Prakrti e Maya,
Princípio Operativo e Princípio Criativo,
e
Liila,
o Jogo Cósmico
É importante que o Caminhante possa perceber que Prakrti, o Princípio Operativo, existe de forma subjetivada quando enlaçada a Purusa, a Mente Cósmica ainda voltada para o Mundo da Não-Manifestação, em seu posicionamento no Portal entre os dois Mundos. Prakrti, em sua subjetividade, compreende, digamos assim, a nomeação de Purusa enquanto Eu: é a Unicidade, o Uno.
No entanto, Prakrti, o Princípio Operativo, existe também - e fundamentalmente - enquanto a Energia Cósmica que insufla o Eu de Purusa, a Mente Cósmica, doando-lhe a continuidade de seu Eu em Eu Sou, fazendo assim acontecer a Prakrti Objetivada que estará espelhando o Eu Sou de Purusa, a Mente Cósmica, através a Criação e então está inaugurado o Mundo da Manifestação.
Maya, o Princípio Criativo, acontece apenas dentro do Mundo da Manifestação - e por esta razão pode ser conhecida enquanto ilusão.... Ou seja, tudo aquilo que existe na Criação, no Mundo da Manifestação, é apenas um espelho do Eu Sou nomeado por Prakrti Objetiva para realizar a Mente Cósmica, Purusa... - sendo que a Mente Cósmica, Purusa, advém de Paramapurusa, a Suprema Consciência, no Mundo da Não-Manifestação.
O sentimento de ilusão que Maya, o Princípio Criativo, pode nos trazer se deve ao fato de que a Criação, no Mundo da Manifestação, existe sempre apresentando-se através a duração de cada um de seus tantos e tantos ciclos... Em Maya, podemos entender que existem a interioridade e a exterioridade, a efemeridade, a transitoriedade, a impermanência e a eterna mutação, e em sua duração traduzida em começo, meio e fim.....
Em Prakrti, através seu Princípio Operativo Objetivado, existe a instauração propriamente dita da Criação, no Mundo da Manifestação, sim - e através a duração de cada um de seus tantos e tantos ciclos traduzidos em começo, meio e fim..., a efemeridade, a transitoriedade, a impermanência, a eterna mutação, a interioridade e a exterioridade.... , mas existe também, através seu Princípio Operativo Subjetivado, a inspiração sobre a Criação advinda do Eu Sou de Purusa, a Mente Cósmica que espelha-se no Mundo da Manifestação porém ainda é pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, em sua interioridade plena, em sua infinitude, em sua constância traduzida em ainda antes do começo e ainda depois do final...
Podemos entender que em Maya, o Princípio Operativo, existem a interioridade (em função do fato de que a Criação e o Mundo da Manifestação espelham a Mente Cósmica traduzindo a Suprema Consciência e o Mundo da Não-Manifestação) e a exteriorização - porque a Criação é fundamentalmente calcada na exteriorização (e nem sempre compreende que está inteiramente contida, permeada, pela Suprema Consciência que possui apenas a plenitude da interiorização). Daí, Maya ser considerada como ilusão, ou seja, a perfeita crença de que a Criação existe por si mesma, criada a partir da própria Criação. Aí reside a ilusão, o engano... pois que a Criação repousa no Criador (o entrelaçamento entre Mente Cósmica, Purusa, e Energia Cósmica, Prakrti) que, por sua vez, advém da Suprema Consciência.
No entanto, o Princípio Criativo de Maya precisa existir e funcionar, sim, para que a Criação possa acontecer! Podemos pensar que Maya é subordinada a Prakrti, ou seja, o Princípio Operativo existe atuando o Eu Sou da Mente Cósmica através a movimentação que faz acontecerem as Três Forças traduzidas enquanto Eu Sou: Eu Farei; Eu Faço e Eu Fiz...., porém será o Princípio Criativo de Maya que estará executando a tarefa da Criação propriamente dita. Como num simples exemplo: Prakrti, o Princípio Operativo, é o comandante e Maya, o Princípio Criativo é o tarefeiro, o ajudante.
Entra em cena a Liila, o Jogo Cósmico.
Mais acima, eu disse: Daí, Maya ser considerada como ilusão, ou seja, a perfeita crença de que a Criação existe por si mesma, criada a partir da própria Criação.
A maioria quase esmagadora de cientistas e cosmólogos e físicos...., volta e meia nos dizem que Deus teria jogado dados quando criou o universo e que, possivelmente, nunca teve a chance de encontrar alguns desses dados.... - querendo significar que muitas das possíveis explicações sobre o começo da Criação jamais serão encontradas, jamais virão à tona...., mesmo que sempre a ciência caminhe mais e mais profundamente em suas descobertas, em seus conhecimentos.
E eu dei continuidade ao meu pensamento: .... Aí reside a ilusão, o engano... pois que a Criação repousa na Mente do Criador (o entrelaçamento entre Mente Cósmica, Purusa, e Energia Cósmica, Prakrti) que, por sua vez, advém da Suprema Consciência.
A ciência espiritual, a cosmologia espiritual, a metafísica, vêm nos explicar a Criação é tão somente uma manifestação da Mente traduzida em Luz e em Não-Luz. E essa duplicidade mínima ou máxima - Luz e Não-Luz - advém de algo que não se tem linguagem para se falar sobre mas que pode ser minimamente e maximamente nomeado enquanto Suprema Consciência.
Liila, o Jogo Cósmico, começa acontecer exatamente através o entrelaçamento de Purusa, a Mente Cósmica, com Prakrti, o Princípio Operativo que se desmembra em Subjetivado e Objetivado e que faz acontecer a movimentação circular trazendo o Ciclo da Vida, o Ciclo de Brahma, Brahmacakra, e que Maya, o Princípio Criativo fundamenta em Princípio Sutil, Princípio Materializado (que se desdobra em Mutativo e em Estático) e seu retorno ao Princípio Sutil: é a Criação sendo realizada.
Em todas estas questões estaremos encontrando Liila, o Jogo Cósmico - também conhecido como o ‘brinquedo de Deus’.
Dentro do conceito de Liila existe o tom sempre permanente da perplexidade, digamos assim.... pois que nem sempre ou mesmo quase nunca podemos compreender a Liila, porque se manifesta, quando se manifesta, como se manifesta, quando se manifesta, onde se manifesta.... Isso acontece em função do fato de que Liila acontece em todos os segmentos dos Princípios - começo e meio e fim) contidos no Ciclo da Vida e em todos os Ciclos da Vida!.... Ao mesmo tempo, Liila também acontece no antes do começo e no depois do final!
Ou seja, Liila acontece tanto dentro da duração quanto dentro da constância, acontece tanto dentro da exteriorização e interiorização do Mundo da Manifestação quanto apenas na interiorização plena e absoluta do Mundo da Não-Manifestação.
É por esta razão que eu digo que Liila nos traz perplexidade... pois nem sempre encontramos respostas para os momentos em que esta se apresenta.
No Mundo da Manifestação, Liila nos traz perplexidade pelo fato de que nós, Caminhantes, não temos jamais como dizer, centro do Ciclo da Vida, do Ciclo de Brahma, em que Princípio das Três Forças - Eu Farei, Eu Faço, Eu Fiz -, se situam os tantos e tantos ciclos que fazem parte de nossa vida... bem como, fundamentalmente, nossa própria vida!
Quer dizer, em termos de nossa própria vida, sabemos quando nascemos mas nunca teremos certeza de quando morreremos. E, em temos de outras vidas que nos rodeiam e outras situações as quais estamos entrelaçados, é bem possível que saibamos quando tudo começou.... mas nunca saberemos, com total certeza, quando tudo haverá de terminar... e em que momento das Três Forças essas outras vidas e essas outras situações que nos permeiam se encontram neste aqui-e-agora.
Sempre, todas estas respostas apenas advêm do Mundo da Não-Manifestação, da Suprema Consciência.
O Homem Sagrado é aquele que consegue não se deixar ficar perplexo diante de Liila, o Jogo Cósmico.... porque o Homem Sagrado já se encontra fusionado à Paramapurusa, à Suprema Consciência.
Quando mais o homem se torna Homem, quanto mais o Caminhante transmuta sua mente em Mente e sua consciência em Consciência..., mais próximo das respostas de Liila esse Caminhante consegue alcançar. A Consciência tornando-se Iluminada e Infinitizada proporciona ao Homem Sagrado o Conhecimento. A Vida tornando-se Iluminada e Infinitizada confere ao Homem Sagrado a realização de si mesmo dentro de Liila, o Jogo Cósmico.
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
JANINE MILWARD
FOTOS: SÍTIO DAS ESTRELAS, Janine Milward