Do Mundo da Não-Manifestação ao Mundo da
Manifestação:
A Suprema Consciência faz acontecer
A Criação e O Ciclo Cósmico
Janine Milward
O que for a
profundeza do teu SER, assim será teu DESEJO
O que for
teu DESEJO, assim será a tua VONTADE
O que for tua
VONTADE, assim serão teus ATOS
O que forem teus ATOS, assim será teu DESTINO.
(Upanishad IV,V)
O SER é a
Consciência Cósmica, o Tao, Paramapurusa:
Eu Sou não-manifestado
O DESEJO é
aquele que manifesta o Ser Primordial: Eu Sou manifestado
A VONTADE é
aquela que idealiza a realização do movimento da Criação: Eu Farei
Os ATOS são
aqueles que realizam o movimento da Criação: Eu Faço
O DESTINO é
aquele que manifesta o movimento da Criação: Eu Fiz
O Ser pode
ser denominado de Consciência Suprema, a Consciência Cósmica, ou Tao. Também
poderemos chamar de Paramapurusa, um
têrmo sânscrito.
Sânscrito é
uma língua construída há milhares de anos atrás de uma tal maneira que
trouxesse uma expansão da consciência. Os antigos yogis concentraram-se profundamente e meditaram intensamente até
encontrarem 49 glândulas sutis encravadas nos sete chacras do corpo humano.
Cada glândula possui um determinado som, uma vibração sonora percebida pelos
mestres yogis e condensadas em 49 letras de um alfabeto que estruturou a língua
sânscrita. Sânscrito – Sam’skrt –
significa "bem feito, bem realizado".
A partir
deste Absoluto ou Princípio Primordial, se dá a interação entre os mundos da
Não-Manifestação e da Manifestação.
O Mundo da
Não-Manifestação é um estado puro de onde se origina a Criação advinda do Mundo
da Manifestação. Ao surgir a manifestação dos primórdios da Criação, com ela se
objetiva a Mente Cósmica. Assim, a Mente Cósmica é uma objetivação para agir e
nomear a Suprema Consciência dentro do Mundo da Manifestação.... surge Brahma, a Consciência Cósmica,
literalmente "O Grande".
Portanto,
existe o Mundo da Não-Manifestação, Nirguna
Brahma – Consciência Cósmica não-manifesta – que faz nascer o Mundo da
Manifestação, Saguna Brahma, a
Consciência Cósmica manifesta...
Brahma desmembra-se em dupla qualidade
manifestada através de sua própria consciência objetivada em Eu: Purusa. E através de sua capacidade,
potencial ou objetiva, de manifestar sua capacidade de expressão, a adição do
Sou ao Eu, formando o Eu Sou: Prakrti.
Purusa (a subjetividade da Mente) e Prakrti
(a busca da objetivação da Mente através a Criação) interagem entre si
tanto dentro do Mundo da Não-Manifestação – Nirguna
Brahma -, quanto dentro do Mundo da Manifestação – Saguna Brahma.
Prakrti
atua, dessa forma, de duas maneiras, uma maneira subjetiva - quando está
conjugada a Purusa em Nirguna Brahma, o Mundo da Não-Manifestação; e de uma
maneira objetiva - quando já busca a objetivação da Mente de Purusa através a
Criação e já voltada para realizar esta questão inaugurando, digamos assim, o
Mundo da Manifestação.
Num primeiro
momento, a mínima expressão de ação ainda acontece de maneira direta e
incisiva, em linha reta: é a constância da Vida. No entanto, essa mínima expressão de ação
pode já ser considerado como o Uno, a Unicidade plena.
Num segundo
momento, é preciso que se faça acontecer a movimentação, ou seja, entra em cena
a linha curva, aquela que irá permitir que a Vida possa vir a manifestar-se
desde sua sutil sutileza advinda do Mundo da Não-Manifestação e ainda operada
por Prakrti quase estática e apenas começando a tornar-se mais
dinâmica.
A Unicidade
plena, o Uno, começa, então, a desdobrar-se através a dupla forma de Prakrti
acontecer, ou seja, Prakrti subjetiva e Prakrti objetiva, Prakrti ainda voltada
para a latência da Não-Luz e Prakrti já voltada para a manifestação da Luz.
Sabemos que a Suprema Consciência, no Mundo da Não-Manifestação, é expressa
através da Mente Cósmica imajada para o Mundo da Manifestação através da Luz.
Esse dinamismo
passa a acontecer de forma mais evidente já no Mundo da Manifestação com Prakrti
efetivamente atuando enquanto Princípio Operativo e Objetivo e trazendo a
movimentação da Criação para a sua materialização plena - e essa movimentação
faz acontecer o ciclo e, em conseqüência, a duração de cada uma das partes
componentes de um ciclo. A linha curva
da movimentação tem sua continuidade ao concluir esta segunda parte do ciclo e
dando início ao seu retorno à sua Fonte Original, o retorno à sutil sutileza...
Dessa forma,
a partir de Brahma, a Consciência
Cósmica, Purusa, e sua expressão de
manifestação, Prakrti, interagem,
fusionam-se e separam-se, fusionam-se e separam-se, criando o Princípio do
Movimento.
Essa
movimentação também acontece dentro dos dois Mundos, formando, então, uma
tríplice qualidade de forças que competem entre si, infinitamente dando início,
vivenciando e trazendo a finalização para dar começo a uma nova jornada.
Aqui tem
início o Brahmacakra – o ciclo de Brahma, o movimento da Criação, do
princípio sutil ao princípio denso (englobando os princípios mutativo e estático),
da Consciência à matéria, e o retorno do denso para o princípio sutil, da
matéria à consciência.
O Desejo da
Criação – como uma projeção do pensamento da Mente Cósmica advinda da Suprema
Consciência – é manifestado como uma semente, Biija, através de Prakrti –
o Princípio Operativo, a Energia Cósmica formada através do Mundo da
Não-Manifestação e objetivada através do Mundo da Manifestação.
Prakrti, a energia cósmica, o Princípio
Operativo, é então concretizada através de uma triangulação de forças – as Gunas – que manifestam o Ciclo de Brahma – Brahmacakra::
Força Sutil
– Sattvaguna -: Eu Sou traduzido para
fazer acontecer o Eu Farei; a realização voltada para o futuro – A Vontade
Força
Mutativa – Rajoguna: força que causa
movimento, atividade, agitação – Eu Faço: a realização voltada para o presente
– Os Atos
Força
Estática – Tamoguna – Eu Fiz; a
realização voltada para o passado – O Destino
Enquanto
essas três forças estão apenas interagindo entre si, trazendo o desejo do
início, da concretização e da finalização, elas apenas vão formando suas
possíveis diferentes configurações geométricas. Porém, qualquer desequilíbrio
entre essas forças no sentido de alguma desejar superar a outra – ainda dentro
do espaço e tempo primordiais – resulta em manifestação de energia que por sua
vez se objetiva em criação. Uma onda é a primeira real manifestação de Brahma já em seu estado de
concretização.
A onda
objetivada e criada é ainda extremamente sutil, é a Mente Cósmica manifestando
seu sentido puro e primordial de existência, é a força sutil: o Eu – ou Mahatattva.
O Eu
continua a se manifestar em seu porquê, em seu sentido de ser, em sua expressão
inicial de objetivação; é o Eu Cósmico expressando o desejo de manifestação de Brahma através da força mutativa: Eu
Faço – ou Ahamtatva.
Finalmente,
a objetivação final, a capacidade de expressão plena da realização, se
manifesta através da força estática: Eu Fiz – ou Cittatattva (que é também conhecida por substância mental cósmica).
Existe,
assim, uma condensação da Consciência dentro do Ciclo de Brahma que pode ser denominado de Saincara – expressando o Princípio de Exteriorização: do sutil ao
denso, da consciência pura à formação da matéria (advinda das ondas emitidas
pelo princípio do movimento).
Existe
também, em sua reversão, o Prati-Saincara
ou retorno da matéria à consciência pura (ainda conduzida pelo princípio do
movimento).
Ao longo do
exercício contínuo e infinito dessa movimentação, a Criação vai sendo formada
até que a mente – matéria condensada da primordial Mente Cósmica – realize a
vida. Quando surge a Vida, é objetivada a chamada "força vital", de
Energia Vital – ou Pranah.
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
Extraído do meu livro
O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO
http://ocaminhantecaminhandoseucaminho.blogspot.com.br/
FOTO: Sítio das Estrelas, Janine Milward