de caráter absolutamente pessoal para cada um dos atores ou atrizes que fazem parte desta mesma peça teatral, apenas isso.
Complementando e tentando explicar mais claramente: nossos pais e irmãos e tios e avós e primos e etc. são seres cumprindo seus papéis nesta atual encarnação, nessa peça teatral que é a nossa vida. É oportuno, cabe, encaixa cada um dos papéis sendo vivenciados por cada ente familiar – sem que, no entanto, existam verdadeiramente laços familiares advindos de encarnações anteriores. Assim eu penso.
São cumprimentos de papéis, porém denominamos tudo isso de família e de vivências de Karmas e de Dharmas familiares, incluindo os Karmas financeiros e econômicos e sociais e raciais e culturais, etc.
Não necessariamente estas Almas teriam se encontrado em encarnações anteriores e não necessariamente estas Almas estarão se encontrando em encarnações posteriores. São Almas alquimizadas nesta atual encarnação para cada uma cumprir seu papel e os papéis de cada um fazem parte do conjunto das situações a serem vivenciadas.
Em outra dimensão, essas Almas – que encarnaram num mesmo ninho familiar, digamos assim -, podem até se reencontrar, sim, por que não? No entanto, voltam a ser simplesmente Almas coletivizadas e acolhidas por um mesmo Espírito, o Tao da Criação, Deus, como quer possamos denominar o Uno, o Absoluto, a Suprema Consciência.
Quer dizer, ao encarnarmos, pensamos que somos separados uns dos outros...., porém, ao retornarmos à uma Dimensão menos materializada, digamos assim, percebemos que Almas acontecem a partir de seus Espíritos próprios e esses Espíritos próprios são apenas uma fagulha de luz de um Sol..... ou seja, não existem fagulhas de luz de um Sol: existe apenas um Sol e o resto é apenas ilusão.
O que eu penso é que, num primeiro momento de nossas vidas, nossa história familiar nos parece ser alguma questão absolutamente indestrutível em nossas vidas. Quando as situações são agradáveis, temos prazer nestas questões que nos parecem absolutamente indestrutíveis; porém, quando as situações não são agradáveis, será que devemos continuar a termos prazer em considerar essas questões como absolutamente indestrutíveis?
Onde está nossa consciência absolutamente individualizada sobre nós mesmos – apesar de histórias ou agradáveis ou desagradáveis que podemos ainda trazer em nossas memórias de nossas histórias familiares do passado?
Histórias e Estórias
Histórias e Estórias desse passado ainda permanecem em minha vida, em minha mente, em minha memória..., porém são histórias e estórias que também fazem parte da vida de meus pais e de meus irmãos..., e cada um possui uma forma própria de não quebrar esse ciclo, essas histórias e estórias – porque são inquebrantáveis.
Objetos, fotografias, vozes, lembranças....: será o passado mesmo ou tudo ainda permanece no presente e ainda estará presente no futuro do passado que se tornou presente...
Porém, são histórias e estórias do passado e o passado vai se distanciado mais e mais e mais e mais, tornando-se apenas histórias e estórias...., e se eu as tiver que contar ou recontar, estarei aumentando um ponto – porque quem conta e reconta uma história ou estória, sempre aumenta um ponto.
Esse ‘aumento de ponto’ é a inclusão de minha consciência não somente sobre estas mesmas histórias e estórias como minha própria inserção nas mesmas através a minha própria consciência. Quer dizer, as histórias e as estórias continuam existindo em seus ciclos inquebrantáveis, sim, porém sempre a partir de minha própria consciência e da própria consciência de meus pais e de meus irmãos...., e, dificilmente, encontrar-se-ão coincidências fantásticas nessas histórias e nessas estórias.... porque pai e mãe e cada um dos irmãos fazem permanecer os ciclos inquebrantáveis, sim, porém através de suas próprias consciências.
Quer dizer, existe uma quebra nesses ciclos inquebrantáveis, ou seja, não existem ciclos inquebrantáveis e tudo apenas resta enquanto história ou estória... e quem quiser que conte outra.
Fotos, objetos, heranças, memórias..., tantas histórias e tantas estórias existem, não é verdade? E nossa veneração aos antepassados e respeito a aqueles que já representam o futuro dos ciclos formados pela família original?
Tudo isso existe, sim, porém a grande sacada, a meu ver, é compreendermos que somos tudo isso mas também somos muito antes de tudo isso e somos muito depois de tudo isso – quer dizer, na eternidade de nosso ciclo pessoal de nós mesmos, somos tudo aquilo que é nosso passado, de encarnações em zilhões de encarnações anteriores e somos tudo aquilo que é nosso presente nessa encarnação do aqui-e-agora e da qual temos essa nossa consciência egoica...; e somos tudo aquilo que é nosso futuro, em zilhões de encarnações posteriores.
Esse conceito da eternidade de nosso ciclo pessoal próprio e o fio da meada que nos une hoje à essa eternidade do passado e do presente e do futuro é aquilo que podemos chamar de Dharma. Dharma é aquilo que repousa no mais profundo de nosso âmago, no âmago do âmago. Dharma mora na Alma e a Alma mora no Espírito. E o Espírito mora no Tao, no Espírito do Tao.
Karma é ação e a ação acontece a partir de nossa materialização, de nossa encarnação. Karma de ações agradáveis e Karma de ações não tão agradáveis. Uma vez mais digo: o Risco do Bordado é uma síntese realizada pela Alma em termos de como vivenciar seu Dharma enquanto vai vivenciando essa síntese de Karmas a serem vivenciados, resgatados e exauridos nesta encarnação. E quanto mais pudermos evadir de histórias e estórias que nos agrilhoam como se únicas verdades fossem nesta nossa encarnação atual, melhor – porque estaremos nos proporcionando a oportunidade de trazermos à tona, do âmago de nosso âmago mais profundo, nosso Dharma inteiramente conscientizado. E o melhor da vida é quando a gente consegue aliar o Ego à compreensão real do Dharma, o Ego aliado à Alma. As histórias e as estórias ficam para trás e dá-se lugar para a eternidade de nós mesmos.
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward
Janine Milward
PHOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward