O RETORNO É O MOVIMENTO DO CAMINHO



Olá, Caro Leitor, hoje de madrugada, 22 de dezembro, às 02:48, horário de verão, estivemos vivenciando o Solstício de Veraõ. Veja um texto meu extraído do meu livro O Fio da Meada, o I Ching do Caminho do Céu, que comenta sobre este momento:

O RETORNO É O MOVIMENTO DO CAMINHO

Janine Milward


Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 40, do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude:
O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência

O Mundo da Não-Manifestação ou Céu Anterior é aquele que existe sim, apenas que subjetivamente, invisivelmente, espiritualmente... advindo do Tao. É esse Mundo que dá estruturação ao Mundo da Manifestação ou Céu Posterior, ou seja, o mundo visível, objetivado, materializado.

Muito antigamente, antes do antes, cerca de cinco a seis mil anos atrás, na China, os sábios da antigüidade que olhavam o céu cuidadosamente durante o dia e durante a noite, perceberam a imagem do Oito do Sol.... E a transpuseram, assim como sempre o homem fez com a sincronicidade e os arquétipos e símbolos, para imajar as orientações básicas e primordiais entre o céu e a terra. Era o Rio Amarelo e tudo aquilo que a partir dele pudesse ser apreendido, compreendido. Chamava-se Rio por causa de sua forma sinuosa e Amarelo por ser a cor que vemos o Sol!

Vamos desenhar então o número 8, assim, bem grande.
8

Inicialmente, podemos perceber que a figura do 8 não tem começo nem fim.... Isso é o que podemos nomear de Eterno Retorno, de Revirão do Universo, de Oito Interior e Oito Exterior... de Rio Amarelo.... Durante milênios, sábios, pesquisadores, poetas, filósofos, psicanalistas, cientistas, pensadores, artistas, religiosos, espiritualistas, todos, todos, vêm discursando profundamente sobre a figura do 8 que simboliza a Eternidade, a Infinitude..... bem como a própria forma do universo, semelhante a uma pêra, a um oito....

Os antigos sábios chineses capturaram a mensagem arquetípica do Eterno Retorno e do Revirão do Universo, quando representaram o 8 como a imagem do enlace eterno do Mundo da Não-Manifestação, chamado de Wu Chi e do Mundo da Manifestação, chamado de Tai Chi. Na verdade, os números formam a estrutura fundamental do universo.

Voltando ao nosso desenho, fecharemos nosso Oito do Universo já dualizado entre a Luz e a Não-Luz, entre o Criativo e o Vazio, entre o Yang e o Yin..... Encontraremos a Mandala do Tai Chi.

A imagem do Oito do Sol transformou-se na imagem do Revirão do Universo, o símbolo do Tai Chi, a representação do Mundo da Manifestação através do enlace eterno entre a Luz e a Não-Luz, entre o Yang Supremo e o Yin Supremo Manifestados.

Sempre que o Yang chega à sua potência máxima, dá lugar ao Yin. E vice-versa.

Isso acontece com o próprio Oito do Sol: quando o sol chega ao limite do seu andamento, no solstício, ele faz o seu retorno, ele retorna para realizar seu trajeto em direção ao limite oposto! Desde sempre, em nosso sistema solar, o sol pode ser visto da Terra percorrendo o aparente caminho entre o inverno e o verão, verão e inverno, inverno e verão, verão e inverno ....

O retorno é o movimento do Caminho (1)



O inverno é um tempo de Vazio, de dormência, de Não-Luz, de frio, de maior escuridão: a noite é mais longa que o dia, em muitos lugares a neve cai e o sol desaparece durante semanas e semanas.... Assim, podemos pensar que quando o sol atinge o limite máximo de seu caminho, no solstício de inverno, é o momento da supremacia do Yin, do Sublime Yin, que é simbolizado como a Mãe, como o Receptivo, como a Não-Luz, como o ventre, como a Terra.

O verão, por outro lado, é um tempo de Criação, de vida, de Luz, de calor, de menor escuridão: o dia é mais longo do que a noite, o sol permanece no céu durante semanas e semanas. Assim, podemos pensar que quando o sol atinge o limite máximo de seu caminho, no solstício de verão, é o momento da supremacia do Yang, do Sublime Yang, que é simbolizado como o Pai, como o Criativo, como a Luz, como o Céu.

O Caminho do Céu e da Terra está simbolizado, então, no oito do Revirão do Sol. De um lado, o lado do verão, temos Ch´íen, o Céu, o Criativo, o Yang Supremo e Sublime, o Pai, A Luz... De outro lado, o lado do inverno, temos K´un, A Terra, o Receptivo, O Yin Supremo e Sublime, A Não-Luz, o Vazio, o Abranger, A Mãe.

O traçado do Oito do Sol nos leva à indução, à intuição e apreensão do arquétipo do Eterno Retorno, do Revirão do Universo, do eterno enlace entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação – O Rio Amarelo -, bem como, bastante concretamente, nos apresenta as chamadas Estações principais do ano do Planeta Terra, ou seja, o inverno e o verão.....

Nosso Planeta Terra é inclinado em 23 graus sim, mas gira em torno de si mesmo, em torno de seu próprio eixo, apontando sempre para a imantação daquilo que chamamos de direção Norte.... assim como a bússola sempre aponta para o norte, tendo o sul como seu lado oposto...

Os sábios chineses da antigüidade, então, trouxeram o Céu, O Espírito, Ch´ien, A Luz, O Criativo, O Tao, o Caminho, para ocupar o lugar do Sul, do Verão; e A Terra, A Matéria, K´un, A Não-Luz, O Vazio, O Receptivo, o Te, A Virtude, para ocupar o lugar do Norte, do Inverno.

A verdade é que sempre Ch'ien, o Céu, deverá impor a luz infinita da vida através suas linhas contínuas porém não aparecendo de forma manifestada, assim como K'un, a Terra, faz. É que Ch'ien, o Céu, o Criativo, exatamente por imajar a luz infinita da vida está ligado diretamente ao Tao da Criação, que já pertence ao Portal entre o mundo da manifestação e o mundo da não-manifestação, entre o mundo da existência e o mundo da não-existência. Ao passo que K'un, a Terra, o Receptivo, já pertence inteiramente ao mundo da manifestação porque nos traz a matéria e assim, pode materializar a luz advinda de Ch'ien, O Criativo.

Luz é matéria, sabemos disso, porém sabemos também que essa luz é a materialização plena da luz da vida infinita do Tao da Criação. A materialização plena pertence ao mundo da manifestação e é exatamente K'un, a Terra, o Receptivo, que tece a vida manifestada... mas a essência da vida em si advém do mundo da não-manifestação através de Ch'ien, o Céu, O Criativo.

Sendo assim, o Céu estará ocupando o lugar mais ao alto dentro da mandala do Tai Chi, o mundo da manifestação, e esse lugar é lugar de luz, o consciente, o dia que traz consigo o Sol doador de sua vida. E a Terra estará ocupando o lugar mais embaixo dentro da mandala do Tai Chi, o mundo da manifestação, que é o lugar da noite, do inconsciente.


E o Leste, o nascer do sol, e o oeste, o por do sol?

O sol, A Luz, pressupõe o dia, o consciente... A lua, A Não-Luz, pressupõe a noite, o inconsciente... Então Sol e Lua tomam seus lugares no leste e no oeste, respect
ivamente, fazendo acontecer, dessa maneira, os quatro pontos cardeais da Terra nascerem do céu!


COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward

Saiba mais sobre Os Conceitos Fundamentais sobre o I Ching, o Livro das Mutações, acessando minha Página em
http://conceitosfundamentaissobreoiching.blogspot.com.br/…/…

Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude - Lao Tsé
Capítulo 40
Tradução de Wu Jyh Cherng - Editora Ursa Maior, SP. Atualmente este Livro é publicado pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil
Foto do Analema
Realizada por John Raffell combinando 52 exposições individuais, perto do Trópico de Câncer (latitude 23 1/2 norte). As fotos foram tiradas todos as semanas do ano a partir de maio de 2000, na mesma posição visando o leste, às 07:30 da manhã, em Muscat, Oman. Publicada na revista Sky&Telescope, edição de março de 2003, página 78, dentro do artigo "What is an Analemma? Assinado por Edwin L Aguirre. Esta revista é uma publicação de Sky&Telescope Publishing Co., Cambridge, MA, EUA.
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Em Tempo:
Se as fotos foram tiradas pela manhã, com o sol nascendo ao leste no hemisfério norte, podemos entender as seguintes questões: o verão no hemisfério norte acontece, em seu apogeu, no final de junho, ou seja, quando o Sol está em seu aparente caminho direcionado ao Trópico de Cancer, ou seja, mais ao Norte. E também temos que levar em conta o fato de que, neste momento, a Terra está em seu maior distanciamento do Sol, em Afélio, dentro de seu movimento de translação realizado em Elipse.
Se o Mapa da Não-Manifestação coloca Ch'ien, o Pai, o Céu, o Criativo, a Luz ocupando o lugar do Verão, da doação da grande luz da Vida, veremos que este lugar é no Sul, e o Sul, para o hemisfério norte, dentro do Analema, do Revirão do Sol em seu aparente caminhar anual, se instala no ponto máximo do alongamento dessa caminhada.
E, por outro lado, o Norte, o lugar do inverno, da luz que repousa, é o lugar onde encontraremos K'un, a Mãe, a Terra, o Receptivo, a Não-Luz.
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