Prakrti e Maya,
Princípio
Operativo e Princípio Criativo,
e
Liila,
o Jogo
Cósmico
Janine Milward
É
importante que o Caminhante possa perceber que Prakrti, o Princípio Operativo,
existe de forma subjetivada quando enlaçada a Purusa, a Mente Cósmica ainda
voltada para o Mundo da Não-Manifestação, em seu posicionamento no Portal entre
os dois Mundos. Prakrti, em sua
subjetividade, compreende, digamos assim, a nomeação de Purusa enquanto Eu: é a
Unicidade, o Uno.
No
entanto, Prakrti, o Princípio Operativo, existe também - e fundamentalmente -
enquanto a Energia Cósmica que insufla o Eu de Purusa, a Mente Cósmica,
doando-lhe a continuidade de seu Eu em Eu Sou, fazendo assim acontecer a
Prakrti Objetivada que estará espelhando o Eu Sou de Purusa, a Mente Cósmica,
através a Criação e então está inaugurado o Mundo da Manifestação.
Maya,
o Princípio Criativo, acontece apenas dentro do Mundo da Manifestação - e por
esta razão pode ser conhecida enquanto ilusão.... Ou seja, tudo aquilo que existe na Criação,
no Mundo da Manifestação, é apenas um espelho do Eu Sou nomeado por Prakrti
Objetiva para realizar a Mente Cósmica, Purusa... - sendo que a Mente Cósmica,
Purusa, advém de Paramapurusa, a Suprema Consciência, no Mundo da
Não-Manifestação.
O
sentimento de ilusão que Maya, o Princípio Criativo, pode nos trazer se deve ao
fato de que a Criação, no Mundo da Manifestação, existe sempre apresentando-se
através a duração de cada um de seus tantos e tantos ciclos... Em Maya, podemos entender que existem a
interioridade e a exterioridade, a
efemeridade, a transitoriedade, a impermanência e a eterna mutação, e em
sua duração traduzida em começo, meio e fim.....
Em
Prakrti, através seu Princípio Operativo
Objetivado, existe a instauração propriamente dita da Criação, no Mundo da
Manifestação, sim - e através a duração de cada um de seus tantos e tantos
ciclos traduzidos em começo, meio e
fim..., a efemeridade, a transitoriedade, a impermanência, a eterna mutação, a
interioridade e a exterioridade.... , mas existe também, através seu Princípio
Operativo Subjetivado, a inspiração sobre a Criação advinda do Eu Sou de
Purusa, a Mente Cósmica que espelha-se no Mundo da Manifestação porém ainda é
pertencente ao Mundo da Não-Manifestação, em sua interioridade plena, em sua
infinitude, em sua constância traduzida em ainda antes do começo e ainda depois
do final...
Podemos
entender que em Maya, o Princípio Operativo, existem a interioridade (em função
do fato de que a Criação e o Mundo da Manifestação espelham a Mente Cósmica
traduzindo a Suprema Consciência e o Mundo da Não-Manifestação) e a
exteriorização - porque a Criação é fundamentalmente calcada na exteriorização
(e nem sempre compreende que está inteiramente contida, permeada, pela Suprema
Consciência que possui apenas a plenitude da interiorização). Daí, Maya ser considerada como ilusão, ou
seja, a perfeita crença de que a Criação existe por si mesma, criada a partir
da própria Criação. Aí reside a ilusão,
o engano... pois que a Criação repousa no Criador (o entrelaçamento entre
Mente Cósmica, Purusa, e Energia Cósmica, Prakrti) que, por sua vez, advém
da Suprema Consciência.
No entanto,
o Princípio Criativo de Maya precisa existir e funcionar, sim, para que a
Criação possa acontecer! Podemos pensar
que Maya é subordinada a Prakrti, ou seja, o Princípio Operativo existe atuando
o Eu Sou da Mente Cósmica através a movimentação que faz acontecerem as Três
Forças traduzidas enquanto Eu Sou: Eu Farei; Eu Faço e Eu Fiz...., porém será o
Princípio Criativo de Maya que estará executando a tarefa da Criação
propriamente dita. Como num simples
exemplo: Prakrti, o Princípio Operativo, é o comandante e Maya, o Princípio
Criativo é o tarefeiro, o ajudante.
Entra em
cena a Liila, o Jogo Cósmico.
Mais acima,
eu disse: Daí, Maya ser considerada como ilusão, ou seja, a perfeita crença
de que a Criação existe por si mesma, criada a partir da própria Criação.
A maioria
quase esmagadora de cientistas e cosmólogos e físicos...., volta e meia nos
dizem que Deus teria jogado dados quando criou o universo e que, possivelmente,
nunca teve a chance de encontrar alguns desses dados.... - querendo significar
que muitas das possíveis explicações sobre o começo da Criação jamais serão
encontradas, jamais virão à tona...., mesmo que sempre a ciência caminhe mais e
mais profundamente em suas descobertas, em seus conhecimentos.
E eu dei
continuidade ao meu pensamento: .... Aí reside a ilusão, o engano... pois
que a Criação repousa na Mente do Criador (o entrelaçamento entre Mente
Cósmica, Purusa, e Energia Cósmica, Prakrti) que, por sua vez, advém da Suprema
Consciência.
A ciência
espiritual, a cosmologia espiritual, a metafísica, vêm nos explicar a Criação é
tão somente uma manifestação da Mente traduzida em Luz e em Não-Luz. E essa duplicidade mínima ou máxima - Luz e
Não-Luz - advém de algo que não se tem linguagem para se falar sobre mas que
pode ser minimamente e maximamente nomeado enquanto Suprema Consciência.
Liila, o
Jogo Cósmico, começa acontecer exatamente através o entrelaçamento de Purusa, a
Mente Cósmica, com Prakrti, o Princípio Operativo que se desmembra em
Subjetivado e Objetivado e que faz acontecer a movimentação circular trazendo o
Ciclo da Vida, o Ciclo de Brahma, Brahmacakra, e que Maya, o Princípio Criativo
fundamenta em Princípio Sutil, Princípio Materializado (que se desdobra em
Mutativo e em Estático) e seu retorno ao Princípio Sutil: é a Criação sendo
realizada.
Em todas
estas questões estaremos encontrando Liila, o Jogo Cósmico - também conhecido
como o ‘brinquedo de Deus’.
Dentro do
conceito de Liila existe o tom sempre permanente da perplexidade, digamos
assim.... pois que nem sempre ou mesmo quase nunca podemos compreender a Liila,
porque se manifesta, quando se manifesta, como se manifesta, quando se
manifesta, onde se manifesta.... Isso
acontece em função do fato de que Liila acontece em todos os segmentos dos
Princípios - começo e meio e fim) contidos no Ciclo da Vida e em todos os
Ciclos da Vida!.... Ao mesmo tempo, Liila também acontece no antes do começo e no depois do final!
Ou seja,
Liila acontece tanto dentro da duração quanto dentro da constância, acontece
tanto dentro da exteriorização e interiorização do Mundo da Manifestação quanto
apenas na interiorização plena e absoluta do Mundo da Não-Manifestação.
É por esta
razão que eu digo que Liila nos traz perplexidade... pois nem sempre
encontramos respostas para os momentos em que esta se apresenta.
No Mundo da
Manifestação, Liila nos traz perplexidade pelo fato de que nós, Caminhantes,
não temos jamais como dizer, centro do Ciclo da Vida, do Ciclo de Brahma, em
que Princípio das Três Forças - Eu Farei, Eu Faço, Eu Fiz -, se situam os
tantos e tantos ciclos que fazem parte de nossa vida... bem como,
fundamentalmente, nossa própria vida!
Quer dizer,
em termos de nossa própria vida, sabemos quando nascemos mas nunca teremos
certeza de quando morreremos. E, em
temos de outras vidas que nos rodeiam e outras situações as quais estamos
entrelaçados, é bem possível que saibamos quando tudo começou.... mas nunca
saberemos, com total certeza, quando tudo haverá de terminar... e em que
momento das Três Forças essas outras vidas e essas outras situações que nos
permeiam se encontram neste aqui-e-agora.
Sempre,
todas estas respostas apenas advêm do Mundo da Não-Manifestação, da Suprema
Consciência.
O Homem
Sagrado é aquele que consegue não se deixar ficar perplexo diante de Liila, o
Jogo Cósmico.... porque o Homem Sagrado já se encontra fusionado à
Paramapurusa, à Suprema Consciência.
Quando mais
o homem se torna Homem, quanto mais o Caminhante transmuta sua mente em Mente e
sua consciência em Consciência..., mais próximo das respostas de Liila esse
Caminhante consegue alcançar. A
Consciência tornando-se Iluminada e Infinitizada proporciona ao Homem Sagrado o
Conhecimento. A Vida tornando-se
Iluminada e Infinitizada confere ao Homem Sagrado a realização de si mesmo
dentro de Liila, o Jogo Cósmico.