Transformação e Desapego




Transformação e Desapego


Wu Jyh Cherng



O grande ensinamento do I Ching nos fala da infinita transformação das coisas.  Todas as coisas estão constantemente em transformação.  A nossa impressão fotográfica não existe.  A imagem não pode ser mantida estática.

O apego às coisas faz o homem morrer e essa morte acontece a cada instante.  Todas as vezes que nos apegamos a alguma coisa, estamos morrendo um pouco.  Os apegos traumatizam nossa consciência e prejudicam nosso corpo.  Dessa maneira, o homem morre a cada instante, morre em sua consciência, morre em seu corpo.

A partir do momento em que o ser humano consegue viver a infinitude da transformação, ele não se apega mais à forma.  Se pensarmos que o universo em um princípio e terá um fim, estaremos nos condicionando dentro de um universo ilusório.

O universo é como uma grande corrente - um elo encadeando no outro - e portanto, é o próprio infinito.  O infinito é a própria vida.  A partir do momento em que nos tornamos a infinita transformação, não teremos a morte.  Teremos, sim, a Plenitude da Consciência e a Plenitude da Vida.

E quando a Vida e a Consciência infinitas forem um único ponto, um único elemento, o homem passa a ser chamado de Imortal.

Os grandes mestres taoístas ascensionados da antigüidade são chamados de Imortais.  Assim como o Buda é chamado de O Desperto.  O simbolismo não é muito diferente.  Existem as interferências culturais e também o propósito e a linguagem são um pouco diferentes.



Capítulo 2


Quando os seres sob o céu reconhecem o belo como belo
Então isso já se tornou um mal
E reconhecendo o bem como bem
Então, já não seria um bem

A existência e a inexistência geram-se uma pela outra
O difícil e o fácil completam-se um ao outro
O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
O alto e o  baixo inclinam-se um pelo outro
O som e a tonalidade são juntos um com o outro
O antes e o depois seguem-se um ao outro
Portanto,
O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra

Os dez mil seres fazem-se mas não para se realizar
Iniciam a  realização mas não a possuem
Concluem a obra sem se apegar
E, justamente por realizar sem apego
Não passam.

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fotos - sitio das estrelas, janine



Texto  extraído das transcrição da gravação da Aula  ministrada por Wu Jyh Cherng, em maio de 1994,  sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e os Títulos dos Textos foram idealizados por Janine e não fazem parte dos textos originais concernente a cada um dos Capítulos apresentados.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching


A Tomada da Consciência



A Tomada da Consciência


Wu Jyh Cherng


Encontramos dois tipos de religião:

-          a religião patriarcal
-          a religião ancestral

O Taoísmo é uma religião ancestral, ou seja, não é uma doutrina fundamentada na palavra de uma pessoa, especificamente.

O Taoísmo é uma Tradição que tem seus ensinamentos fundamentados em todos os mestres que buscaram o Tao, desde os tempos imemoriais.  Historicamente, podemos encontrar textos escritos há mais de sete mil anos, escritos pelos mestres que já buscavam e alcançaram o Tao, realizando o Tao em si mesmos.

A religião ancestral não determina de onde ela nasce e onde será seu fim.  Esse é um conceito paralelo ao conceito sobre o universo.  No Taoísmo, não se considera que exista um começo ou um fim no universo.  Simplesmente, o universo é a própria infinitude.  Essa infinitude não tem princípio e não terá fim.

Temos que entender, então, que:

-          O Taoísmo é uma Tradição religiosa ancestral, mística e espiritual.
-          A busca espiritual do homem pode ser uma necessidade existencial ou uma necessidade mística.

A necessidade existencial faz as perguntas:  quem sou eu, de onde venho, para onde vou?  Qual é o porquê de tudo isso?  Qual é o sentido de eu viver?  Tudo termina?  Se não termina....?

A pessoa entra em aflição, se desespera e parte para uma busca existencial.

Existe a necessidade mística de se saber o que existe além daquilo que eu vejo...?  ..... no além do visível, do racional, do compreensível: uma ânsia de viver profundamente a vida.

Na crise existencial, a religião é procurada para preencher todas as limitações.

Na necessidade mística, o que impera é o desejo de viver profundamente a vida.  mesmo que a vida seja a parte manifestada do Tao.

O Taoísmo é uma Tradição religiosa que soma estes dois conceitos.

O Tao, do lado do Céu Anterior, fala do Vazio, do estado de libertação das prisões da vida, das limitações e da ignorância.  Quem alcança o Vazio do Tao sai das limitações e da ignorância.

Mas, por outro lado, o Taoísmo considera que o próprio universo manifestado - que pode ser compreendido como aquele que aprisiona a alma da pessoa - também ele é a própria manifestação do Tao.

O Taoísmo, então, propõe que vivamos profundamente a vida.

Todo o tempo estamos trabalhando com esta fusão.  O Taoísmo compreende que tudo é indivisível e, ao mesmo tempo, didaticamente, nos faz perceber esta  diferenciação, essa polarização, devido ao nosso nível de consciência.

Dessa maneira, fundimos a questão existencial com a questão mística.  Fundimos o Vazio do Absoluto com a Onipotência do Universo, vivemos profundamente a vida e nos libertamos da prisão da vida.

Os grandes mestres taoístas sempre dizem que devemos viver profundamente a vida sem sermos prisioneiros da vida;  que devemos nos libertar totalmente da vida sem nos afastarmos da vida.

No momento em que se precisa da liberdade da vida e nos afastamos dela (pensando conseguir esta liberdade), estamos criando uma polarização.

Se vivemos profundamente a vida e somos prisioneiros dela, também estamos em outra polaridade.

Para vivermos profundamente a vida sem sermos prisioneiros da vida e para nos libertarmos da prisão da vida sem nos afastarmos da vida - para podermos viver essa condição -, precisamos ter uma virtude: 

A Naturalidade.

Saber fluir como a água, saber nos transformar, saber que todas as coisas estão em contínua transformação, ampliar nossa consciência, nos harmonizando com todas as coisas que estão em  torno de nós, tomar a consciência da integridade das coisas e aceitar nossa vida atual.

Na prática, temos que conhecer quem somos nós, conhecer nossos defeitos, nossas impossibilidades, nossas impotências, nossos apegos, nossos desejos.

Então, após podermos comandar a consciência da realidade, é possível começarmos a trabalhar.

Como poderíamos transformar algo que não sabíamos bem o que?
Primeiramente, temos que ter a consciência.


No Taoísmo, trabalha-se principalmente no desenvolvimento da consciência.  A maioria das pessoas não querem pensar nas coisas, não querem trabalhar sua consciência.  Os vícios e os apegos, normalmente são transformados após a tomada de consciência, com a transformação da consciência.

O Taoísmo trabalha sempre na compreensão equilibrada das coisas.  Sempre procuramos o caminho do equilíbrio.  É preciso haver disciplina espiritual, sem radicalidades, sem extremismos.

Na meditação, é fundamental que haja a disciplina diária: 10, 15 minutos que vão transformando a pessoa pouco a pouco.

Como viemos de um acúmulo de vícios e apegos de vidas anteriores, Tomar a Consciência significa trabalhar o caminho espiritual de uma maneira gradual, progredindo aos poucos - mas progredindo - e não regredindo.

Também não adianta tentar mudar vícios e apegos de um dia para outro, radicalmente, porque o retorno à vida anterior pode ser ainda mais danoso.

Caminhando devagarinho um dia se olha para trás e se realiza que já se andou bastante.

Existe um ditado chinês que diz:

Quem tem força de vontade está sempre tendo força de vontade.
(ou seja, a pessoa projeta sua meta e a realiza)

Quem não tem força de vontade está sempre tendo vontade.

(ou seja, a pessoa está todo o tempo mudando suas vontades e criando força de vontade para poder caminhar... e não vai conseguir).

Capítulo 2


Quando os seres sob o céu reconhecem o belo como belo
Então isso já se tornou um mal
E reconhecendo o bem como bem
Então, já não seria um bem

A existência e a inexistência geram-se uma pela outra
O difícil e o fácil completam-se um ao outro
O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
O alto e o  baixo inclinam-se um pelo outro
O som e a tonalidade são juntos um com o outro
O antes e o depois seguem-se um ao outro
Portanto,
O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra

Os dez mil seres fazem-se mas não para se realizar
Iniciam a  realização mas não a possuem
Concluem a obra sem se apegar
E, justamente por realizar sem apego
Não passam.

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foto - sitio das estrelas, janine



Texto  extraído das transcrição da gravação da Aula  ministrada por Wu Jyh Cherng, em maio de 1994,  sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e os Títulos dos Textos foram idealizados por Janine e não fazem parte dos textos originais concernente a cada um dos Capítulos apresentados.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching


Não-Ação e Não-Palavra - Wu Wei e Wu Yen



Não-Ação e Não-Palavra
 Wu Wei e Wu Yen

Wu Jyh Cherng



O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra


Não-ação e não-palavra são dois conceitos específicos do Taoísmo.

Não-ação é o famoso conceito do Wu Wei e a não-palavra é Wu Yen.

Na verdade, temos que entender não-palavra como palavra-não-intencional, a que não tem intenção, pronunciada sem intenção e não pronunciada com intenção.

Wu Wei é a ação-não-intencional.  Fazer as coisas simplesmente, e não fazer as coisas através de uma intenção.  No entanto, não devemos confundir a não-ação com não-fazer-nada.  Constantemente, os mestres taoístas nos alertam sobre isso, sobre esse conceito que poder ser bastante distorcido.

Wu Wei significa fazer as coisas naturalmente, fazer o que tiver que ser feito, não deixar de agir, não acrescentar desnecessários afazeres e não fugir do que deve ser feito.   Não reduzir nem acrescentar, simplesmente fazer o que é natural.

Tudo na natureza é natural.  O sol é natural, a lua é natural, o mundo é natural, a árvore, calor, frio.  O sol nasce sempre dentro de seus ciclos cósmicos bem como a lua.  Por que então o ser humano teria que fazer alguma coisa que não esteja de acordo com a natureza?  A natureza age naturalmente, ela tem sua própria e natural ordem.


Por isso, Lao Tse, em outro Capítulo, diz:

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
E o Caminho se orienta por sua própria natureza


Assim, o homem deveria recuperar a sua naturalidade integrando-a com tudo o que está na terra.  E  fazendo parte de tudo o que está na terra, ele se integra com tudo o que está no céu, ou seja, no cosmos.

Como tudo no cosmos é o fruto do Tao, é a parte manifestada do Tao, então o homem deve se integrar com a parte invisível que esse todo abrange.

A partir desse momento, tudo se torna o Tao e, dentro dessa grande condição, todas as coisas acontecem dentro de uma naturalidade e se cria uma ordem que não é uma norma e sim a ordem natural das coisas.

O Taoísmo enfatiza a ordem natural das coisas.  Valorizar a ordem natural das coisas é deixar as coisas fluírem.  Deixar as coisas fluírem significa viver cada coisa e cada instante de nossa vida, de nosso destino, de forma natural.

Não fugindo das coisas - o que seria uma má interpretação; não vivendo a vida modificando-a intencionalmente - o que seria contrariar a naturalidade.

Esse é o simbolismo do caminho das águas: ela nasce no alto da montanha, vai descendo a serra, sempre correndo pelos caminhos mais apropriados, simplesmente correndo, e fluindo até encontrar o oceano.  No oceano, ela evapora e sobe ao céu onde se transforma em nuvem.  Então chove, a chuva entra na terra, forma a fonte e assim vai, infinitamente transformando..

O grande ensinamento do I Ching nos fala da infinita transformação das coisas.  Todas as coisas estão constantemente em transformação.  A nossa impressão fotográfica não existe.  A imagem não pode ser mantida estática.

O apego às coisas faz o homem morrer e essa morte acontece a cada instante.  Todas as vezes que nos apegamos a alguma coisa, estamos morrendo um pouco.  Os apegos traumatizam nossa consciência e prejudicam nosso corpo.  Dessa maneira, o homem morre a cada instante, morre em sua consciência, morre em seu corpo.

A partir do momento em que o ser humano consegue viver a infinitude da transformação, ele não se apega mais à forma.  Se pensarmos que o universo em um princípio e terá um fim, estaremos nos condicionando dentro de um universo ilusório.

O universo é como uma grande corrente - um elo encadeando no outro - e portanto, é o próprio infinito.  O infinito é a própria vida.  A partir do momento em que nos tornamos a infinita transformação, não teremos a morte.  Teremos, sim, a Plenitude da Consciência e a Plenitude da Vida.

E quando a Vida e a Consciência infinitas forem um único ponto, um único elemento, o homem passa a ser chamado de Imortal.

Os grandes mestres taoístas ascensionados da antigüidade são chamados de Imortais.  Assim como o Buda é chamado de O Desperto.  O simbolismo não é muito diferente.  Existem as interferências culturais e também o propósito e a linguagem são um pouco diferentes.


Capítulo 2


Quando os seres sob o céu reconhecem o belo como belo
Então isso já se tornou um mal
E reconhecendo o bem como bem
Então, já não seria um bem

A existência e a inexistência geram-se uma pela outra
O difícil e o fácil completam-se um ao outro
O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
O alto e o  baixo inclinam-se um pelo outro
O som e a tonalidade são juntos um com o outro
O antes e o depois seguem-se um ao outro
Portanto,
O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra

Os dez mil seres fazem-se mas não para se realizar
Iniciam a  realização mas não a possuem
Concluem a obra sem se apegar
E, justamente por realizar sem apego
Não passam.

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foto - sitio das estrelas, janine



Texto  extraído das transcrição da gravação da Aula  ministrada por Wu Jyh Cherng, em maio de 1994,  sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e os Títulos dos Textos foram idealizados por Janine e não fazem parte dos textos originais concernente a cada um dos Capítulos apresentados.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching


A Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado



A Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado


Wu Jyh Cherng



Qual é a diferença entre o Iluminado e o não-iluminado?

O não-iluminado tem a consciência dentro do corpo e o Iluminado tem o corpo dentro da Consciência.

Normalmente, sentimos que estamos dentro do nosso corpo e não conseguimos ter a consciência daquilo que está fóra de nós.  Parece então que a consciência vem de dentro para fora e começa-se a compreender coisas de dentro para fora.  Isso é uma pessoa comum.

Uma pessoa iluminada tem a consciência fora de seu corpo.  Não apenas de seu próprio corpo como também fora de todos os corpos que existem.  A partir daí, esta pessoa abraça todos os seres dentro de si feito os milhares pontinhos de luz, de poeirinha, dentro de um mundo de luz.  Esse é o sentimento e o estado de quem está Iluminado.  Dentre esses milhões de pontinhos que existem dentro dessa luz, muitos pontinhos podem significar os antigos corpos ou mesmo o corpo atual que ainda permanece, dessa pessoa que atingiu a Iluminação. 

No entanto, tudo muda, aquela poeirinha desaparece dando lugar à outra poeirinha, porém a Consciência permanece.  Esse é o estado da Imortalidade.  Imortalidade não é apegar-se radicalmente a esse corpo de carne e não deixá-lo transformar-se.  Imortalidade é uma Consciência que permanece e então, o corpo transforma-se, naturalmente.
.............................................


Capítulo 4

O Caminho é um Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres.

Cegando-se o corte
Desatando-se o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste.


.....................................

foto - sitio das estrelas, janine


Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 14 de junho de 1994,  sobre o Capítulo 4 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e o Título deste texto
A  Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado
 foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching




Atividade Mental, Pensamento, Consciência




Atividade Mental, Pensamento, Consciência


Wu Jyh Cherng


O excesso de conhecimento conduz ao esgotamento


Excesso de conhecimentos” significa excesso de pensamentos, de julgamentos. 

Em cada julgamento, cada pensamento que temos, nossa consciência é consumida, transformando nossa consciência pura em consciência maculada.   Perdemos então a infinitude da consciência pura e passamos a ter o pensamento finito.  Quanto mais pensamentos, maior julgamento, menos consciência.  Quanto mais atividade mental, menos consciência.  Essa é uma questão que as pessoas não estão acostumadas a ouvir.  

Para a maioria das pessoas, uma pessoa consciente é aquela com a cabeça cheia, que pensa muito e portanto, é muito consciente. 

Não. 

A consciência não tem nada a ver com a quantidade de pensamentos.  O pensamento não é uma consciência. O pensamento, muitas vezes, atrapalha a consciência. 

Quem tem consciência pode ter o pensamento como instrumento de trabalho. 

 Para quem não tem consciência, o pensamento torna-se um instrumento que atrapalha.  Para a consciência, o pensamento é um instrumento de trabalho.




Capítulo 5


O Céu e a Terra não são bondosos
Tratam os dez mil seres como cães de palha
O Homem Sagrado não tem piedade
Trata os homens como cães de palha.

O espaço entre o Céu e a Terra se assemelha a um fole
É um vazio que não distorce
Seu movimento é a contínua criação.

O excesso de conhecimento conduz ao esgotamento
E não é melhor do que manter-se no meio.


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foto - sitio das estrelas, janine



Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 21 de junho de 1994,  sobre o Capítulo 5 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward.

O Título deste texto
Atividade Mental, Pensamento, Consciência
 foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching



A Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado




A Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado


Wu Jyh Cherng



Qual é a diferença entre o Iluminado e o não-iluminado?

O não-iluminado tem a consciência dentro do corpo e o Iluminado tem o corpo dentro da Consciência.

Normalmente, sentimos que estamos dentro do nosso corpo e não conseguimos ter a consciência daquilo que está fóra de nós.  Parece então que a consciência vem de dentro para fora e começa-se a compreender coisas de dentro para fora.  Isso é uma pessoa comum.

Uma pessoa iluminada tem a consciência fora de seu corpo.  Não apenas de seu próprio corpo como também fora de todos os corpos que existem.  A partir daí, esta pessoa abraça todos os seres dentro de si feito os milhares pontinhos de luz, de poeirinha, dentro de um mundo de luz.  Esse é o sentimento e o estado de quem está Iluminado.  Dentre esses milhões de pontinhos que existem dentro dessa luz, muitos pontinhos podem significar os antigos corpos ou mesmo o corpo atual que ainda permanece, dessa pessoa que atingiu a Iluminação. 

No entanto, tudo muda, aquela poeirinha desaparece dando lugar à outra poeirinha, porém a Consciência permanece.  Esse é o estado da Imortalidade.  Imortalidade não é apegar-se radicalmente a esse corpo de carne e não deixá-lo transformar-se.  Imortalidade é uma Consciência que permanece e então, o corpo transforma-se, naturalmente.
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Capítulo 4

O Caminho é um Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres.

Cegando-se o corte
Desatando-se o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste.


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foto - sitio das estrelas, janine milward

Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 14 de junho de 1994,  sobre o Capítulo 4 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e o Título deste texto
A  Consciência do Iluminado e do Não-Iluminado
 foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se ainda no prelo a realização da publicação, em breve,
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching




O Conceito Inicial sobre o Tao, o Caminho



O Conceito Inicial sobre o Tao, o Caminho

Wu Jyh Cherng

O Caminho é o Vazio, palavras de Lao Tse ao iniciar seu Capítulo 4 do Tao Te Ching,  expressam o conceito inicial sobre o Tao, ou seja, o Caminho.


O Tao, como Absoluto, é uma espécie de Vazio.  Vazio não como ausência das coisas mas sim a possibilidade de permitir as coisas nascerem dentro de si.

Se você não tem o Vazio, não tem como viver.

Em qualquer lugar, tem que haver um vazio para poder haver ventilação, para poder haver espaço. 

Esse Vazio jamais poderá ser esgotado pelo uso: você pode pegar um giz e ir escrevendo até que termine mas o vazio que Abrande o giz jamais acaba. 

O Tao é uma condição passiva e ao mesmo tempo criativa que permite que todas as coisas nasçam dentro de si.  Por isso, Ele diz:

O Caminho é o Vazio


A força do tao, a energia do Tao é como se fosse uma espécie de vazio, inexoravelmente profundo e amplo, chegando até a origem de toda a existência e cobrindo todas as coisas que existem no universo.  A energia do Tao é inesgotável.


Na prática mística do Taoísmo, tentamos nos colocar num estado interior similar ao Tao, similar a esse Vazio, para que esse Sopro, essa Energia do Tao  possa penetrar e fluir dentro de nós de uma maneira desimpedida.

Podemos imaginar todos os seres humanos que existem na Terra tentando captar a energia que existe dentro do Absoluto, ainda assim essa energia do Absoluto jamais acaba.  Se estendermos nosso pensamento a todas as espécies de seres dentro do universo, novamente jamais esses seres poderiam consumir todas as forças, todas as energias que esse Absoluto dispõe.

O que faz com que o ser humano tenha uma vida mais curta, uma consciência  mais limitada, é exatamente o apego ao seu ego, fazendo com que ele se considere uma espécie de ser isolado desse Absoluto.  A partir daí, esse bloqueio faz com que as energias desse ser tornem-se mais limitadas e condicionadas.  Esse condicionamento da energia vital limita a vida.

Numa prática espiritual, é preciso que recuperemos essa condição incondicional de viver, permitindo que todas as forças que existem no universo entrem e saiam dentro de nós de uma maneira completamente sem impedimentos.  Isso nos torna mais vivos e faz com que nossa consciência se amplie.

Capítulo 4

O Caminho é um Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres.

Cegando-se o corte
Desatando-se o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste.

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 foto - sitio das estrelas, janine milward

Este texto é extraído da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 14 de junho de 1994,  sobre o Capítulo 4 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng.

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward e o Título deste texto
O Conceito Inicial sobre o Tao, o Caminho
foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.

A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
 e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

 Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching