Do fogo de um palito de fósforo a um real fogo crepitante e ao Vazio
Janine MIlward
Em algum lugar, em algum dia do passado, eu li algum mestre que dizia algo que jamais esqueci: ele disse que a meditação deve sempre acontecer quando nos sentimos felizes em entregar nossa mente e nosso espírito para o ato da meditação. Não precisamos, a princípio, ficar horas ali sentados e nos sentindo pouco confortáveis depois de alguns tantos minutos.... A bem da verdade, se nos dispusermos a sentarmos em meditação a cada dia durante alguns poucos minutos, sentiremos, com o tempo, que nos sentiremos mais à vontade e confortáveis e que poderemos prolongar o momento da meditação por mais alguns outros minutos...
No entanto, o que mais me chamou a atenção no texto do mestre (que não recordo seu nome, infelizmente) foi o fato de ele dizer que a meditação deve começar assim como um palito de fósforo traz um pequeno fogo e levado a atiçar palha ou folhas amareladas ou mesmo galhos já caídos das árvores.
Com o tempo, o pequeno fogo desse palito de fósforo vai crescendo, crescendo, crescendo... até que se torne um real fogo, um fogo crepitando em nossa mente e em nosso coração!
Com mais tempo, o pequeno fogo transmutando-se em real grande fogo crepitante..., tudo isso vai se tornando um real vazio: estamos, então, diante do momento verdadeiro da meditação!
Talvez desde o momento do palito de fósforo trazendo um pequeno fogo e ainda passando pelo fogo real e crepitante e finalmente tudo transmutando-se em vazio..., muito tempo passe!
Não importa: se bem prestarmos atenção ao palito de fósforo com seu pequeno fogo, saberemos quando este fogo cresce e torna-se uma verdadeira fogueira e também saberemos quando adentrarmos o vazio - mesmo que jamais saibamos como expressar toda essa jornada. E mais ainda: dentro do vazio, encontraremos a verdadeira meditação e também não importa quanto tempo dure esta verdadeira meditação - importa apenas que um dia possamos alcançar este momento.
Lao Tse, o Mestre do Tao, nos diz em seu Capítulo 64 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho da Virtude:
"Uma longa jornada começa debaixo dos pés"
Ou, em outra versão, mais conhecida por todos:
"Uma longa jornada inicia-se no primeiro passo".
"Uma longa jornada inicia-se no primeiro passo".
O Caminho encontra-se ‘debaixo dos pés’, apenas necessitando de sua conscientização. A conscientização, então, leva o Caminhante a iniciar o ‘primeiro passo’.
Com um abraço estrelado,
janine Milward
janine Milward
FOTO: meu Fogão a Lenha