O Pequeno Caminho e o Grande Caminho



O Pequeno Caminho e o Grande Caminho

Janine Milward

O Pequeno Caminho existe dentro de tudo aquilo que podemos nomear enquanto Criação e sobre o qual temos linguagem para podermos nos expressar. É o Caminho contido ainda dentro do Céu Posterior. O Pequeno Caminho realiza um ciclo total, com princípio, meio e fim. É um Caminho estruturado na duração, nos ciclos em eterna mutação.

O Grande Caminho pressupõe seu trilhar no Céu Posterior, sim, porém sempre tendo em mente seu adentrar o Céu Anterior, onde não existe qualquer possibilidade de alcance de linguagem que possamos usar para nos expressar. O Grande Caminho não tem princípio, não tem meio e não tem fim - porque pode ser compreendido como o próprio Tao. É um Caminho estruturado na constância.

Lao Tse nos alerta, em seu Capítulo 53 do Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Virtude, em termos de nossas escolhas para realizarmos nossa Caminhada:
Torne-me naturalmente firme e possuidor do saber
Percorrendo o Grande Caminho
Temendo apenas o desperdício
O Grande Caminho é bastante tranqüilo
Mas os homens gostam bastante de trilhas

Existe O Caminho e o Caminhante elege seu Caminho de acordo com o nível que sua mente, sua consciência, acredita como o Seu Caminho. No entanto, é fundamental que o Caminhante se conscientize que tanto o Pequeno Caminho quanto o Grande Caminho pressupõem um longo tempo para ser trilhado, realmente, e isso não acontece numa só encarnação...

São necessárias muitas e muitas encarnações para que o Caminhante possa alcançar a conclusão de seu Caminho da Iluminação e mais outras tantas e tantas encarnações para que o Caminhante possa alcançar a conclusão de seu Caminho da Imortalidade.... E essas conclusões de Caminhos podem acontecer em níveis diferenciados, certamente, de acordo com a essência do Caminhante e sua escolha de Caminho. Ou seja, existem as Alquimias que tratam do nível inferior, do nível mediano e do nível superior.

E, como já vimos anteriormente, esses diferentes níveis de Alquimia vão tratar de maneira também diferenciada as questões voltadas para como o Caminhante realiza seu Caminho da Iluminação e seu Caminho da Imortalidade - ou seja, a que extensão é expansionada e alquimizada sua Mente a ser Infinitizada e Iluminada e a que extensão é alquimizado e processado seu Caldeirão de maneira a trazer para si Vida Infinitizada e Iluminada.... E é certo que todas estas questões envolvem o como o Caminhante realiza a fusão do Espírito com o Sopro Primordial - a chamada Fixação -, as Rodas de Moinho, o processamento do Elixir da Vida, o surgimento do Feto Sagrado e seu amadurecimento, o Corpo Solar e saída do corpo físico anterior para fazê-lo adentrar o Corpo Solar....

Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 64:
Uma longa jornada começa debaixo dos pés.
Ou, em outra versão:
Uma longa jornada inicia-se no primeiro passo.

O Caminho encontra-se ‘debaixo dos pés’, apenas necessitando de sua conscientização. A conscientização, então, leva o Caminhante a iniciar o ‘primeiro passo’.

No momento em que O Caminho é conscientizado, é preciso, então, que o Caminhante compreenda que “O Grande Caminho é bem tranqüilo.... Mas os homens gostam bastante de trilhas” - assim como nos faz lembrar Lao Tse, o Mestre do Tao.

Ou seja, podem acontecer derivações no Caminho (principalmente no Grande Caminho, fazendo com que o Caminhante deslize desse Caminho para se instalar no Pequeno Caminho...)

Lao Tse nos alerta, ao continuar seu Capítulo 53, sobre esta questão ao descrever situações cabíveis dentro do Pequeno Caminho ou nas derivações entre as escolhas de Caminho:
Governo com excesso de degraus
Campo com excesso de erva daninha
Armazém com excesso de vazios
Vestir bordados coloridos
Carregar espada afiada
Satisfazer-se comendo e bebendo
Possuir moedas e bens em excesso
Isto chama-se roubo e auto-encantamento
Roubo e auto-encantamento negam o Caminho

Por tudo isso, podemos pensar que o Caminhante pode decidir-se por trilhar o Pequeno Caminho e situar-se em sua prática espiritual e em seu sentar-se no silêncio e trazer para si seus conhecimentos, etc., apenas dentro de seus parâmetros de aceitação sobre os mesmos dentro dessa sua encarnação atual tão somente.... ou podemos pensar que o Caminhante pode decidir-se para, desde já (ou mesmo ao longo de seu trilhar seu Caminho) queira voltar-se para trabalhar sua atuação enquanto Homem Sagrado, em alguma encarnação futura, vivenciando o Wu Wei, ou seja, a não-ação, isto é, vivenciando seu Caminho da maneira como o Tao e o Te, o Caminho e a Virtude vão sendo pelo Caminhante compreendidas e atuadas.

A Alquimia do Tao não tem medidas - exatamente por pertencer, em seu Grande Caminho, ao Céu Anterior. Quer dizer, o Caminhante pode colocar seus limites, suas medidas, de acordo com sua consciência. Porém, o Tao, o Caminho, não tem limites, não tem medidas.

Wu Jyh Cherng, no entanto, em sua aula de interpretação sobre o Capítulo 2 do Tao Te Ching que trata, em sua primeira estrofe, sobre as polaridades que encontramos ao longo da vida, nos passa o ensinamento que recebeu de seu Mestre Maa:
“Mestre Maa nos diz que é melhor darmos um voto maior, um voto grande, para abrirmos nossas possibilidades de chegar onde queremos - mesmo que não consigamos. Se colocarmos um limite pequeno, ao alcançarmos a plenitude de nossa realização pessoal, não passaremos daquele pequeno passo que foi o nosso voto.
......................................................................

Primeiramente, para nos iniciarmos na prática, passo a passo, temos que tentar anular as polarizações. Eu e o outro, nós, os melhores; eles, os piores; os bonitos, os feios. Devemos evitar polarizações. O tempo inteiro estamos polarizando, separando.

Lao Tse nos diz em seus ensinamentos que o primeiro passo para tentarmos buscar o Caminho - que é longo e nunca se sabe quanto tempo leva para se alcançar a Plenitude do Ser - é buscar anular as polaridades e fazer... fazendo.

Uma vez alcançada a Plenitude, o tempo não é mais importante. Quem alcança a Plenitude, anula o tempo. Quem não alcança a Plenitude, sempre será prisioneiro do tempo e do espaço.”

Lao Tse, em seu Capítulo 4, nos afirma:
O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo, como a raiz dos dez mil seres
Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira
Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward
Imagem: Sítio das Estrelas
Trecho extraído do meu livro
O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO

Sentar no silêncio



Sentar no silêncio

Janine Milward

Sentar no silêncio não significa sentar-se com costas eretas e manter-se absolutamente imóvel e aguardar que o silêncio venha permear o Caminhante.... Não e sim. Não - porque isso seria uma forma de sentir-se exteriorizado exatamente pela presença do silêncio.... enquanto o silêncio não é exterior e sim interior. E sim - porque isso seria uma forma de sentir-se absolutamente interiorizado dentro de um único silêncio cobrindo, exteriorizando inteiramente e unicamente este Caminhante.

Sentar no silêncio significa adentrar o silêncio, penetrar no silêncio, deixar-se adentrar, penetrar, em sua mais profunda interiorização, em si mesmo, no mais fundo recôndito de seu ser. Uma longa jornada inicia-se debaixo dos pés..., ou seja, a longa jornada começa e termina em nós mesmos, em nossa interiorização absoluta, em nosso silêncio interior e absoluto. Será dentro desse silêncio interior e absoluto que a mente do Caminhante se tornará Consciência e que seu corpo físico será transmutado em Corpo de Luz: é a Alquimia do Tao.

Dentro de seu silêncio interior e absoluto, o Caminhante está pronto para realizar sua meditação - sem se esquecer que é uma longa jornada... e que esta longa jornada começa pelo primeiro passo, ou seja, o Caminhante senta-se de maneira confortável e com costas eretas, olhos semicerrados, corpo inteiramente relaxado, boca entremeando um sorriso e, se possível, mantendo a ponta língua no céu da boca. Os olhos devem ser cerrados quando o Caminhante estiver olhando para a ponta de seu nariz... e então, imediatamente, os olhos interiores se dirigem para o ponto onde se cruzam a Lua e o Sol, ou seja, o ponto do conhecimento que mora entre os dois olhos, esquerdo e direito: o primeiro passo já indica o começo da Alquimia.

Existe a contemplação e existe a concentração e ambas são interiorizadas, ou seja, o Caminhante deve se abster de prestar atenção em tudo aquilo que lhe pode acontecer exteriormente - e isso pode significar suas próprias vicissitudes físicas nos primeiros tempos de prática de meditação, ou seja, dores, coceiras, incômodos de posição, etc.

A contemplação é poder manter os olhos interiores no ponto de cruzamento entre Sol e Lua e também o de se deixar envolver pela entrada de ar e pela saída de ar - a inspiração e a expiração. Tudo deve entrar num compasso harmonioso, juntamente com a harmonização das batidas do coração e dos pensamentos que devem chegar e irem embora, suavemente, fazendo com que a mente possa ir se liberando, se esvaziando...

A concentração é poder manter a atenção interiorizada e fusionadora do ponto de entrecruzamento entre os dois olhos interiores, o Sol e a Lua, olho direito e esquerdo, respectivamente, com a Respiração e com o Coração e a Mente. A meta desta realização é fazer com que a Respiração acolha o Coração e a Mente do Caminhante. Assim fazendo, tem inicio a verdadeira meditação, ou seja, a partir do momento em que aconteceu a fusão real entre Respiração e Coração e Mente, fazendo acontecerem o Sopro Vital enlaçado à Consciência. Todos os estágios a seguir, na meditação da Alquimia do Tao, acontecem a partir desse fusionamento entre Sopro Vital e Consciência - que também alcançam o patamar de Alma e de Espírito Puros.

O segundo passo é o Caminhante decidir-se quanto ao Caminho que quer realizar em seu processo espiritual, em sua meditação, em seu sentar-se no silêncio, em sua Alquimia: o Pequeno Caminho ou o Grande Caminho?

COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward
trecho extraído do meu livro O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO

De mente à Mente. De consciência à Consciência




De mente à Mente
De consciência à Consciência


Janine Milward


Desde o momento em que o Caminhante passa a considerar a busca e o encontro com a Consciência Cósmica como o ideal e meta da existência, seu Caminho da Bem-Aventurança - o começo da ampliação da mente em Mente, da consciência em Consciência -, a dor se instala em seu coração e em sua mente.

Que dor é essa?  Não é uma dor física, é uma dor emocional.

Para cada Caminhante, a dor tem seu início de uma maneira diferenciada.

Existe o fato de que o Caminhante passa a se conscientizar mais e mais sobre tudo aquilo que é apenas efêmero e transitório - a duração em escala menor, média ou maior - e tudo aquilo que é constante e duradouro, eterno, infinitizado.  Isso é Viveka, o Discernimento verdadeiro.

Teoricamente, tudo pode parecer fácil.  No entanto, a sociedade moderna instiga seus cidadãos a apenas vivenciarem aquilo que é efêmero, transitório, momentâneo - mesmo que tudo isso possa significar uma vida inteira, um ciclo total de uma vida.

Sendo assim, instala-se no Caminhante um sentimento de estar sozinho.  No entanto, é certo que existem seus pares, ou seja, outros Caminhantes que também estão trilhando seus Caminhos da Bem-Aventurança e que estão sentindo suas dores pessoais, que também estão se sentindo solitários. 

É sempre bom que o Caminhante possa buscar seus novos pares e que, por outro lado, aprenda a desenvolver seu sentimento de compaixão pelo seu Outro, seus antigos amigos, seus parentes, enfim, todos aqueles que não estão exatamente acompanhando o mesmo trilhar do Caminhante.

Poderíamos citar tantas outras dores que podem surgir: as pessoas, de forma geral, adoram comer carne e não se importam em bem cuidar e bem proteger os animais  - sendo assim, a opção pela alimentação vegetariana pode trazer um certo tom de solidão...

E, é fundamentalmente importante que o Caminhante se conscientize do fato de que, ao realizar sua opção por transmutar sua mente em Mente, sua consciência em Consciência, sua dor acerca a conscientização de suas ações começa a se mostrar mais e mais insistente.  Ou seja, sabemos que cada ação, Karma, traz sua reação em potencial, Samskara.

Sendo assim, o Caminhante passa a aprofundar-se em seu auto-conhecimento, buscando concentrar essa busca em tudo aquilo que cometeu enquanto ação não tão positiva e que, seguramente, estará lhe retornando, mais dia menos dia, mais vida menos vida (se não nesta vida, em vidas futuras) enquanto reação não tão positiva.

Portanto, a conscientização sobre Karmas e Samskaras passa a ser uma experiência cotidiana e, por vezes, bem dolorosa.  Nem sempre a conscientização de ações pouco simpáticas que realizamos no passado nos é prazerosa - daí a dor.

Porém, é certo que a transmutação de mente em Mente, de consciência em Consciência, sempre estará levando o Caminhante a se conscientizar mais e mais sobre suas ações passadas, tanto positivas quanto negativas - e suas potenciais reações hoje, amanhã e no futuro - bem como estará conscientizando o Caminhante a investigar profundamente onde residem as raízes que o levaram a praticar essas ações, tanto positivas quanto negativas..., bem como estará conscientizando o Caminhante a relembrar-se de reações  que já lhe foram cobradas nesta vida atual, Samskaras que fizeram parte de sua vida, tanto em termos mais positivos quanto em termos mais negativos e onde residem as raízes que levaram este Caminhante a reagir diante desses Samskaras.

Por tudo isso, vemos que o Caminhante posiciona diante de si, em profundo ato de auto-conhecimento, tudo aquilo que pode reconhecer enquanto seu Dharma - sua essência mais essencial - e como seu Livre-Arbítrio é acionado diante da prática de suas ações, Karmas, e diante da realidade de vivenciar, resgatar e exaurir Samskaras, as reações oriundas de suas ações anteriores, tanto nessa vida quanto em vidas anteriores.

E também é fundamental que o Caminhante perceba que, no momento em que passa a trilhar seu Caminho da Bem-Aventurança, estará alquimizando, atraindo, trazendo à tona para si mesmo alguns Samskaras, reações em potencial, tanto negativas quanto positivas, que não exatamente tenham sido idealizadas pela Alma do Caminhante no momento da decisão de sua encarnação...

Ou seja, em cada encarnação, o Caminhante traz consigo a síntese de Samskaras que estará tendo que vivenciar, resgatar e exaurir.  Quando acontece de o Caminhante expandir sua consciência em Consciência, a tendência da Alma do Caminhante é de ir usando esta mesma vida para já ir resgatando Samskaras que não estavam programados para serem vivenciados nesta vida atual!  Por esta razão, existe a dor... porque o Caminhante não exatamente consegue perceber de onde essa reação, esse Samskara - fundamentalmente se o Samskara é negativo - adveio..... (porque é advindo de vidas anteriores e que não fazem parte do conjunto de lembranças conscientizadas do Caminhante, ou seja, jazem no mais profundo recôndito de seu inconsciente).

No entanto, Srii Srii Anandamurti nos consola:

“As dificuldades não podem ser maiores que sua capacidade de vencê-las”

A verdade é que todas estas questões - Karmas e Samskaras negativos e positivos - concorrem para que o Caminhante se conscientize mais e mais acerca suas ações: não criar mais ações negativas, Karmas negativos, é o melhor caminho... de forma a não ter que vivenciar mais reações negativas, Samskaras negativos, tanto ainda nesta vida quanto em vidas futuras.

O Caminhante sabe, em sua expansão de consciência em Consciência, que quanto menos Samskaras negativos tiver que vivenciar em sua vida atual e em suas vidas futuras, melhor será para que possa ir avançando mais e  mais em seu Caminho da Bem-Aventurança.

O Caminhante sabe que quanto mais Iniciações receber nesta vida, mais Samskaras negativos advindos desta vida e de vidas anteriores, terá que vivenciar e resgatar e exaurir.

A vida humana é curta.
É aconselhável que tomemos todas as Lições
em relação à Sadhana o mais breve possível.

Assim nos aconselha Srii Srii Anandamurti, o Mestre do Tantra primordial e do Caminho da Bem-Aventurança.

O Caminhante sabe que pode até alcançar e ser bem-sucedido em tornar-se um Homem Iluminado... porém sabe também que ainda terá Samskaras a serem vivenciados e resgatados e exauridos e ainda estará atrelado à Roda da Vida, à Samsara, a retornar à encarnação em vidas e mais vidas até que não mais pratique quaisquer Karmas negativos e não mais tenha que vivenciar, resgatar e exaurir quaisquer Samskaras negativos...: será o momento em que sua Mente Iluminada e Infinitizada terá lhe proporcionado a conclusão de seu Caminho da Liberação, lhe trazendo Vida Iluminada e Infinitizada junto à Suprema Consciência.

O Caminhante sabe que quanto mais avançar em seu Caminho da Iluminação - e, posteriormente, em seu Caminho da Liberação -, mais e mais solitário e diferenciado de quase todo o resto da sociedade se sentirá.... (com a exceção, é claro, de seus prováveis seguidores, seus discípulos, todos aqueles que já possivelmente estarão se sentindo atraídos por sua Luz e por seus Conhecimentos e por sua Devoção e por sua Ação Pura).

Srii Srii Anandamurti nos consola:

Você não está só ou abandonado.
A força que guia as estrelas,
Guia você também.




 COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
JANINE MILWARD
Foto: Sítio das Estrelas, Janine Milward
TEXTO EXTRAÍDO DO MEU LIVRO
O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO
http://ocaminhantecaminhandoseucaminho.blogspot.com.br/

Os Passos no Caminho da Meditação




Os Passos no Caminho da Meditação

Janine Milward



            O Mestre do Tantra, Srii Srii Anandamurti, nos fala sobre a simplicidade do ato da meditação...

A Consciência Suprema se encontra dentro de você assim como a manteiga está no leite; bata a sua mente através da meditação e Ela aparecerá – você verá que a resplandecência da Consciência Suprema ilumina todo o seu Ser interior.  Ela é como um rio subterrâneo dentro de você.  Remova as areias da mente e você encontrará a água fresca e límpida no interior.



A busca da Interiorização e Fusão Plenas
com a Suprema Consciência

A única forma que temos de nos fusionar com a Suprema Consciência, com o Absoluto que criou O Criador e Sua Criação, é através da nossa interiorização também absoluta (que bem pode ser manifestada através de nossa meditação), fusionando nossa respiração interna e externa com a respiração do Criador, a inspiração e expiração que vão criando e re-criando os universos... bem como fusionando nosso espírito individualizado (nossa alma) ao espírito do Absoluto, a alma da Criação e do Criador.

Mas, lembre-se, Caminhante do Caminho da Bem-Aventurança, somente Paramapurusa, a Suprema Consciência, é absolutamente interiorizado.... sempre estaremos em seu interior, e dessa forma, sempre a Suprema Consciência é nosso interior e nosso exterior.


Consciência Infinita e Iluminada

Sendo a Suprema Consciência nosso interior, acessá-la é preciso através de nossa meditação e  de nosso trabalho espiritual e da expansão da nossa mente até que se torne Mente infinita e iluminada.  É o Caminho da Iluminação.


Vida Infinita e Iluminada

Sendo a Suprema Consciência nosso exterior, assemelharmo-nos a Paramapurusa é preciso através da tecedura de nosso Corpo de Luz, a transmutação do nosso corpo físico em corpo de pura luz até que se torne Vida infinita e iluminada - é o Caminho da Liberação.  Esse trabalho de transmutação somente pode acontecer através a Mente infinita e iluminada, ou seja, com o homem já tendo se tornado Homem Iluminado.


Samadhi, o Êxtase Espiritual

            O êxtase espiritual, Samadhi, acontece sempre quando a mente do Caminhante torna-se Mente - no mundo objetivado - e quando a consciência do Caminhante torna-se Consciência - no mundo subjetivado.  Ou seja, o êxtase espiritual, Samadhi, acontece quando existe a junção, a fusão, a união da mente objetivada e materializado do Caminhante com sua Consciência voltada para enlaçar-se com a Suprema Consciência.  É o momento em que o Caminhante não mais se sente vivenciando a dualidade entre os Mundos da Manifestação e Não-Manifestação e sim se sente vivenciando o Uno, a Unidade Absoluta. 

Este momento pode acontecer tão rapidamente como um raio cruzando o ar - e também tão inesperadamente! - ou pode passar a ser trabalhado pelo Caminhante através sua disciplina diária e constante em relação à sua prática espiritual, fundamentalmente o seu sentar-se no  silêncio, na meditação.

            O êxtase espiritual, Samadhi, pode acontecer ao Caminhante em vários momentos e em várias situações de sua vida.  É um momento difícil de ser descrito em palavras e apenas pode ser sentido.  Talvez possamos dizer que o êxtase espiritual, Samadhi, é um momento em que nos sentimos ‘colhidos’ pela Suprema Consciência, assim como se estivéssemos sendo colhidos por um facho de luz.  É um momento de suprema felicidade, nos sentimos inteiramente inundados por esta felicidade.

            Não existe idade certa para se provar o êxtase espiritual, Samadhi: crianças, adolescentes, jovens mais maduros, Caminhantes já bem caminhados em seus Caminhos, já bem amadurecidos em tempo e em espaço de vida...

            Não existem receita certeira, tempo certeiro ou  espaço certeiro, que levem o Caminhante a experienciar o êxtase espiritual.

            A verdade é que, mesmo antes de o Caminhante se conscientizar sobre seu Caminho da Bem-Aventurança, ou mesmo antes de o Caminhante receber sua Primeira Iniciação, é bem possível que o Caminhante já tenha experienciado um ou dois milésimos de segundo da felicidade que tenha lhe inundado o coração e a mente, o êxtase espiritual, Samadhi.

            No entanto, quanto mais o Caminhante amplia sua mente em Mente, expansiona sua consciência em Consciência, mais e mais este Caminhante tem a possibilidade de entranhar-se, fusionar-se com a Suprema Consciência, em algum nível, e sentir-se inteiramente colhido pelo sentimento de ter alcançado o êxtase espiritual, Samadhi.

            Srii Srii Anandamurti nos explica que a meditação é uma das ferramentas mais poderosas para que o Caminhante encontre seu êxtase espiritual, seu Samadhi:

A Consciência Suprema se encontra dentro de você assim como a manteiga está no leite; bata a sua mente através da meditação e Ela aparecerá – você verá que a resplandecência da Consciência Suprema ilumina todo o seu Ser interior.  Ela é como um rio subterrâneo dentro de você.  Remova as areias da mente e você encontrará a água fresca e límpida no interior.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

FOTO; Sítio das Estrelas
Extraído do meu livro
O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO
http://ocaminhantecaminhandoseucaminho.blogspot.com.br/


As Lições de Meditação e as Seis Iniciações Espirituais







As Lições de Meditação e as Seis Iniciações Espirituais

Janine Milward


             Os chacras – em sânscrito Cakras, "rodas" – são sete centros psíquicos: os chacras da base, da sexualidade, do plexo solar, do coração, da comunicação, do conhecimento e da coroa. São pontos onde existe uma correlação entre a energia psíquica e energia física em nosso corpo.

Existem outras Lições de Meditação que vão sendo ministradas com o tempo, juntamente com a prática do aspirante espiritual. A cada Lição, ou Iniciação, o Caminhante vai aprofundando mais e mais seus conhecimentos de espiritualidade e da própria meditação.

A Primeira Lição – ou Iniciação -, chamada de Iishavara Pranidhana, é mais dedicada a Muladhara Cakra, ao chacra básico situado na extremidade da espinha dorsal, aquele que nos liga mais diretamente ao Planeta Terra, á materialidade, à encarnação. É nesse chacra que está a Kundalini adormecida e que é despertada com a Iniciação.

Iishvara significa "o controlador de todas as vibrações (físicas, psíquicas e espirituais) do universo" e Pranidhana significa "compreender claramente" bem como "adotar algo como seu abrigo". Iishvara Pranidhana significa, então, a aceitação da Consciência Cósmica como o ideal e meta da existência.

Nesta Primeira Lição, aprende-se a retirar a mente do ambiente físico e do próprio corpo, elevando-a até alcançar a Consciência Cósmica e com ela se fundir. Se elevada apropriadamente, a mente alcança um estado de infinita bem-aventurança.

A Segunda Lição ou Iniciação – chamada de Madhuvidya ou Doce Conhecimento – traz ao Caminhante a libertação das ataduras do ego em suas ações bem como apresenta a qualidade do discernimento, Viveka. É a consciência constante de que tudo é manifestação da Suprema Consciência. É tempo de maior manifestação do chacra da sexualidade, da reprodução da vida – Svasdhisthana Cakra.

A Terceira Lição ou Iniciação ensina ao Caminhante os caminhos para o aprofundamento de sua concentração – Tattva Dharana, quando é possível identificar as características fundamentais de cada chacra em relação ao som, forma e cor. É um momento de regulação da fluência de energia no corpo e na mente. É tempo de maior manifestação do chacra do umbigo, aquele que nos liga da terra ao céu – Manipura Cakra.

A Quarta Lição ou Iniciação – Pranayama – mostra ao Caminhante a inter-relação entre o Pranah (a força vital) e a mente, a conexão entre a respiração e a mente. É tempo de maior manifestação do chacra do coração, da emoção e do sentimento expressos pela mente – Anahata Cakra.

A Quinta Lição traz ao Caminhante uma intensa purificação de todos os seus chacras, corpo e mente, através da entoação de mantras e da força da mente – Cakra Shodhana. É tempo de maior manifestação do chacra da expressão, da comunicação, da interação entre o ser e os outros seres e a natureza – Vishudda Cakra.

A Sexta Lição ou Iniciação é Dhyana, a pura contemplação. Nesta Lição tudo é canalizado em direção à meta espiritual, sendo o Amor Cósmico a maior força neste sentido. Neste momento, a meditação acontece simplesmente, naturalmente, sem qualquer esforço. É tempo de maior manifestação do chacra do Conhecimento – Ajna ou Jinana Cakra.

O Conhecimento, aliado à Ação e à Devoção (Jinana, Karma e Bhakti), perfazem o caminho perfeito para a realização da Liberação (Mukti). A realidade é que, neste estágio, é a Devoção que a tudo permeia.

Kundalini já se encontra totalmente amadurecida espiritualmente trazendo purificação à mente e ao corpo de forma que a maior força mental é o grande amor ao Supremo, direcionando a mente à sua meta final, a fusão com a Consciência Suprema.

Sendo sete os chacras, a Iniciação após a sexta e última iniciação, é uma Lição a ser ministrada já diretamente por altas esferas hierárquicas, altas dimensões da Espiritualidade – por se tratar do chacra Coronário, a Flor de Lótus da Iluminação – Sahasrara Cakra. Esse é o lugar do Guru.

               Também a Sexta Lição ou Iniciação, traz a completude da Estrela de Seis Pontas – assim no Céu como na Terra. Aqui, o homem torna-se Homem Sagrado, torna-se O Liberado.

A Sétima Lição ou Iniciação – que pode ser considerada como a Iniciação Solar -, traz a esse Homem Sagrado o verdadeiro exercício de seu Dharma e seu Livre-Arbítrio, ou seja, pode tornar-se uma Semente Queimada e não mais retornando à Terra através da Samsara, a Roda da Vida,... ou pode tornar-se verdadeiramente um Bodhisattva, um ser de compaixão que não ascenderá aos céus antes que todos os seres tenham encontrado seus Caminhos de Iluminação e de Liberação...

A vida humana é curta.
É aconselhável que tomemos todas as Lições
em relação à Sadhana o mais breve possível.

(Sadhana significa nosso trabalho do cotidiano no Planeta baseado na conscientização maior em relação à encarnação e sua Missão a ser cumprida, a meditação e o trabalho espiritual)

Assim nos aconselha Srii Srii Anandamurti, o Mestre do Tantra primordial e do Caminho da Bem-Aventurança.
......................

A Primeira Iniciação, no entanto, já prepara o Caminhante para iniciar seu caminho em direção à Iluminação e à Liberação, fornecendo-lhe todos os instrumentos necessários para a realização de sua jornada espiritual, podendo, portanto, trilhar seu caminho confiando em sua força pessoal e em sua forte determinação.


 Com um abraço estrelado,
Janine Milward

FOTO; Sítio das Estrelas
Extraído do meu livro
O CAMINHANTE CAMINHANDO SEU CAMINHO
http://ocaminhantecaminhandoseucaminho.blogspot.com.br/

O Despertar da Kundalini




O Despertar da Kundalini

Janine Milward

A cada vez que o mantra pessoal, o Ista Mantra, é repetido correta e devocionalmente, a energia espiritual da Kundalini se manifesta despertada, atuante. Isso porque o mantra traz uma determinada vibração que cria efeitos poderosos para a elevação da mente em níveis mais sutis.

A Iniciação é o momento quando a potencialidade espiritual que existe dentro de nós e acordada – a Kundalini é despertada.

A forma psíquica da Kundalini em seu estado adormecido é conhecida como "serpente enroscada" e habita o Muladhara Cakra, ou seja, o chacra que se encontra na base da coluna vertebral ou primeiro chacra. Ao longo dos vários estágios do processo da meditação, essa energia espiritual intensa vai se desenroscando e subindo através da coluna vertebral, passando e energizando todos os chacras até finalmente alcançar o Ajna Cakra, o chacra do terceiro olho, o chacra do Conhecimento.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward

 Imagem: Sítio das Estrelas