O Eterno Retorno
Janine Milward
O fio da existência é advindo do Mundo da Manifestação ou Céu Posterior através da Luz e da Não-Luz, certamente. Porém, a existência é advinda da não-existência – o Mundo da Manifestação é o espelho do Mundo da Não-Manifestação ou Céu Anterior.
Lao Tsé nos diz em seu Capítulo 40:
O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência
O Mundo da Não-Manifestação é a própria não-mutação, ou seja, a única coisa que nunca entra em mutação é a própria não-mutação que somente existe no Mundo da Não-Manifestação e é exatamente aquilo que Lao Tsé nos diz que não se têm palavras para falar sobre, ou para se definir... É o Tao.
O Mundo da Não-Manifestação ou Céu Anterior – Wu Chi -, no entanto, não possui qualquer dualidade, apenas a Unidade, o Absoluto, Paramapurusa, Tao, Deus – o Tao da Criação.
E no Mundo da Não-Manifestação, em não havendo lugar para a dualidade – apenas para a Unidade absoluta – então, poderia nos trazer a idéia da Imortalidade, certamente. Dessa maneira, a palavra Imortalidade poderia ser sinônima de Unidade absoluta.
....... Apenas não podemos nos esquecer que o Tao está ainda além do Tudo, do Todo e do Nada....
Lao Tsé nos diz que o próprio Tao, o Caminho, faz brotar sua semelhança dentro de si mesmo – em sua absoluta interiorização, constância e não-mutação realizadas pelo Mundo da Não-Manifestação – dando berço à Criação advinda Mundo da Manifestação, ou seja, o Caminho realiza uma movimentação.
A movimentação realizada pelo Caminho em seu espelhamento plenamente interiorizado é a própria Criação.
No entanto, essa Criação é apenas um espelho do Caminho e sendo assim, sempre a Ele retorna – por ser Seu absoluto pertencimento.
Chegamos, então, à conclusão de que o movimento do Caminho em seu retorno é o princípio primordial do conceito da mutação, ou seja, existe uma movimentação entre o Caminho e a Criação, entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação.
A verdade é que essa movimentação dá berço ao Mundo da Manifestação. O Mundo da Manifestação existe a partir da mutação.
Não podemos nos esquecer, entretanto, que o Tao, o Caminho é plenamente interiorizado - assim como o Mundo da Não-Manifestação que acolhe e realiza o Mundo da Manifestação..., que, por sua vez, possui tanto interiorização quanto exteriorização.
Sendo o Tao, o Caminho, absolutamente interiorizado, constante e não-mutável, a mutação constante e existente dentro do Mundo da Não-Manifestação, se expressa na Criação – em seu Eterno Retorno.
Assim, a Criação, antes de mais nada, é o espelhamento do Tao, o Caminho, e cabe dentro Dele – que possui apenas a plenitude da interiorização.
A Criação – nascendo dentro do útero do Tao, o Caminho – em seu processo de eterna mutação, vai apresentar a constância da realização da duração, ou seja, a Criação, em sua multiplicidade, vai sempre se metamorfoseando, transformando, mudando, transmutando em tempo e espaço e em seu Caminho de eterno retorno – realizando assim, o movimento do Caminho dentro do Mundo da Manifestação.
A Criação – em sua multiplicidade e coletividade – apresenta sua exterioridade (na medida que toda a Criação cabe dentro do Mundo da Não-Manifestação advindo do Tao, o Caminho), bem como apresenta sua interioridade (na medida que é espelhamento do Tao, o Caminho, que é absolutamente interiorizado).
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
JANINE MILWAD
JANINE MILWAD
foto: Sítio das Estrelas