O CAMINHO É O VAZIO



O Tao e o Te, o Caminho e a Virtude 

O CAMINHO É O VAZIO

Janine Milward

O Capítulo 4 do Livro do Caminho e da Virtude, Tao Te Ching, de Lao Tse, que eu transcrevo abaixo (a partir da belíssima e confiável tradução de Wu Jyh Cherng) e tento interpretá-lo, encerra em si mesmo, de forma absolutamente simples e em poucas palavras, todo o conjunto de conceitos sobre o Tao e o Te, o Caminho e a Virtude, e consequentemente, todo o percurso a ser realizado pela Criação – fundamentalmente pelo homem (por ser o homem aquele que interpreta a própria criação bem como a re-cria), a partir do desenvolvimento de sua mente a tornar-se consciência infinita e iluminada bem como sua posterior realização alquímica e espiritual de sua vida a tornar-se vida infinita e iluminada – o Caminho da Iluminação e o Caminho da Liberação ou Imortalidade. 

Capítulo 4

O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres

Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna
não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste 

Tao é o Caminho.

Na primeira estrofe do Capítulo 4 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, Lao Tsé nos elucida melhor sobre o Tao, o Caminho, ao nomeá-lo de Vazio.

O Caminho é o Vazio

Sendo o Tao o Caminho, sua realização acontece através do ato do Caminhante Caminhar seu Caminho rumo ao seu Tao. Esse Caminho pode ser chamado de Vazio, de entrar no Vazio. É somente através do Vazio Absoluto que o Caminhante consegue Caminhar seu Caminho e alcançar seu Tao. 

Lao Tsé continua:
e seu uso jamais o esgota

O uso desse Vazio jamais o esgota porque o Tao é inesgotável ou mesmo além da possibilidade de ser esgotável ou inesgotável – desde que é o Tao anterior à própria Criação do Nada, do Tudo e do Todo, anterior até ao próprio Vazio, que é o que mais próximo se lhe assemelha.

E Lao Tsé, ainda querendo dizer mais sobre o Vazio, continua:

É imensuravelmente profundo e amplo,
como a raiz dos dez mil seres

Os "dez mil seres" simbolizam a Criação e a raiz dessa Criação é oriunda do Vazio – que "é imensuravelmente profundo e amplo". Novamente, nesses versos, nos é dito que o Vazio é imensurável, ratificando o fato de seu uso jamais o esgotar.

Assim, quando o Caminhante se coloca em seu Caminho rumo ao seu Tao – e o encontra – torna-se o Homem Sagrado, aquele que se fusiona com a raiz da Criação e a imensurabilidade e o inesgotamento do Vazio que é a nomeação mais próxima do Tao, do Caminho.

Na segunda estrofe, Lao Tsé nos fala sobre o Te, A Virtude. 

Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

A Virtude é a maneira pela qual o Caminhante deve Caminhar seu Caminho rumo ao seu Tao, O Caminho.. Apenas que a Virtude pode ser nomeada, identificada, através da ação, dos gestos, das palavras, de nossa condução em nosso Caminho. O Tao aliado ao Te, o Caminho aliado à Virtude, faz acontecer O Mestre, aquele que realiza em si mesmo o Caminho através a prática da Virtude.

Dessa forma, Lao Tsé nos diz para acalmarmos nossa mente e buscarmos a expansão da consciência a fim de a tornamos iluminada e infinita (esse é o Caminho da Iluminação) e dessa forma, libertemos a mente de desvios de conduta, bloqueios, vícios, etc (sejam estas questões adquiridas nesta vida ou advindas de vivências sucessivas anteriores através nosso Karma:

Cegando o corte
Desatando o nó

Wu Jyh Cherng nos diz, em sua aula de interpretação do Capítulo 4:
Mestre Maa, nosso Mestre, uma vez me disse algo muito interessante: “Cada um de nós tem uma consciência. Essa consciência é como se fosse uma luz. Quanto maior o grau de consciência, mais lucidez possuímos”.

Nossa expansão de consciência pressupõe que entrelacemos nossa consciência pessoal à Consciência coletiva e que possamos, da mesma forma, entrelaçar nossa consciência pertencente ao Céu Posterior com nossa Consciência pertencente ao Céu Anterior, ou seja, consciências pessoal e coletiva fusionadas e buscando a união com a Consciência do Absoluto. 

Alcançando o Caminhante o Tao da Iluminação – o patamar da consciência iluminada e infinita -, é preciso então que se dedique (em sua Alquimia do Caldeirão de seu corpo físico e de seu corpo espiritual ou corpo de luz) a se harmonizar com sua Luz.... e para tanto, entrando no Vazio. Por isso, Lao Tsé nos diz:

Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira

Na terceira estrofe, Lao Tsé nos revela como nos harmonizarmos com a Luz do Tao e entrarmos no Vazio: a consciência de que somos nós mesmos o Tao e assim sendo, é preciso que ao Tao retornemos, nos fusionemos. Esta é a Alquimia do Caldeirão, ou seja, o Caminhante torna-se Homem Sagrado a partir do Tao da Iluminação e trabalha seu corpo físico já com a plenitude e infinitude de sua consciência iluminada, e transforma, transmuta, esse corpo físico em Corpo de Luz, alcançando então, o Tao da Imortalidade – vida e consciência iluminadas e infinitas.

Límpido como a existência eterna
não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste

Ao tornar-se Homem Sagrado, Lao Tsé pôde nos contar sobre o Mistério dos Mistérios, ou seja, que o Tao é anterior à própria Criação – é a existência eterna. O Tao é impessoal e Absoluto. Dessa forma, o Homem Sagrado, ao se fusionar ao Tao, descobre sua impessoalidade e infinitude:

Límpido como a existência eterna
não sei de quem sou filho

Fundamentalmente, mais que se descobrir anterior à própria Criação, o Homem Sagrado descobre que ele mesmo, fusionado ao Tao, ao Caminho, é anterior ao próprio suposto Criador, que Lao Tsé neste Capítulo, nomeia de Rei Celeste - e que venho nomeando enquanto Tao da Criação.

Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste

"Rei" é a Consciência iluminada e celestial, a Suprema Consciência, Deus-Onipotente, O Criador que com sua Consciência cria a Criação, espelho de sua Consciência Suprema. 

Sendo assim, o Homem Sagrado é aquele que alcança, se fusiona com a Consciência Suprema, com o Rei Celeste, e finalmente diante do Vazio do Tao, compreende o Tao além de qualquer compreensão, além de qualquer palavra, além do além... Porque sobre o Tao não se fala, apenas nos deixamos preencher e permear pelo Tao. 

Dessa maneira, o Homem Sagrado, dentro da infinitude e impessoalidade do Tao, compreende que "Não sei de quem sou filho, Venho de antes do Rei Celeste". 

Esse é o Caminho. Esses são o Caminho da Iluminação e o Caminho da Imortalidade.

E "O Caminho é o Vazio".

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O Tao Te Ching, o Tratado do Caminho e da Virtude, é uma obra extremamente concisa e que, no entanto, "é imensuravelmente profunda e ampla, como a raiz dos dez mil seres". A meu ver, o Capítulo 4 é um dos que mais expressa o Tao e o Te, o Caminho e a Virtude em sua concisão e em sua amplitude. E seus primeiro e último versos expressam a estrutura fundamental da apreensão do Tao diante de todas as outras apreensões espirituais e religiosas que conheço:

O Caminho é o Vazio
............
Venho de antes do Rei Celeste

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TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
LAO TSE, o mestre do Tao

Tradução e Interpretação do Capítulo 4
do Tao Te Ching, de LAO TSE,
POR WU JYH CHERNG

Transcrição de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil, 
Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1994

Transcrição e Síntese de Janine Milward

A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng, 
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Mundos da Não-Manifestação e da Manifestação




Wu Chi e Tai Chi – Céu Anterior e Céu Posterior

Mundos da Não-Manifestação e da Manifestação

Janine Milward


Lao Tsé, o Mestre do Tao, em seu Capítulo 1 do Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude, continua a nos revelar sobre a impossibilidade de se nomear ou falar sobre o Tao e nos elucida sobre o Céu Anterior e o Céu Posterior, o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação:

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe das dez mil coisas


Primeiramente, Lao Tsé nos afirma e reafirma todo o tempo que não existe linguagem possível que possa alcançar a verdadeira essência do Tao, ou seja, o verdadeiro Tao está além de qualquer linguagem, bem como além de qualquer possibilidade de manifestação tanto do consciente quanto do inconsciente. Nada pode denominar correta e certeiramente o que é o Tao.

Sendo o Tao a única possível constância do Todo e do Tudo, a única possível realidade que é imutável, Lao Tsé a Ele se refere como impossível de se referenciar. Quando algo semelhante ao Tao é referenciado, já não é o Tao verdadeiro, é apenas algo que se pode referenciar como Tao, como O Caminho.


O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante


Não podendo ser referenciado de nenhuma forma, do Tao parte o princípio criador e formador de todas as coisas. Esse princípio, primordialmente, ainda é a não-vida, a não-existência, a não-forma, a não-realidade - que dá berço à vida, à existência, à forma, à realidade. Esse é o Wu Chi, o Mundo da Não-Manifestação, onde o Tudo e o Todo - o céu e a terra - são gestados ainda dentro do Ventre do Tao.

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra


Sem-Nome, então, é o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação que dá criação ao Tudo e ao Todo, o Mundo da Manifestação, Tai Chi.

O Mundo da Manifestação, Tai Chi, inclui o Tudo e o Todo advindos do Mundo da Não-Manifestação...

No entanto, o Tudo faz ainda parte da idéia de totalidade advinda do Tao do Mundo da Não-Manifestação. O Todo faz parte da idéia da totalidade advinda do Tao do Mundo da Manifestação. O Tudo ainda é indefinível enquanto o Todo já pode ser definido e identificado. Assim, O Todo adquire um nome.

Com-Nome é a mãe das dez mil coisas


Dessa maneira, na primeira estrofe do Capítulo 1 Lao Tsé nos apresenta o Tao e a total impossibilidade de se falar sobre Ele em sua essência. Quando alguma linguagem passa a se referir sobre o Tao, então, já não é mais o Tao essencial e sim uma representação do Tao expresso através de alguma forma ou linguagem.

Também nessa primeira estrofe, Lao Tsé nos introduz à estrutura da formação do Tudo e do Todo do qual somos parte: o Wu Chi, O Céu Anterior, o Mundo da Não-Manifestação, e o Tai Chi, O Céu Posterior, o Mundo da Manifestação - conceitos fundamentais e estruturais de compreensão da verdadeira natureza do céu e da terra.



Com um abraço estrelado,
Janine Milward

Créditos:
TRECHO Extraído do meu Livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO – http://paginadajanine.blogspot.com/

Tao Te Ching,
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação dos 81 Capítulos
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

A tradução dos Capítulos do chinês para o português foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior, SP, e posteriormente publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil.

Nesta mesma Editora, encontra-se a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching.

Tudo é impermanente - no mundo manifestado





Tudo é impermanente.

Nada possui uma absoluta entidade que permaneça sempre a mesma.

Quando compreendemos esta questão, podemos perceber mais profundamente a natureza da realidade e não estaremos enredados na noção de que somos apenas este corpo e de que este nosso curso atual de vida é o único que possuímos.

Na verdade, em função do fato de nada pode ser por si mesmo sozinho, ninguém pode ser somente a si mesmo de maneira solitária, todos nós temos que nos interrelacionar com nosso Outro.

Thich Nhat Hanh

Everything is impermanent.

Nothing has an absolute entity that remains the same. 

When we keep that insight in mind, we can see more deeply into the nature of reality, and we will not be locked in the notion that we are only this body, this life span is the only life span we have. 

In fact, because nothing can be by itself alone, no one can be by himself or herself alone, everyone has to inter-be with every one else.

Algumas palavras sobre a Infinitude do Tempo



Algumas palavras sobre a Infinitude do Tempo

Wu Jyh Cherng

Na questão da re-encarnação, se existe o início, o durante e o fim (e são inúmeros os inícios, os durantes e os fins, um atrás do outro, encadeados) - olhando de fora uma vida após outra vida, veremos que a pessoa é sempre a mesma.

No entanto, se o tempo é infinito, a pessoa está sempre no mesmo tempo. Assim, se eu estou vivo hoje, a minha próxima vida já co-existe simultaneamente com essa minha vida, como também co-existe com a vida anterior a essa encarnação. Tudo, neste momento, junto.

O que então acontece?

Para quem está fora desse fio de infinitude chamado ‘vida’, todos os tempos estão no mesmo tempo.

Para quem está dentro desse fio, cada tempo é um tempo.


Nós estamos dentro do fio da infinitude e não fóra. Por isso, somos limitados e somos prisioneiros dessa infinitude de nascimentos, crescimentos, envelhecimentos, adoecimentos e mortes. E tudo isso sempre se repetirá.

Todo o trabalho do Taoísmo é para que possamos colocar nossa consciência para além desse fio, para alcançar este Vazio, esse Vazio que abraça esse fio, para compreendermos a infinitude da vida. assim, podemos transcender a vida e a morte.

Esse fio é a palavra ‘existência’.
Esse Vazio que abraça, que abrange este fio, é a não-existência.


Capítulo 40

O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existênciaE a existência nasce da não-existência


TAO TE CHING

Trecho extraído da Tradução e Interpretação do Capítulo 40
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil, 
Rio de Janeiro, em 25 de abril de 1995

Transcrição e Síntese de Janine Milward

O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE

Lao Tse, o Mestre do Tao


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng, 
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se 
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

A Plenitude do Sublime Yang é o Princípio do Sublime Yin



A Plenitude do Sublime Yang é o Princípio do Sublime Yin

Wu Jyh Cherng

O I Ching nos diz que a plenitude do Sublime Yang torna-se o princípio do Sublime Yin. No máximo do frio, retorna o calor; no máximo do calor, retorna o frio. 

O momento do retorno da energia Yang é o momento em que o sol está mais distante da Terra e o momento do retorno do Yin é o momento em que o sol está mais próximo da Terra. 

E assim, o universo segue o seu próprio movimento.


Capítulo 9

O que é mantido cheio não permanece até o fim
O que é intencionalmente polido não é um tesouro eterno

Uma sala cheia de ouro e jade é difícil de ser guardada

Riqueza e nobreza somadas à arrogância
Fazem restar para si sua própria culpa

Concluir o Nome, terminar a Obra,
Retirar o Corpo - este é o Tao do Céu

....................


Este texto é extraído da transcrição da gravação da Aula ministrada por Wu Jyh Cherng, em 02 de agosto de 1994, sobre o Capítulo 9 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse - com Tradução e Interpretação do Mestre Cherng. 

Esta Aula foi transcrita e sintetizada por Janine Milward.
O Título deste texto
A Plenitude do Sublime Yang é o Princípio do Sublime Yin 
foi idealizado por Janine e não faz parte do texto original.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng, 
do chinês para o português,
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil, 
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

Mutação, I

MUTAÇÃO, I

Janine Milward

Bem mais do um Oráculo, muito além de poder ser compreendido enquanto um Oráculo, o Livro das Mutações é um Tratado - Ching - sobre aquilo que é manifestado no Mundo da Manifestação, quer dizer, a Mutação - I.
Esta Mutação acontece todo o tempo, sempre tudo está em eterno movimento - Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 40 do Tao Te Ching, que O RETORNO É O MOVIMENTO DO CAMINHO.
Este Retorno vem sempre, desde sempre em movimento aparente podendo ser percebido por nós, aqui no Planeta Terra em relação ao andamento aparente do Sol ao longo do ano, tocando aquilo que podemos considerar enquanto extremidade máxima de um lado mais ao norte ou mais ao sul (dependendo se está sendo visto a partir do hemisfério sul ou do hemisfério norte) e, seis meses depois, enquanto extremidade máxima do outro lado, mais ao norte ou mais ao sul.
Esta movimentação de eterno retorno do Sol pôde ser compreendida enquanto uma mensagem importante para os seres da Terra que tentavam, através suas observações diurnas e noturnas, compreenderem os céus e tudo aquilo que os céus queriam traduzir para a Terra.
Sempre que o Sol atingia um lugar mais ao alto na abóbada celeste no lugar onde os seres estavam enraizados, este momento podia ser denominado enquanto Solstício de Verão, ou seja, um Tempo de Luz, de Calor, de Vida.
Porém, logo depois o Sol retornava... e continuava sua jornada buscando o lado oposto e ficava bem mais baixo no horizonte - ou mesmo desaparecia (dependendo da latitude do lugar do enraizamento dos seres): este momento podia ser denominado enquanto Solstício de Inverno, ou seja, um Tempo de Não-Luz, de Frio, de encolhimento de vida.
Sempre foi preciso que os seres pudessem traduzir suas percepções através manifestações simbolizadas, de alguma maneira.
A LUZ FOI SIMBOLIZADA ENQUANTO UMA LINHA CONTÍNUA:
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A NÃO-LUZ FOI SIMBOLIZADA ENQUANTO UMA LINHA VAZADA:
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A LUZ FOI SIMBOLIZADA/EXPRESSADA ENQUANTO MANIFESTAÇÃO YANG

A NÃO-LUZ FOI SIMBOLIZADA/EXPRESSADA ENQUANTO MANIFESTAÇÃO YIN

E A FIGURA DO 8 DO SOL PÔDE SER SIMBOLIZADA ATRAVÉS OS DISCOS DO SOL EXPRESSANDO TANTO O MOMENTO YANG DA LUZ QUANTO O MOMENTO YIN DA NÃO-LUZ:


 O OITO DO SOL, O ETERNO RETORNO, É A VIGA-MESTRA DE NOSSA COMPREENSÃO SOBRE A NATUREZA E, EM CONTINUIDADE, DE TODOS OS CONHECIMENTOS QUE, A MEU VER, OS SÁBIOS DA ANTIGUIDADE FORAM EXPRESSANDO ATRAVÉS O LIVRO DAS MUTAÇÕES, I CHING.
A PARTIR DE ENTÃO, OS SÁBIOS COMEÇARAM A PODER EXPRESSAR/SIMBOLIZAR TANTO A COMPREENSÃO POSSÍVEL DO MUNDO DA NÃO-MANIFESTAÇÃO  QUANTO A COMPREENSÃO POSSÍVEL DO MUNDO DA MANIFESTAÇÃO : SÃO AS RAÍZES DO LIVRO DAS MUTAÇÕES.
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
http://apod.nasa.gov/apod/ap070617.html
Veja a explicação.  Clicando na imagem você verá a versão na melhor resolução disponível.

Analema sobre a Ucrânia 
Créditos e direitos autorais: Vasilij Rumyantsev ( Criméia Obsevatory Astrophysical )
Explicação: Se você tirou uma foto do Sol, ao mesmo tempo a cada dia, ele iria permanecer na mesma posição? A resposta é não, e a forma traçada pelo dom ao longo de um ano é chamado um analema . Deslocamento aparente do Sol é causado pelo movimento da Terra em torno do Sol, quando combinado com a inclinação da Terra do eixo de rotação. O Sol aparece no ponto mais alto do analema durante o verão e mais baixo durante o inverno. Analemmascriados a partir da Terra diferentes latitudes parece, no mínimo, um pouco diferente, assim como analemmas criados em um horário diferente a cada dia. analema foto à esquerda foi construído por dom fotografias tiradas a partir de Agosto de 1998 a 1999 a partir de agosto Ucrânia . O primeiro plano imagem do mesmo local foi tomada durante o início da noite, em julho de 1999.
Autores e editores: Robert Nemiroff ( MTU ) e Jerry Bonnell ( USRA ) NASA Oficial: Phillip Newman direitos específicos aplicáveis â€‹â€‹. NASA Política de Privacidade Web e Avisos Importantes Um serviço: ASD naNASA / GSFC Michigan Tech. U.

O homem se orienta pela terra




Capítulo 25 (última estrofe)

Tao Te Ching – Lao Tse

“O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua própria natureza”

Extraído da Interpretação de Wu Jyh Cherng (bem como sua tradução para o Capítulo 25)


“Lao Tse coloca os quatro grandes em forma hierárquica. O rei é o homem, o homem que é dono de si próprio. É o homem que tem a consciência unido o céu e a terra em seu próprio Caminho.

Como realizar este Caminho?

“O HOMEM SE ORIENTA PELA TERRA”, precisa aprender com a terra, aprender com a natureza, com o rio, com a montanha, com a água, com o trovão, o lago, o vento, as mudanças de clima, as estações, a vida, a morte. O homem precisa aprender com a terra e ser abrangente, receptivo, quieto e suave.

“A TERRA SE ORIENTA PELO CÉU”. O Planeta Terra se orienta pela estrela do nosso sistema solar que se orienta pela grande estrela Vega que se orienta por algo que ainda não sabemos. Tudo se orienta pelo macrocosmo.

O homem deve aprender com tudo o que acontece em seu ambiente mais natural, depois deve aprender com o céu, com as estrelas, com o tempo - nosso relógio anda de acordo com o movimento da terra e das estrelas. Deve aprender com o céu e com as estrelas assim como a terra se orienta pelo céu.

“O CÉU SE ORIENTA PELO CAMINHO”, que é o próprio Tao.

E o Caminho se orienta por si próprio, por isso Ele diz: “O CAMINHO SE ORIENTA POR SUA PROPRIA NATUREZA”. A natureza está no homem, na terra e no céu. Ou seja, podemos, na verdade, aprender com tudo o que existe em torno de nós, podemos aprender com a vida concreta, com a metafísica e com o Tao.

Podemos aprender com a natureza incorporando a natureza em nossa vida concreta e podemos aprender com o céu incorporando-o em nossa vida concreta.
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O Tao está em toda a parte e não está limitado em nenhuma parte.
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O Tao não é apenas encontrado pelos taoístas. O Tao pode ser encontrado por todos, em todos os lugares, em todos os tempos, de todas as formas e não se limita a nenhuma forma.

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O Taoísmo é um instrumento místico que nos leva à busca do Tao. Mas, quem encontra o Tao não está mais dentro do Taoísmo mas também não está fora do Taoísmo: está em tudo e não se limita em nada.
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TAO TE CHING
O LIVRO DO CAMINHO E DA VIRTUDE
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação do Capítulo 25
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG
Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 03 de janeiro de 1995
Transcrição e Síntese de Janine Milward

Uma longa jornada inicia-se debaixo dos pés



LAO TSE nos diz em seu Capítulo 64 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude:


UMA LONGA JORNADA INICIA-SE DEBAIXO DOS PÉS

Ou, em outra versão, mais conhecida por todos:



Uma longa jornada inicia-se no primeiro passo.

O Caminho encontra-se ‘debaixo dos pés’, apenas necessitando de sua conscientização. A conscientização, então, leva o Caminhante a iniciar o ‘primeiro passo’.


Com um abraço estrelado,

Janine Milward

Estradinha de entrada no Sítio das Estrelas  - foto by Janine

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante






Tao Te Ching,

O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução de Wu Jyh Cherng

Capítulo 1


O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe das dez mil coisas

Assim,
A constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas


A interpretação do poema do Tao Te Ching aqui apresentada foi realizada por Janine Milward, a partir da tradução de Cherng bem como baseada em seus ensinamentos e comentários.

INTERPRETAÇÃO

Os conceitos fundamentais e estruturais para uma melhor compreensão do Tao e do Livro do Caminho e da Virtude, já são apresentados no Capítulo 1 em sua primeira estrofe.

Primeiramente, Lao Tse nos diz que não existe linguagem possível que possa alcançar a verdadeira essência do Tao, ou seja, o verdadeiro Tao está além de qualquer linguagem, bem como além de qualquer possibilidade de manifestação tanto do consciente quanto do inconsciente.

Jacques Lacan, discípulo direto de Freud e filósofo e psicanalista, nos disse que: "O inconsciente é estruturado como uma linguagem". Assim, é possível que o inconsciente seja acessado e decodificado - como acontece com a linguagem.

Quanto ao Tao, no entanto, nada, nada, pode verdadeiramente denominá-lo. Nem todo o inconsciente que traz à tona toda a sabedoria e conhecimento do universo pode falar acerca da realidade do Tao.

Sendo o Tao a única possível constância do Todo e do Tudo, a única possível realidade que é imutável, Lao Tse a Ele se refere como impossível de se referenciar. Quando algo semelhante ao Tao é referenciado, já não é o Tao verdadeiro, é apenas algo que se pode referenciar como Tao, como O Caminho.

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante

Não podendo ser referenciado de nenhuma forma, do Tao parte o princípio criador e formador de todas as coisas. Esse princípio, primordialmente, ainda é a não-vida, a não-existência, a não-forma, a não-realidade - que dá berço à vida, à existência, à forma, à realidade. Esse é o Wu Chi, o Mundo da Não-Manifestação, onde o Tudo e o Todo - o céu e a terra - são gestados ainda dentro do Ventre do Tao.

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra

Sem-Nome, então, é o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação que dá criação ao Tudo e ao Todo, o Mundo da Manifestação, Tai Chi.

O Mundo da Manifestação, Tai Chi, inclui o Tudo e o Todo advindos do Mundo da Não-Manifestação..

No entanto, o Tudo faz ainda parte da idéia de totalidade advinda do Tao do Mundo da Não-Manifestação. O Todo faz parte da idéia da totalidade advinda do Tao do Mundo da Manifestação. O Tudo ainda é indefinível enquanto o Todo já pode ser definido e identificado. Assim, O Todo adquire um nome.

Com-Nome é a mãe das dez mil coisas

Dessa maneira, na primeira estrofe do Capítulo 1 Lao Tse nos apresenta o Tao e a total impossibilidade de se falar sobre Ele em sua essência. Quando alguma linguagem passa a se referir sobre o Tao, então, já não é mais o Tao essencial e sim, o Tao através de alguma forma ou linguagem. Também nessa primeira estrofe, Lao Tse nos introduz á estrutura da formação do Tudo e do Todo do qual somos parte: o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação e o Tai Chi, O Mundo da Manifestação - conceitos fundamentais e estruturais de compreensão da verdadeira natureza do céu e da terra.

Na segunda estrofe, Lao Tse nos reforça a necessidade de não nos desviarmos do sentido da Constância: somente o Tao é constante. Sendo assim, tudo aquilo que se deve fazer em relação à busca do Tao estará contido dentro da constância. Todo o resto, é entendido como duração, ou seja, algo que tem seu começo, seu meio e seu fim.... para que seja transmutado em um novo começo..... infinitamente, porém, dentro da duração, da cisão, da separação, da descontinuidade. Apenas o Tao, O Caminho, se encontra dentro da constância, da continuidade.

Assim, nos dois primeiros versos da segunda estrofe, são demonstradas duas formas distintas, porém dentro da mesma essência, de se vivenciar o Tao, O Caminho, praticando o Te, A Virtude: a constância da não-aspiração e a constância da aspiração.

A não-aspiração é agir o Te, A Virtude, apenas por agir, sem intenção, ou seja, sempre praticando o Wu Wei, a não-ação. Não-ação não significa nada fazer.... significa sim, fazer quando deve e como deve ser feito no momento em que deve ser feito, fluindo junto ao Tao, naturalmente, sem que conscientemente se use a intenção de fazer algo. Agindo naturalmente, certamente o Caminhante estará agindo dentro da natureza do Tao - essa é a não-ação. Lao Tse usa o termo Maravilhas para nos elucidar sobre o Tudo e o Todo que o Tao pode nos proporcionar através de suas manifestações.

Assim,
A constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas

A aspiração, que aparece no segundo verso da segunda estrofe, é também agir o Te, A Virtude, apenas que nesse momento, usando a vontade, a intenção de seguir rumo ao Tao, rimo ao Caminho, buscando suas Maravilhas através da contemplação do Orifício. O Orifício é o instante supremo do Revirão do universo, o instante supremo onde e quando o Mundo da Manifestação se encontra com o Mundo da Não-Manifestação - ou seja, quando se está muito, muito próximo ao Tao, ao Caminho.

A constante aspiração é contemplar o Orifício

Essa aspiração é constante, ou seja, a meta do Caminhante é sempre, sempre, alcançar o Tao, O Caminho e com Ele se fusionar plenamente, é retornar ao Mundo da Não-Manifestação - para então continuar sua Jornada, seu Caminho. E a não-aspiração também é constante porque é movida, inspirada pelo Tao, pelo Caminho, exercendo, naturalmente, O Wu Wei, a não-ação, a naturalidade advinda do Tao e que a Ele retorna.

Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem

Na última parte da segunda estrofe, completando o Capítulo 1, Lao Tse nos revela o Mistério. O Mistério é a verdadeira saída do Mundo da Manifestação e a verdadeira entrada no Mundo da Não-Manifestação. O Mistério dos Mistérios é, ao se tornar o Homem Sagrado, tendo adquirido a Iluminação e a Imortalidade, o Caminhante atravessa o Portal que ainda o separava da verdadeira essência do Tao, do Caminho. O Portal está ainda além do Mundo da Não-Manifestação, já faz parte do Sem-Nome.

O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas

A partir daí, da travessia do Portal, tudo retorna a seu começo, ou seja, retorna ao primeiro verso da primeira estrofe do Capítulo 1 do Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude.

O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante
O Nome que pode ser expresso não é o Nome Constante

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Ponte Poética - foto by Janine - Sítio das Estrelas

As interpretações dos poemas do Tao Te Ching apresentadas são realizadas por Janine Milward, a partir da tradução de Cherng bem como baseada em seus ensinamentos e comentários.

Tao Te Ching,
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Tradução e Interpretação dos 81 Capítulos
do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG

A tradução dos Capítulos do chinês para o português foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior, SP, e posteriormente publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil.

Nesta mesma Editora, encontra-se também as interpretações de Wu Jyh Cherng acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching.

O Espírito do Vale nunca morre




TAO TE CHING, LAO TSE

Capítulo 6

Interpretação de Janine Milward


Este é um capítulo verdadeiramente "chave" do encontro do Homem Sagrado e seu Tao.

O Espírito do Vale nunca morre

O vale é o lugar mais profundo aonde podemos estar, seja sobre a terra, seja no fundo do oceano.... Sendo assim, o Tao sempre repousa na profundidade de nosso coração, de nosso ser espiritual, do espírito da vida, do universo, do multiverso, do mundo da manifestação e do mundo da não-manifestação. O Tao ainda está além da profundidade de tudo, na verdade - assim é o Tao, esse é o Espírito do Vale.

E sendo o Tao aquele a partir tudo existe, nunca morre, assim como o Espírito do Vale.

Isso se chama Orifício Misterioso

O Orifício Misterioso é como uma "fenda" por onde o céu e a terra se encontram e se fusionam, por onde o mundo da não-manifestação se encontra e se fusiona com o mundo da manifestação... É o revirão, o ponto de mutação, o Retorno do Caminho, a eterna transformação de tudo a partir do Tao.

O portal do Orifício Misterioso é a raiz do céu e da terra

Assim, através da meditação, podemos alcançar o portal e nos depararmos com o Orifício Misterioso, ou seja, o ponto de encontro entre o mundo da manifestação e o mundo da não-manifestação, a entrada na Iluminação.

A passagem através o portal, através o Orifício Misterioso, já é um passo alcançado apenas depois de termos verdadeiramente trilhado o Caminho da Iluminação. Após então, poderemos adentrar os degraus do Caminho da Imortalidade, já para além do Orifício Misterioso, pois nesse Caminho já trilhamos o mundo da não-manifestação juntamente com o mundo da manifestação, trilhando pelo limiar, pela fronteira, pelos limites desses dois mundos, vivendo o mundo da terra e do céu - "a raiz do céu e da terra".

Seja suave e constante
Usufruindo sem se apressar

Nesta segunda estrofe de seu poema, Lao Tse nos ensina o grande passo da meditação: o tempo e o espaço dentro do mundo da manifestação e o não-tempo e o não-espaço do mundo da não-manifestação.
O tempo na meditação existe e ao mesmo tempo não-existe. Ele existe na medida que estamos vivendo dentro do mundo da manifestação, sob suas regras e medidas, e portanto, o tempo existe. Dentro desse tempo existe o tempo cronológico da meditação, o tempo da inspiração e da expiração, o tempo quando alcançamos a fusão da inspiração com a expiração de tal maneira que fundimos dentro de nós o Sopro Primordial e o Espírito, trazendo o Elixir da Vida através do tempo conseguido pela Fixação desses momentos.... a partir de então, se dá a verdadeira meditação com seu tempo e seu espaço certos abrindo para a meditação com seu não-tempo e seu não-espaço certos.

Por isso, Lao Tse nos diz: "seja suave e constante", ou seja, é preciso que deixemos que a meditação tome conta de nós inteiramente, plenamente, absolutamente e sempre.... assim, nossa respiração se tornará cada vez mais suave - através da constância da prática da meditação. Com essa constância e com a suavidade cada vez mais acentuadas, ambas nos proporcionarão a plenitude da fusão entre o Sopro Primordial e o Espírito. E, consequentemente, a suavidade e a constância do Elixir da Vida, cada vez com o tempo mais prolongado, a constância, e com maior paz, a suavidade.

Quando finalmente conseguimos um tempo constante e uma suave interação entre o Sopro Primordial e o Espírito, o Elixir da Vida realiza uma verdadeira transformação em todo nosso corpo físico, bem como em nossa alma e em nosso espírito, nos aprontando para "usufruirmos sem nos apressar" da verdadeira meditação.

A constância e a suavidade e o usufruir sem se apressar trazem a verdadeira meditação, nos lançando para fóra do tempo e do espaço do mundo da manifestação e nos inserindo no não-tempo e não-espaço do Mundo da Não-Manifestação, através do portal do Orifício Misterioso para nos instalar dentro do Espírito do Vale, que nunca morre. Lá é o lugar onde o Caminhante se encontra com seu verdadeiro Caminho, com seu Tao.

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,

Janine Milward

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Vista do vale - do alto do morro do Sítio das Estrelas - foto by Janine

TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao

CAPÍTULO 6

O Espírito do Vale  nunca morre
Isso se chama Orifício Misterioso
A porta do Orifício Misterioso é a raiz do céu e da terra

Seja suave e constante
Usufruindo sem se apressar


GU SHIEN: GU significa Vale; SHEN significa Espírito. Espírito do Vale representa a Conciencia do Vazio.
SHUEN SHUE: SHUE significa Orificio. Orifício Misterioso é o espaço onde o universo se cria e se destrói. É o SHUEN GUAN (Portal Negro) da alquimia taoísta.


A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por WU JYH CHERNG

do chinês para o português
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior
e hoje é publicada pela Editora Mauad, São Paulo.

Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching