A Alquimia do Caldeirão Transmutação do corpo físico em Corpo de Luz



A Alquimia do Caldeirão
Transmutação do corpo físico em Corpo de Luz

Janine Milward

A Alquimia do Tao é a transmutação do corpo físico em Corpo de Luz adquirida através do processo da meditação que alcança, inicialmente, a plenitude e infinitude da consciência do Homem Sagrado fusionada à Consciência Suprema e seguida pelo processamento da matéria em pura Luz, alcançando, assim, a infinitude do corpo fusionada à infinitude do tempo e do espaço do Tao.

No Caminho da Iluminação o que se pretende alcançar é a infinitude da consciência, a plena e total iluminação da consciência, a expansão ilimitada da consciência.

Essa consciência já vem fusionada com o Espírito que por sua vez já se fusionou com o Sopro Primordial, a Alma, e O Elixir da Vida é uma energia concreta, objetivada – que pode, porém, ser perdida.

Dessa forma, com o Elixir da Vida adquirido, o Caminhante parte, então, para o reprocessamento desse Elixir, tornando-o mais e mais preservado e amadurecido.

Então, esse novo caminho é o Caminho da Liberação ou Imortalidade e o que se pretende alcançar é a infinitude da vida, a plena e total iluminação da vida, a expansão ilimitada e infinita da vida.

Para tanto, é preciso que o Caminhante tenha realizado seu Elixir da Vida e alcançado seu patamar de consciência iluminada e infinita dentro do Caminho da Iluminação.

O Elixir da Vida pressupõe conter em si mesmo a própria essência da vida: o mestre é co-autor de sua própria criação e da totalidade da Criação, junto à Mente Cósmica. Sendo assim, o mestre trabalha em si mesmo a criação da Vida, da Luz – ou seja, a representação plena da Mente Cósmica através da Luz materializada plenamente.

Nosso corpo físico acolhe em si mesmo, na encarnação, nossa Alma coletivizada que carrega consigo o Espírito unitário. No entanto, nosso corpo físico – mesmo que seja absolutamente perfeito para a realização da encarnação no sentido de, através do ego e de sua motoração, realizar o projeto de Trabalho e de Iluminação a que a Alma se propõe quando realiza seu descenso à encarnação. Porém, sabemos todos que esse corpo físico, como uma boa máquina, um dia pára de trabalhar, e se desfaz... vira pó ou cinzas... enquanto a Alma novamente ascende para fusionar-se ao Espírito unitário, carregando consigo a mente e o grau de expansão da consciência atingido na encarnação. 
Assim, nosso corpo físico é um corpo amorfo em cuja vida acontece a partir do Sopro Primordial e do Espírito que nele passam a habitar.

Quando o mestre realizou seu Caminho da iluminação, alcançando a plenitude de sua mente em sua iluminação e infinitude, sua relação com o corpo físico adquire uma nova conotação, uma forma de ser e de viver bastante diferenciada do resto dos outros seres. E por que? Porque o mestre iluminado já passa habitar seu eu interior, sua interiorização máxima como um todo, observando não apenas a si mesmo externamente como um corpo físico que serve à sua Alma e Espíritos fusionados bem como também toda a natureza em torno de si.

Em sendo a mente espelhada e materializada através da Luz e Não-Luz, o mestre com mente iluminada e infinita, plenamente interiorizado dentro de seu corpo físico, passa a trabalhá-lo intensamente no sentido de também a este trazer Luz e Não-Luz em uma transformação alquímica poderosa...

E por que assim acontece? Possivelmente porque a continuidade de vida na Criação pressupõe o nascimento de mais e mais estrelas, corpos de luz que proporcionam vida à Vida.... e também será através desse processo que o mestre com a mente iluminada e infinita se torne Mestre – aquele que tem poder de vida, vida iluminada e infinita e que, mesmo encarnado, proporciona vida à Vida dos seres que em torno Dele giram.

À medida que o mestre vai se tornando Mestre e trabalhando seu Corpo de Luz, sua força e energia de luz e vida transparece visivelmente, ampliando ilimitadamente sua aura, atraindo a si os seres necessitados de sua mente iluminada e infinita e da luz de vida que sua própria encarnação oferece. Dizem que tais mestres exalam luz através das fendas de seu corpo físico, exalam energia de tal intensidade que seus discípulos se sentem como planetas amorfos girando em torno do grandioso Sol doador de vida.

Durante o processo de transmutação do corpo físico em Corpo de Luz, o Mestre realiza o amadurecimento completo de seu Elixir da Vida. Esta Vida instala-se assim como uma semente pronta a desabrochar, uma criança prestes a verdadeiramente nascer – o Feto Sagrado, a gestação a um ser de luz dentro de si mesmo. Esse sentimento de estar gestando um Ser de Luz não é ilusório ou subjetivo, não, é real mesmo: começa a surgir no ventre do Caminhante uma energia condensada extremamente poderosa.

Quando o Feto Sagrado se torna totalmente amadurecido surge o Corpo Solar ou Corpo de Luz ainda interiorizado dentro do Caminhante. Existem Mestres que são tão iluminados por este Corpo Solar que iluminam qualquer lugar onde chegam!

Finalmente, este Corpo Solar é exteriorizado e a partir desse momento, o Caminhante Iluminado passa a trabalhar seu próprio corpo físico , seu Caldeirão, para torná-lo apto a se interiorizar totalmente dentro do Corpo Solar – que passa a ser o corpo real e alquimizado do Caminhante Iluminado e prestes a se tornar um Imortal, O Homem Sagrado.

Assim, o Elixir da Vida plenamente amadurecido é reprocessado até que se torne pura Luz.... primeiramente inteiramente interiorizada... até que seja plenamente exteriorizada e o Homem Sagrado se revista de seu Corpo de Luz.

Essa é a Alquimia do Tao. Essa Alquimia surge a partir da constância do Céu e da duração da Terra, ou seja, da fusão dos elementos do Mundo da Não-Manifestação com os do Mundo da Manifestação....isso traz a eternidade. Isso é a Vida, assim é a constante mutação da Criação, ao longo de seus vários ciclos, em vários estágios e dimensões.

Lao Tsé nos revela o segredo da Criação quando nos fala sobre a constância, a infinitude do Mundo da Não-Manifestação e a mutação do Mundo da Manifestação e nos diz que constância e mutação podem acontecer porque realizam o desapego em relação a tudo que criam.

No Caminho da Imortalidade ou Liberação, na realização da Alquimia do Caldeirão, o Mestre imita o segredo da Criação através da transmutação e desapego de seu próprio corpo físico e amorfo, transformando-o em corpo de luz, em vida iluminada e infinita com mente iluminada e infinita.

O céu é constante, a terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros
Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás
E o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo (5)

Com um abraço estrelado,
Janine Milward
Foto: Sítio das Estrelas, Janine


Mestre Jesus, o Iluminado, encontrando seu momento de Liberação ou Imortalidade: a Páscoa da Ressurreição




Mestre Jesus,
o Iluminado,
encontrando seu momento de Liberação ou Imortalidade:
a Páscoa da Ressurreição

Janine Milward

Penso que Mestre Jesus teria sido um ser que teria adentrado na encarnação que conhecemos já tendo alcançado seu estado de Iluminação em sua plenitude e, ao longo de sua vida, foi tecendo seu Caminho da Liberação ou Imortalidade - e mostrado ao mundo que foi bem-sucedido nesta empreitada, através sua Ressuscitação e Ascenção aos Céus.

A bem da verdade, eu penso que esta semana que antecede a Páscoa (O Renascimento), é um momento ímpar para que nos aprofundemos na Espiritualidade... e não somente dentro das práticas cristãs mas também através as demais práticas religiosas e espirituais advindas do pensamento oriental que viemos apresentando nesta Página - o Tao e o Tantra primordiais a partir dos conceitos ministrados pelos Mestres Lao Tse e Srii Srii Anandamurti.

Quer dizer, o pensamento espiritual oriental trata das mesmas questões que foram tratadas por Mestre Jesus, apenas que em tons diferenciados, certamente.

Quando Mestre Jesus apresentou aos seus discípulos o Pão e o Vinho abençoados e lhes disse que fizessem isso em Sua memória, estaria deixando claro que o alcance dos Caminhos da Iluminação e, posteriormente, da Liberação ou Imortalidade, são alcançados somente através a encarnação propriamente dita, através a vida materializada propriamente dita!

No entanto, sua Ressuscitação, seu Retorno à Vida Infinitizada e Iluminada, mostrou que existe muito mais além da materialização da vida tão somente! Quer dizer, a vida existe na materialização plena e a Vida continua através sua Eternização, sua Infinitização.

O Caminho da Iluminação é alcançado durante a vida materializada e o Iluminado retorna a esta vida materializada até conseguir tecer seu Caminho da Liberação ou Imortalidade - e tudo isso dentro da vida materializada, da encarnação propriamente dita, certamente.

O Caminho da Iluminação pressupõe vida e retorno à vida materializada. O Caminho da Liberação ou Imortalidade pressupõe Vida Infinitizada e Iluminada e o retorno à vida materializada depende do desejo deste Ser Iluminado e Liberado ou Imortal - diferente do Iluminado que precisa retornar à encarnação, sem dúvida.

Não sei dizer se Mestre Jesus teria retornado à encarnação ou não - alguns dizem que sim. Porém, sinto que Mestre Jesus, dentro da encarnação que se nos revelou ao mundo, teria alcançado sua Liberação ou Imortalidade - pois que teria entrado na vida, teria nascido, já como um Ser Iluminado.
Boa Páscoa a todos!

Com um abraço estrelado,
Janine Milward
Foto: Sítio das Estrelas, Janine - campo de Cosmos

O Caminho da Iluminação: Mente Iluminada e Infinita



O Caminho da Iluminação: Mente Iluminada e Infinita

Janine Milward

Quando o Caminhante, após um longo tempo de trabalho espiritual através do exercício do Tao, o Caminho e do Te, a Virtude, e do aprofundamento na meditação, alcança, finalmente, a infinitude e iluminação da mente, já não mais existe retorno ou mesmo estacionamento neste mesmo Caminho, não.

A infinitização e a iluminação da mente pressupõem que o Caminhante – já Homem Sagrado – possa se tornar o co-autor de sua própria criação bem como de todo o restante da Criação. Isso porque ele já realizou a fusão de sua mente coletivizada, Jiiva, com a Mente Unitária, a Mente Cósmica, Shiva.

Porém, a infinitização e a iluminação da mente não retiram o Caminhante da Samsara, a Roda da Vida, as encarnações em um Planeta de materialização plena, assim como a Terra, porque é ainda dentro da vida encarnada que a preservação do Elixir da Vida pode ser amadurecido e processado – questões que serão tratadas quando o Caminhante se colocar no Caminho da Imortalidade ou Iluminação.

No entanto, o fato de possuir a mente infinita e iluminada e o Elixir da Vida em sua essência já fazendo parte da mente, certamente leva o Caminhante, neste estágio, a compreender que não existe outro caminho a ser realizado dentro da encarnação!

Se acontecer do Caminhante ainda dentro da mesma encarnação tiver tempo para trabalhar o seu Elixir da Vida realizando seu Caminho da Imortalidade ou Liberação, ótimo. Se não, o Caminhante sai desta vida carregando em sua mente a essência do Elixir da Vida e na encarnação seguinte, ‘desperta’ para a vida espiritual já com sua base plenamente bem estruturada – porque já traz consigo a infinitização e iluminação da mente bem como a essência do Elixir da Vida bem preservada.

Dessa forma, o Caminhante, após seu jovem ‘despertar’, já como mestre, possivelmente conseguirá, em sua nova encarnação, realizar plenamente o processamento da essência do Elixir da Vida em real vida – a Alquimia do Caldeirão, a transmutação de seu corpo físico em Corpo de Luz – o Caminho da Imortalidade ou Liberação, que lhe trará também a iluminação e a infinitização de seu corpo físico, transformando o Caminhante – já como Homem Sagrado – em uma Estrela de Seis Pontas, aquela que bem realiza a fusão entre o céu e a terra, entre mente e vida e Mente e Vida Cósmicas.

É por isso, então, que o alcance da mente iluminada e infinita – o que já significa uma longa viagem espiritual, certamente, não retira o Caminhante da Roda da Vida, a Samsara, ao contrário, exatamente por possuir a expansão plena de sua mente, este compreende que é somente dentro da encarnação, da materialização que a vida advinda do seu Elixir da Vida poderá realmente acontecer.

No entanto, entre uma encarnação e outra, o Caminhante, o mestre, já poderá usufruir e compartilhar da companhia de seres mais elevados e isso faz com que a mente iluminada e infinita não se perca da essência do Elixir da Vida e permaneça ativa, aguardando o momento adequado para uma nova descida à materialização do corpo físico.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante




O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante

 Janine Milward



Os conceitos fundamentais e estruturais para uma melhor compreensão do Tao e do Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse, o Mestre do Tao, já são apresentados no Capítulo 1 em sua primeira estrofe.

"O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante
O Nome que pode ser expresso não é o Nome Constante"


Primeiramente, Lao Tse nos diz que não existe linguagem possível que possa alcançar a verdadeira essência do Tao, ou seja, o verdadeiro Tao está além de qualquer linguagem, bem como além de qualquer possibilidade de manifestação tanto do consciente quanto do inconsciente.

Jacques Lacan, discípulo direto de Freud e filósofo e psicanalista, nos disse que: "O inconsciente é estruturado como uma linguagem". Assim, é possível que o inconsciente seja acessado e decodificado - como acontece com a linguagem.


Quanto ao Tao, no entanto, nada, nada, pode verdadeiramente denominá-lo. Nem todo o inconsciente que traz à tona toda a sabedoria e conhecimento do universo pode falar acerca da realidade do Tao.

Sendo o Tao a única possível constância do Todo e do Tudo, a única possível realidade que é imutável, Lao Tse a Ele se refere como impossível de se referenciar. Quando algo semelhante ao Tao é referenciado, já não é o Tao verdadeiro, é apenas algo que se pode referenciar como Tao, como O Caminho.

"O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante"

Não podendo ser referenciado de nenhuma forma, do Tao parte o princípio criador e formador de todas as coisas. Esse princípio, primordialmente, ainda é a não-vida, a não-existência, a não-forma, a não-realidade - que dá berço à vida, à existência, à forma, à realidade. Esse é o Wu Chi, o Mundo da Não-Manifestação, onde o Tudo e o Todo - o céu e a terra - são gestados ainda dentro do Ventre do Tao.

"Sem-Nome é o princípio do céu e da terra"

Sem-Nome, então, é o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação que dá criação ao Tudo e ao Todo, o Mundo da Manifestação, Tai Chi.

O Mundo da Manifestação, Tai Chi, inclui o Tudo e o Todo advindos do Mundo da Não-Manifestação.

No entanto, o Tudo faz ainda parte da idéia de totalidade advinda do Tao do Mundo da Não-Manifestação. O Todo faz parte da idéia da totalidade advinda do Tao do Mundo da Manifestação. O Tudo ainda é indefinível enquanto o Todo já pode ser definido e identificado. Assim, O Todo adquire um nome.

"Com-Nome é a mãe das dez mil coisas"

Dessa maneira, na primeira estrofe do Capítulo 1 Lao Tse nos apresenta o Tao e a total impossibilidade de se falar sobre Ele em sua essência. Quando alguma linguagem passa a se referir sobre o Tao, então, já não é mais o Tao essencial e sim, o Tao através de alguma forma ou linguagem. Também nessa primeira estrofe, Lao Tse nos introduz á estrutura da formação do Tudo e do Todo do qual somos parte: o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação e o Tai Chi, O Mundo da Manifestação - conceitos fundamentais e estruturais de compreensão da verdadeira natureza do céu e da terra.


Na segunda estrofe, Lao Tse nos reforça a necessidade de não nos desviarmos do sentido da Constância: somente o Tao é constante. Sendo assim, tudo aquilo que se deve fazer em relação à busca do Tao estará contido dentro da constância. Todo o resto, é entendido como duração, ou seja, algo que tem seu começo, seu meio e seu fim.... para que seja transmutado em um novo começo..... infinitamente, porém, dentro da duração, da cisão, da separação, da descontinuidade. Apenas o Tao, O Caminho, se encontra dentro da constância, da continuidade.

Assim, nos dois primeiros versos da segunda estrofe, são demonstradas duas formas distintas, porém dentro da mesma essência, de se vivenciar o Tao, O Caminho, praticando o Te, A Virtude: a constância da não-aspiração e a constância da aspiração.

A não-aspiração é agir o Te, A Virtude, apenas por agir, sem intenção, ou seja, sempre praticando o Wu Wei, a não-ação. Não-ação não significa nada fazer.... significa sim, fazer quando deve e como deve ser feito no momento em que deve ser feito, fluindo junto ao Tao, naturalmente, sem que conscientemente se use a intenção de fazer algo. Agindo naturalmente, certamente o Caminhante estará agindo dentro da natureza do Tao - essa é a não-ação. Lao Tse usa o termo Maravilhas para nos elucidar sobre o Tudo e o Todo que o Tao pode nos proporcionar através de suas manifestações.

"Assim,
A constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas"

A aspiração, que aparece no segundo verso da segunda estrofe, é também agir o Te, A Virtude, apenas que nesse momento, usando a vontade, a intenção de seguir rumo ao Tao, rimo ao Caminho, buscando suas Maravilhas através da contemplação do Orifício. O Orifício é o instante supremo do Revirão do universo, o instante supremo onde e quando o Mundo da Manifestação se encontra com o Mundo da Não-Manifestação - ou seja, quando se está muito, muito próximo ao Tao, ao Caminho.

"A constante aspiração é contemplar o Orifício"

Essa aspiração é constante, ou seja, a meta do Caminhante é sempre, sempre, alcançar o Tao, O Caminho e com Ele se fusionar plenamente, é retornar ao Mundo da Não-Manifestação - para então continuar sua Jornada, seu Caminho. E a não-aspiração também é constante porque é movida, inspirada pelo Tao, pelo Caminho, exercendo, naturalmente, O Wu Wei, a não-ação, a naturalidade advinda do Tao e que a Ele retorna.

"Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem"

Na última parte da segunda estrofe, completando o Capítulo 1, Lao Tse nos revela o Mistério. O Mistério é a verdadeira saída do Mundo da Manifestação e a verdadeira entrada no Mundo da Não-Manifestação. O Mistério dos Mistérios é, ao se tornar o Homem Sagrado, tendo adquirido a Iluminação e a Imortalidade, o Caminhante atravessa o Portal que ainda o separava da verdadeira essência do Tao, do Caminho. O Portal está ainda além do Mundo da Não-Manifestação, já faz parte do Sem-Nome.

"O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas"

A partir daí, da travessia do Portal, tudo retorna a seu começo, ou seja, retorna ao primeiro verso da primeira estrofe do Capítulo 1 do Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude.

"O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante
O Nome que pode ser expresso não é o Nome Constante"

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TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse

Tradução do Mestre Wu Jyh Cherng


CAPÍTULO 1

O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas

Assim, a constante não-aspiração  é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração  é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas


Não-aspiração: significa a ausência de intenção.
MIAO: Maravilha, significa as manifestações do Caminho.
Aspiração: significa a manutenção da vontade.
CHIAO: tem dois sentidos, 1º) Luz, Claridade ou Cor Branca; 2º) Orifício, Cova ou Abertura.  SHUEN: tem dois sentidos, 1º) Mistério; 2º) Cor Negra.
SHUEN é a convergência e a anulação dos opostos.





TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Capítulo 1
Interpretação de Janine Milward

você encontrará outras interpretações de Capítulos do Tao Te Ching realizadas por Janine

A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior
e hoje é publicada pela Editora Mauad, São Paulo.
Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

O Vazio e o Céu Anterior - O Céu Posterior e a Criação - Constância e Duração






O Vazio e o Céu Anterior

O Céu Posterior e a Criação


Constância e Duração



Janine Milward



O Caminho é o Vazio

Lao Tsé, bem ao começo de seu Capítulo 4, ao tentar nos elucidar sobre o Tao, o Caminho, nomeia-o de Vazio – querendo significar, a meu ver, que sobre o Tao, o Caminho, não se fala, não se tem como falar... 

No entanto, na continuidade da primeira estrofe, o Mestre deixa claro que este Vazio está eternamente pleno de toda a Criação.

É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres.

Os 'dez mil seres' simbolizam a Criação e a raiz dessa Criação é oriunda do Vazio.


E Lao Tse nos revela as formas simples – o Te, a Virtude - que podem ser usadas por esta mesma Criação – nós, os seres que usam suas mentes – para alcançar este Vazio. 

Alcançar este Vazio, o Tao, o Caminho, significa, então, compreendermos que somos e podemos retornar a nos tornamos tão límpidos e puros quanto este Vazio (nomeado agora por Lao Tsé de existência eterna) ao mesmo tempo que nos isenta de qualquer identificação ou filiação... não sei de quem sou filho. 


Límpido como a existência eterna
não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste


Alcançar este Vazio, o Tao, o Caminho, significa compreendermos que o Tao, o Caminho, o Vazio, está muito além da Criação - quando Lao Tsé nos esclarece que fazemos parte de algo, o Tao, o Vazio, o Caminho, que é o Criador do criador... (este, o criador, denominado por Lao Tse de Rei Celeste).

Sendo assim, parece-me que restam-nos a compreensão de que, por um lado, existe algo que podemos chamar de Tao, o Caminho, o Vazio – mesmo que nada mais possamos falar sobre isso... - e, por outro lado, existe algo que podemos chamar de Criação e que a esta Criação pertencemos... Mesmo que esta Criação acabe, em última instância, compreendendo que é anterior ao seu Criador e mais ainda, que o próprio Criador advém do Tao, o Caminho, o Vazio – sobre o qual não se fala (porque não se tem como falar), não existe linguagem que possa falar sobre o Tao.

O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante

O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas

- assim nos diz Lao Tse, em seu Capítulo 1.

Poderíamos, então, pensar em dois mundos que abarcassem não somente o Vazio e a Criação como também a própria dicotomia do fato da Criação ser ainda anterior ao próprio Criador, o Rei Celeste, Deus... Assim, podemos nomear o Céu Anterior e o Céu Posterior, o Mundo Não-Manifestado e o Mundo Manifestado.

O Céu Anterior, o Mundo da Não-Manifestação, pode ser compreendido também como uma manifestação do Tao, do Caminho, do Vazio.... porque sobre o Mundo da Não-Manifestação também não se fala, apenas se sente, se pressente... Certamente, podemos nos referir a ele como sutil, inefável, de existência eterna, o berço de todos os berços, o Princípio Primordial de onde tudo parte e para onde tudo retorna, a Fonte Original, o Absoluto, o Supremo Uno, o Uno, a Consciência Suprema.... Enquanto estivermos usando a linguagem para falarmos sobre o Mundo da Não-Manifestação, estaremos ainda o posicionando no Portal, na fronteira entre os dois Mundos...

E mais: ao começo de tudo e ao final de tudo, compreendemos que sempre há um antes do começo e um depois do final.... e que apenas existe – se é que podemos usar o verbo existir – o Mundo da Não-Manifestação... mesmo que o Tao, o Caminho, o Vazio, ainda esteja para além do Mundo da Não-Manifestação...

O Mundo da Manifestação, o Céu Posterior, é certamente também uma manifestação do Tao, o Caminho, o Vazio... porém sobre este Mundo podemos falar e podemos nos referir a ele sempre em termos cíclicos e em constante mutação: como sutil, como materializado, como sutil novamente, num ciclo incessante, sempre mutante, sendo sua existência manifestada em multiplicidade de existências duradouras, sempre em constante mutação em seus ciclos.... é a Criação. O Mundo da Manifestação possui forma - seja através de que maneira esta forma se manifesta.... - e existe a linguagem que abarque toda esta forma, ou seja, a forma está sempre permeada pela linguagem.

A Criação e toda a vida pertencente à Criação faz parte da duração. Tudo isso é o Mundo da Manifestação. No entanto, a constância da Vida já é algo pertencente ao Mundo da Não-Manifestação.

A Vida possui constância e esta constância é sempre manifestada através a duração das vidas que têm seus começos, seus meios e seus finais.... para novamente acontecerem, no Mundo da Manifestação, enquanto novas vidas realizadas a partir da Vida constante advinda do Mundo da Não-Manifestação. 

A Vida é constante e manifesta-se através da duração de cada vida.

Talvez, para exemplificarmos de uma maneira mais simples, podemos denominar o Céu enquanto constante e a Terra enquanto duradoura - tendo em mente que o Céu estaria representando o Mundo da Não-Manifestação e a Terra, o Mundo da Manifestação. O Céu traz o conceito da ilimitação, da infinitude, da não-forma, da inefabilidade..., enquanto a Terra traz o conceito da limitação, da forma finita, da materialização.

No Capítulo 7 do Tao Te Ching, Lao Tsé nos fala mais claramente ainda sobre a constância e a duração:

O céu é constante, a terra é duradoura

O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros


Dentro do ato da Eterna Mutação do Mundo da Manifestação, existe a constância do céu e existe a duração da terra. E ambos fazem a eterna mutação acontecer através do fato de que `não criam para si', ou seja, atuam enquanto suas próprias naturezas junto ao Tao, agem o Wei Wu Wei, a não-ação, a ação sem intenção - uma das Virtudes, Te, que devem nortear o Caminhante.

Em seu Capítulo 2, ao começo da segunda estrofe, Lao Tse nos diz:

A existência e a inexistência geram-se uma pela outra

Quando Lao Tse diz: "A existência e a inexistência geram-se uma pela outra", ele já está nos levando a adotarmos, a assumirmos a compreensão ditada pela impermanência de tudo no universo: a eterna mutação é a única não-mutação possível dentro do Tao da natureza.


Com um abraço estrelado,
Janine Milward

FOTO: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine

Trecho extraído do meu livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO


TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta Editora, também estão publicadas as interpretações de Wu Jyh Cherng sobre os 81 Capítulos do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse

O Tudo e O Nada e o Todo



O Tudo e O Nada e o Todo

Janine Milward de Azevedo

O Eterno Retorno - Mutação e Não-Mutação – Existência e Não-Existência - O Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação (Wu Chi e Tai Chi) - Totalidade e Unidade - Fim e Começo – Constância e Duração – O Vazio


Eu penso que sempre Lao Tsé, o Mestre do Tao, é quem melhor nos responde a todas nossas questões. Assim ele faz através de vários Capítulos de sua obra maior, O Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude. 

Alguns desses belíssimos poemas serão transcritos abaixo juntamente com minha interpretação sobre os mesmos, de forma a exemplificar minha tentativa de compreensão sobre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação.

Em seu Capítulo 40 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, o Mestre do Tao, Lao Tsé, nos diz:

O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência

O Tudo é aquilo que pertence ao Tao, ao Caminho. O Tao primordial gera o Tao da Natureza que por sua vez cria o Tudo. Sendo assim, desse Tudo podemos apenas compreender sobre o Todo, ou seja, sobre a parte que pertence àquilo que foi criado advindo do Tudo.

Os seres sob o céu nascem da existência
A existência é o Todo.
E a existência nasce da não-existência

A não-existência é o Tudo. Ela se chama não-existência não por não existir e sim por existir ainda antes da própria existência, certamente em outra dimensão diferente da dimensão que conhecemos como pertencente à existência.

A existência pertence ao Mundo da Manifestação e a não-existência já faz parte dos domínios do Mundo da Não-Manifestação.

O Todo é o próprio Mundo da Manifestação enquanto que o Tudo é advindo do Mundo da Não-Manifestação.

Dentro da co-relação entre esses dois mundos, existe o Eterno Retorno, a constante mutação, aquilo que propicia o Fim e o (re) - Começo.

O Fim é algo pertencente apenas ao Mundo da Manifestação, ou ao Todo. O Todo tem, um dia, o seu final.

Dessa forma, o Nada trafega entre os Mundos da Manifestação e da Não-Manifestação porque é o determinante do Eterno Retorno, da constante mutação a partir da instalação do Vazio Absoluto.

O Nada ou o Vazio, é aquilo que determinará o re-preenchimento do Todo a partir do Tudo. O Tudo é infinito, interminável, absoluto, eterno em sua eterna eternidade. O Tudo é filho do Tao da Natureza.

O Tudo é filho do Tao da Natureza e o Todo é filho do Tudo. E o Nada - ou o Vazio -, faz a ponte entre ambos, é a necessidade que se coloca para o (pretenso e aparente) preenchimento deste Nada ou Vazio.
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Ainda sobre o Tudo e o Todo e seu ponteamento a partir do Nada, Lao Tsé nos diz em seu Capítulo 7:
O céu é constante, a terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros

Assim, o céu é a expressão simbólica do Tudo, que é constante. E a terra é a expressão simbólica do Todo, que é duradouro. O fato de ambos "não criarem para si" é que faz surgir o Nada, ou seja, entre a duração do Todo e a constância do Tudo, existe o Fim e o Começo, existe a Eterna Mutação, o Eterno Retorno.

Um dia, nosso universo teve seu começo, hoje ele vive, e um dia ele haverá de terminar. Sendo o universo nossa alma coletiva, um dia esse universo simbolizado em Mundo da Manifestação, ao terminar, re-lançará nossa alma coletiva ao Mundo da Não-Manifestação através da ponte do Nada ou Vazio Absoluto.

A partir do Nada ou Vazio Absoluto, o Tudo providenciará (advindo do Tao da Natureza) o re-começo do Todo, instaurando um novo Mundo da Manifestação através de um novo universo que surja a partir (possivelmente) de um buraco negro do universo anterior que se tornou a semente a explodir e fazer nascer o novo universo.... Este é o Eterno Retorno.

Tudo sempre está em eterna mutação sob o Tao da Natureza. A única possibilidade de Não-Mutação é a própria realidade da eterna mutação.
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Lao Tsé, o Mestre do Tao, através do seu Capítulo 1 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, nos fala, com a mais pura transparência, sobre O Tao, O Caminho, em seu Mundo da Não-Manifestação e seu Mundo da Manifestação, que ele denomina de Sem-Nome e Com-Nome.

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe das dez mil coisas

Os conceitos fundamentais e estruturais para uma melhor compreensão do Tao e do Livro do Caminho e da Virtude, já são apresentados no Capítulo 1 em sua primeira estrofe.


Primeiramente, Lao Tsé nos diz que não existe linguagem possível que possa alcançar a verdadeira essência do Tao, ou seja, o verdadeiro Tao está além de qualquer linguagem, bem como além de qualquer possibilidade de manifestação tanto do consciente quanto do inconsciente.


Jacques Lacan, discípulo direto de Freud e filósofo e psicanalista, nos disse que: "O inconsciente é estruturado como uma linguagem". Assim, é possível que o inconsciente seja acessado e decodificado - como acontece com a linguagem.


Quanto ao Tao, no entanto, nada, nada, pode verdadeiramente denominá-lo. Nem todo o inconsciente que traz à tona toda a sabedoria e conhecimento do universo pode falar acerca da realidade do Tao.


Sendo o Tao a única possível constância do Todo e do Tudo, a única possível realidade que é imutável, Lao Tsé a Ele se refere como impossível de se referenciar. Quando algo semelhante ao Tao é referenciado, já não é o Tao verdadeiro, é apenas algo que se pode referenciar como Tao, como O Caminho.


O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante

Não podendo ser referenciado de nenhuma forma, do Tao parte o princípio criador e formador de todas as coisas. Esse princípio, primordialmente, ainda é a não-vida, a não-existência, a não-forma, a não-realidade - que dá berço à vida, à existência, à forma, à realidade. Esse é o Wu Chi, o Mundo da Não-Manifestação, onde o Tudo e o Todo - o céu e a terra - são gestados ainda dentro do Ventre do Tao.

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra

Sem-Nome, então, é o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação que dá criação ao Tudo e ao Todo, o Mundo da Manifestação, Tai Chi.

O Mundo da Manifestação, Tai Chi, inclui o Tudo e o Todo advindos do Mundo da Não-Manifestação..


No entanto, o Tudo faz ainda parte da idéia de totalidade advinda do Tao do Mundo da Não-Manifestação. O Todo faz parte da idéia da totalidade advinda do Tao do Mundo da Manifestação. O Tudo ainda é indefinível enquanto o Todo já pode ser definido e identificado. Assim, O Todo adquire um nome.


Com-Nome é a mãe das dez mil coisas

Dessa maneira, na primeira estrofe do Capítulo 1 Lao Tsé nos apresenta o Tao e a total impossibilidade de se falar sobre Ele em sua essência. Quando alguma linguagem passa a se referir sobre o Tao, então, já não é mais o Tao essencial e sim, o Tao através de alguma forma ou linguagem. Também nessa primeira estrofe, Lao Tsé nos introduz á estrutura da formação do Tudo e do Todo do qual somos parte: o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação e o Tai Chi, O Mundo da Manifestação - conceitos fundamentais e estruturais de compreensão da verdadeira natureza do céu e da terra.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

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O Texto acima O Tudo, O Nada e O Todo
é de autoria de Janine Milward de Azevedo e estruturadas na tradução do chinês para o português realizada por Wu Jyh Cherng, no livro Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude, Editora Ursa Maior, São Paulo. Você pode copiar ou reproduzir desde que sempre na íntegra e mencionando sua autoria e créditos. Namaskar.

As interpretações dos Capítulos do Tao Te Ching foram realizadas por Janine Milward de Azevedo e estruturadas no livro Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude – Lao Tsé – tradução do Chinês para o Português de Wu Jyh Cherng, Editora Ursa Maior, São Paulo - hoje publicado pela Editora Mauad, São Paulo.

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BABA NAM KEVALAM
A Consciência suprema a tudo permeia
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 Janine Milward de Azevedo

O céu é constante, a terra é duradoura




TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao

Capítulo 7

O céu é constante, a terra é duradoura
O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros

Assim
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo


Interpretação
Janine Milward

O céu é constante, a terra é duradoura
O céu é o tempo e a terra é o espaço. O tempo existe todo o tempo, o espaço vai se formando e desformando a partir do tempo. A verdade é que tempo e espaço se cruzam e entrecruzam todo o tempo e todo o espaço. Porém, quando o espaço termina de acontecer, permanece o tempo.

No entanto, tudo aquilo que restou do espaço duradouro e do tempo constante, em algum momento, novamente fusionados numa semente cósmica, explodem juntos dando vida a um novo universo de tempo e espaço.

No I Ching, o tempo constante é simbolizado pela linha Yang e contínua; e o espaço duradouro é simbolizado pela linha Yin e vazada, nos trazendo, dessa maneira, a noção da constância do tempo e da duração do espaço. O espaço é a matéria e a anti-matéria que, ao assumirem e re-assumirem sua eterna mutação, vão adentrando o tempo, que já existe anteriormente e posteriormente - por ser constante.

Ambos apenas existem e se existem dentro da constância e da duração é porque apenas criam, criam todo o universo, toda a natureza, todos os seres... mas não criam para si... apenas criam. E porque apenas existem e criam são constantes e duradouros.

Em outro Capítulo (51) , Lao Tse nos diz:

O Caminho gera, a Virtude cria
Fazem crescer, fazem nutrir
Fazem completar, fazem concluir
Fazem o sustento e fazem a cobertura
Geram, porém não se apossam
Agem, porém não retêm
Cultivam, porém não controlam
Isto chama-se Misteriosa Virtude.
O Caminho gera, a Virtude cria.... O Tao gera, o Te cria.... O tempo corresponde ao Tao - por ser constante. O espaço corresponde à Virtude - por ser duradoura, por se metamorfosear eternamente. O céu corresponde, então ao tempo e ao Tao. A terra corresponde, então, ao espaço (a matéria e a anti-matéria) e à Virtude.

Assim sendo, o que faz todo o universo ser gerado e criado é a fusão do Tao e do Te, do Caminho e da Virtude, do céu e da terra, do tempo e do espaço. E tudo pode assim existir simplesmente porque o Tao da Criação assim é, por natureza.... Assim nos diz Lao Tse em seu Capítulo 25:

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza.
Orientando-se por sua própria natureza, o Tao gera e a Virtude cria - é a Misteriosa Virtude, o Mistério dos Mistérios. Apenas podemos compreender a partir da geração e da criação.... para além disso, encontra-se o Tao da natureza.

O Tao da natureza é impessoal - por isso nada gera e cria para si mesmo, apenas cria. Gera por gerar e cria por criar e exatamente por nada gerar nem criar para si mesmo, é constante e duradouro, assim como o céu e a terra.

O que permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e duradouros
A segunda estrofe, no entanto, nos recoloca no lugar do homem, da criação, daquilo que foi gerado e criado e que, a partir da expansão de sua mente e da iluminação de sua consciência, consegue compreender todas estas questões e a elas retornar - é a Criação quem re-cria o Criador.

O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência
Assim nos diz Lao Tse em seu Capítulo 40.

A existência é o Mundo da Manifestação e a não-existência é o Mundo da Não-Manifestação. O homem é aquele que, através da expansão infinita de sua mente e da iluminação de sua consciência, pode transitar entre esses dois mundos, tornando-se de homem a Homem Sagrado. E é sobre isso que Lao Tse nos fala na segunda estrofe do Capítulo 7:

Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás
e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo

Então, Lao Tse diz também ao homem que ele, sendo parte da geração e da criação, pode também ser o co-regente do Tao da Criação da natureza.... Como? Através de sua Sagração.
O que é a Sagração do Homem? Lao Tse nos diz para nos assemelharmos ao tempo e ao espaço, ao céu e à terra, ao Tao e ao Te, ao Caminho e à Virtude.

A consciência iluminada é aquela que faz o homem aprender a "deixar seu corpo para trás"... ou seja, sendo o corpo matéria e sendo matéria a correspondência da duração (por estar sendo sempre transformada), a busca do Homem Sagrado é ser constante como o tempo fusionado à duração do espaço.

Assim como acontece com as estrelas em nosso universo, por exemplo.

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O Mundo da Manifestação e o Mundo da Não-Manifestação
Quando uma estrela explode ejeta na Galáxia gases e partículas que em algum tempo e em algum espaço se condensarão e formarão outra estrela com seus planetas girando em torno de si e, quem sabe, gerando vida... Assim, elementos leves e elementos pesados se fundem alquimicamente fazendo e refazendo, criando e re-criando, numa re-encarnação quase eterna, a natureza, os seres, nós.

Somos, então, poeira de estrelas. Em nossos ossos, nossas veias, nossa carne, todo nosso corpo, estão re-encarnados os elementos químicos provenientes de estrelas que viveram antes de nós e que morreram e ao morrerem, nos proporcionaram a vida tal como a vivemos e conhecemos.

Sendo poeira de estrelas, temos em nosso corpo e consequentemente em nossa mente, guardados toda a herança deixada pelas estrelas nossas antecedentes, como uma árvore genealógica da galáxia, do universo em que vivemos. Assim, existe dentro de nós e em nós o passado, o presente e o futuro, tudo dentro de nossa vida, numa mesma simultaneidade do universo.

Assim é o nosso corpo dentro do tempo e do espaço em que existimos. No entanto, sendo poeira de estrelas, podemos voltar a ser uma estrela?

O que dentro de nós certamente pertence à totalidade desse universo, que com ele junto nasceu, que anteriormente a ele já existia e quando ele morrer, não morrerá e junto com a semente que restou do universo que findou, explodirá em um novo universo?

O espírito do Tao.

O Espírito do Tao que gera o Tudo dentro do Nada e que cria o Todo... esse espírito vive em cada tempo e espaço do universo que conhecemos. Esse espírito vive na Terra, no Sol, na Lua, na Galáxia, nas outras estrelas, nas outras Galáxias, em mim, em você.

A consciência expandida significa a assunção do Espírito do Tao através do Caminho da Iluminação, inicialmente, e posteriormente através do Caminho da Imortalidade ou Liberação.
Trilhar esses caminhos significa trabalhar o corpo - herança da re-encarnação das estrelas do universo - para nele conter não apenas uma parte do Todo do Universo mas também o Tudo e o Nada gerados pelo Tao através do Espírito.

Assim,
O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Além do corpo, o Corpo permanece
Através do não-corpo, conclui o Corpo
O Homem Sagrado é aquele que já alcançou a Iluminação, possuindo, portanto, consciência iluminada e infinita, sabedora de sua herança da re-encarnação das estrelas do universo e contenedora do Espírito do Tao.

O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o Corpo avança
Esse corpo feito de poeira de estrelas, já contendo em si mesmo a consciência iluminada e infinita, busca trazer para si mesmo a Luz dessas estrelas da qual faz parte - dentro da simultaneidade do universo.

Luz é matéria. Trazer a Luz à matéria do corpo é o trabalho realizado dentro do Caminho da Imortalidade ou Liberação. O Homem Sagrado, ao se aproximar e se fusionar mais e mais com o Espírito do Tao, gera e cria para si mesmo sua própria Luz, como se, pouco a pouco, fosse se tornando uma estrela, voltando a ser uma estrela, fazendo seu corpo acompanhar a Luz que já existe de forma subjetiva em sua consciência expandida, infinita e iluminada pela Luz do Tao.

Além do corpo, o Corpo permanece
Este processo alquímico vai acontecendo de forma que o corpo físico vai sendo "tomado" pela Luz que o ilumina, fazendo-o então tomar a forma de um Corpo de Luz. Esse Corpo de Luz é constante enquanto o corpo é duradouro.

Através do não-corpo, conclui o Corpo
Finalmente, o corpo físico, poeira de estrelas, herdeiro da re-encarnação das estrelas do universo, já plenamente fusionado à Luz do Espírito do Tao, deixa de ser corpo - agora é o não-corpo - concluindo o Corpo, o Corpo de Luz, o Corpo Espiritual.

O Corpo de Luz do Homem Sagrado traz em si mesmo O Tao, O Caminho, e A Virtude, o tempo e o espaço, o céu e a terra, a constância e a duração e retorna à sua fonte primordial, volta a ser uma estrela.

(Uma estrela espiritual, certamente, pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, pronta a ser materializada no Mundo da Manifestação)
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Meditação: A Alquimia do Tao
No Caminho da Iluminação o que se pretende alcançar é a infinitude da consciência, a plena e total iluminação da consciência, a expansão ilimitada da consciência.

Essa consciência já vem fusionada com o Espírito que por sua vez já se fusionou com o Sopro Primordial e O Elixir da Vida é uma energia concreta, objetivada – que pode, porém, ser perdida.

Dessa forma, com o Elixir da Vida adquirido, o Caminhante parte, então, para o reprocessamento desse Elixir, tornando-o mais e mais preservado e amadurecido.

O amadurecimento completo, através da realização do Caminho e da Virtude, ou seja, do aprofundamento na meditação e nas práticas espirituais, leva o Caminhante a, do Elixir da Vida amadurecido, alquimizar sua transformação em Feto Sagrado, ou seja, dar gestação a um ser de luz dentro de si mesmo. Esse sentimento de estar gestando um Ser de Luz não é ilusório ou subjetivo, não, é real mesmo: começa a surgir no ventre do Caminhante uma energia condensada extremamente poderosa.

Quando o Feto Sagrado se torna totalmente amadurecido surge o Corpo Solar ou Corpo de Luz ainda interiorizado dentro do Caminhante. Existem Mestres que são tão iluminados por este Corpo Solar que iluminam qualquer lugar onde chegam!

Finalmente, este Corpo Solar é exteriorizado e a partir desse momento, o Caminhante Iluminado passa a trabalhar seu próprio corpo físico , seu Caldeirão, para torná-lo apto a se interiorizar totalmente dentro do Corpo Solar – que passa a ser o corpo real e alquimizado do Caminhante Iluminado e prestes a se tornar um Imortal, O Homem Sagrado.

Essa é a Alquimia do Tao. Essa Alquimia surge a partir da constância do Céu e da duração da Terra, ou seja, da fusão dos elementos do Mundo da Não-Manifestação com os do Mundo da Manifestação....isso traz a eternidade.
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O Caminho da Iluminação e o Caminho da Imortalidade
O Caminho da Imortalidade se dá quando, ao morrer, o Iluminado não deixa seu corpo na terra para ser cremado ou enterrado...ele ascende para o céu com seu Corpo de Luz exteriorizado e seu corpo físico interiorizado e totalmente alquimizado – tudo é Corpo de Luz - tornando-se, então, um Imortal. Mestre Jesus foi um claro exemplo de Ascensão aos Céus.

Essa é a Sagração do Homem, esse é o Homem Sagrado, mostrada por Lao Tse em seu Capítulo 16:

O Caminho tem o poder do eterno
Assim,
Mesmo perdendo o corpo, não irá perecer
O Caminho da Imortalidade é muito mais além do que O Caminho da Iluminação – desde que traz a Infinitude da Consciência e da Vida, A Imortalidade, e não somente a Infinitude da Consciência, A Iluminação.

O Iluminado ainda continua atado à Roda da Vida, retornando à encarnação para continuar processando seu Elixir da Vida. Ele possui a consciência infinita mas ainda não possui, em si mesmo, a própria Luz. Luz é matéria. É somente dentro da encarnação que o processamento da própria Luz pode ser realizado e a Alquimia do Tao pode ser completada. Sobre isso, Lao Tse nos fala no Capítulo 9:

Concluir o nome, terminar a obra, retirar o corpo
Este é o Caminho do Céu
O Imortal não mais continua atado à Roda da Vida, não mais precisando retornar à encarnação.... No entanto, muitos Imortais assumem o compromisso de retornar á encarnação e atuarem como mestres até que o último ser alcance sua Iluminação e Imortalidade... Eis o Capítulo 77:

Mas quem pode possuir sobra para oferecer ao mundo?
Somente aquele que possui o Caminho
Por isso, o Homem Sagrado
Age sem querer para si
Conclui a obra mas não se apega
E não deseja mostrar sua eminência

Lao Tse bem nos descreve o Iluminado e o Imortal quando qualifica ambos de "Grande", sendo que o primeiro é o "Ir" e o segundo o "Retornar" bem como ambos são "O rei", ou seja, aquele que possui em si (o Iluminado) e é em si (O Imortal) a Consciência do Tao: :O Espírito e O Sopro Primordial da Criação. Eis o Capítulo 25:

Eu não conheço seu nome
Chamo-o de Caminho

Esforçando-me por denominá-lo, chamo-o de Grande
Grande significa Ir
Ir significa Distante
Distante significa Retornar
O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro grandes,
E o rei é um deles.

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Tao
O Tao se orienta por sua própria natureza

Com um abraço estrelado,
Janine Milward
http://sublimecaminhosublimevirtude.blogspot.com.br/2008/11/captulo-7.html
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TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao

Capítulo 7

Interpretação de Janine Milward

A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior
e hoje é publicada pela Editora Mauad, São Paulo.

Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng


acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching